quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Na audiência geral o Pontífice falou sobre a Semana de oração pela unidade dos cristãos

Na audiência geral o Pontífice falou sobre a Semana de oração pela unidade dos cristãos

Para uma resposta comum
à sede espiritual do nosso tempo

"Como podemos dar um testemunho convincente se estamos divididos?". Foi na óptica da nova evangelização que o Papa introduziu na manhã de quarta-feira, 18 de Janeiro, durante a audiência geral, a Semana de oração pela unidade dos cristãos, durante a qual - de 18 a 25 de Janeiro - se rezará em todas as igrejas pelo dom da consecução da plena comunhão. Um grande desafio para a nova evangelização, disse o Pontífice, porque ela será "mais frutuosa se todos os cristãos anunciarem juntos a verdade do Evangelho de Jesus Cristo e derem uma resposta comum à sede espiritual do nosso tempo.

Tendo-se enriquecido ao longo dos anos, hoje a celebração desenvolve-se através da colaboração de um grupo misto composto por representantes da Igreja católica e "por um grupo ecuménico de uma região diversa do mundo", encarregado de preparar os subsídios para a oração. Este ano coube à Polónia, circunstância que, observou o Papa, ajudará a reflectir sobre "quanto é forte o apoio da fé cristã no meio das provas e perturbações" como as que caracterizaram a história da Polónia que, depois de ter conhecido um período de convivência democrática e de liberdade religiosa, nos últimos séculos "foi marcada por invasões e derrotas, mas também pela luta constante contra a opressão e pela sede de liberdade", até à descoberta da vitória definitiva do amor em Cristo.

O Papa reflectiu brevemente sobre o estado actual do caminho rumo à unidade de todos os cristãos. Para alcançar esta meta, disse, é necessário rezar para obter antes de tudo uma conversão interior "quer comum quer pessoal". Não se trata de procurar atitudes formais de cordialidade ou de cooperação, mas sobretudo de "fortalecer a nossa fé em Deus", naquele Deus que "se fez um de nós".


(©L'Osservatore Romano - 21 de Janeiro de 2012)
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O Evangelho nos tempos do Facebook


CRISTIAN MARTINI GRIMALDI

Facebook, a social network mais popular do mundo, está equipada com vários instrumentos para a manutenção e o enriquecimento de um status amigável recíproco, como se sabe. Porém, geralmente não nos perguntamos porque as dinâmicas de relacionamento se baseiam exclusivamente em feedbacks positivos (polegares levantados, partilhas) e, ao contrário, não prevêem opções de desaprovação instantânea. Será possível que os criadores da network se tenham deixado inspirar pelo mais tradicional, mas na realidade actualíssimo, princípio que consiste em "nunca faças aos outros aquilo que não gostarias que te fizessem a ti"?
É possível que as nossas "amizades" sejam consideradas tão frágeis a ponto de sucumbir perante a mera interceptação de um feedback negativo? Porque, por exemplo, recebemos a "notificação" somente quando alguém recebe a nossa ou de outro alguém, mas não quando uma amizade é inesperadamente interrompida?
O sistema concebido desta forma tem realmente as suas boas razões para existir. Razões que se inspiram no consentimento mútuo, a fim de incutir optimismo no uso do instrumento e, por conseguinte, de exercer uma influência cada vez maior e mais positiva sobre todos nós; em síntese, para aumentar o próprio poder económico. Com efeito, o que aconteceria à social network se de repente todos os participantes começassem a ser notificados publicamente sobre a perda de amigos? Perda, obviamente, decretada de forma unilateral. Com efeito, para estabelecer amizade é necessário ser em dois, para se deixar, ao contrário, a vontade do indivíduo é suficiente. É provável, considerado o uso compulsivo desta plataformas, pois de outro modo surgiria uma confusão colectiva, alimentada por invejas recíprocas, conflitos insolúveis, pequenas rivalidades ocultadas prontas a explodir com uma série de vinganças em cadeia: reacções de ódio manifesto, pedidos de esclarecimento recíproco da parte de amigos em comum, desforras de inimizade em relação a quem subtraiu a amizade ao amigo em comum, e assim por diante.
Felizmente trata-se de violências simbólicas, todavia com consequências reais possivelmente evidentes a curto prazo, considerando que todos, mais cedo ou mais tarde, nos destacamos do virtual e nos encontramos no real. Mas talvez, num incontrolável turbilhão vicioso de desprezos recíprocos - sintetizados por minúsculos (mas potencialmente deveras essenciais) thumbs down (sinal de desaprovação) - se poderia até chegar a abandonar em massa os próprios altares virtuais. Não como forma de protesta em relação às opções de desafeição recíproca acima só imaginadas mas, talvez, precisamente por causa da insustentabilidade psicológica do meio de comunicação.
De facto, ele tornar-se-ia realmente o lugar onde desafogar colectivamente os rancores e ressentimentos que todas as amizades, mesmo se a longo prazo, e talvez com mais razão se a longo prazo, inevitavelmente acarretam. Resumindo, os programadores do Facebook - um sistema que interconecta centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro - bem instruídos pelos administradores e pensadores que criaram e "educaram" este sistema, consideraram oportuno inspirar o coração da sua máquina "amistosa" na mais antiga receita para uma economia sadia: efundir quanto mais possível o optimismo.
Será uma casualidade, mas tudo isto corresponde também ao mais antigo princípio de amor ao próximo que a humanidade conheceu. "O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também vós a eles, porque isto é a Lei e os Profetas" disse Jesus no sermão da montanha (Mt 7, 12). E quem está por detrás do Facebook, para tornar ainda mais eficaz o ensinamento evangélico, pensou bem em não nos fornecer nem sequer instrumentos para se deixar tentar. Quer dizer: longa amizade a todos!


(©L'Osservatore Romano - 21 de Janeiro de 2012)
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1.Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
2.Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
3.Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
4.Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
5.Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
6.Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
7.Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
8.Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
9.Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
10.Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
11.Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
12.Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]