Gloria Patri et Fílio et Spirítui Sancto. Sicut erat in principio et nunc et semper et in saecula saeculorum. Amen CONSAGRADO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
sábado, 1 de outubro de 2011
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Reinaldo Azevedo Análises políticas em um dos blogs mais acessados do Brasil
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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
18/06/2013
às 8:45
LEIAM ABAIXO
— Blog bate recorde de visitas e recebe elogios e insultos às pencas. Por quê? Porque não reconheço o caráter democrático ou liberalizante de boa parte dos protestos. Ou: De volta ao petismo primitivo;
— No Rio, espancamento de policiais, selvageria, linchamentos, invasão e incêndio de prédio da Assembleia. A tropa de choque demorou mais de três horas para chegar. E ninguém ouviu falar nem de Sérgio Cabral nem de José Mariano Beltrame. Fosse em São Paulo…;
— Em nenhuma democracia do mundo se tolera o que se viu ontem em SP, mas é o que quer a nossa imprensa. Ou: Portão arrancado, morteiros contra a PM e dois ônibus sequestrados. São as flores da “Primavera Brasileira”;
— Não, eu não me arrependo de uma vírgula. E reitero todo e cada ponto;
— Manifestantes derrubam um portão do Palácio dos Bandeirantes; polícia repele vândalos com bombas de gás. Eles querem mortos e feridos;
— Blog bate recorde: já passamos de 250 mil visitas nesta segunda;
— Na Assembleia Legislativa, fogueira do lado de fora e incêndio do lado de dentro;
— Apesar de cobertura favorável às manifestações, Globo vira alvo de protestos e é chamada de “fascista”;
— Tropa de Choque do DF está dentro do Congresso; coronel da PM é atacado a tapas, pontapés e cusparadas; diretor-geral da Câmara é chutado;
— Setenta PMs estão encurralados na Assembleia Legislativa do Rio, 20 deles feridos. Vândalos continuam em ação. PM não atua;
— BH, com a terceira maior manifestação do país, teve confrontos, bombas de gás e balas de borracha;
— Veja por que, com 65 mil pessoas, SP mobilizou apenas um terço dos 100 mil do Rio. E não, não errei na conta!;
— No Blog do Planalto, Gilberto Carvalho, o Insuflador Geral de Revoltas, tenta pegar carona em manifestações;
— Vândalos do Rio obrigam a GloboNews a admitir que, de vez em quando, a PM precisa agir — no Rio, é claro, onde existe “patrimônio de todos os brasileiros”. Já em São Paulo, o negócio é dar pau na Polícia!;
— José Eduardo Cardozo não quer ajuda para controlar a situação em Brasília? Na capital do país, protesto é contra gastança com a Copa. Exército protege Dilma;
— Rio surpreende e deve fazer a maior manifestação do país;
— Manifestação em SP se divide; grupo liderado por partidos de esquerda segue pela Marginal Pinheiros e pode tentar chegar ao Palácio dos Bandeirantes ou à Globo;
— Custo mensal com a elevação da passagem: R$ 4,40; custo com a cerveja numa única beberagem: R$ 48. Ter “consciência social” mesmo bêbada: não tem preço!;
— A mensagem de um que se diz “libertário”. Ele acha que não estou entendendo nada… Então tá!;
— FHC e os protestos: uma mensagem no Facebook com uma penca de equívocos, que ajudam a explicar por que o PSDB está na areia;
— Os fascistas expressam seu ódio à liberdade de imprensa e atacam até setores da “mídia” que os apoiam;
— Com o apoio do PT, que elevou a tarifa de ônibus, fascistoides prometem parar de novo São Paulo. Movimento diz que não tem o que negociar. Secretário de Segurança cede sem pedir nada em troca;
— O VÍDEO COM AS TRÊS VAIAS COM QUE O POVO BRINDOU DILMA NO MANÉ GARRINCHA;
— Agora eu também sou progressista! De hoje em diante, sou pelo controle social — e pelo fim do lucro — dos transportes, da telefonia, da mídia, da aviação… Além, claro!, do controle social dos fetos e do orgasmo! Se Mayara convenceu o Fantástico, na Globo, quem sou eu para resistir?;
— Meus votos para São Paulo: “Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal: ainda será tratado pela TV como um Rio de Janeiro subtropical”
Por Reinaldo Azevedo
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18/06/2013
às 8:29
Blog bate recorde de visitas e recebe elogios e insultos às pencas. Por quê? Porque não reconheço o caráter democrático ou liberalizante de boa parte dos protestos. Ou: De volta ao petismo primitivo
Este blog bateu ontem o recorde de visitas num único dia: 267.439. Obrigado aos que amam e aos que odeiam. Aos mansos de espírito e até aos furiosos, que contribuem para que me mantenha no que acredito ser o caminho reto. Escrevi e li muita coisa nesta segunda. Elogios, sim, aos montes. Insultos também, às pencas. Procurei um bom lead para começar este post, algo que fosse, a um só tempo, uma síntese intelectual deste dia, mas também afetiva — já que, notei pela cobertura das TVs, a onda agora é ser emocional, confessional, lançar sensações no ar, ainda que desconectadas de um pensamento — e tive de apelar a quem fez uma síntese com a qual eu não poderia competir. Como não vejo salvação fora da razão (esse cara — católico! — sou eu) e repudio a ditadura das sensações, esse texto tem só um lead possível:
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
(…)
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
(…)
tu serás um homem, ó meu filho!
Voltei
É trecho do poema “Se” (If), do poeta britânico Rudyard Kipling (1865-1936), na tradução de Guilherme de Almeida. O bom poeta e tradutor José Paulo Paes (1926-1998) fez uma paródia injusta, mas inteligente e engraçada, do texto, em “Kipling revisitado”:
Se etc
Se etc
Se etc
Se etc
Se etc
Se etc
Se etc
Serás um teorema,
meu filho!
Não pretendo ser um teorema ou transformar em teoremas a realidade política e social, especialmente porque o presente tem sempre variáveis que desconhecemos, mas é preciso que a gente consiga distinguir o inédito do novo — ou, como se diz muito hoje em dia, do “histórico”. Recebi, sim, com tal volume de leitores, muitos elogios, mas também não faltaram os insultos os mais pesados. E vinham de todos os lados: dos petistas porque evidenciei aqui que tentavam transformar um protesto que os tinha também como alvos em uma manifestação contra Geraldo Alckmin — como se não houvesse pessoas nas ruas em 11 outros estados. A grande manifestação, diga-se, aconteceu mesmo no Rio. Levei pauladas dos que estão à esquerda do PT porque apontei a reivindicação doidivanas, irresponsável, da “tarifa livre”. E tomei pancada de antipetistas porque eu não estaria percebendo que o que vai nas ruas é, afinal, uma manifestação de cidadania, que contesta o petismo, o governo Dilma, sei lá o quê. Não contava, obviamente, com o endosso de petistas e forças que estão à sua esquerda. E, como deixei claro aqui nesta segunda e nos dias anteriores, não acho que as manifestações afrontem a metafísica petista-esquerdista. Ao contrário até: eu as considero, em muitos aspectos, derivações teratológicas desse mesmo espírito. AINDA QUE SE DEVA FRISAR QUE HÁ NAS RUAS PROTESTOS DISTINTOS, QUE SE COMBINARAM.
