Gloria Patri et Fílio et Spirítui Sancto. Sicut erat in principio et nunc et semper et in saecula saeculorum. Amen CONSAGRADO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
sábado, 30 de junho de 2012
RADIOMENSAGEM NA SOLENIDADE DE PENTECOSTES 50° ANIVERSÁRIO DA CARTA ENCÍCLICA "RERUM NOVARUM" DE LEÃO XIII
1° de junho de 1941
Ao mundo todo
Introdução
1. A solenidade de Pentecostes, glorioso natal da Igreja de Cristo, apresenta-se ao nosso espírito, amados filhos do mundo inteiro, como um suave e propício convite, que nos está incitando a dirigir-vos, entre as dificuldades e contrastes do tempo presente, uma mensagem de amor, de exortação, e de conforto. Falamo-vos num momento em que todas as energias e forças físicas e intelectuais de uma porção cada vez maior da humanidade, com um ardor e em medida nunca dantes conhecidos, atuam sob a férrea e inexorável lei da guerra; e do alto de outras antenas são emitidos acentos repassados de exasperação e de acrimônia, de divisão e de luta.
2. Mas as antenas da colina Vaticana, da terra consagrada pelo martírio e pelo sepulcro do primeiro Pedro, como centro intemerato da Boa Nova e da sua benéfica difusão no mundo, não podem transmitir senão palavras inspiradas e animadas do espírito consolador daquela pregação com que no primeiro Pentecostes a voz de Pedro ressoou e se comoveu Jerusalém: espírito de ardente amor apostólico, espírito que não sente desejo mais vivo, nem alegria mais santa do que a de conduzir a todos, os amigos e inimigos, aos pés do crucificado do Gólgota, ao sepulcro glorioso do Filho de Deus e Redentor do gênero humana para persuadir a todos que só nele, na verdade por ele ensinada, no amor demonstrado e vivido por ele, que passou fazendo o bem e sarando a todos até sacrificar a si mesmo pela vida do mundo, pode-se encontrar salvação verdadeira e duradoura felicidade para os indivíduos e para as nações.
Vantagens do Rádio
3. Nesta hora prenhe de acontecimentos; dominados pelo divino conselho, que rege a história das nações e vela sobre a Igreja, ao fazer-vos ouvir, amados filhos, a voz do Pai comum é para nós alegria e satisfação íntima, chamar-vos como que a uma universal assembléia católica para que saboreeis praticamente, no vínculo da paz, a doçura do cor unum et anima una (cf. At 4,32), que cimentava sob o impulso do Espírito divino, a comunidade de Jerusalém no dia de Pentecostes. Quanto mais difícil tornam, em muitos casos, as condições originadas pela guerra, um contato direto e vivo do Sumo Pastor com a sua grei, com tanto maior gratidão utilizamos a rapidíssima ponte de união que o gênio inventivo da nossa época lança instantaneamente através do éter, pondo em comunicação por sobre montes, mares e continentes todos os recantos da terra. E o que para muitos é arma de combate, para nós transforma-se em instrumento providencial de apostolado ativo e pacífico, que realiza e eleva a um novo significado a palavra da Escritura: "Pela terra inteira correu sua voz; até os confins do mundo suas palavras" (Sl 18,5; Rm 10,18). Parece que se renova assim o grande milagre de Pentecostes; quando as diversas gentes vindas de regiões de outras línguas a Jerusalém ouviam no próprio idioma a voz de Pedro e dos apóstolos. Com prazer sincero nos servimos hoje de um meio tão maravilhoso, para chamar a atenção do mundo católico sobre uma data, digna de ser gravada com caracteres de ouro nos fastos da Igreja: o qüinquagésimo aniversário da publicação, a 15 de maio de 1891, da fundamental encíclica social Rerum Novarum de Leão XIII.
A Igreja e a Ordem social
4. Movido pela profunda convicção de que à Igreja compete não só o direito, mas o dever de pronunciar uma palavra autorizada sobre as questões sociais, Leão XIII dirigiu ao mundo a sua mensagem. Não que ele pretendesse estabelecer normas sob o aspecto puramente prático, quase diríamos, técnico, da constituição social; porque bem sabia, e era para ele evidente, que a Igreja não se arroga tal missão - como declarou, há um decênio, nosso predecessor de saudosa memória, Pio XI, na sua encíclica comemorativa Quadragesimo anno.- Na esfera geral do trabalho abre-se ao desenvolvimento são e responsável de todas as energias físicas e espirituais dos indivíduos, às suas organizações livres, um vastíssimo campo de ação multiforme, onde o público poder intervem com a ação integrante e ordenadora, primeiro por meio das corporações locais e profissionais, depois por força do próprio Estado cuja suprema e moderadora autoridade social tem o importante oficio de prevenir as perturbações de equilíbrio econômico nascidas da pluralidade e dos contrastes dos egoísmos concorrentes, individuais e coletivos.
5. Ao contrário é indiscutível competência da Igreja, da qual a ordem social se aproxima e atinge o campo moral, ao julgar se as bases de uma determinada organização social estão em acordo com a ordem imutável, que Deus Criador e Redentor manifestou por meio do direito natural e da revelação: dupla manifestação a que se refere Leão XIII na sua encíclica. E muito bem: porque os ditames do direito natural e as verdades da revelação promanam por diversos trâmites da mesma fonte divina como duas correntes de água não contrárias, mas concordes; e porque a Igreja, guarda da ordem sobrenatural cristã em que concorrem a natureza e a graça, deve formar as consciências, inclusive as daqueles que são chamados a encontrar as soluções dos problemas e deveres impostos pela vida social. Da forma dada à sociedade, conforme ou não às leis divinas, depende e infiltra-se o bem ou o mal nas almas; isto é, se os homens, chamados todos a serem vivificados com a graça de Cristo, nas contingências terrenas do curso da vida respiram o são e vivificante hálito da verdade e da virtude moral ou o bacilo morboso e muitas vezes mortífero do erro e da depravação. Perante tal consideração e previsão, como poderia ser lícito à Igreja, Mãe tão amorosa e solícita do bem de seus filhos, ficar espectadora indiferente dos seus perigos, calar ou fazer que não vê nem pondera condições sociais que, voluntária ou involuntariamente, tornam árduo e praticamente impossível um modo de vida cristão conforme aos preceitos do Supremo Legislador?
Benefícios da encíclica "Rerum Novarum"
6. Cônscio desta gravíssima responsabilidade, Leão XIII, dirigindo a sua encíclica ao mundo, apontava a concorrência cristã os erros e perigos resultantes da concepção de um socialismo materialista, as fatais conseqüências dum liberalismo econômico, muita vez ignaro ou esquecido ou desprezador dos deveres sociais, expunha com magistral clareza e admirável precisão, os princípios necessários e conducentes a melhorar gradual e pacificamente as condições materiais e espirituais do operário.
7. E se hoje, decorridos cinqüenta anos desde a publicação da encíclica, nos perguntais, amados filhos, até que ponto e em que medida correspondem os resultados às nobres intenções, ao pensamento rico de verdade, a benéfica orientação desejada e sugerida pelo seu sábio autor, julgamos dever responder-vos: precisamente para dar a Deus Onipotente, do fundo da nossa alma, humildes graças pelo dom há cinqüenta anos concedido à sua Igreja com aquela encíclica do seu Vigário na terra, e para o louvar pelo sopro de Espírito renovador, que desde então e de modo cada vez maior, por meio dela se difundiu sobre a humanidade inteira, é que nós, nesta solenidade do Pentecostes nos propusemos dirigir-vos a nossa palavra.
8. Já nosso predecessor Pio XI na primeira parte da sua encíclica comemorativa exaltou a esplêndida messe que tinha produzido a Rerum Novarum, germe fecundo donde se desenvolveu uma doutrina social católica, que ofereceu aos filhos da Igreja, sacerdotes e leigos, regulamentos e meios para uma reconstrução social, exuberante de frutos; de modo que por ela surgiram no campo católico numerosas e variadas instituições benéficas, e florescentes centros de socorros mútuos. Quanta prosperidade material e natural, quantos frutos espirituais e sobrenaturais, não advieram aos operários e às suas famílias das associações católicas! Quão eficaz e oportuna não se demonstrou a ação dos Sindicatos e das Associações em prol da classe agrícola e média, para a aliviar nas suas necessidades, para lhes assegurar defesa e justiça, e por tal modo, mitigando as paixões, preservar de perturbaçôes a paz social!
