Gloria Patri et Fílio et Spirítui Sancto. Sicut erat in principio et nunc et semper et in saecula saeculorum. Amen CONSAGRADO AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA
sábado, 13 de dezembro de 2014
1968 - A Paulo VI, dois milhões de sul-americanos pedem medidas contra a infiltração comunista na Igreja
Parte II
Segunda seção
N° 1
Um homem, uma obra, uma gesta – Homenagem das TFPs
a Plinio Corrêa de Oliveira
EDIÇÕES BRASIL DE AMANHÃ
Rua Javaés 681 – São Paulo
Impressão e acabamento
Artpress – Papéis e Artes Gráficas Ltda.
Rua Javaés 681 – São Paulo
s/d (1989)
Parte II
Quando TFPs somam seus esforços
Segunda seção
TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional
1. A Paulo VI, dois milhões de sul-americanos pedem medidas contra a infiltração comunista na Igreja
Em setembro de 1968, a TFP comemora, na Casa de Portugal em São Paulo, o término de sua campanha, em que 1.600.000 brasileiros pediam providências a Paulo VI contra a infiltração comunista na Igreja. Foi o maior abaixo-assinado da História do Brasil
Pelos idos de 60, uma hábil e vasta propaganda levada a efeito através da imprensa, do rádio e da televisão – e até do púlpito de certas igrejas – procurava apresentar as massas latino-americanas marchando irreversivelmente em busca de reformas de estrutura cada vez mais socializantes e radicais. De seu lado, uma minoria de eclesiásticos e leigos justificava sua própria atuação esquerdizante como decorrência do não atendimento do clamor de justiça que se estaria erguendo em todos os quadrantes do continente.
Os progressistas procuravam ainda dar a entender que a própria Igreja estava engajada no processo de derrubada das estruturas atuais e na substituição destas por um regime profundamente igualitário. Não se apresentavam eles como uma facção aninhada dentro da Igreja, mas pretendiam falar em nome dEla, como se a Esposa de Cristo fosse a vanguardeira do movimento revolucionário.
Esta era a situação quando um fato novo vem mudar a face dos acontecimentos.
Aspectos da propaganda no Rio de Janeiro
ATÉ HOJE não se sabe como foi ter às mãos da grande imprensa brasileira aquele documento-bomba, nascido da pena do padre belga Joseph Comblin. Não destinado à publicidade, como se alegou na época, o fato é que transpirou. E uma vez conhecido, estarreceu a opinião pública.
Professor no Instituto Teológico (Seminário) da Arquidiocese de Recife, o Pe. Comblin é claro em seu escrito. Preconiza, como meios válidos para fazer cair as estruturas sociais vigentes, a revolução na Igreja, a subversão no País, a derrubada do Governo, a dissolução das Forças Armadas, a instituição de uma ditadura socialista férrea, esteada em tribunais de exceção, e aparelhada para reduzir ao silêncio – pelo terror – os descontentes.
Na verdade, o público se dava conta, embora de modo difuso, de que o perigo comunista crescia graças à agitação contínua de uma minoria de eclesiásticos e de leigos que se proclamavam católicos. Era, porém, um dar-se conta vago, inexplícito, que continha, sim, uma recusa, mas ainda não expressa. E que, por isso, proporcionava ao "esquerdismo católico" o ensejo de gloriar-se, sem ser contraditado, de ter de seu lado a imensa maioria católica do continente.
O Documento Comblin conferia nova precisão ao panorama anterior, por apresentar com clareza absoluta, num quadro único e numa só apologia, as tendências, opiniões e propósitos subversivos que afloravam esparsamente aqui e acolá em ambientes comuno-"católicos".
E dá ensejo a que, a partir de 17 de julho de 1968, a TFP brasileira desencadeie, por todo o País, uma campanha de coleta de assinaturas para uma Mensagem a Paulo VI, pedindo respeitosamente medidas eficazes contra a infiltração esquerdista nos meios católicos (1).