Uma contradita que não se resume à violência
A minha contradita em relação ao que está em curso, especialmente em São Paulo e Rio, não se resume à violência — embora ela seja grave, sim, e exija uma resposta do estado democrático e de direito. Lamento! Ainda que os 65 mil de São Paulo e os 100 mil do Rio estivessem se manifestando contra Dilma Rousseff — que faz um governo que considero sofrível; ainda que milhares de pessoas Brasil afora estivessem se manifestando contra o PT, cujas escolhas políticas, em regra, abomino; ainda que os protestos nas 12 capitais estivessem a pedir cadeia para os mensaleiros e estivesse a esconjurar a corrupção generalizada; ainda que os manifestantes estivesse justamente indignados com os gastos públicos — e muito pouco transparentes — da Copa do Mundo, eu me obrigaria a vir a público para declarar: EU NÃO RECONHEÇO A NINGUÉM, MENOS AINDA ÀQUELES QUE SERIAM, ENTÃO, MEUS ALIADOS, O DIREITO DE PARALISAR AS CIDADES, VIOLAR A CONSTITUIÇÃO E CERCEAR O DIREITO DE IR E VIR DE MILHÕES DE PESSOAS. A minha esperança não me permite violar a minha consciência; os meus anseios não convivem com a agressão ao estado democrático e de direito; as minhas utopias não combinam com a imposição e com o desrespeito a leis democraticamente estabelecidas. E não! Não vou arredar pé desse ponto.
Então é bom e útil que fique muito claro: eu não tenho severas e graves restrições ao que está em curso apenas porque deploro os atos de selvageria que vi no Rio, em Brasília ou em São Paulo. Falarei um pouco a respeito. A minha restrição é anterior. Já escrevi e reitero: eu não apoio ações ou movimentos que tornam o mundo menos livre do que é, menos democrático do que é, menos pluralista do que é. E gente que ousa acreditar que pode impor a sua vontade à força porque tem a ambição de que o seu anseio traduza a vontade coletiva não é nem jamais será da minha turma, ainda que, episódica ou esporadicamente, goste ou desgoste das mesmas coisas que me agradem ou me desagradem. Não posso e não vou chamar a imposição de exercício da cidadania.
Pautas distintas
Em São Paulo e no Rio, o mote principal da manifestação foi a redução das passagens de ônibus. Em Belo Horizonte e em Brasília, falou-se mais dos gastos oficiais com a Copa do Mundo, a despeito das precariedades existentes na saúde e na educação. São pautas distintas, que acabaram se combinando no que seria um movimento nacional. Assim, uma das tarefas postas ao jornalismo é saber, com precisão, para além das perorações encantadas e encantatórias, quem quer o quê e mobiliza quem. Isso ainda não está claro.
Noto que há um esforço para tentar adivinhar as raízes do que seria uma súbita explosão de consciência. Descontentamentos há tempos represados, insatisfações há muito mitigadas teriam vindo à flor da pele, e estaríamos vivendo os nossos dias de Egito ou Turquia. Para tanto, convenham, seria necessário que se caracterizasse, então, ou a ditadura (que nos aproximaria do povo egípcio) ou o regime autoritário à moda turca, que censura a imprensa, impõe a linha justa religiosa, submete a sociedade, paulatinamente, a uma disciplina teocrática. Mas onde estão esses fatores? Na ausência deles, interroga-se se a inflação renitente, o crescimento medíocre, um Congresso que se orienta pelo troca-troca não foram abrindo rachaduras na muralha petista. O protesto contra a passagem de ônibus teria sido, então, a gota d’água que fez romper o dique.
Como já escrevi aqui, peço desculpas, então, pelo meu pessimismo, pela minha desesperança. Em São Paulo, por exemplo, o protesto é mesmo contra a elevação da passagem de ônibus de R$ 3 para R$ 3,20. Um movimento que atuava em parceria com o petismo, o Passe Livre, que tem como pauta principal a aloprada defesa da “tarefa zero”, uniu-se a militantes de extrema esquerda, e os dois grupos organizaram uma série de protestos violentos, que demandaram a, atenção!, justa e correta intervenção da Polícia Militar. Se houve excessos na quinta-feira — e bala de borracha em jornalista não é necessariamente prova disso; é preciso apurar —, que sejam punidos! Mas o fato é que a PM, em regra, combateu baderneiros, incendiários, depredadores. Se eles não representavam o movimento, que este viesse a público para repudiar o vandalismo. Não só não fizeram isso como tiveram o topete de mentir, sustentando que os arruaceiros apenas respondiam à violência policial.
Dissequei ontem aqui o, por assim dizer, pensamento de uma das líderes do Passe Livre. Ela acredita firmemente que seu movimento pode impor ao prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e ao governador do estado, Geraldo Alckmin, a sua vontade. Eles só serão considerados democratas se concordarem com a turma, hipótese em que os paulistanos terão a cidade de volta. Caso contrário, diz ela, “a gente vai continuar colocando as nossas forças nas ruas, ocupando ruas importantes e parando a cidade”. E ponto! Na entrevista coletiva — imaginem vocês!!! — concedida pelo grupo nesta segunda, Érica de Oliveira parecia até um pouco irritada com a tentativa da imprensa de, benignamente, em favor dos valentes, tentar ampliar a pauta. Ele deixou claro: eles querem a redução da tarifa. Sem isso, não há conversa. Em algumas capitais, essa também é uma questão de honra. Em outras, o alvo principal é a Copa do Mundo. Em Brasília, promotores conseguiram meter até a PEC 37 no cardápio.
Ainda que, no resto do Brasil, fosse verdadeira a existência de uma pauta mais, como direi? liberal-democrática, em São Paulo, ela é falsa como uma nota de R$ 3 — ou de R$ 3,20. Por aqui, a agenda inegociável é a redução da tarifa. Ou é isso ou é isso, dizem os representantes do Passe Livre, que hoje se encontram com Haddad. Ou é isso, ou eles continuarão, como dizem, a parar a cidade. Afinal, como nos explicou Mayara Vivian, outra pensadora do Passe Livre, eles acham que as empresas privadas de transporte só estão mesmo interessadas no lucro.
Outra abordagem
A minha abordagem é outra, e, à diferença de Arnaldo Jabor, que fez um mea-culpa no Jornal da Globo, não mudei de ideia. Ao contrário! Estou ainda mais convicto. Casaram-se três pragas da contemporaneidade, que resultaram nos conflitos que estamos vendo: uma é de alcance quase universal nas democracias; as outras têm uma marca muito nossa, muito própria de Banânia.