9. Nem foi esta a única vantagem. A encíclica Rerum Novarum, acercando-se do povo, e abraçando-o com estima e amor, penetrou nos corações e nas inteligências da classe operária, infundiu-lhes sentimentos cristãos e dignidade cívica; por isso a força do seu ativo influxo, com o decorrer dos anos, foi-se expandindo e difundindo tão eficazmente, que as suas normas quase se tornaram patrimônio comum de todos os homens. E ao passo que o Estado no século XIX, por uma excessiva exaltação da liberdade, considerava como seu fim exclusivo tutelar a liberdade com o direito, Leão XIII advertiu-o de que era também seu dever aplicar-se à providência social, cuidando do bem-estar do povo inteiro e de todos os seus membros, particularmente dos fracos e deserdados, com uma larga política social e com a criação de um direito do trabalho. A sua voz ecoou profundamente; e é rigoroso dever de justiça reconhecer que a solicitude das autoridades civis de muitas nações tem melhorado notavelmente a condição dos trabalhadores. Por isso disse bem quem chamou a Rerum Novarum a "Magna Carta" da atividade social cristã.
A encíclica "Quadragésimo Anno"
10. Entretanto passava um meio século, deixando sulcos profundos, tristes fermentos no terreno das nações e das sociedades. As questões que as mudanças e revoluções sociais e sobretudo econômicas ofereciam a um exame moral depois da Rerum Novarum, foram tratadas com penetrante agudeza pelo nosso imediato predecessor na encíclica Quadragesimo anno. O decênio subseqüente não foi menos rico do que os anos anteriores de surpresas na vida social e econômica, foi desaguar as suas correntes irrequietas e escuras no pélago de uma guerra que pode dar origem a ondas imprevistas, capazes de abalar a economia e a sociedade.
11. É difícil designar e prever na hora presente quais os problemas e assuntos particulares, talvez totalmente novos, que a vida social virá a apresentar à solicitude da Igreja depois do conflito que põe frente a frente tantos povos. Todavia como o futuro tem suas raízes no passado, e a experiência dos últimos anos nos pode ser mestra do porvir, nós pensamos aproveitar a hodierna comemoração para dar ulteriores diretrizes morais sobre três valores fundamentais da vida social e econômica; e fá-lo-emos animados do mesmo espírito de Leão XIII, desenvolvendo as suas vistas verdadeiramente mais que proféticas, pressagas do nascente processo social dos tempos. Estes três valores fundamentais que se entrelaçam, soldam-se e se apoiam reciprocamente são: o uso dos bens materiais, o trabalho, a família.
Uso dos bens materiais
12. A encíclica Rerum Novarum expõe sobre a propriedade e sobre o sustento do homem princípios que com o tempo nada perderam do seu valor congênito e hoje, à distância de cinqüenta anos, conservam ainda e jorram vivificante a sua íntima fecundidade. Nós próprio, na encíclica Sertum laetitiae, endereçada aos Bispos dos Estados Unidos da América do Norte, chamamos a atenção de todos sobre o seu ponto fundamental, que afirma, como dissemos, a exigência incontestável de que os bens criados por Deus para todos os homens, afluam a todos eqüitativamente, segundo os princípios da justiça e da caridade.
13. Com efeito, todo homem, como vivente dotado de razão, recebeu da natureza o direito fundamental de usar dos bens materiais da terra, embora se deixe à vontade humana, às formas jurídicas dos povos o regular mais particularmente a sua prática atuação. Este direito individual não pode de modo nenhum ser suprimido, nem sequer por outros direitos certos e pacíficos sobre bens materiais. Sem dúvida a ordem natural, que tem em Deus a sua origem, requer também a propriedade particular e a liberdade das transações comerciais como também a função reguladora do poder público sobre estas duas instituições. Tudo isto contudo fica subordinado ao fim natural dos bens materiais, nem pode prescindir do primeiro e fundamental direito, que a todos concede o seu uso; mas antes deve servir a tornar possível a sua atuação em conformidade com o seu fim. Só assim se poderá e deverá conseguir que a propriedade e o uso dos bens materiais dêem à sociedade paz fecunda e consistência vital, e não constituam circunstâncias precárias, causadoras de lutas e invejas, quando abandonadas ao jogo desapiedado da força e da fraqueza.
14. O direito natural ao uso dos bens materiais, por estar intimamente conexo com a dignidade e com os outros direitos da pessoa humana, oferece a ela, com as formas acima indicadas, uma base material segura, de suma importância para se elevar ao cumprimento dos seus deveres morais. A tutela deste direito assegurará a dignidade pessoal do homem e tornar-lhe-á fácil atender e satisfazer em justa liberdade àquela soma de obrigações estáveis e de decisões, de que é diretamente responsável perante o Criador. De fato tem o homem o dever absolutamente pessoal de conservar e de aperfeiçoar a sua vida material e espiritual, para conseguir o fim moral e religioso, que Deus assinalou a todos os homens dando-lhe como norma suprema, obrigatória sempre e em todos os casos, antes de todos os outros deveres.
O Estado e a pessoa humana
15. Tutelar o campo intangível dos direitos da pessoa humana e tornar-lhe fácil o cumprimento dos seus deveres eis o ofício essencial de todo o poder público. Não é porventura este o significado genuíno do "bem comum", que o Estado deve promover? Daqui decorre que o cuidado de tal bem comum não importa um poder tão extenso sobre os membros da comunidade que em virtude dele seja permitido à autoridade pública cercear o desenvolvimento da ação individual acima descrita, decidir sobre o princípio ou sobre o termo da vida humana, determinar a seu talante a maneira do seu movimento físico, espiritual, religioso e moral em oposição com os direitos e deveres pessoais do homem, e, para isso, abolir ou tornar ineficaz o direito natural aos bens materiais. Deduzir tão grande extensão de poderes do cuidado do bem comum seria o mesmo que inverter o próprio sentido do "bem comum" e cometer o erro de afirmar que o fim próprio do homem sobre a terra é a sociedade, que a sociedade é fim a si mesma, que o homem não tem outra vida que o espera fora da que termina neste mundo.
16. A própria economia nacional, sendo fruto da atividade dos homens que trabalham unidos na comunidade do Estado, não visa a outro fim senão a assegurar sem interrupção as condições materiais em que possa desenvolver-se plenamente a vida individual dos cidadãos. Onde quer que isto se obtenha de modo duradouro, será o povo na realidade economicamente rico, porque o bem-estar geral e, por conseguinte, o direito pessoal de todos ao uso dos bens terrenos é assim atuado conforme as intenções do Criador.
Justa distribuição dos bens
17. Donde podereis facilmente ver, amados filhos, que a riqueza econômica de um povo não consiste propriamente na abundância dos bens, medida segundo um cômputo puramente material do seu valor, mas sim no fato de que essa abundância represente, ofereça real e eficazmente a base material que baste ao devido desenvolvimento pessoal dos seus membros. Se esta justa distribuição dos bens não fosse atuada ou o fosse só imperfeitamente, não se atingiria o verdadeiro fim da economia nacional; pois que, embora circulasse uma afortunada abundância de bens disponíveis, o povo, não participando deles, não seria economicamente rico, mas pobre. Ao contrário, fazei que esta justa distribuição seja realmente efetuada de modo estável e vereis um povo, ainda que disponha de menores bens, tornar-se e ser economicamente são.
18. Julgamos particularmente oportuno apresentar à vossa consideração estes conceitos fundamentais, relativos à riqueza e à pobreza dos povos, hoje que se propende a medir e julgar da riqueza e pobreza com balanças, critérios puramente quantitativos, tanto do espaço como da cópia dos bens. Se, porém, pondera-se retamente o fim da economia nacional, então este tornar-se-á luz aos esforços dos homens de Estado e dos povos, e os iluminará para que espontaneamente se orientem para um caminho, que não exigirá contínuos gravames de bens e de sangue, mas dará frutos de paz e de bem-estar geral.
