quinta-feira, 19 de abril de 2012

As “novinhas” do funk e a apologia da pedofilia

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  • As “novinhas” do funk e a apologia da pedofilia

  • 19/04/2012 por Everth Queiroz Oliveira






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Já há algum tempo queria escrever sobre este assunto – a apologia da pedofilia estampada nas músicas de funk. Só agora arranjei tempo para fazer um artigo em cima deste tema, e já aproveito para manifestar o desejo de analisar também outras letras de música, não só as de funk. A modernidade conseguiu produzir um verdadeiro “lixo musical”, trazendo composições asquerosas, que beiram a irracionalidade. O próprio ritmo das canções é organizado a fim de permitir a licenciosidade, a “baixaria”, a promiscuidade.

Escrevi, há alguns dias, um texto comentando as profecias do Papa Paulo VI sobre as consequências que experimentaria o Ocidente ao aceitar a mentalidade contraceptiva. Deixe-me retomar trecho da declaração do Santo Padre, a fim de orientar melhor esta reflexão. Ele fala, por exemplo, de “infidelidade conjugal” e “degradação da moralidade”; prevê a interferência do Estado em questões éticas que deveriam ser resolvidas pelo núcleo familiar; e, por fim – e este é o ponto principal a ser tratado neste texto -, alerta para o perigo de que se “acabe por perder o respeito pela mulher”. Destaco:

  • “É ainda de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada.”

  • - Humanae Vitae, n. 17

Normalmente, quando o Papa se manifesta, as pessoas agem com indiferença, não dão muita credibilidade ao que é dito. Os homens fazem-se “senhores de si mesmos” e tendem a interpretar qualquer expressão que lhes contrarie como mentira, exagero ou algo do tipo. Mas, eis que as profecias de Montini se cumpriram… Mais uma vez, o velho senhor de batina branca está certo. O “respeito pela mulher” foi totalmente perdido. São raríssimas as letras compostas nos últimos anos que apelam para a valorização da personagem feminina, de sua beleza, de seu charme e de outras de suas qualidades. Nas canções hodiernas, a mulher fica reduzida a um “simples instrumento de prazer egoísta”.

Isto pode ser facilmente notado de modo especial nas letras das músicas do que hoje se chama de “sertanejo universitário” – que muitas vezes se manifesta como uma “vulgarização” da autêntica música sertaneja – e também nas letras do ritmo funk. E é sobre esta última música que falaremos, especificamente.

Ultimamente, as letras deste ritmo estão usando muito o termo “novinha”. Procuro o termo no Letras.com.br e encontro até bandas (!) com a expressão em seus nomes. Afinal, quem são estas “novinhas” do funk? Partamos à análise de algumas letras, a fim de descobrirmos quem são estas personagens. A primeira música é “Novinha, vê se me escuta”, cantada por Mc Deeh e Mc Geovane:

  • Aos 15 anos de idade a novinha saía a curtir baile funk,
  • fexava com Mc Deeh e também com Mc Geovane,
  • Quando nóis chegamo no baile as novinha já tudo se assanha,
  • no baile funk bombando, o Geovane e o Deeh, os muleque piranha…”

A primeira letra já enuncia de que faixa etária estamos falando. “Novinha” diz respeito à idade da mulher. Neste caso, quem dança com sensualidade é a menina de “15 anos de idade”. Mas não fica só nisso porque, no decorrer do baile, os funkeiros partem pra cima da garota e têm relações sexuais com ela (“nóis leva as novinha pro canto, dá uma letrinha, que ela se entrega”).


Em outra música, de Mc Frank, de nome “Vai novinha” (sic), a referência ao sexo é ainda mais explícita (“eu vou te deixar maluca, tu vai ficar suadinha”). No fim da música, o sujeito diz claramente o que vai fazer com a “novinha”, falando de modo direto como será feito o sexo – não reproduzo o trecho aqui por ser altamente obsceno. Da mesma forma acontece na música “Novinha, tu tá sentindo” (sic), de Mc Smith; ali, ele leva a “novinha” para um lugar reservado justamente para, novamente, ter sexo com ela.

A segunda letra que analisamos é “14 e 37” – outra menção à idade das mulheres -, na qual Mc Dido e Digão discutem qual a melhor escolha: se são as garotas mais jovens – isto é, as “novinhas” – ou as mulheres mais velhas – que na música são chamadas carinhosamente de “velha[s] de bunda fraca”. Abaixo, o trecho no qual Mc Dido defende o uso das “novinhas” para a obtenção de seu prazer sexual.