Uma das doenças das democracias é a emergência de minorais radicalizadas ou de grupos sectários que reivindicam o direito de impor à coletividade as suas vontades. Confundem a tolerância que devem ter os regimes democráticos com uma ditadura de minorias. Assim, para esses grupos, nada mais natural do que tomar de assalto as ruas ou as instituições e impor uma decisão na base do berro — e, se necessário, da violência. Desculpem-me! Eu não posso esquecer que, há coisa de dois meses, grupinhos de 20 ou 30 pessoas simplesmente impediam o funcionamento da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, com amplo apoio da imprensa — o mesmo com que contou o Movimento Passe Livre. Isso que chamo “fascismo de minoria” é chamado por aí, com impressionante desassombro, de “direito” e “liberdade de expressão”. Não é um mal exclusivo do Brasil.
Já a impunidade tem a nossa cara. Está se tornando corriqueira no país a noção de que desrespeitar a lei para fazer justiça social é mais do que um direito; seria mesmo um dever. Assim, o Movimento Passe Livre e seus companheiros de extrema esquerda só estariam querendo o bem dos paulistanos e dos brasileiros. E por que não poderiam, então, parar a cidade? Afinal, não é isso o que faz, dia sim, dia também, o MST, sem que se lhe advenha qualquer consequência? Não estão aí os índios, com o amparo de Gilberto Carvalho, a invadir terras, a incendiar propriedades, a expulsar proprietários? Outro traço que vai nos definindo como país é a noção de que o estado é o grande provedor de tudo. Logo, perguntam, por que o transporte não pode ser gratuito?
Infelizmente, não vejo em nada disso uma abordagem de resistência, que pudesse ser, de algum modo, útil à democracia, ao estado de direito e mesmo à alternância de poder. Ao contrário: vejo reproduzida em alguns desses episódios a pior mística dos primeiros tempos do petismo, e não é por acaso que a imprensa se tomou de encantos pelo Passe Livre. Eu diria até, atenção para isto!, que também os traços de classe social se repetem. A exemplo dos primeiros petistas, lá do começo dos anos 1980, também o Passe Livre tem a cara, o jeito e o pensamento da elite radicalizada, que se considera dotada de uma consciência superior, com a qual vai civilizar e libertar os oprimidos. É próprio desse estrato social, faça ou não política, tenha ou não “consciência”, achar que a lei existe apenas para os outros.
Volto a Kipling
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
(…)
Vou manter a minha calma também desta vez. Poucos de vocês imaginam como torço para estar errado — como torcia no caso da dita “Primavera Árabe” ou no do caráter autoritário do obamismo. Desta vez, gostaria imensamente de estar errado. O diabo é que acho que não estou. Vamos ver como as coisas se comportam. Se é verdade que esse é mesmo um movimento mudancista, então o Brasil caminha para uma virada importante, e Dilma poderia ir começando a fazer as malas.
Mas acho que as coisas não são bem assim. Temo que possamos estar diante de um petismo meio degenerado, que pode alimentar correntes políticas que estão à esquerda do partido. Vejo, sim, a esperança de muitos. Eles se manifestam nos comentários, convidando-me a seguir o caminho de Jabor. Não vou, não! Até ônibus foram sequestrados (ver post) nas imediações do Palácio dos Bandeirantes para que alguns manifestantes pudessem deixar claro o que pensam. Não contem comigo! Gente que derruba grades de palácio de governo num regime democrático tem é vontade de nos impor a sua ditadura. Não são e jamais serão meus aliados.
Texto publicado originalmente às 6h11
Por Reinaldo Azevedo
Tags: democracia, protestos
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202 COMENTÁRIOS
18/06/2013
às 8:17
No Rio, espancamento de policiais, selvageria, linchamentos, invasão e incêndio de prédio da Assembleia. A tropa de choque demorou mais de três horas para chegar. E ninguém ouviu falar nem de Sérgio Cabral nem de José Mariano Beltrame. Fosse em São Paulo…
As cenas de selvageria no Rio de Janeiro estão entre as coisas mais impressionantes que já vi no Brasil. Os policiais que guardavam o prédio da Assembleia Legislativa foram verdadeiramente linchados. Espancados, tiveram de se refugiar no prédio. E não eram poucos, não. Havia pelo menos 70 deles. Vinte ficaram feridos.
Durante três horas, a Alerj foi alvo do ataque sistemático de bandidos, de terroristas. Pichações, fogueira, coquetéis molotov e, finalmente, a invasão. Uma tragédia de grandes proporções poderia ter acontecido ali. Os policiais, afinal de contas, estavam armados. Quatro pessoas ficaram feridas com balas de verdade, que podem ter sido disparadas por policiais. O dano foi pequeno perto do perigo.
Sei que vai haver ranger de dentes, mas não posso me furtar a escrever o que me parece óbvio: a cobertura que a imprensa nacional, MUITO ESPECIALMENTE AS TVs, dispensou aos conflitos de quinta em São Paulo serviu de estímulo aos delinquentes do Rio. Afinal, anunciou-se ao país e ao mundo que os manifestantes eram verdadeiros anjos do pacifismo e que bandidos mesmo eram os policiais militares. Segundo a versão estúpida, mentirosa, tomada como sinônimo de verdade, a PM é que teria dado início ao conflito. Não! A confusão em São Paulo começou, na quinta, quando um grupo decidiu furar o bloqueio feito pela tropa de choque. Mas quem se importa com a verdade? Esses setores da imprensa a que me refiro tinham lado. Esses setores da imprensa a que me refiro fazem oposição nada velada a Geraldo Alckmin. De novo: em qualquer democracia do mundo, nos EUA ou na Suíça, furar um bloqueio policial expõe os que a tanto se arriscam à reação. Mas não houve jeito. PM e governo do estado passaram por um intenso processo de demonização.
Ora, quando a lei não vale mais e quando as forças que a encarnam são tratadas como estorvos; quando aqueles que são pagos para fazer vigorar os códigos se tornam os inimigos, então tudo é permitido. De tal sorte as atenções se concentraram em São Paulo, que a megamanifestação do Rio pegou todo mundo de surpresa — creio que também a polícia.
É evidente que o governo do Rio não pode ser responsabilizado pela violência daquela corja, mas tem, sim, de ser chamado às falas em razão do planejamento pífio. Fiz uma procura global nos sites noticiosos. Nada de Sérgio Cabral. Nada de José Mariano Beltrame. Escrevo de novo: o batalhão de choque demorou três horas para chegar à Assembleia Legislativa, onde policiais poderiam ter sido massacrados — ou, então, atirar para matar.
Mais tarde escreverei sobre esta figura patética que é José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça. Em entrevista concedida hoje à Folha, este senhor ataca a polícia de São Paulo e dá exemplos do que considera eficiência: “O que vi em SP, e as câmeras mostraram, é de uma evidência solar que houve abuso. Vi o que aconteceu no Distrito Federal e no Rio. Padrões de comportamento bem diferentes”.
Sem dúvida, padrões de comportamento bem diferentes. O PT não descansa enquanto a segurança pública de São Paulo não exibir os mesmos números do Rio, a começar pela taxa de homicídios: mais do que o dobro.