O trabalho
19. Com o uso dos bens materiais vós mesmos, amados filhos, compreendeis que está relacionado o trabalho. A Rerum Novarum ensina que duas são as propriedades do trabalho humano: é "pessoal" e é "necessário". É pessoal, porque se efetua com o exercício das forças particulares do homem; é necessário, porque sem ele não se pode granjear o indispensável à vida, cuja manutenção é dever natural, grave, individual. Ao dever pessoal do trabalho, imposto pela natureza, corresponde e segue-se o direito natural a cada indivíduo de fazer do trabalho o meio para prover à vida própria e dos filhos: tão altamente ordenado à conservação do homem é o império da natureza.
20. Mas notai que esse dever e o relativo direito ao trabalho é imposto, concedido ao indivíduo em primeira instância pela natureza e não pela sociedade, como se o homem não fosse outra coisa senão um simples servo ou funcionário da comunidade. Donde se segue que o dever e o direito de organizar o trabalho do povo pertence primeiro que tudo aos imediatamente interessados: dadores de trabalho e operários. E se eles não cumprem a sua obrigação ou não a podem fazer por contingências especiais e extraordinárias, então entra no ofício do Estado intervir no campo, na divisão e distribuição do trabalho, pela forma e medida exigidas pelo bem comum retamente entendido.
21. Em todo caso qualquer intervenção legítima e benéfica do Estado no campo do trabalha deve ser tal, que salve e respeite o seu caráter pessoal, tanto em teoria como, nos limites do possível, também na prática. E isto sucederá, se as normas do Estado não abolirem nem tornarem impossível o exercício de outros direitos e deveres igualmente pessoais: quais são os direitos ao verdadeiro culto de Deus; ao matrimônio; o direito dos cônjuges, do pai e da mãe, a viverem vida conjugal e doméstica; o direito a uma razoável liberdade na escolha do estado e em seguir uma verdadeira vocação; direito, este último, pessoal mais que nenhum outro, da alma humana, direito excelso quando se lhe juntam os direitos superiores e imprescindíveis de Deus e da Igreja, como na escolha e no exercício das vocações sacerdotais e religiosas.
A família e seu espaço vital
22. Segundo a doutrina da Rerum Novarum, a própria natureza vinculou intimamente a propriedade particular com a existência da sociedade humana e com a sua verdadeira civilização, e, em grau eminente, com a existência e o desenvolvimento da família. Esse vínculo é mais que evidente. Não deve porventura a propriedade particolar assegurar ao pai de família a sã liberdade de que precisa para poder cumprir os deveres prescritos pelo Criador, concernentes ao bem-estar físico, espiritual e religioso da família?
23. Na família encontra a nação a raíz natural da sua grandeza e potência. Se a propriedade particular deve concorrer para o bem da família, todas as normas públicas, antes, todas as leis do Estado que regulam a sua posse, devem não só tornar possível e conservar essa função - que na ordem natural sob certos respeitos é superior a qualquer outra - mas ainda aperfeiçoá-la cada vez mais. Com efeito, seria antinatural um decantado progresso civil, que - ou por excesso de impostos ou por demasiadas ingerências imediatas - tornasse sem sentido a propriedade particular, tirando praticamente à família e ao seu chefe a liberdade de procurar o fim assinalado por Deus ao aperfeiçoamento da vida familiar.
24. Entre todos os bens que podem ser objeto da propriedade particular nenhum é mais conforme à natureza, segundo a doutrina da Rerum Novarum, do que o terreno, ou a casa onde habita a família e de cujos frutos tira total ou parcialmente com que viver. E é segundo o espírito da Rerum Novarum afirmar que, de regra, só a estabilidade enraizada num terreno próprio faz da família a célula vital mais perfeita e fecunda da sociedade, unindo esplendidamente com a sua progressiva coesão as gerações presentes e as futuras. Se hoje o conceito e a criação de espaços vitais está no centro das finalidades sociais e políticas, não se deveria, antes de tudo o mais, pensar no espaço vital da família e libertá-la de condições que não lhe permitem sequer a formação da idéia de um lar próprio ?
25. O nosso planeta com tão vastos oceanos, mares e lagos, com montes, planaltos cobertos de neves e gelos eternos, com grandes desertos, terras inóspitas e estéreis, não carece de regiões e terras vitais, abandonadas ao capricho vegetativo da natureza, aptas para a cultura da mão do homem e acomodadas às suas necessidades e às suas operações civis; é muitas vezes inevitável que algumas famílias, emigrando daqui ou dali, procurem algures uma nova pátria. Então, segundo a doutrina da Rerum Novarum, deve respeitar-se o direito da família a um espaço vital. Onde isso suceder, conseguirá a emigração o seu fim natural, confirmado freqüentemente pela experiência, queremos dizer, a distribuição mais conveniente dos homens sobre a superfície terrestre, favorável a colônias de agricultores; superfície que Deus criou e preparou para o uso de todos. Se as duas partes, a que permite deixar a terra natal e a que recebe os recém-chegados, mantiverem-se lealmente solícitas em eliminar quanto possa impedir a formação e desenvolvimento de uma verdadeira confiança entre o país de emigração e o país de imigração, todos auferirão vantagem dessa mudança de lugares e de pessoas: as famílias receberão um terreno que será para elas terra pátria no verdadeiro sentido da palavra; as terras de grande densidade de população ficarão descongestionadas, e os seus povos ganharão novos amigos em territórios estrangeiros; e os Estados que acolherem os emigrados ganharão cidadãos laboriosos. Assim as nações que dão, os Estados que recebem, contribuirão igualmente ao incremento do bem-estar humano e ao progresso da civilização.
A chama do espírito social
26. São estes, amados filhos, os princípios, os conceitos, as normas com que nós quiséramos desde já cooperar na futura organização da ordem nova, que o mundo espera do imane fermento da presente luta, deseja que nasça e tranqüilize os povos na paz e na justiça. Que nos resta, senão, no espírito de Leão XIII e segundo os seus nobres conselhos e intenções, exortar-vos a continuar e promover a obra, que a precedente geração de vossos irmãos e das irmãs vossas tão animosamente fundaram? Não deixeis que em meio de vós se apague nem afrouxe a voz insistente dos dois Papas das encíclicas sociais, que altamente aponta a quantos crêem na regeneração sobrenatural da humanidade o dever moral de cooperarem para a organização da sociedade, e especialmente da vida econômica, estimulando a agir não menos os que participam desta vida que o próprio Estado. Não é esse um sagrado dever para todo o cristão? Não vos desalentem, amados filhos, as dificuldades externas, nem vos desanime o obstáculo do paganismo crescente da vida pública. Não vos enganem os fabricantes de erros e de teorias derrancadas, tristes correntes, não de incremento, mas de decomposição e ruína da vida religiosa; as quais pretendem que, pertencendo a redenção à ordem da graça sobrenatural e sendo por isso obra exclusiva de Deus, não precisa da nossa cooperação sobre a terra. Oh, mesquinha ignorância da obra de Deus! "Jactando-se de possuir a sabedoria, tornaram-se estultos" (Rm 1,22). Como se a primeira eficácia da graça não fosse corroborar os nossos esforços sinceros para cumprir todos os dias os mandamentos de Deus, como indivíduos e como membros da sociedade; como se há dois milênios não vivesse nem perseverasse na alma da Igreja o sentimento da responsabilidade coletiva de todos para com todos, responsabilidade que moveu os espíritos até ao heroísmo caritativo dos monges agricultores, dos redentores de escravos, dos ministros dos enfermos; dos arautos da fé, portadores da civilização, da ciência a todas as idades e a todos os povos; para criar condições sociais que são as únicas capazes de tornar possível a todos a prática de uma vida digna do homem e do cristão. Mas vós, conscientes e convencidos de tal e tão sagrada responsabilidade, não vos contenteis nunca, no fundo da vossa alma, com aquela geral mediocridade pública, na qual o comum dos homens não pode, senão à força de atos heróicos de virtude, observar os divinos preceitos, sempre e em todas as circunstâncias invioláveis.