São dias memoráveis os dessa campanha, nos quais chovem as assinaturas do público. E o Brasil católico, ao mesmo tempo que demonstra sua fidelidade à Igreja, pede ao Supremo Pastor que afaste o lobo que quer devorar as ovelhas.
A iniciativa impressiona também as autoridades eclesiásticas, civis e militares. A mensagem é assinada por quinze Arcebispos e Bispos (2), cinco Ministros de Estado, dois Governadores estaduais, quatro Marechais (3), cinco Almirantes, oito Generais, dois Senadores, dois Vice-Governadores, doze Secretários estaduais, bem como numerosos magistrados, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores.
Ao mesmo tempo, numerosas personalidades pronunciam-se favoravelmente à campanha, demonstrando sobejamente que o silêncio que até então se mantinha nesta matéria ocultava uma profunda preocupação face ao perigo que representa a infiltração esquerdista no Clero. Silêncio este que em tão crítica conjuntura só se explica pela reverente adesão do povo à Igreja Católica Apostólica Romana.
No final da campanha (12 de setembro de 1968), feito o cômputo das assinaturas, verifica-se que, em 58 dias, 1.600.368 brasileiros de 229 cidades de 21 Unidades da Federação haviam assinado as listas apresentadas pela TFP.
A conhecida revista norte-americana "Time", mortificada, incumbe-se de concluir: "A facilidade com que a TFP coletou as assinaturas reflete o fato de que a maioria dos latino-americanos aprova ou pelo menos tolera [sic] o conservadorismo católico" (4).
Sim, os latino-americanos. Pois, ao mesmo tempo as TFPs coirmãs da Argentina, do Chile e do Uruguai promoveram abaixo-assinados semelhantes ao da TFP brasileira.
Cooperadores da TFP brasileira em campanha. A Esquerda não assistiu impassível à maré montante do abaixo-assinado. Registraram-se nada menos que 829 ocorrências, entre agressões, insultos e ameaças. Desses atos de hostilidade, 396 foram praticados ou açulados por Eclesiásticos ou Religiosas
Na Argentina, ao término de dois meses de campanha, são coletadas 266.512 assinaturas para análoga mensagem a Paulo VI, tendo sido percorridos o centro e os bairros de Buenos Aires, bem como mais de 40 cidades das diversas regiões do país, tais como Mar del Plata, Mendoza, Tucumán, Salta, Córdoba, Corrientes e Paraná.
Dão sua assinatura de apoio à Reverente e Filial Mensagem três eminentes Prelados, os Exmos. Monsenhores Adolfo Tortolo, Arcebispo de Paraná, Francisco Vicentín, Arcebispo de Corrientes, e Mons. Alfonso Buteler, Arcebispo de Mendoza.
Dentre as diversas personalidades oficiais que aderem ao abaixo-assinado está o Ministro do Interior, Guillermo Borda.
A campanha não transcorre sem incidentes. Pelo contrário. A TFP argentina tem que enfrentar sérios obstáculos para chegar até o público.
Não faltam os ataques originados de certos setores eclesiásticos que se servem, não raro, do púlpito de suas igrejas, para lançar uma ofensiva contra a mensagem ao Papa e a entidade que leva a efeito a campanha. A nota dominante desses ataques é sua absoluta falta de argumentação, quer no que diz respeito à Doutrina, quer no que toca aos fatos.
A cólera progressista não fica, porém, só no âmbito dos pronunciamentos verbais ou escritos, mas desce até à agressão física em Tucumán, Avellaneda, Luján, Córdoba, Salta, La Rioja, Gualeguaychú e também em Buenos Aires.
Também na Argentina, Chile e Uruguai as respectivas TFPs saem em campanha. As assinaturas que coletam, somadas às do abaixo assinado brasileiro, somam 2 milhões.
O dia 21 de julho de 1968 pode ser considerado como o início da campanha no Chile. Nessa data é publicado em "El Diario Ilustrado", de Santiago, a Reverente e Filial Mensagem a Sua Santidade o Papa Paulo VI. No dia seguinte, ao mesmo tempo em que o documento é igualmente estampado no diário "El Mercurio", os militantes de Tradição, Família e Propriedade saem às ruas de Santiago com o estandarte do leão dourado sobre fundo vermelho, iniciando a coleta de assinaturas em apoio à mensagem.