Se o que viu em terras fluminenses tivesse acontecido em terras paulistas, haveria gente pedindo hoje o impeachment de Geraldo Alckmin…
Por Reinaldo Azevedo
Tags: protesto, Rio
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34 COMENTÁRIOS
18/06/2013
às 7:32
Em nenhuma democracia do mundo se tolera o que se viu ontem em SP, mas é o que quer a nossa imprensa. Ou: Portão arrancado, morteiros contra a PM e dois ônibus sequestrados. São as flores da “Primavera Brasileira”
O Movimento Passe Livre já está a merecer uma verdadeira antologia da estupidez. Leiam esta: “O comportamento da polícia foi muito diferente. Quando não há repressão, a gente consegue fazer um ato muito mais organizado, sem violência”. A fala é de um rapaz chamado Matheus Preis, um dos líderes da turma. Ele tem a seu favor o fato de só ter 19 anos e uma longa vida pela frente para se recuperar das besteiras que diz. Quem não tem o direito de cair na sua é a imprensa. Mas cai. E de maneira miserável. O que Matheus está dizendo é o seguinte: desde que o grupo possa fazer o que bem entender, tudo certo. Se, no entanto, encontrar alguma resistência, aí… Mas que fique claro: a culpa, segundo ele, será sempre da polícia.
A fala do rapaz não e só estúpida. É falsa também. Ontem, a Polícia Militar, como vocês viram, se limitou a acompanhar os manifestantes. Fizeram o que lhes deu na telha, andaram por onde bem entenderam, ocuparam as ruas e avenidas a seu bel-prazer. Num dado momento, a coisa começou a ficar chata para os mais exaltados. Uma parte deles teve, então, a ideia de seguir para o Palácio dos Bandeirantes. Fecharam o trânsito na rua, que dá acesso ao hospital Albert Einstein. E começaram a forçar para derrubar um dos portões, o que acabaram conseguindo. Só não invadiram a sede do governo por causa das bombas de gás lacrimogêneo.
Ao longo do dia, foram tratados pela imprensa como poetas, como legítimos promotores de uma certa “Primavera Brasileira”. Muitos desses patriotas jogavam morteiros contra os policiais, que estavam do outro lado da cerca. Atenção: parte da avenida ainda está interditada. Um grupo continua em frente ao palácio, com suas indefectíveis mochilas nas costas. Isso lhes parece pouco? É verdade! Fizeram mais. Leiam trecho de reportagem da Folha:
(…)
Ainda no início da madrugada, manifestantes dirigiram dois ônibus biarticulados e usaram os veículos para bloquear a avenida. Os dois coletivos da linha 5119 (Terminal Capelinha – Largo São Francisco) foram guiados quando não havia mais passageiros.
O motorista de um dos coletivos disse que o ônibus dele e outro da mesma empresa seguiam pela avenida Morumbi quando foram bloqueados por manifestantes. Eles aguardaram e, quando pararam de ouvir barulho de bombas, decidiram seguir caminho imaginando que a via estava liberada.
Ao se aproximar do palácio, foram cercados por manifestantes que exigiram que todos os passageiros saíssem do coletivo, inclusive cobradores e motoristas. O motorista de um dos ônibus, que preferiu não ter o nome divulgado, disse que foi agredido, teve a mão ferida por uma pancada e, após deixar o veículo, se refugiou dentro do Palácio dos Bandeirantes. Ele disse ter mostrado o crachá da empresa onde trabalha aos policiais para conseguir entrar no local.
Quando os ônibus foram esvaziados, manifestantes então assumiram a direção e subiram nas caçadas, bloqueando os dois sentidos da avenida Morumbi.”Nunca vi um aperreio que nem esse. Quando passei já estava voando pedra e bomba para tudo quanto era lado. Tinha muito passageiro, sorte que não ficou ninguém ferido”, disse Manuel Marcos, 46, motorista de ônibus há 22 anos.
Marcos disse ainda que em dias normais deixa o trabalho às 22h, “mas já são 1h20 e ainda estou aqui [na frente do palácio]. Amanhã às 13h, entro de novo”. A empresa Campo Belo, dona dos coletivos, enviou funcionários para manobrar os veículos e seguirem para o 34º DP (Vila Sônia), onde será feito um boletim de ocorrência.
Ambos os ônibus tiveram os extintores furtados e esvaziados na via. Um dos veículos ainda teve o para-brisa e retrovisor quebrados, enquanto o outro foi pichado.
Voltei
Eis aí. Essa gente era cantada ontem em prosa e verso — a depender da emissora, vômito — nas televisões. Sequestro de ônibus, morteiros contra a polícia, derrubada de um portão… Agora mesmo, sete da manhã, o “Bom Dia, São Paulo”, da Globo, leva ao ar a entrevista de um rapaz que voltava do Palácio dos Bandeirantes, rumo a uma estação do metrô. Cinicamente, ele retirou do bolso um artefato já disparado de uma bomba de efeito moral para exibir: “É, estamos voltando do palácio, onde fomos recebidos com bombas, gás… Eu até trouxe uma lembrancinha, ironicamente chamada de bomba de luz e som…”. Ou por outra: ele queria invadir o palácio e ser recebido com flores…
Em nenhum lugar do mundo
Atenção! Em nenhum lugar do mundo uma polícia permite o que permitiu ontem a de São Paulo: o virtual colapso da cidade. Se alguém souber de algum exemplo, é só me contar. Protestos existem, sim, às pencas, mas em praças e áreas restritas. As democracias não permitem que coisas como o que se viram ontem ocorram porque direitos fundamentais são agredidos.
Mas não é esse o entendimento de, como é mesmo o nome dele? Matheus Preis. Também não é isso o que pensa a imprensa brasileira. A cidade pertence a quem a toma na marra. E fim de papo! Considera-se que os manifestantes já fizeram uma grande concessão ao não partir para o quebra-quebra — ao longo das passeatas ao menos.
Até quando vai? Vamos ver. Há um novo protesto marcado para a Praça da Sé nesta terça. Mais uma vez, suponho, se uma minoria conseguir impor a sua vontade à maioria sem ser atrapalhada por ninguém, tudo sairá às mil maravilhas.
Ou é assim, ou os nossos valentes jornalistas chamam a PM, que cumpre a lei, de fascista, e os fascistas que se impõem na base da truculência de as mais vistosas flores da Primavera Brasileira. Vamos ver se Elio Gaspari dá hoje a hora exata em que um manifestante jogou o primeiro morteiro contra os policiais que guardavam o Palácio dos Bandeirantes. Não! Ninguém me peça para condescender com isso. Eu não vou! Os manifestantes têm razão num particular: não é por 20 centavos. É por direitos. Pelo estado de direito.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: protesto, São Paulo
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80 COMENTÁRIOS
18/06/2013
às 0:02
Não, eu não me arrependo de uma vírgula. E reitero todo e cada ponto
Não, eu não me arrependo de uma vírgula do que escrevi.
Não, nem mesmo as eventuais palavras de ordem contra a sem-vergonhice brasileira fazem com que reveja minhas posições.
Não, eu não acredito que estejamos diante de um mal-estar em busca de uma interpretação.