27. Se por vezes apareceu evidente a desproporção entre os propósitos e a sua atuação, se houve faltas, comuns aliás a toda a atividade humana, se surgiu divergência de opiniões acerca do caminho trilhado ou a trilhar, nem por isso deveis desanimar nem afrouxar o vosso passo nem multiplicar queixas ou desculpas; tudo isto não pode fazer esquecer o fato consolados que da inspirada mensagem do pontífice da Rerum Novarum jorrou viva e límpida uma nascente de espírito social, forte, sincero, desinteressado; uma nascente que se hoje pode em parte ser encoberta por uma sucessão de acontecimentos diversos e mais fortes, amanhã, removidas as ruínas deste ciclone mundial, ao iniciar-se o trabalho de reconstrução da nova ordem social, que oxalá seja digna de Deus e do homem, infundirá um novo e enérgico impulso, uma nova onda de vida e de crescimento em toda a floração da cultura humana. Guardai a nobre chama do espírito social fraterno, ateado há meio século nos corações de vossos pais pelo facho luminoso e iluminante da palavra de Leão XIII; não deixeis nem consintais que lhe falte o alimento e, cintilando como as vossas homenagens comemorativas, morra, apagada por uma ignara, cautelosa, esquiva indiferença para com as necessidades dos mais pobres de nossos irmãos ou revolta no pó e no lodo pelo turbilhão do espírito anticristão ou não cristão. Alimentai esta chama, espevitai-a, erguei-a, dilatai-a; levai-a a toda a parte onde ouvis um gemido de aflição, um lamento de miséria, um grito de dor; inflamai-a continuamente com o fogo do amor que ireis buscar ao Coração do Redentor divino a quem é consagrado o mês que hoje começa. Ide àquele Coração divino, manso e humilde, refúgio de toda a consolação na fadiga e no peso do trabalho; é o Coração daquele que a cada obra genuína e pura, feita em seu nome e segundo o seu espírito em favor dos que sofrem, dos aflitos, dos abandonados do mundo e dos deserdados de bens e fortuna, prometeu a eterna recompensa beatífica: Vós, ó benditos de meu Pai! O que fizestes ao mais pequenino de meus irmãos, a mim o fizestes!
PIO PP. XII
Bento XVI visitou as populações italianas vítimas do terramoto na Emilia Romagna
Bento XVI visitou as populações italianas vítimas do terramoto na Emilia Romagna
Vi que a vida recomeça
"Pode-se construir, pode-se reconstruir". No coração da Emilia arrasada pelo terramoto o Papa falou de realismo e esperança. "Somos pequenos, frágeis - reconhece - mas protegidos nas mãos de Deus". Por isso, há necessidade de "paciência e determinação" para não perder a confiança e para reencontrar a força para se voltar a erguer. "Vi que a vida recomeça", diz olhando à sua volta. Palavras que ressoam como uma pequena injecção de confiança para tantas pessoas que, no dia 26 de Junho, se reuniram em Rovereto di Novi para receber Bento XVI em visita às áreas atingidas pelo terramoto.
Tendo chegado de helicóptero ao campo desportivo de San Marino di Carpi, o Pontífice deslocou-se de carrinha às terras da região de Modena, parando diante da igreja de Santa Catarina de Alessandria, em cujo desabamento de 29 de Maio perdeu a vida o pároco. Ao prestar homenagem à sua memória, o Papa dirigiu um pensamento agradecido a todos os sacerdotes mas também aos representantes do voluntariado e dos diversos organismos sociais e religiosos comprometidos em "oferecer um testemunho concreto de solidariedade e unidade".
Por isso, não se deve ceder à tentação do desencorajamento e do desespero. "Não estais e nunca estareis sós!", exclamou Bento XVI lançando "um forte apelo às instituições" e "a cada cidadão" para que a indiferença ceda o lugar ao amor e à solidariedade em relação a quem se encontra em necessidade.
(©L'Osservatore Romano - 30 de junho de 2012)
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Discurso do Papa a um grupo de bispos da Colômbia em visita "ad limina"
Uma fé purificada e reavivada
Próximos das vítimas da criminalidade e de quantos caem na rede do comércio de drogas e armas
"O povo de Deus é chamado a purificar-se e a revitalizar a sua fé", disse o Papa aos bispos da Colômbia, recebidos em audiência na sala do Consistório na manhã de 22 de Junho, por ocasião da visita ad limina Apostolorum.
Queridos Irmãos no Episcopado
1. É com grande alegria que vos recebo, pastores da Igreja de Deus que peregrina na Colômbia, vindos a Roma para realizar a vossa visita ad limina e estreitar assim os vínculos que vos unem a esta Sé Apostólica. Como Sucessor de Pedro, esta é uma oportunidade preciosa para vos reiterar o meu afecto e a minha cordialidade. Agradeço as amáveis palavras que me foram dirigidas em nome de todos por D. Rubén Salazar Gómez, Arcebispo de Bogotá e Presidente da Conferência Episcopal, apresentando-me as realidades que vos preocupam, assim como os desafios que devem enfrentar as comunidades às quais presidis na fé.
2. Conheço os esforços que, tanto no seio da Conferência Episcopal como nas vossas Igrejas particulares, envidastes ao longo dos últimos anos para concretizar iniciativas destinadas a fomentar uma corrente de evangelização renovada e frutuosa. Com efeito, a Colômbia não está alheia às consequências do esquecimento de Deus. Enquanto antigamente era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente aceite na sua referência ao conteúdo da fé e tudo que nela se inspirava, hoje não parece ser assim em vastos sectores da sociedade, devido à crise de valores espirituais e morais que incide negativamente em muitos dos vossos compatriotas. É, pois, indispensável reavivar em todos os fiéis a sua consciência de ser discípulos e missionários de Cristo, alimentando as raízes da sua fé, fortalecendo a sua esperança e revigorando o seu testemunho de caridade.
3. A este propósito, vós plasmastes os vossos anseios evangelizadores no Plano Global da Conferência Episcopal (2012-2020), resultado de um discernimento consciente da hora que a Igreja na Colômbia está a viver. Desejo encorajar-vos a dar continuidade, com tenacidade e perseverança, às pautas nele traçadas. Fazei-o, consolidando a comunhão à qual os Bispos são chamados no exercício da sua missão, pois concordando orientações pastorais e unindo as vontades, o ministério que o Senhor vos confio alcançará frutos abundantes. Com esta mesma finalidade, aproveitai as reflexões da próxima Assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, assim como as propostas do "Ano da fé" por mim convocado, para explicar com elas o seu magistério e irrigar beneficamente o seu apostolado.
4. O pluralismo religioso crescente constitui um elemento que exige uma consideração séria. A presença cada vez mais concreta de comunidades pentecostais e evangélicas, não só na Colômbia, mas também em muitas regiões da América Latina, não pode ser ignorada nem subestimada. Neste sentido, é evidente que o povo de Deus é chamado a purificar-se e a revitalizar a sua fé deixando-se orientar pelo Espírito Santo, para dar assim uma renovada pujança à sua obra pastoral, pois "muitas vezes, a pessoa sincera que sai da nossa Igreja não o faz pelo que os grupos "não católicos" crêem, mas fundamentalmente pelo modo como eles vivem; não por razões doutrinais, mas vivenciais; não por motivos estritamente dogmáticos, mas pastorais; não por problemas teológicos, mas metodológicos da nossa Igreja" (V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, Documento conclusivo, n. 225). Trata-se, portanto, de sermos crentes melhores, mais piedosos, afáveis e acolhedores nas nossas paróquias e comunidades, para que ninguém se sinta distante nem excluído. É necessário fortalecer a catequese, prestando atenção especial aos jovens e aos adultos; preparar com esmero as homilias, assim como promover o ensino da doutrina católica nas escolas e nas universidades. E tudo isto para que se recupere nos baptizados o seu sentido de pertença à Igreja e se desperte neles a aspiração a compartilhar com o próximo a alegria de seguir Cristo e de ser membros do seu Corpo místico. É importante também referir-se à tradição eclesial, incrementar a espiritualidade mariana e promover a rica diversidade devocional. Facilitar um intercâmbio sereno e aberto com os demais cristãos, sem perder a própria identidade, pode ajudar igualmente a melhorar os relacionamentos com eles e a superar desconfianças e confrontos desnecessários.
