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    domingo, 19 de fevereiro de 2012

    Reflexão de Bento XVI durante a audiência geral de quarta-feira na sala Paulo VI


    Há trinta anos

    GIOVANNI MARIA VIAN

    Há trinta anos, a 15 de Fevereiro de 1982, era publicada a notícia que João Paulo II, satisfazendo o desejo do cardeal Joseph Ratzinger, aceitava a sua renúncia ao governo pastoral da diocese de München und Freising. Com efeito, a 25 de Novembro precedente o purpurado alemão, com 54 anos, tinha sido nomeado prefeito do primeiro dicastério da Cúria romana, a Congregação para a Doutrina da Fé. Assim, depois de ter guiado ainda durante três meses a grande arquidiocese bávara, naqueles dias de Fevereiro Ratzinger transferiu-se para Roma. Aqui já tinha vindo 20 anos antes, em 1962, para transcorrer todo o tempo do concílio como consultor teológico de um dos protagonistas do Vaticano II, o arcebispo de Köln cardeal Joseph Frings. Em seguida, o brilhante teólogo voltou a Roma várias vezes, sobretudo depois de 1977, quando foi nomeado bispo de München e criado cardeal por Paulo VI no seu último consistório. No primeiro conclave de 1978 Ratzinger conheceu pessoalmente o metropolita de Cracóvia, cardeal Karol Wojty?a, e no segundo contribuiu para a sua eleição, convicto - como escreveu em 2004 - que fosse "o Papa para a hora presente". Poucos meses mais tarde, em 1979, João Paulo II convocou-o para lhe propor que assumisse o encargo de prefeito do organismo curial da educação católica, mas o arcebispo de München não teve a coragem de deixar a diocese só depois de dois anos de governo. Mas o Pontífice queria-o ao seu lado e, em Fevereiro de 1981, comunicou ao cardeal a intenção de o nomear prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, vencendo contudo as suas últimas resistências só no Outono seguinte.
    A partir de Fevereiro de 1982 o purpurado alemão não saiu mais de Roma. Não obstante o passar do tempo e o desejo de voltar a tempo inteiro à vida de estudo para a qual sempre se sentiu chamado, João Paulo II pediu-lhe que permanecesse com ele como responsável do organismo doutrinal da Cúria romana e, de facto, como seu principal conselheiro teológico. Durante quase um quarto de século, da sede romana os dois homens ampararam juntos a Igreja - tertio millennio adveniente e depois novo millennio ineunte - na transição secular, pelo caminho do homem dos nossos dias. Acompanhando esta humanidade e testemunhando-lhe que Deus está próximo, como sempre fez no decorrer da história quem soube seguir deveras Jesus, não obstante culpas e imperfeições humanas presentes também na Igreja.
    Depois, em 2005 foi pedido ainda mais a Joseph Ratzinger no momento da rapidíssima eleição em conclave, uma eleição não procurada de modo algum e que o cardeal aceitou com aquela simples serenidade que impressiona quem se aproxima dele mesmo só por um momento. "Não o conheço, mas tem um olhar bondoso", disse alguns dias depois uma simples idosa mulher romana. Eis, nestes anos de pontificado Bento XVI soube transmitir cada vez mais - e não só aos seus fiéis - quanto confidenciou em 2006 em München diante da Mariensäule, a coluna erguida em honra de Maria: ou seja, que se sentia, segundo a interpretação agostiniana de um salmo, como um animal de carga que fadiga sob a guia do camponês, mas ao mesmo tempo está muito próximo do seu dono, o Senhor Jesus, e por isso não teme o mal.
    Este sentimento de total confiança em Deus já se lê no final da preciosa narração autobiográfica do cardeal que, em 1997, reconsiderava o seu primeiro meio século de vida. Hoje, há trinta anos desde o início do período romano deste humilde pastor que não recua diante dos lobos, é nítido o perfil da maturidade de um pontificado que passará à história, dissolvendo como fumo os estereótipos difíceis de sufocar e contrastando comportamentos irresponsáveis e indignos. Estes acabam por se enlaçar a clamores mediáticos, inevitáveis e sem dúvida não desinteressados, mas que é preciso saber colher como ocasiões de purificação da Igreja.
    Pontífice de paz que deseja reacender a chama da primazia de Deus, Bento XVI é perfeitamente coerente com a sua história. Uma história marcada por um olhar amplo que nos trinta anos em Roma sempre procurou um alcance mundial e se caracterizou por uma obra de inovação e purificação perseguida com coragem, tenacidade e paciência, ciente de que pela noite fora no campo o inimigo semeia o joio. Por isso o Papa indica sem se cansar a necessidade da renovação contínua (ecclesia semper reformanda), recordando que a santidade da Igreja não será ofuscada se, na escuta da verdade, permanecer próxima ao único Senhor.