Não, eu não acho que, com as exceções costumeiras, a imprensa esteja cumprindo a sua função.
Não, eu não acredito que estejamos diante de algo nem novo nem bom.
Na madrugada, escreverei mais detidamente sobre este nosso fim do outono da anarquia. Desculpo-me por não fazer aquele ar encantado de alguns dos meus coleguinhas: “Ai, gêêêênnnntiiii, olhem quantas pessoas de braaaancoooo, carregando a bandeira… Ai, eles só querem paaazzz… Ai, alguma coisa está acontecendo no Brasil…”.
Isso não é nem jornalismo de opinião nem jornalismo de informação. É militância política. Eu já disse que não me deixo seduzir por comportamentos que, se generalizados, tornam o mundo mais violento e menos livre, ainda que algumas das pessoas que estão sendo alvos dos protestos também não sejam do meu agrado.
Não só não me arrependo de uma vírgula como reitero todo e cada ponto.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: protestos
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187 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 23:40
Manifestantes derrubam um portão do Palácio dos Bandeirantes; polícia repele vândalos com bombas de gás. Eles querem mortos e feridos
Às 19h17 chamei aqui a atenção para o fato de que a manifestação em São Paulo haviam se dividido. Uma parte rumava pela Faria Lima e buscava a Paulista, e outra seguia pela Marginal Pinheiros. No ponto em que estavam, havia dois destinos possíveis: o Palácio dos Bandeirantes e a sede da TV Globo em São Paulo. De novo, uma divisão: uma parte ficou lá vituperando contra a emissora, apesar da cobertura feita pela emissora ser dulcíssima com os protestos e outra seguiu mesmo para o palácio.
A turma que foi pela Marginal Pinheiros era aquela mais, digamos assim, política, com bandeiras do PSTU, do PCO e de um movimento ligado ao PSOL.
Muito bem! Até havia alguns minutos, a Polícia Militar de São Paulo não havia usado nem uma miserável bomba sequer. É verdade que os manifestantes, por seu turno, fizeram o que lhes deu na telha, ocuparam a parte as áreas da cidade que bem quiseram, ditaram, enfim, as ordens. A polícia se limitou a acompanhar.
É claro que a turma da desordem não ficou contente com isso. É uma gente que lucra com o conflito e com o confronto. Mesmo sabendo que um grupo rumava para o palácio, Alckmin ordenou que os policiais deixassem livre a frente do prédio. Muito bem, eles chegaram. Inicialmente, houve apenas protestos. Mas aí um grupo forçou e conseguiu derrubar um portão dos jardins do palácio. A invasão foi repelida com bombas de efeito moral.
Neste momento, há centenas de pessoas em frente à sede do governo, onde fazem um grande fogueira. Eis os militantes pacíficos cantados em prosa e verso por setores do jornalismo. Chamem Aiatoelio Gaspari para que diga, exatamente, a hora — com a preciso dos minutos — em que esses democratas britânicos decidiram derrubar a grade do palácio.
Os bandos ligados à extrema esquerda querem porque querem mortos e feridos. Isso justifica a sua luta. Suas ideias sempre se alimentaram do sangue dos idiotas, dos inocentes úteis e dos culpados inúteis.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: protesto, São Paulo
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159 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 23:19
Blog bate recorde: já passamos de 250 mil visitas nesta segunda
Este blog bateu hoje o recorde de visitas. Neste momento, estamos com 251 mil visitas. Ao fim do dia, dou o número final.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: protestos
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59 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 23:12
Na Assembleia Legislativa, fogueira do lado de fora e incêndio do lado de dentro
Impressionantes as imagens do Rio. Há uma fogueira na porta da Assembleia Legislativa. A sede de um banco foi invadida, e os móveis e cadeiras foram usados numa grande fogueira. Um coquetel molotov foi lançado contra o prédio, e uma sala sofreu um princípio de incêndio. Uma pessoa levou pelo menos um tiro com bala de verdade.
A Polícia Militar do Rio, é visível, ficou completamente rendida. Durante horas, vândalos atacaram a Assembleia sem enfrentar qualquer resistência. Lá dentro, 70 policiais estavam acuados, com 20 feridos.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: protestos, Rio
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58 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 22:57
Apesar de cobertura favorável às manifestações, Globo vira alvo de protestos e é chamada de “fascista”
Por mais que a cobertura das TVs, especialmente da Globo, sejam simpáticas aos que protestam, não tem jeito: os manifestantes, pouco importa a pauta, não gostam da imprensa. Em São Paulo, milhares de manifestantes se dirigiram para as imediações da sede da Globo e recitaram palavras de ordem contra a emissora. Em Brasília, quando perceberam que um repórter da Globo entrava num link ao vivo, mandaram ver num refrãozinho: “Globo fascista/ falso moralista”.
E olhem, reitero, que a abordagem das TVs não poderia ser mais favorável. Os manifestantes eram tratados, assim, como uma assembleia de sábios. Mas não adianta: quando se rompem os vínculos da democracia representativa, toda representação — e, por consequência — representatividade passam a ser inúteis, encaradas como coisa de reacionários.
Daí o ódio à imprensa. Ainda que os jornalistas também saiam jogando coquetel molotov — de certo modo, passaram o dia jogando coquetéis molotvs verbais —, a sua adesão sempre será considerada fraca e insincera. No Jornal Nacional, Patrícia Poeta leu um pequeno editorial afirmando a cobertura imparcial da emissora. Não adiantou. Virou alvo de xingamentos nas redes sociais. Voltarei ao assunto mais tarde.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: protestos, TV Globo
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107 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 22:37
Tropa de Choque do DF está dentro do Congresso; coronel da PM é atacado a tapas, pontapés e cusparadas; diretor-geral da Câmara é chutado
Um grupo tentou entrar no Congresso pela chapelaria. Foi repelido com spray de pimenta. A tropa de choque está do lado de dentro do Congresso. Na Folha, leio o seguinte:
*
Um grupo de manifestantes agrediu a tapas, pontapés e cusparadas dois coronéis da Polícia Militar e o diretor-geral da Câmara dos Deputados agora há pouco no Congresso Nacional. Um grupo formado pelo deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE), o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio, e dois coronéis da PM, dentre os quais o chefe da Casa Militar do governador Agnelo Queiroz (PT-DF), se dirigiu à entrada de parlamentares no subsolo do Congresso para fazer uma averiguação sobre o risco iminente de invasão no prédio, quando foi surpreendido e cercado por um grupo de 200 manifestantes que haviam conseguido furar o cerco da Polícia Militar.
Sérgio Sampaio disse à Folha que recebeu “chutes e tapas”. “Quando vi, estávamos cercados”, disse o diretor-geral. O deputado Mendonça Filho disse que o grupo foi à entrada para verificar a situação a pedido do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que está na Rússia. Depois das agressões, chamou o deputado André Vargas (PT-PR) às pressas ao Congresso porque resolveu que não assumirá sozinho os riscos de controle de acesso ao prédio.