5. Impelidos pelo zelo apostólico e visando o bem comum, não deixeis de reconhecer aquilo que entorpece o justo progresso da Colômbia, procurando ir ao encontro daqueles que se encontram privados da liberdade por causa da violência iníqua. A contemplação do Rosto dilacerado de Cristo na Cruz deve levar-vos também a duplicar as medidas e os programas destinados a acompanhar amorosamente e a assistir quantos se encontram na provação, de modo peculiar aqueles que são vítimas de desastres naturais, os mais pobres, os camponeses, os enfermos e os aflitos, multiplicando as iniciativas solidárias e as obras de amor e misericórdia em seu favor.
Não vos esqueçais também de quantos devem emigrar da sua pátria, porque perderam o próprio trabalho ou têm dificuldade de o encontrar; daqueles que vêem espezinhados os seus direitos fundamentais e assim são forçados a deixar as próprias casas e abandonar as suas famílias, sob a ameaça da mão obscura do terror e da criminalidade; ou de quantos acabaram por cair na rede infausta do comércio das drogas e das armas. Desejo encorajar-vos a continuar ao longo deste caminho de serviço generoso e fraterno, que não é resultado de um cálculo humano, mas nasce do amor a Deus e ao próximo, fonte onde a Igreja encontra força para levar a cabo a sua tarefa, transmitindo aos demais o que ela mesma aprendeu do exemplo sublime do seu Fundador divino. 6. Queridos irmãos no episcopado, se a graça de Deus não o precede e sustém, o homem fracassa rapidamente nos seus propósitos de transformar o mundo. Por isso, para que a luz do alto continue a fecundar o compromisso profético e caritativo da Igreja na Colômbia, insisti em favorecer nos fiéis o encontro pessoal com Jesus Cristo, de modo que rezem incansavelmente, meditem com assiduidade a Palavra de Deus e participem de maneira mais digna e fervorosa nos sacramentos, celebrados em conformidade com as normas canónicas e os livros litúrgicos. Tudo isto será um instrumento propício para um itinerário idóneo de iniciação cristã, convidará todos à conversão e à santidade, e cooperará para a tão necessária renovação eclesial.
7. Ao concluir este encontro, peço ao Todo-Poderoso que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós nele (cf. 2 Ts 1, 12). Enquanto vos confio ao amparo de Nossa Senhora do Rosário de Chiquinquirá, Padroeira celestial da Colômbia, concedo-vos de bom grado a implorada Bênção apostólica, como penhor de paz e alegria em Jesus Cristo, Redentor do homem.
http://www.vatican.va/news_services/or/or_por/text.html#1
(©L'Osservatore Romano - 30 de junho de 2012)
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A nova religião nacional
Olavo de Carvalho Diário do Comércio, 26 de março de 2007 Atos libidinosos num templo religioso tipificam nitidamente o crime de ultraje a culto, previsto no art. 208 do Código Penal. A proposta de lei 5003/2001 consagra esse crime como um direito dos homossexuais e castiga com pena de prisão quem tente impedir a sua prática. Se o Congresso a aprovar, terá de revogar aquele artigo ou decidir que ele se aplica só aos heteros, oficializando a discriminação sexual sob a desculpa de suprimi-la. Terá de revogar também o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que assegura aos crentes “a liberdade de manifestar sua religião.... isolada ou coletivamente, em público ou em particular”. A ética sexual das religiões tradicionais é parte integrante da sua doutrina e prática. Proibir uma coisa é criminalizar a outra. Aprovada a PL, no dia seguinte as igrejas estarão repletas de militantes gays aos beijos e afagos, ostentando poder, desafiando os fiéis a ir para a prisão ou baixar a cabeça ante o espetáculo premeditadamente acintoso. O crente que deseje evitar essa humilhação terá de praticar sua devoção em casa, escondido, como no tempo das catacumbas. A desculpa de proteger uma minoria oprimida é cínica e fútil. De um lado, nunca os homossexuais sofreram violência na escala em que estão expostos a ela os cristãos hoje em dia. Todo genocídio começa com o extermínio cultural, com o escárnio e a proibição dos símbolos e valores que dão sentido à vida de uma comunidade. Na década de 90 os cristãos foram assassinados à base de cem mil por ano nos países comunistas e islâmicos, enquanto na Europa e nos EUA a esquerda chique votava lei em cima de lei para criminalizar a expressão da fé nas escolas, quartéis e repartições públicas. A PL 5003/2001 é genocídio cultural em estado puro, indisfarçável. De outro lado, qualquer homossexual que esteja ansioso para trocar amassos com seu parceiro dentro de uma igreja em vez de fazê-lo em casa ou num motel não é bem um homossexual: é um exibicionista sádico que tem menos prazer no contato erótico do que em ofender os sentimentos religiosos dos outros. É preciso ser muito burro e tacanho para confundir o desejo homoerótico com a volúpia da blasfêmia e do escândalo. O primeiro é humano. A segunda é satânica por definição. É a manifestação inconfundível do ódio ao espírito. Uma lei que a proteja é iníqua e absurda. Se o Congresso a aprovar, não deixará aos religiosos senão a opção da desobediência civil em massa. A ex-deputada petista Iara Bernardi, autora da proposta, diz que a nova lei “é uma importante abertura no caminho para o Estado verdadeiramente laico”. Laico, o Estado já é. Não possui religião oficial, não obriga ninguém a ter ou não ter religião. Mas o Estado com que sonha a ex-parlamentar é algo mais. É o Estado que manda à prisão o crente que repita em voz alta – mesmo dentro do seu próprio templo – os mandamentos milenares da sua religião contra as condutas sexuais agora privilegiadas pela autoridade. Esse Estado não é laico: quem coloca o prazer erótico de alguns acima da liberdade de consciência religiosa de todos os outros instaura, no mesmo ato, um novo culto. Ergue uma nova divindade acima do Deus dos crentes. É o deus-libido, intolerante e ciumento. Psicologia gay Em comparação com a perseguição anticristã no mundo, a suposta discriminação dos gays é, na melhor das hipóteses, uma piada. Ao longo dos últimos cem anos, nas democracias capitalistas, nenhum homossexual jamais sofreu, por ser homossexual, humilhações, perigos e danos comparáveis, por exemplo, aos que a militância gay enlouquecida vem impondo ao escritor evangélico brasileiro Júlio Severo pelo crime de ser autor do livro O Movimento Homossexual . Não posso por enquanto contar o caso em detalhes porque prejudicaria o próprio Júlio, a esta altura metido numa encrenca judicial dos diabos. Mas, garanto, é uma história assustadora. A discriminação e marginalização dos homossexuais é real e grave nos países islâmicos e comunistas, especialmente em Cuba, mas as alianças políticas do movimento gay fazem com que ele prefira se manter calado quanto a esse ponto, descarregando suas baterias, ao contrário, justamente em cima das nações que mais mimam e protegem os homossexuais. Dois livros que recomendo a respeito são “Gay New York: Gender, Urban Culture and the Making of the Gay Male World, 1890- 1940” , de George Chauncey, New York, Basic Books, 1994, e “Bastidores de Hollywood: A Influência Exercida por Gays e Lésbicas no Cinema, 1910- 1969” , de William J. Mann, publicado em tradução brasileira pela Landscape Editora, de São Paulo, em 2002. Nenhum dos dois foi escrito por inimigos da comunidade gay . Ambos mostram que, em dois dos mais importantes centros culturais e econômicos dos EUA os gaystinham já desde o começo do século XX um ambiente de muita liberdade, no qual, longe de ser discriminados, gozavam de uma posição privilegiada – justamente nas épocas em que a perseguição a cristãos e judeus no mundo subia às dimensões do genocídio sistemático. Em hipótese alguma a comunidade gay pode se considerar ameaçada de extinção ou vítima de agressões organizadas comparáveis àquelas que se voltaram e voltam contra outros grupos humanos, especialmente religiosos. Ao longo de toda a minha vida, nunca vi nem mesmo alguém perder o emprego, no Brasil, por ser homossexual. Ao contrário, já vi grupos homossexuais dominando por completo seus ambientes de trabalho, incluisive na mídia. Se, apesar disso, o sentimento de discriminação continua real e constante, ele não pode