A campanha da TFP chilena repercute profundamente em todos os setores da opinião nacional, e a imprensa que, com raras exceções, demonstrara sempre má vontade para com a jovem e brilhante entidade, não pode deixar de publicar muitas notícias sobre o abaixo-assinado. Seria demasiado longo referir aqui tudo o que apareceu nos jornais chilenos e de outros países latino-americanos a respeito da iniciativa da TFP andina.
Em sessenta dias de campanha vitoriosa, apesar de continuamente tumultuada por agressões da "esquerda católica", subscrevem o abaixo-assinado de apoio à Reverente e Filial Mensagem 121.210 chilenos, entre os quais diversas personalidades da vida pública, como os Senadores Enrique Curti, Armando Jaramillo e Francisco Bulnes, do Partido Nacional, e Julio Durán, do Partido Radical. Dão também sua adesão deputados de várias agremiações, bem como autoridades municipais, professores universitários, militares e pessoas de todas as classes sociais, além de numerosos Sacerdotes e Religiosas.
* * *
Quando os jovens membros do Núcleo Uruguaio de Defesa da Tradição, Família e Propriedade saíram às ruas de Montevidéu para a coleta de assinaturas de apoio à Reverente e Filial Mensagem, houve quem exclamasse: "Não posso crer!... ainda há católicos autênticos!"
O espanto expresso por essa exclamação – que tem, evidentemente, muito de hipérbole – não é de se estranhar num país onde o laicismo dominou durante muitos anos a legislação e o ensino.
Assim é que, apesar de pouco numeroso ainda e pobre de meios materiais, o valoroso Núcleo Uruguaio de Tradição, Família e Propriedade causa com sua iniciativa um enorme impacto no país.
Sem embargo desses fatores adversos, e do pouco tempo que foi possível dedicar à campanha, o total de firmas chega no Uruguai – praticamente só em Montevidéu – à expressiva cifra de 37.111.
Também os militantes de Tradição, Família e Propriedade do Uruguai são objeto de diversas agressões, algumas das quais instigadas por eclesiásticos, que não se contentam em combater a campanha em seus sermões e em programas de televisão. Das agressões participam invariavelmente pedecistas, ao lado de comunistas notórios. Em geral, o público presente a algum ato de hostilidade tomava a defesa dos cooperadores.
Entre as personalidades que subscrevem a mensagem, cabe destacar o representante uruguaio junto à Sante Sé, Embaixador Alejandro Gallinal, Walter Pinto Rossi, Ministro de Obras Públicas, e Alfredo de Ambrosis, Presidente da Câmara das Indústrias.
* * *
Depois de meticulosa recontagem, o impressionante total de 2.025.201 assinaturas colhidas nas quatro nações pôde ser entregue, em microfilmes, ao Vaticano, no dia 7 de novembro de 1969. A entrega, mediante protocolo, é efetuada por um enviado especial das diversas TFPs (5).
Uma palavra final, melancólica, restaria dizer sobre a acolhida dada então pelo Vaticano a essas mensagens. O silêncio mais frio e completo seguiu-se à súplica entretanto filial, respeitosa, submissa, angustiada, ardente, de dois milhões de fiéis católicos da América luso-espanhola...
Apoio do Arcebispo Mons. Cifuentes
Repercutiu amplamente no Chile a carta dirigida ao Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade pelo Exmo. Revmo. Mons. Alfredo Cifuentes Gómez, antigo Arcebispo de La Serena e um dos mais destacados e respeitados membros do Episcopado do país.