“Sou o único deputado aqui e não vou tomar sozinho as decisões de segurança”, disse o parlamentar. Por volta das 21h30, havia cerca de 700 manifestantes postados na frente do Congresso ainda ameaçando invadir o prédio. Os manifestantes trincaram um dos vidros do Congresso com um martelo. Eles gritam “vamos entrar em casa”. Mais tarde, um manifestante tentou romper o cordão de isolamento da polícia, que reagiu com spray de pimenta, cassetetes e gás lacrimogêneo.
Três representantes dos manifestantes estão reunidos com negociadores da polícia legislativa. Entre as reivindicações, eles pediram a punição de todos os que agrediram manifestantes nos protestos ao redor do país e a derrubada da PEC 37, que restringe os poderes do Ministério Público.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Distrito Federal, protesto
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77 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 22:21
Setenta PMs estão encurralados na Assembleia Legislativa do Rio, 20 deles feridos. Vândalos continuam em ação. PM não atua
Do tom politicamente correto, com sotaque universitário da Globo News (é a maior concentração de especialistas de terceiro grau do mundo mundial!), à peroração demagógico-bagaceira de Marcelo Rezende, na Record, passando por Datena, na Band, tinha-se a impressão, já afirmei aqui, de que se assistia à Queda da Bastilha. As TVs, cada uma dentro do seu estilo, abandonaram qualquer compromisso com a objetividade. A cobertura virou uma salada russa. Na madrugada, tentarei caracterizar cada um dos componentes da mistureba. Vocês vão entender, por exemplo, por que o Movimento Passe Livre está irritadinho: acha que a pauta está sendo desvirtuada. Fica para depois.
Globo, GloboNews, Record, Band, a maioria dos sites noticiosos e portais… Em uníssono, declararam a ilegitimidade das polícias para realizar qualquer tipo de intervenção. Assim, consagra-se o sacrossanto direito à manifestação, pouco importa o local. Aí, convenham, aumenta a possibilidade de que não haja confronto. A se repetir o padrão de hoje em algumas cidades, fica consagrado o “direito” dos manifestantes de parar a cidade quando lhes der na telha. Mas pergunto: eles têm mesmo esse direito? E amanhã? E depois de amanhã?
No Rio, a visão edulcorada, encantada, deslumbrada — CRETINA MESMO — da realidade começou a ceder espaço à verdade quando um grupo de mais ou menos 300 pessoas começou a atacar a Assembleia Legislativa, a promover quebra-quebra, a agredir policiais. Pior: enquanto essa turma partia para o tudo ou nada, uma massa compacta, de milhares, atuava como uma espécie de cordão de isolamento.
Só aí o tom das TVs começou a mudar: “Ah, não, assim não!”. Ora, mas não é isso o que se fez em São Paulo em quatro manifestações? Pois é. Há 70 policias dentro da Assembleia, impedidos de sair. Pelo menos 20 deles estão feridos. Na rua, uma fogueira é alimentada, acabo de ver, com móveis e cadeiras de escritório. Não sei de onde foram retirados.
E agora? Sei lá eu! Acho que é o caso de convocar uma junta de jornalistas e professores universitários. Já que a Polícia Militar nunca sabe o que faz, segundo esses valentes, eles próprios devem saber, certo?
Por Reinaldo Azevedo
Tags: protesto, Rio
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108 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 21:40
BH, com a terceira maior manifestação do país, teve confrontos, bombas de gás e balas de borracha
Belo Horizonte fez a terceira maior manifestação do país. Pode ter reunido até 40 mil pessoas. Também ali, a causa principal do protesto não foi o valor da passagem de ônibus, mas o investimento de dinheiro público na Copa do Mundo.
Leiam texto publicado no Globo, que fala em 20 mil pessoas.
*
Manifestantes e policiais militares entraram em confronto na tarde desta segunda-feira nas imediações do estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Segundo a PM, pelo menos 20 mil pessoas participam de um protesto contra o reajuste da passagem de ônibus e os gastos com a Copa do Mundo, entre outros assuntos. O conflito ocorre na Avenida Presidente Antônio Carlos, em frente à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na região da Pampulha.
A confusão começou quando os manifestantes tentaram romper o cordão de isolamento feito pela polícia militar, que revidou à ação com bombas de gás lacrimogêneo e tiros com balas de borracha. A intenção da PM era de evitar a aproximação do grupo ao estádio, onde jogaram Taiti e Nigéria pela Copa das Confederações. No protesto, os participantes também atearam fogo em objetos na avenida que dá acesso ao estádio.
Os manifestantes saíram em passeata da Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, rumo ao Mineirão. Governo e prefeitura decretaram ponto facultativo para os servidores e recesso nas escolas públicas. Em Belo Horizonte, a tarifa, que era de R$ 2,65, passou para R$ 2,80. O movimento está sendo realizado por estudantes das redes pública e particular de ensino, movimentos sociais e partidos políticos. Cerca de 30 policiais militares do Batalhão de Choque acompanham a manifestação.
Um jovem de 18 anos caiu do viaduto da Avenida Presidente Antônio Carlos quando fugia da Polícia Militar. Segundo informações da PM, ele foi levado para o Hospital Risoleta Neves. O jovem tem quadro estável.
Organizado pelo facebook, o movimento estudantil da capital mineira tem comando descentralizado. Filiado ao PSOL, o escritor Fidelis Alcântara é um dos líderes do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac). Outra porta voz é a estudante de veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Juliana Rocha, da executiva nacional da Assembleia Nacional de Estudantes – Livres (ANEL). No sábado, dia 22, dia marcado para o jogo entre México e Japão, os manifestantes prometem nova uma nova mobilização.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Belo Horizonte, protestos
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52 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 21:19
Veja por que, com 65 mil pessoas, SP mobilizou apenas um terço dos 100 mil do Rio. E não, não errei na conta!
Segundo o Datafolha, 65 mil pessoas acabaram participando de protestos em São Paulo. Especialistas da Universidade Federal Fluminense, que fizeram um cálculo considerando a área ocupada e a concentração por metro quadrado, a cidade do Rio reuniu 100 mil pessoas. Foi uma surpresa. Em São Paulo, a palavra de ordem dominante foi mesmo a redução da tarifa de ônibus. No Rio, ficou evidente, além da passagem, os gastos do governo com a Copa do Mundo foram um importante fator de mobilização.
Então vejam que coisa… Os petistas aderiram aos protestos em São Paulo na certeza de que estavam encostando uma faca no pescoço do governador Geraldo Alckmin (PSDB). José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, numa inciativa patética, recorreu ao Jornal Nacional para, que mimo!, “oferecer ajuda” ao estado — que demonstrou nesta segunda, até agora, não precisar de ajuda nenhuma desde que os manifestantes não se comportem como bandidos.
Que fique claro mais uma vez! A polícia de São Paulo, em regra, reprimiu bandidos, não manifestantes — por mais ridícula que seja a sua causa principal. “E os jornalistas?” Que se apure cada caso e, se comprovada a falha, que os responsáveis sejam punidos.
Dado o noticiário com viés claramente contra o governo do estado e a PM, a expectativa era que São Paulo fizesse a maior manifestação do país. Mas não foi assim, não! A do Rio foi bem maior, sempre destacando que a cidade tem a metade da população da capital paulista.