ser explicado pela situação social objetiva dessa comunidade: sua causa deve estar em algum dado existencial mais permanente, ligado à própria condição de homossexual. Talvez esta última contenha em si mesma algum estímulo estrutural ao sentimento de rejeição. A mim me parece que é exatamente isso o que acontece, e por um motivo bastante simples. A identidade heterossexual é a simples tradução psíquica de uma auto-imagem corporal objetiva, de uma condição anatômica de nascença cuja expressão sexual acompanha literalmente a fisiologia da reprodução. Ela não é problemática em si mesma. Já a identidade homossexual é uma construção bem complicada, montada aos poucos com as interpretações que o indivíduo dá aos seus desejos e fantasias sexuais. Ninguém precisa “assumir” que é hetero: basta seguir a fisiologia. Se não houver nenhum obstáculo externo, nenhum trauma, a identidade heterossexual se desenvolverá sozinha, sem esforço. Mas a opção homossexual é toda baseada na leitura que o indivíduo faz de desejos que podem ser bastante ambíguos e obscuros. A variedade de tipos heterogêneos abrangidos na noção mesma de “homossexual” – desde o macho fortão atraído por outros iguais a ele até o transexual que odeia a condição masculina em que nasceu – já basta para mostrar que essa leitura não é nada fácil. Trata-se de perceber desejos, interpretá-los, buscar suas afinidades no mundo em torno, assumi-los e fixá-los enfim numa auto-imagem estável, numa “identidade”. Não é preciso ser muito esperto para perceber que esse desejo, em todas as suas formas variadas, não é uma simples expressão de processos fisiológicos como no caso heterossexual (descontadas as variantes minoritárias deste último), mas vem de algum fator psíquico relativamente independente da fisiologia ao ponto de, na hipótese transexual, voltar-se decididamente contra ela. A conclusão é que o desejo em si mesmo, o desejo consciente, assumido, afirmado – e não o desejo como mera manifestação passiva da fisiologia –, é a base da identidade homossexual. Mas uma identidade fundada na pura afirmação do desejo é, por sua própria natureza, incerta e vacilante, porque toda frustração desse desejo será vivenciada não apenas como uma decepção amorosa, mas como um atentado contra a identidade mesma. Normalmente, um heterossexual, quando suas pretensões amorosas são frustradas, vê nisso apenas um fracasso pessoal, não um ataque à heterossexualidade em geral. No homossexual, ao contrário, o fato de que a maioria das pessoas do seu próprio sexo não o deseje de maneira alguma já é, de algum modo, discriminação, não só à sua pessoa, mas à sua condição de homossexual e, pior ainda, à homossexualidade em si. É por isso que os homossexuais se sentem cercados de discriminadores por todos os lados, mesmo quando ninguém os discrimina, no sentido estrito e jurídico em que a palavra discriminação se aplica a outras comunidades. A simples repulsa física do heterossexual aos atos homossexuais já ressoa, nas suas almas, como um insulto humilhante, embora ao mesmo tempo lhes pareça totalmente natural e improblemática, moralmente, a sua própria repulsa ao intercurso com pessoas do sexo oposto e até com outro tipo de homossexuais, que tenham desejos diferentes dos seus. Tempos atrás li sobre a polêmica surgida entre gaysfreqüentadores de saunas, que não admitiam a presença de transexuais nesse ambiente ultracarregado de símbolos de macheza. “Tenho nojo disso”, confessavam vários deles. Imagine o que diria o movimento gay se declaração análoga viesse de heterossexuais. Seria um festival de processos. Mas o direito do gay a um ambiente moldado de acordo com a forma do seu erotismo pessoal não parecia ser questionável. Nem muito menos o era o seu direito à repulsa ante os estímulos adversos – a mesma repulsa que o macho hetero sente ante a hipótese de ir para a cama com homos e transexuais, mas que neste caso se torna criminosa, no entender do movimento gay. Em suma, para os gays , expressar a forma específica e particular dos seus desejos – e portanto expressar também a repulsa inversamente correspondente – é uma questão de identidade, uma questão mortalmente séria, portanto um “direito” inalienável que, no seu entender, só uma sociedade opressiva pode negar. A repulsa do hetero ao homossexualismo, ao contrário, é uma violência inaceitável, como se ela não fosse uma reação tão espontânea e impremeditada quanto a dos gays machões pelos transexuais pelados numa sauna (um depoimento impressionante a respeito vem nas “Memórias do Cárcere” de Graciliano Ramos: o escritor, insuspeito de preconceitos reacionários, tinha tanto nojo físico dos homossexuais que, na prisão, rejeitava a comida feita pelo cozinheiro gay). De acordo com a ideologia do movimento, só osgays têm, junto com o direito à atração, o direito à repulsa. Os heteros que guardem a sua em segredo, ao menos por enquanto. O ideal gay é eliminá-la por completo. Mas isto só será possível quando todos os seres humanos forem homossexuais ao menos virtualmente. Daí a necessidade de ensinar o homossexualismo desde a escola primária. Os objetivos do movimento gay vão muito além da mera proteção da comunidade contra perseguições, aliás inexistentes na maioria dos casos, a não ser que piadinhas ou expressões verbais de rejeição constituam algo assim como um genocídio. Instaurar o monopólio gay do direito à repulsa exige a reforma integral da mente humana. A ideologia gay é a forma mais ambiciosa de radicalismo totalitário que o mundo já conheceu. Galináceos indignados O reconhecimento que acabo de receber da Associação Comercial de São Paulo, com a edição inteira do seu Digesto Econômico de março dedicada à minha pessoa, parece que suscitou alguma revolta no galinheiro. Com dez anos de atraso, isto é, com a velocidade usual das suas conexões neuronais, Fernando Jorge protesta contra a minha desmontagem do panfleto vagabundo, invejoso e mendaz que ele escreveu contra o Paulo Francis (v. “Galo de bigodes” em O Imbecil Coletivo , 5ª. edição). Aproveita a ocasião para avisar que é “um galináceo viril, com crista rubra, peito altivo, esporão agudo, ameaçador”. Sei que isso é verdade. Meu cachorro já comeu vários desses bichos. Ainda mal refeito do ovo monstruoso e disforme que botou com o título de “O Poder Secreto!” (sim, com exclamação, para que ninguém pense que é pouca porcaria), Armindo Abreu, compilador de velhas teorias da conspiração que ele apresenta como suas e originalíssimas, cacareja que meus artigos de 1999 foram plagiados do seu livro de 2005, que eu nunca disse uma palavra contra o establishment americano e que o Foro de São Paulo é “uma entidade quase ficcional”. Pela exatidão de qualquer das três afirmações mede-se a veracidade das outras duas. Como ele também me acusa de calúnia, injúria e difamação, mas não diz a quem caluniei, injuriei ou difamei, é ele quem, no mesmo ato, comete esses três crimes contra mim, mas suponho que o faça também sob o efeito do seu trauma obstétrico – estado alterado de consciência do qual ele dá sinal alarmante ao gabar-se de ser “um intelectual de verdade” ( sic). A melodia secreta da filosofia Não existe filosofia elementar. Por onde quer que você entre numa questão filosófica, não importando qual seja, vai desembocar direto no centro mesmo da encrenca. Nada poderá ajudá-lo senão o domínio da técnica filosófica. Técnica filosófica é saber rastrear um tema, um problema, uma idéia, até suas raízes na estrutura mesma da realidade. Trata-se de pensar no assunto até que o pensamento encontre seus limites e a própria realidade comece a falar. “Pensar”, aí, não é falar consigo mesmo, combinar palavras ou argumentar tentando provar alguma coisa. Não é nem mesmo construir deduções lógicas, por mais elegantes que pareçam (a atividade construtiva da mente pertence às matemáticas e não à filosofia). É, em primeiro lugar, mergulhar na experiência interior em busca de rememorar muito fielmente como alguma coisa chegou ao seu conhecimento e de onde ela surgiu no quadro maior da realidade. Aos poucos você irá distinguindo o que veio da realidade e o que você mesmo lhe acrescentou, e por que acrescentou. Quando estiver seguro de que possui o dado limpo e sem acréscimos (mas sem jogar