    (©L'Osservatore Romano - 18 de Fevereiro de 2012)
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    Reflexão de Bento XVI durante a audiência geral de quarta-feira na sala Paulo VI

    Sempre nas mãos de Deus


    A oração de Jesus na iminência da morte foi o tema de reflexão proposta pelo Papa na manhã de quarta-feira 15 de Fevereiro, aos fiéis presentes na audiência geral.

    Queridos irmãos e irmãs

    Na nossa escola de oração, na quarta-feira passada falei sobre a oração de Jesus na Cruz, tirada do Salmo 22: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?". Agora, gostaria de continuar a meditação sobre a oração de Jesus na Cruz, na iminência da morte, hoje pretendo reflectir sobre a narração que encontramos no Evangelho de são Lucas. O evangelista transmitiu-nos três palavras de Jesus na Cruz, duas das quais - e primeira e a terceira - são preces dirigidas explicitamente ao Pai. A segunda, ao contrário, é constituída pela promessa feita ao chamado bom ladrão, crucificado com Ele; de facto, respondendo ao pedido do ladrão, Jesus tranquiliza-o: "Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso" (Lc 23, 43). Assim, na narração de Lucas estão entrelaçadas sugestivamente as duas orações que Jesus em agonia dirige ao Pai e o acolhimento da súplica que lhe é dirigida pelo pecador arrependido. Jesus invoca o Pai e ao mesmo tempo ouve o pedido deste homem que muitas vezes é chamado latro poenitens, "o ladrão arrependido".
    Meditemos sobre estas três preces de Jesus. Ele pronuncia a primeira imediatamente depois de ter sido pregado na Cruz, enquanto os soldados dividem entre si as suas vestes, como triste recompensa do seu serviço. Num certo sentido, é com este gesto que se encerra o processo da crucifixão. São Lucas escreve: "Quando chegaram ao lugar chamado Calvário crucificaram-no, a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: "Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem!". Depois, lançaram a sorte para dividirem as suas vestes" (23, 33-34). A primeira oração que Jesus dirige ao Pai é de intercessão: pede o perdão para os seus algozes. Com isto, Jesus cumpre pessoalmente quanto tinha ensinado no sermão da montanha, quando disse: "Digo-vos, porém, a vós que me escutais: amai os vossos inimigos, fazei o bem a quantos vos odeiam" (Lc 6, 27), e também tinha prometido àqueles que sabem perdoar: "A vossa recompensa será grande e sereis filhos do Altíssimo" (v. 35). Agora, da Cruz, Ele não só perdoa os seus algozes, mas dirige-se directamente ao Pai, intercedendo a favor deles.
    Esta atitude de Jesus encontra um "imitador" comovedor na narração da lapidação de santo Estêvão, primeiro mártir. Com efeito Estêvão, já próximo do fim, "de joelhos, bradou com voz forte: "Senhor, não lhes atribuas este pecado". Dito isto, adormeceu" (Act 7, 60): esta foi a sua última palavra. É significativo o confronto entre a prece de perdão de Jesus e a do protomártir. Santo Estêvão dirige-se ao Senhor ressuscitado e pede que a sua morte - um gesto definido claramente com a expressão "este pecado" - não seja atribuída aos seus lapidadores. Na Cruz, Jesus dirige-se ao Pai e não pede só o perdão para os seus crucificadores, mas oferece também uma leitura de quanto está a acontecer. Com efeito, segundo as suas palavras, os homens que O crucificam "não sabem o que fazem" (Lc 23, 34). Ou seja, Ele põe a ignorância, o "não saber", como motivo do pedido de perdão ao Pai, porque esta ignorância deixa aberto o caminho para a conversão, como de resto acontece nas palavras que pronunciará o centurião quando Jesus morre: "Verdadeiramente, este homem era justo" (v. 47), era o Filho de Deus. "Permanece uma consolação para todos os tempos e para todos os homens o facto de que o Senhor, quer a respeito daqueles que realmente não sabiam - os algozes - quer de quantos sabiam e O condenaram, põe a ignorância como motivo do pedido de perdão - vê-o como porta que pode abrir-nos à conversão" (Jesus de Nazaré, II, 233).