Estando certos os números dos especialistas da Universidade Federal Fluminense, para que São Paulo tivesse o mesmo número do Rio, seria preciso levar 200 mil pessoas às ruas. Assim, considerando a população de cada cidade, o protesto paulistano mobilizou apenas um terço da carioca.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: protesto, Rio, São Paulo
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91 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 20:49
No Blog do Planalto, Gilberto Carvalho, o Insuflador Geral de Revoltas, tenta pegar carona em manifestações
Ainda voltarei à questão na madrugada. Mas antecipo aqui para vocês se divertirem um pouco. No Blog do Planalto, Gilberto Carvalho tenta, assim, assumir uma espécie de paternidade do movimento, fazendo de conta que estão todos juntos. A verdade é que o petismo tentou flertar com o baguncismo em São Paulo, e o tiro saiu pela culatra. Leiam o post do Blog do Planalto.
*
O ministro-chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira (17), afirmou que a manifestação é própria da democracia, e que o governo quer estabelecer um diálogo com os grupos que têm se manifestados nos últimos dias. Hoje, o ministro recebeu representantes de grupos que fizeram manifestações no último fim de semana no Distrito Federal.
“A manifestação é própria da democracia. O nosso projeto político cresceu no país fazendo mobilização. Mobilização é muito bem-vinda. Por isso que nós estamos preocupados em fazer uma discussão, uma aproximação, um diálogo, e elevarmos o nível dessa discussão porque esses jovens têm alguma coisa a nos dizer. Esses jovens nos apontam angústia… E se alcançam uma grande repercussão de mobilização é porque corresponde ao anseio de muita gente. Então é próprio da nossa atitude ouvir e valorizar isso”, defendeu.
Gilberto Carvalho já havia conversado com manifestantes no último sábado, durante a partida de abertura da Copa das Confederações, entre Brasil e Japão. Segundo Carvalho, é próprio do governo estar atento, ter a humildade de ouvir, e procurar compreender o processo para reagir de maneira adequada.
“Eles são portadores de mensagens, e nós temos que compreender. É por isso que eu fiz questão, durante o próprio jogo, estive lá, conversando com os manifestantes. Foi um gesto de diálogo, de entendimento. E fiquei muito feliz de eles terem aceitado, parte deles, virem aqui. (…) Acho que foi um bom início de conversa, e acho que eles nos trazem reivindicações que consideramos importantes para gente tratar”, comentou.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Gilberto Carvalho, protestos
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199 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 20:37
Vândalos do Rio obrigam a GloboNews a admitir que, de vez em quando, a PM precisa agir — no Rio, é claro, onde existe “patrimônio de todos os brasileiros. Já em São Paulo, o negócio é dar pau na Polícia!
Parte da gigantesca manifestação do Rio se dirigiu para a Alerj — Assembleia Legislativa do Rio. E ali o pau comeu. Vândalos tentaram invadir o prédio e promover quebra-quebra. Os pichadores entraram em ação. A polícia teve de recorrer a bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral e a spray de pimenta para espantar os manifestantes. Essa turma fez, em suma, aquilo que vinha sendo a rotina das manifestações em São Paulo, inclusive na última quarta-feira.
E, aí, vejam vocês, o tom da GloboNews mudou completamente. Leilane Neubarth, nesse caso, lembrou que a Alerj “é um patrimônio do Rio e do Brasil”. Rodrigo Pimentel, o especialista em segurança da Globo, que elogiara havia pouco a PM do Distrito Federal por não ter reagido à invasão do Congresso (havia cartazes convertidos em tochas), disse que há coisas que a polícia não pode tolerar: invasões, depredações… Vai ver isso só vale para o Rio. Já em São Paulo…
Quem quiser que recorra aos arquivos que ficam nos sites noticiosos. Até ali, a GloboNews se caracterizou por uma cantilena de elogio aos manifestantes, especialmente de São Paulo, e de censura nada velada à polícia. Alguém que ignorasse os fatos e ouvisse aquele conversê todo ficaria com a impressão de que a PM de São Paulo, na quinta, reprimiu um grupo de pacíficas normalistas. Evidentemente, é uma informação falsa como nota de R$ 3.
Neste momento, há pessoas pondo fogo em papéis e cartazes na porta da Assembleia, que tem a fachada depredada. Uma professora universitária — mais uma naquele cipoal de “especializas no próprio pensamento” que dão plantão na GloboNews — diz uma frase que guardarei para uma antologia que estou fazendo. Prestem atenção: “Isso [a depredação] faz parte de uma certa desordem de algo que deu tão certo”. Não sei o que quer dizer. Mas deve querer dizer alguma coisa.
Chamo a atenção dos leitores para o fato de que, em São Paulo, nas quatro vezes em que a PM foi obrigada a intervir, foi justamente para impedir manifestações como a que se vê em frente à Alerj. Há um carro virado perto da Assembleia, que foi incendiado.
Não me diga!
Rodrigo Pimentel disse que, se existem manifestantes que carregam coquetel molotov, é sinal de que eles não têm boas intenções. Não me digam!
Achei que aqueles depredadores todos de São Paulo, que foram reprimidos pela PM, fossem pessoas bem-intencionadas.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Rio, tarifa de ônibus
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118 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 20:00
José Eduardo Cardozo não quer ajuda para controlar a situação em Brasília? Na capital do país, protesto é contra gastança com a Copa. Exército protege Dilma
Mais de cinco mil pessoas protestam em Brasília em solidariedade aos movimentos que pedem a redução da tarifa de ônibus nas capitais, sim, mas sobretudo contra a gastança de dinheiro público na Copa do Mundo.
Manifestantes estão na cobertura do Congresso Nacional. A polícia e os homens que cuidam da segurança do Parlamento não conseguiram impedir que tomassem o local. Muitos deles, neste momento, transformam os cartazes em tochas.
Atenção! A PM responde pela segurança do Distrito Federal, mas a da Praça dos Três Poderes é de competência federal. José Eduardo Cardozo não precisa de ajuda, não? Afinal, ele disse que queria dar uma mãozinha a São Paulo…
Neste momento, o Palácio do Planalto, onde está o gabinete de Dilma, está cercado por forças federais. A segurança é feita pelo Exército.
Na GloboNews, Leilane Neubarth interpreta o sentimento dos invasores do Congresso, em tom encantado: “É como se dissessem: ‘Temos um pedaço do nosso país”.
Bonito!
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Brasília, protestos
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188 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 19:39
Rio surpreende e deve fazer a maior manifestação do país
Não tenho números. Mas tudo indica que a manifestação no Rio é a maior do país, superando a de São Paulo. As televisões fazem um estrago danado com a inteligência dos pobres telespectadores, sem exceção. Na Record, um tal Marcelo Rezende faz de conta que estamos assistindo à verdadeira Queda da Bastilha — já que aquela de 1789 foi a falsa, né? Quando a prisão foi tomada, não havia lá mais do que meia dúzia de vagabundos. Na GloboNews, em tom mais contido, exalta-se o valor democrático dos protestos — sempre na linha “somos todos companheiros, e quem causa tumulto é a polícia”. A diferença entre Rezende a GloboNews é só de tom, não de conteúdo. O repórter de polícia, naquele estilo muito característico, fala o que dá na telha. A emissora mais chique chama professores universitários, e estes… falam o que lhes dá na telha.