fora os acréscimos, que às vezes são úteis depois), pode olhar em torno dele e ver as condições circundantes e antecedentes que possibilitaram sua presença. Não dá para você fazer isso sem aprofundar sua própria autoconsciência no ato mesmo de meditar o objeto. A coisa exige uma dose de concentração mental e sinceridade que ultrapassa formidavelmente a capacidade do homem vulgar (incluídos aí os “intelectuais”, mesmo autênticos; nem falo de seus imitadores). É um trabalho tão exigente e ainda mais eriçado de obstáculos psicológicos do que o esforço requerido para vencer resistências neuróticas no curso de um tratamento psicanalítico (e tratamentos psicanalíticos podem se prolongar por anos a fio). Para medir a distância que separa a investigação filosófica de toda e qualquer forma de “argumentação” (válida ou inválida), basta notar que logo nos primeiros passos a percepção interior do objeto, se vai na direção certa, já transcende a sua capacidade ao menos imediata de expressão em palavras. Trata-se de tomar consciência, e não de “raciocinar”. O pensamento verbal serve aí apenas de suporte inicial. É uma questão de tornar presente, por todos os meios mentais disponíveis, o quadro inteiro das condições reais que tornaram possível você conhecer o objeto. Daí até o conhecimento das condições que tornaram possível a própria existência dele é apenas um passo, mas é o passo decisivo. É só nesse momento que a exposição verbal dessa experiência se torna possível por sua vez, pois colocar um objeto real no quadro de condições que o possibilitaram é colocá-lo, automaticamente, em algum ponto de uma dedução lógica. Tudo o que você poderá fazer será verbalizar essa dedução, não o caminho interior percorrido. Mas é o percurso que dá à dedução lógica toda a sua substancialidade de significado. Lida ou ouvida por alguém que não seja capaz de reconstituir a experiência interior correspondente, a dedução será apenas um esquema formal que, como qualquer outro esquema formal, pode alimentar discussões e refutações sem fim e sem proveito. Essas discussões e refutações podem ser uma imitação da filosofia, mas são tão diferentes da filosofia genuína quanto o arquivo midi de uma cantata de Bach é diferente de uma cantata de Bach. Podem servir como adestramento lógico, mas o adestramento para uma atividade mental construtiva, por útil que seja para outros fins, é exatamente o inverso do aprendizado da análise filosófica: você não pode se abrir à realidade construindo alguma coisa em lugar dela. O único aprendizado possível da filosofia é ler as exposições dos filósofos reconstruindo imaginativamente a atividade interior que as gerou. Isso é como ler uma partitura e aos poucos aprender a executá-la com todas as nuances e ênfases emocionais subentendidas, que a partitura insinua mas não mostra. Antes de se tornar um compositor, você tem de aprender a fazer isso com muitas músicas de outros compositores. Antes de analisar o seu primeiro problema filosófico, você vai ter de tocar muitas músicas compostas pelos filósofos de antigamente. E, exatamente como acontece com o aprendiz de música, não vai oferecer um recital público com as primeiras músicas que mal aprendeu a tocar. Aristóteles aprendeu vinte anos com Platão antes de começar a ensinar. Aprender a filosofar é aprender a ouvir – e depois a tocar -- a melodia secreta por trás dos meros signos verbais. Se tudo der certo, ao fim de muitos anos de prática você acabará descobrindo suas próprias melodias secretas – e quando as escrever descobrirá que praticamente ninguém vai saber tocá-las mas todo mundo desejará imitá-las sob a forma de “argumentos”. Professores de filosofia – especialmente no Brasil -- não têm em geral a menor idéia do que seja a investigação filosófica. Em vez de filosofia, ensinam argumentação, na melhor das hipóteses. No mais das vezes não fazem nem isso: ensinam argumentos prontos e chamam de fascista quem não deseje repeti-los. É uma espécie de tráfico de entorpecentes. Dica de leitura Se você ler tudo o que os correspondentes brasileiros nos EUA escreveram para os seus jornais nos últimos vinte anos, não aprenderá tanto sobre a política americana quanto pode aprender lendo o artigo de Heitor de Paola, “ As complexidades da política norte-americana”, publicado no último dia 23 noMídia Sem Máscara (http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5661&language=pt ). Se eu tivesse fundado o MSM só para publicar esse único artigo, a existência desse modesto jornal eletrônico já estaria inteiramente justificada. Lembrança Aos que gostaram do meu artigo “Aprendendo com o dr. Johnson”, devo advertir que o sábio inglês não foi meu único professor nessa matéria. Meu pai, Luiz Gonzaga de Carvalho, tinha um jeito muito especial de ser amável, humilde e atencioso com os mendigos da sua cidadezinha, que o adoravam. Isso era tanto mais notável porque ele sabia muito bem ser grosso quando queria, especialmente com pessoas importantes. Tinha até um estilo de insultar absolutamente original, artístico mesmo, o qual copio na parca medida dos meus talentos. |
Reimpressão NLM: Prudêncio sobre a Paixão de Ss. Pedro e Paulo
SEXTA-FEIRA, 29 DE JUNHO, 2012
Reimpressão NLM: Prudêncio sobre a Paixão de Ss. Pedro e Paulo
POR SHAWN TRIBEAurélio Prudêncio Clemente (ca. 348-413 AD), mais conhecido simplesmente como Prudêncio, foi um poeta romano cristão, e observou interessado para grande festa de hoje é o seu poema, retirado de seu Liber Peristephanon (Livro dos Mártires de coroas), o Paixão dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo (Passio Apostolorum Petri et Pauli). Estou feliz de apresentar hoje a tradução em Inglês, desde de os Padres da Igreja série. (Quem quiser ler o texto original em latim pode fazê-lo aqui .)Sempre que leio Prudêncio, eu estou sempre interessado no que pode ser historicamente colher dele e eu gostaria de chamar a atenção para as duas primeiras estrofes do poema, como bem como para os 11 últimos. Não nos é dado algum sentido das festividades que ocorreram dentro de Roma em torno da festa destes dois apóstolos. Lemos por exemplo: "Mais do que seu costume fazer as pessoas se reúnem aqui hoje, meu amigo por favor me digam por que apressar por toda Roma alegria ? " E ainda mais: "Marcar como as pessoas do aumento Romulus pelas ruas em ambas as direções, para duas festas neste dia são celebradas Agora, com passos alegres vamos apressar para visitar os santuários sagrados, e não vamos nos unir em hinos. de alegria. Primeiro iremos pela estrada que leva a ponte poderosa de Adriano, e depois vamos buscar margem esquerda do córrego. Após a vigília do Pontífice oficia primeiro através do Tibre, então cá apressa para renovar a oferta. " Nós celebrar uma grande festa hoje, de fato.
Enc: [MUNDO CATÓLICO] Escuta da Palavra e Meditação - 1º/7/2012 - Quem vocês dizem que eu sou
Paz e bem!
AUGUSTO CÉSAR RIBEIRO VIEIRA
Teresópolis - RJ
"Verdadeiramente és admirável, ó Verbo de Deus, no Espírito Santo, fazendo com que ele se infunda de tal modo na alma, que ela se una a Deus, conheça a Deus, e em nada se alegre fora de Deus" (Sta. Maria Madalena de Pazzi)
AUGUSTO CÉSAR RIBEIRO VIEIRA
Teresópolis - RJ
"Verdadeiramente és admirável, ó Verbo de Deus, no Espírito Santo, fazendo com que ele se infunda de tal modo na alma, que ela se una a Deus, conheça a Deus, e em nada se alegre fora de Deus" (Sta. Maria Madalena de Pazzi)
----- Mensagem encaminhada -----
De: Família Arruda <xisto@xistonet.com>
Para: Undisclosed-Recipient@yahoo.com
Enviadas: Sábado, 30 de Junho de 2012 21:35
Assunto: [MUNDO CATÓLICO] Escuta da Palavra e Meditação - 1º/7/2012 - Quem vocês dizem que eu sou
Leituras do dia:
Primeira leitura: At 12,1-11
Segunda leitura: 2Tm 4,6-8.17-18
Sl 34(33),2-9ESCUTA DA PALAVRA - VER
Evangelho:
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 16,13-19
"Jesus foi para a região que fica perto da cidade de Cesaréia de Filipe. Ali perguntou aos discípulos:
- Quem o povo diz que o Filho do Homem é?
Eles responderam:
- Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum outro profeta.
- E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? - perguntou Jesus.
Simão Pedro respondeu:
- O senhor é o Messias, o Filho do Deus vivo.