Assim se exprimiu Mons. Cifuentes:
"Li com especial interesse a reverente e filial mensagem que, em nome da Sociedade que representam, os srs. dirigem a Sua Santidade o Papa Paulo VI. .... Tal mensagem reflete dois caracteres que sempre animaram o espírito cristão e o verdadeiro amor à pátria. Espírito cristão, porque justamente vêem ameaçados os princípios ligados intimamente à doutrina da Igreja: e amor à pátria porque precisamente o ataque a esses princípios vulnera em suas bases o bem-estar e a paz da nação. Como filhos fiéis, os srs. recorrem à suprema Autoridade da Igreja com sentimentos de profundo respeito e confiança.
"Amigo dos srs. desde há bastante tempo, não posso deixar de congratular-me ao vê-los com esta atitude, fiéis aos mais nobres e cristãos ideais".
Publicada nos principais diários de Santiago no dia 30 de julho de 1968, a missiva teve larga repercussão em todos os ambientes católicos do Chile, constituindo um precioso apoio para a campanha do abaixo-assinado.
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Notas:
(1) No Brasil, a mensagem a Paulo VI foi publicada na íntegra em "Catolicismo", nº 212/214, agosto/outubro de 1968; "Folha de S. Paulo", 18-7-68; "Correio do Povo", Porto Alegre, 18-7-68; "Diário da Noite", São Paulo, 18-7-68; "Estado de Minas", Belo Horizonte, 18-7-68; "Gazeta do Povo", Curitiba, 18-7-68; "Diário Popular", Curitiba, 18-7-68; "Diário Popular", São Paulo, 18-7-68; "O Povo", Fortaleza, 18-7-68; "O Estado", Florianópolis, 18-7-68; "Diário de S. Paulo", 18-7-68; "Tribuna de São José", São José dos Pinhais (PR), 20-7-68; "A Voz do Povo", Bom Jesus do Itabapoana (RJ), 20-7-68; "Diário dos Campos", Ponta Grossa (PR), 21-7-68; "Gazeta de Goiaz", Goiânia, 23 a 29-7-68; "Diário de Sorocaba" (SP), 1º-8-68; "Tribuna da Serra", São Bento do Sul (SC), 17-8-68. – Resumos foram publicados em "O Globo", Rio de Janeiro, 18-7-68; "Diário do Paraná", Curitiba, 18-7-68; "Jornal de Curitiba", 18-7-68.
(2) D. Antonio de Almeida Moraes Jr., Arcebispo de Niterói; D. Antonio Ferreira de Macedo, Arcebispo Coadjutor de Aparecida; D. Geraldo de Proença Sigaud, Arcebispo de Diamantina; D. Orlando Chaves, Arcebispo de Cuiabá; D. Antonio Mazzarotto, Bispo titular de Ottabia; D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos; D. Francisco Prado, Bispo de Uruassu; D. Jackson Berenguer Prado, Bispo de Feira de Santana; D. Jerônimo Mazzarotto, Bispo Auxiliar de Curitiba; D. José Martenetz, Bispo Exarca Apostólico para os ucranianos no Brasil; D. José Maurício da Rocha, Bispo de Bragança Paulista; D. Rodolfo das Mercês de Oliveira Penna, Bispo titular de Apolonide; D. Vitor Tielbeek, Bispo-Prelado de Formosa; Mons. Biagio Musto, Bispo de Aquino (Itália), Mons. Constantino Trappani, Bispo de Nicosia (Itália).
(3) Coronel Mário Andreazza, Ministro dos Transportes; Sr. Leonel Miranda, Ministro da Saúde; Almirante Augusto Rademacker, Ministro da Marinha; General Edmundo Macedo Soares e Silva, Ministro do Comércio e Indústria; Coronel Costa Cavalcanti, Ministro das Minas e Energia; Sr. Luiz Viana Filho, Governador da Bahia; Sr. Otávio Lage, Governador de Goiás; Marechal Juarez Távora; Marechal Augusto Magessi; Marechal-do-Ar Eduardo Gomes; Marechal-do-Ar José de Souza Pinto.
(4) "Time", 23-8-68.
(5) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, SOS de milhões – Mala pequena – Tudo normal, "Folha de S. Paulo", 30-11-69. Cfr. também "Catolicismo", nº 229, janeiro de 1970.
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