  • “Mas escuta mano Digão, você tá de palhaçada
  • Tá trocando as novinha pras velha de bunda fraca
  • Sem neurose eu dou-lhe o papo, sou Dido, canto e não minto
  • Não esqueça das novinha, esquece as velhas de peito caído
  • Olha eu vou te dar o papo, Digão, vê se me escuta, vê se larga
  • Essas velhas, velha da [CENSURADO] murcha, mas eu vou te dar o papo
  • Tranquilão não faço pose, que se dane as de 37 eu prefiro as de 14…”

A faixa etária destas meninas é de 14 anos! Considerando a idade daqueles que mantêm relações sexuais com elas, configura-se, aqui, crime de pedofilia. Mas, afinal, para que respeitar a Lei? Em outra letra, de Mc Kelvin, de nome “Novinha safada”, o indivíduo comemora a revogação do art. 214 do Código Penal, que era, como informou o Jefferson Nóbrega, “o artigo que caracterizava o atentado violento ao pudor”. Nessa música, o moleque se mostra aberto ao relacionamento com “novinhas” de outras idades, além das já expostas (“17, 16, vem de 15 e 14, não posso me esquecer das de 13 e as de 12…”).

Está clara a defesa que estes homens do funk fazem da pedofilia, mostrando a que ponto chegou a “degradação da moralidade” no nosso século. Ao lado deste uso da mulher como objeto sexual, ao lado deste desrespeito à sua dignidade, caminha a própria violência. Para encerrar este post, trago aqui trecho da letra “Novinha”, de Mc Martinho. Mais que sexo, o que este último quer mesmo é matar com violência a garota que dança.

  • “Eu vim te falar do meu proceder
  • Descubra você todo meu sentimento
  • Mais se debochar, vô logo avisar
  • Que duas pistola é meu fundamento
  • É melhor não faltar com respeito
  • Sujar o meu nome perante a favela
  • Que eu te deixo esticada no chão
  • Dou tiro na sua mão e quebro suas pernas
  • Eu vou te levar pro microondas, mas antes eu rasgo
  • Seu corpo na bala
  • Pra família te reconhecer, só mesmo no exame da arcada dentária.”

Essas letras criminosas tocam em bailes funk e as pessoas dançam e cantam como se nada de mais estivesse acontecendo, como se fosse apenas uma canção ou um ritmo que as pessoas “curtem”. O fato é que composições como as vistas acima não podem ser encaradas nem como legítimas manifestações culturais, posto que uma cultura que degrada e rebaixa a mulher à vileza, à violenta submissão e à condição de objeto, uma cultura que exalta a pedofilia e a pornografia infantil, uma cultura que perdeu a própria noção de decência, é dotada de um permissivismo que coloca em xeque os próprios fundamentos da nossa Civilização. Quantas crianças não são cruelmente jogadas neste “lixo” que é produzido todos os dias ao redor deste Brasil? Quantos pais não ensinam seus filhos a ouvirem e dançarem estas aberrações, formando para o futuro “novinhas” prontas para ser estupradas por esses sujeitos indecentes?

Pior do que não crer no inferno é fazer, já da vida neste mundo, um verdadeiro inferno para as famílias e para a toda a sociedade. E é esta a contribuição do funk para o nosso tempo.

Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!

* * *

Esta postagem foi escrita com o apoio indispensável do artigo Quem são “as novinhas” do funk? A apologia à pedofilia e a erotização precoce, do blog O Candango Conservador.
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Publicado em Escândalos, Moral católica | Etiquetado baile, cultura, dança, dignidade, funk, humanae vitae, idade, música, mulher, papa paulo vi, pedofilia, pornografia infantil, respeito, sexo, sexualidade, violência | 1 Comentário
Uma resposta

em 19/04/2012 às 2:15 | Responder Gabriel S.

Excelente texto, Everth.

Sobre a banalização da mulher como “objeto sexual”, é incrível não só como o homem a trata apenas como objeto mas principalmente com as próprias se desvalorizam. É cada vez maior a quantidade de mulheres da onda dita “progressista” que acha isso normal.

Quanto à apologia à pedofilia, é triste. Triste saber que nos bailes funks chamados “proibidão” a coisa rola solta. Menores de idade entram e saem a hora que quiser desses “bailes”, onde a letra da música (acredite, há letras bem piores e explícitas que as postadas) as convida a fazer sexo com os outros. É mais triste ainda que a sociedade em geral sabe que isso acontece, mas não faz nada para que isso pare de acontecer. Daqui a um tempo vai ser algo tão comum que, infelizmente, nós (digo a sociedade em geral) acabaremos nos acostumando e achando algo normal, assim como está acontecendo com o aborto e com os jovens delinquentes, que, por não terem lugares “adequados” para ficar, são soltos e ficam livres nas ruas. É a onda progressista acabando com a família e os bons costumes.


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[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]