Jesus afirmou:
- Simão, filho de João, você é feliz porque esta verdade não foi revelada a você por nenhum ser humano, mas veio diretamente do meu Pai, que está no céu. Portanto, eu lhe digo: você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu; o que você proibir na terra será proibido no céu, e o que permitir na terra será permitido no céu. "
MEDITAÇÃO - JULGAR
(O que diz o texto para mim?)
Meditação:
Reflexão Apostólica:
Os três evangelhos sinóticos, Marcos, Mateus e Lucas, narram esta controvertida passagem da "confissão de Pedro", cada um deles imprimindo suas interpretações teológicas pessoais a suas narrativas.
Nos evangelhos de Marcos e Lucas, a resposta de Pedro à pergunta de Jesus sobre sua identidade é breve: "Tu és o Cristo (messias)", e merece a repreensão de Jesus. Pedro e os demais discípulos acreditavam que Jesus seria o messias político esperado, que daria ao povo judeu a glória e o poder sobre as demais nações, como um novo Davi, conforme a imagem elaborada pela tradição do Primeiro Testamento. Jesus censura Pedro por esta compreensão e procura demovê-la da mente dos discípulos.
Mateus modifica a narrativa original de Marcos e também adotada por Lucas. Ele dá um novo sentido à resposta de Pedro, à qual acrescenta a proclamação "Filho de Deus vivo".
Com a visão teológica de Mateus ficam estabelecidas duas identidades para Jesus: uma, é "o filho do homem", o simples Jesus de Nazaré, inserido na humanidade, na sua humildade, e presente entre ela até o fim dos tempos, porém, dignificando-o e divinizando-o; a outra é o "cristo" ou "messias" (cristo do grego, messias do hebraico, significando "ungido"), que é o Jesus ressuscitado, manifestado em glória nos céus, acima dos poderes celestiais, de onde virá para o julgamento final.Hoje a igreja celebra o dia de São Pedro e São Paulo e o centro do relato de hoje é a confissão de Pedro, afirmação de uma experiência pessoal.Embora no Segundo Testamento se perceba conflitos entre Pedro e Paulo (Gl 2,11-14), a liturgia os reúne em uma só festa. Pedro é lembrado pelo seu testemunho corajoso diante da perseguição (primeira leitura) e Paulo, por seu empenho missionário em territórios da diáspora judaica.Já nas proximidades do final do ministério de Jesus na Galiléia, é obvio que sua fama se havia estendido por toda a região; contudo, fica em Jesus uma dúvida: o povo, as multidões que o tinham visto e ouvido, teriam compreendido quem ele era na verdade?
Onde estariam? Que teria sido feito deles? A que se estariam dedicando tantas pessoas que o tinham escutado? Em que teriam influído sobre cada uma delas a mensagem proclamada e os sinais realizados?
E os Doze? O que respondem? Eles estavam voltando de uma missão. Necessariamente deveriam ter ouvido as diferentes opiniões e pareceres do povo. E, se não havia unanimidade de opinião, ao menos os mais próximos, os mais íntimos de Jesus deveriam ter feito já uma idéia exata sobre o que era seu Mestre.Jesus dirige a seus discípulos uma dupla pergunta que tem como objetivo fazê-los tomar uma posição sobre sua pessoa. A primeira pergunta diz respeito ao que as pessoas pensam do Mestre. Isto é respondido sem dificuldade.
Entretanto, à segunda pergunta os discípulos não podem responder com os mesmos critérios. Eles devem responder segundo sua própria experiência, segundo sua convicção pessoal. Não se trata de uma simples opinião, mas uma verdadeira resposta que expresse sua opção de vida. Pedro responde por todos. Para eles, Jesus era o Messias de Deus, o Ungido.
Por isso a confissão de Pedro é importante, pois é uma confissão fruto de uma revelação divina, quer dizer, de um processo de fé, de uma abertura à ação de Deus através da Palavra anunciada pelo Mestre.
Esta abertura à ação divina de Deus (fé absoluta), representada na figura de Pedro, é a base fundamental, é a pedra angular, o ponto de apoio da comunidade de cristãos.
A pergunta é também feita a nós. Após 21 séculos de história de Jesus e do cristianismo, freqüentemente o mundo dos fiéis ainda confunde sua figura, mensagem e obra.
E nós, cristãos comprometidos, que nos intitulamos seguidores próximos de Jesus, temos a seu respeito uma imagem mais clara do que aquela feita pelo mundo, pela sociedade, e até pela nossa Igreja?
Começamos nossa reflexão com a pergunta feita por Jesus aos seus: "(…) E vocês? Quem vocês dizem que eu sou"?
Quem é Jesus para mim? O que ele representa? O quanto do seu ensinamento e mensagem é usado em meu dia-a-dia em minhas decisões e ações?
Sobre esse homem turrão e difícil Jesus edifica o futuro da sua mensagem e daqueles que o conheceriam no futuro. Sobre ele e sobre suas limitações foi edificado um projeto/; Cuidar do rebanho que careciam de pastor. Jesus delega a esse homem cheio de falhas a missão de resgatar aos que fugiram ou andam perdidos.
Quantos de nós também temos tantas falhas e mesmo assim Jesus nos impetra projetos e sonhos? Quantas pessoas são colocadas em nossa vida para que zelemos sem mesmo sabermos tomar conta das nossas próprias vidas? Quantas comunidades, pastorais e movimentos são conduzidos por pessoas tão simples, limitadas e geniosas, quando naturalmente esperávamos que houvessem inteligentes, capacitados e doces?
Deus ainda suscita PEDROS em meio ao povo. Pessoas que com ajuda de Deus "levam comunidades nas costas"; que cantam, tocam, coordenam, discutem, programam e ainda tem tempo pra família e não faltar a missa de domingo. Pessoas que talvez não tenha formação acadêmica, mas foram outorgados por Deus com o cajado do pastor…
Não duvidem que após tamanha confiança tenha batido aquele "friozinho na barriga" desse homem tão calejado e vivido e tanto que isso é verdade que após a morte do seu mestre, ele e os outros se escondem até a vinda do paráclito consolador em pentecostes. A missão de Pedro inicia quando ele responde, mas se reafirma quando após cada deslize, medo ou fraqueza, repleto do Espírito Santo, resolve continuar.
Talvez a missão de levar a Boa Nova não tenha sido tão árdua como a de pastorear o rebanho; talvez continuar guardando a fé não tenha sido tão dura quanto a missão de manter a esperança acessa,
Ele não foi chamado a desbravar o mundo como Paulo e sim ser um ponto de referencia, um pilar, um farol, um alicerce para todos que estavam levando a mensagem e aqueles que davam seus primeiros passos nesse mar de tranqüilidade chamado Jesus, Após pentecostes Pedro chama pra si a responsabilidade que lhe foi confiada, errando e acertando manteve-se de pé até o fim de sua vida.
Somos chamados a também pastorear e como Pedro, e como Ele também nos é outorgado a missão de libertar os cativos, curar os doentes, anunciar o evangelho a toda criatura… Sim, é outorgado sobre todos nós, mesmo sendo turrões, teimosos, repletos de falhas.
A exemplo desse homem, somos a cada dia questionados sobre quem é Jesus para nós, e o que respondemos? O que será que nossa voz sussurra e que nossa vida e ações gritam?
Pegando um pequeno gancho do evangelho que refletimos no dia 19/6: "Se vocês amam somente aqueles que os amam, por que esperam que Deus lhes dê alguma recompensa? Até os cobradores de impostos amam as pessoas que os amam! Se vocês falam somente com os seus amigos, o que é que estão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu." (Mt 5,43-48)
São Pedro! Rogai por nós!
São Paulo! Rogai por nós!
ORAÇÃO
(O que o Evangelho de hoje me leva a dizer a Deus?)
Oração: Pai, consolida minha fé, a exemplo do apóstolo Pedro que, em meio às provações, soube dar, com o seu martírio, testemunho consumado de adesão a Jesus.
REGRA DE VIDA e MISSÃO - AGIR
(Qual meu novo olhar a partir da Palavra? Qual compromisso me leva?)Propósito: Testemunhar minha adesão a Jesus.
RETIRO - CONTEMPLAÇÃO(Para onde Deus quer me conduzir?)- Mergulhar no mistério de Deus.- Passar da cabeça para o coração (Silêncio).- Saborear Deus. Repousar em Deus.- Ver a realidade com os olhos de Deus.
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