    A segunda palavra de Jesus na Cruz, citada por são Lucas, é de esperança, é a resposta ao pedido de um dos dois homens crucificados com Ele. Diante de Jesus, o bom ladrão toma consciência de si mesmo e arrepende-se, compreende que está diante do Filho de Deus, que torna visível a Face do próprio Deus, e pede-lhe: "Jesus, lembra-te de mim quando estiveres no teu reino" (v. 42). A resposta do Senhor a este pedido vai muito além da súplica; com efeito, Ele diz: "Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso" (v. 43). Jesus está consciente de entrar directamente em comunhão com o Pai e de reabrir ao homem o caminho para o Paraíso de Deus. Assim mediante esta resposta dá a esperança firme de que a bondade de Deus pode tocar-nos até no último instante da vida, e a prece sincera, mesmo após uma vida errada, encontra os braços abertos do Pai bom, que espera a vinda do filho.
    Mas meditemos sobre as últimas palavras de Jesus moribundo. O evangelista narra: "Por volta do meio-dia, as trevas cobriram toda a terra, até às três horas da tarde. O sol eclipsou-se e o véu do templo rasgou-se ao meio. Dando um forte grito, Jesus exclamou: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!". Dito isto, expirou" (vv. 44-46). Alguns aspectos desta narração são diferentes em relação ao contexto oferecido em Marcos e Mateus. As três horas de escuridão em Marcos não são descritas, enquanto em Mateus são ligadas a uma série de vários acontecimentos apocalípticos, como o tremor de terra, a abertura dos sepulcros e os mortos que ressuscitam (cf. Mt 27, 51-53). Em Lucas, as horas de escuridão têm a sua causa no eclipsar-se do sol, mas nesse momento verifica-se inclusive a laceração do véu do templo. Deste modo, a narração lucana apresenta dois sinais, de certo modo paralelos, no céu e no templo. O céu perde a sua luz, a terra desaba, enquanto no templo, lugar da presença de Deus, se rasga o véu que protege o santuário. A morte de Jesus caracteriza-se explicitamente como evento cósmico e litúrgico; em especial, marca o início de um novo culto, num templo não construído por homens, porque é o Corpo do próprio Jesus, morto e ressuscitado, que congrega os povos, unindo-os no Sacramento do seu Corpo e Sangue.
    A prece de Jesus neste momento de sofrimento - "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" - é um brado forte de confiança extrema e total em Deus. Tal oração expressa a plena consciência de não estar abandonado. A invocação inicial - "Pai" - recorda a sua primeira declaração, quando tinha doze anos. Então, permaneceu por três dias no templo de Jerusalém, cujo véu agora se rasgou. E quando os pais lhe manifestaram a sua preocupação, respondeu: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?" (Lc 2, 49). Do início ao fim, o que determina completamente o sentir de Jesus, a sua palavra, o seu gesto, é a relação singular com o Pai. Na Cruz, Ele vive plenamente no amor esta sua relação filial com Deus, que anima a sua oração.
    As palavras proferidas por Jesus, após a invocação: "Pai", retomam uma expressão do Salmo 31: "Nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Sl 31, 6). Estas palavras não são uma simples citação, mas manifestam ao contrário uma decisão firme: Jesus "entrega-se" ao Pai num gesto de abandono total. Estas palavras são uma prece de "entrega", cheia de confiança no amor de Deus. A oração de Jesus diante da morte é dramática, como o é para cada homem, mas ao mesmo tempo está imbuída da calma profunda que nasce da confiança no Pai e da vontade de se entregar totalmente