L'OSSERVATORE ROMANO
Cultura
Cidade do Vaticano, 16 de Julho de 2012.
Setenta anos depois do nascimento do movimento de resistência La Rosa Bianca
A epopeia religiosa e civil dos jovens de Munique que se opuseram à ideologia nazi
Santo Alexandre de Munique, no ícone que o representa, tem nas mãos uma rosa branca. A Igreja ortodoxa beatificou no passado mês de Fevereiro Alexander Schmorell como testemunha e mártir da fé. Pertencia ao grupo de jovens alemães da «Rosa Branca», protagonistas há setenta anos, em 250 dias de Junho de 1942 a Janeiro de 1943, de uma epopeia religiosa e ao mesmo tempo civil. Morreram pela fé e liberdade os protestantes Hans e Sophie Scholl, os católicos Christopher Probst, Willi Graf e Kurt Huber, o ortodoxo Schmorell, Hans Leipelt, de mãe judia. Estavam há muito tempo ao lado de um professor de filosofia e musicólogo, de 50 anos, Hans Hubert, e em contacto com intelectuais visíveis e perseguidos pelo regime, entre os quais o filósofo Theodor Haecker, o arquitecto Manfred Eickmeyer, o editor de Hochland Carl Muth, o sociólogo Alfred von Martin e Otto Aicher do movimento «Quikborn», fundado por Romano Guardini.A sua oposição expressava a rejeição da violência nazista e era alimentada por leituras, relações de amizade, religiosidade vivida, diálogo e confronto. Puderam aceder a autores naqueles anos fora inacessíveis e banidos: Soeren Kierkegaard, Guardini, Fiodor Dostoiewski, Jacques Maritain, Georges Bernanos e Reinhold Schneider. No final de Junho de 1942 a resistência materializou-se com o envio de um primeiro panfleto, em breve tempo seguido por outros três, nos quais é contestada a absoluta falsidade existencial do nazismo. Escritos à máquina por Hans Scholl e Schmorell e copiados, os textos eram enviados a endereços escolhidos por acaso nas listas telefónicas da Baviera e da Áustria. Neles são condenadas as brutalidades nazistas e exaltada a liberdade, juntamente com o convite a renunciar ao grupo dos dirigentes indignos. A 18 de Fevereiro Hans e Sophie foram presos na Universidade em plena acção de distribuição dos panfletos, e com eles Christ Probst. Interrogados, assumiram todas as responsabilidades sem chamar em causa os amigos. Processados de modo rápido, foram condenados à morte por decapitação, com sentença executada a 22 de Fevereiro. A primeira que morreu foi Sophie com uma coragem que mereceu o respeito dos seus carcereiros. Na última carta-testamento escreveu: «O que importa a minha morte se através da nossa acção milhares de pessoas são estimuladas e despertadas». «Foi-nos concedido – acrescentou – ser aqueles que abrem o caminho, mas antes temos que morrer por ele».
Angelo Paoluzi
26 de Junho de 2012
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