Em Brasília, a coisa também está pegando fogo (já falo a respeito). Uma coisa é certa: os protestos do Rio, de Brasília e de Belo Horizonte não são contra o valor da passagem de ônibus, não! O foco é a gastança de dinheiro público com a Copa do Mundo.
Eu bem que tentei advertir os petistas: “Parem de flertar com a bagunça; estão abrindo a Caixa de Pandora”. Agora eu quero ver como fazer para devolver os sustos para a dita-cuja.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: protestos
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115 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 19:17
Manifestação em SP se divide; grupo liderado por partidos de esquerda segue pela Marginal Pinheiros e pode tentar chegar ao Palácio dos Bandeirantes ou à Globo
Manifestações tomaram conta de nove capitais nesta segunda-feira: São Paulo, Rio, Brasília, Maceió, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte. Depois comento aspectos particulares de algumas delas. Em São Paulo, a Polícia Militar estima em 30 mil os manifestantes.
Os líderes do movimento se negaram a dar um roteiro para a polícia, o que impede a organização do trânsito. A intenção é criar o máximo possível de confusão. A passeata se dividiu em dois grupos: o maior segue pela Avenida Faria Lima; um outro, muito menor, está na Marginal Pinheiros. Há informações de que o objetivo é chegar ao Palácio dos Bandeirantes ou à TV Gobo.
Esse grupo, nota-se, é o que concentra um maior número de militantes políticos. Chama a atenção uma bandeira gigantesca do PSTU. Também há muitas bandeiras amarelas, do movimento “Juntos”, que é ligado ao PSOL.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: protestos
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61 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 18:34
Custo mensal com a elevação da passagem: R$ 4,40; custo com a cerveja numa única beberagem: R$ 48. Ter “consciência social” mesmo bêbada: não tem preço!
Recebo de um leitor uma mensagem engraçada. Volto em seguida:
“Caro,
normalmente, não costumo sair de casa aos domingos à noite, mas, ontem, abri uma exceção para ouvir samba de breque num barzinho da Vila Madalena, que costumo frequentar. Pois bem: havia lá uma moça bem bonita (se ela não acendesse um cigarro na bituca do outro, seria mais cobiçável), de seus 25 anos, imagino, na companhia de um amigo (visivelmente, não se tratava de namorado). Estavam numa mesa na calçada, e ela, já bem alegrinha, cantava em voz alta (e, obviamente, desafinada) as músicas entoadas pelo grupo. Eis que, de repente, ela começou a gritar um mantra mais ou menos assim: “Vem pra rua, vem, contra o aumento! Amanhã, 17h, no Largo da Batata! São Paulo vai parar!” O garçom, rindo pra mim, disse: “Também, depois de 8 cervejas…
A cerveja que ela bebia custa, ali, R$ 6,00…
Abração”
Volto
Entendi. Desembolso suplementar da “estudanta” alegre com a elevação da passagem: R$ 4,40. Desembolso da alegre “manifestanta” com as cervejas: R$ 48. Só os 10% da gorjeta somam R$ 4,80.
Isso na hipótese, claro!, de que ela tenha parado nas oito…
Por Reinaldo Azevedo
Tags: tarifa de ônibus
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71 COMENTÁRIOS
17/06/2013
às 17:42
A mensagem de um que se diz “libertário”. Ele acha que não estou entendendo nada… Então tá!
Acabo de receber uma mensagem de um sujeito que se identifica como Luís César, acusando-me de não estar entendendo nada. O texto, embora siga as regras gerais da língua, é um tanto confuso e vai misturando conceitos, fazendo uma confusão dos diabos. O sujeito se diz um “libertário” — parece ser, assim, uma mistura de Adam Smith com Bakunin. Lastima meu “conservadorismo” e, oh!!!, diz que faço “mal à causa do liberalismo econômico”. Ele não se conforma, por exemplo, com a minha opinião contrária à legalização das drogas e do aborto. Não fica claro por que um liberal em economia tem de ser, necessariamente, um perseguidor de fetos. Ele deve saber, mas não me explicou. Atribui-me ainda o que não penso, a saber: ser contrário à união civil gay. É claro que é mentira! Eu critico e o fato de o Supremo ter tomado uma decisão que nega a letra explícita da Constituição. O texto é gigantesco, uma espécie de samba-do-libertário-doido. Vou ao trecho que mais interessa agora:
(…)
Na sua cegueira conservadora, não percebe que o movimento pelo Passe Livre, por mais absurda que seja sua reivindicação (nesse particular, você está certo), pode ser o prenúncio de uma reação ao governo do PT. Você esquece que Fernando Haddad acaba sendo o principal alvo das manifestações, já que cabe a ele definir o valor da passagem. Ora, Reinaldo, espanta-me que você não perceba que ninguém se mobiliza por causa de 20 centavos (…)”
Comento
Ai, ai, ai, Luís César!
Então vamos ver.
Já escrevi aqui umas boas dezenas de vezes que nem tudo o que não é PT é bom. Já comprei briga com gente até mais articulada do que estes que estão por aí, liderando protestos. É o caso da turma de Marina Silva, por exemplo. Acho uma violência que uma lei tente impedi-la de criar um partido, mas repudio seus valores mais gerais, que considero mais obscurantistas do que os do petismo. Assim, rapaz, pouco me importa se o Passe Livre acaba sendo ruim também para o PT. Isso não é suficiente para que eu aplauda a turma. Não é o petismo que pauta o meu gosto, a minha análise, as minhas escolhas.
O Passe Livre e seus associados fazem aquilo que mais execro no debate público: acreditam que podem impor às maiorias o seu pensamento, na base da força bruta. Vivemos tempos em que cada minoria ou grupo acredita ter o direito natural de importunar a vida dos outros, sem atentar para as consequências.
Não é democracia. Não é libertarismo. É fascismo. De resto, Luís César, eu não dou a menor pelota para esferas de sensações e sentimentos entranhados. Essas são questões individuais, que interessam aos analistas. Devem ser tratadas no divã, não na Avenida Paulista.
Eu fico me perguntando onde estava essa gente durante o julgamento do mensalão, por exemplo. Roubar dinheiro público não lhe parece assunto suficientemente grave para parar a cidade?
Infelizmente, senhor sedizente libertário, atribuo essas manifestações em favor da gratuidade dos transportes a um mal-estar, sim, mas de outra natureza:1) este é o país que está sendo cevado da cultura estúpida de que o estado é um saco sem fundo, que abriga qualquer desaforo; 2) a garantia reiterada da impunidade para outros movimentos militantes estimulou essa gente a achar que tem direito e legitimidade para parar a cidade quando lhes der na telha.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Movimento Passe Livre, tarifa de ônibus
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