a Ele. No Getsémani, quando começou a luta final e a oração mais intensa e estava para ser "entre nas mãos dos homens" (Lc 9, 44), o seu suor tornou-se "como gotas de sangue que caíam na terra" (Lc 22, 44). Mas o seu Coração obedecia totalmente à vontade do Pai, e por isso "um anjo do céu" veio confortá-lo (cf. Lc 22, 42-43). Ora, nos últimos instantes, Jesus dirige-se ao Pai, dizendo quais são realmente as mãos às quais Ele entrega toda a sua existência. Antes de partir em viagem rumo a Jerusalém, Jesus tinha insistido com os seus discípulos: "Prestai bem atenção ao que vou dizer-vos: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens" (Lc 9, 44). Agora que a vida está para O deixar, Ele sela na prece a última decisão: Jesus deixou-se entregar "nas mãos dos homens", mas é nas mãos do Pai que entrega o seu espírito; assim - como diz o evangelista João - tudo se cumpre, o supremo gesto de amor é levado até ao fim, ao limite e mais além.
    Caros irmãos e irmãs, as palavras de Jesus na Cruz nos últimos instantes da sua vida terrena oferecem indicações exigentes para a nossa oração, mas abrem-na inclusive a uma confiança segura e a uma esperança firme. Jesus, que pede ao Pai para perdoar quantos O crucificam, convida-nos ao difícil gesto de rezar também por aqueles que são injustos para connosco, que nos prejudicaram, sabendo perdoar sempre, a fim de que a luz de Deus possa iluminar o seu coração; e convida-nos a viver, na nossa oração, a mesma atitude de misericórdia e de amor que Deus tem por nós: "Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido", recitamos diariamente no "Pai-Nosso". Ao mesmo tempo Jesus, que na hora extrema da morte se confia totalmente nas mãos de Deus Pai, comunica-nos a certeza de que, por mais duras que sejam as provas, difíceis os problemas, pesado o sofrimento, nunca estaremos fora das mãos de Deus, das mãos que nos criaram, que nos sustêm e que nos acompanham no caminho da existência, porque guiadas por um amor infinito e fiel. Obrigado!

    Por fim, o Papa ao saudar os fiéis em várias línguas disse em português.

    Saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente os fiéis brasileiros vindos de Curitiba, a quem exorto a aprender do exemplo da oração de Jesus, uma oração cheia de serena confiança e firme esperança no Pai do Céu, que nunca nos abandona. Que as Suas Bênçãos sempre vos acompanhem! Ide em paz!


    (©L'Osservatore Romano - 18 de Fevereiro de 2012)
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    1.Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.
    2.Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
    3.Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!
    4.Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
    5.Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
    6.Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
    7.Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
    8.Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
    9.Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
    10.Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!
    11.Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
    12.Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

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    In sobole Evam ad Mariam Virginem Matrem elegit Deus Filium suum. Gratia plena, optimi est a primo instanti suae conceptionis, redemptionis, ab omni originalis culpae labe praeservata ab omni peccato personali toto vita manebat.


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    'A Lógica da Criação'


    Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim




    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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