sábado, 28 de abril de 2012

Caridade e justiça são um serviço espiritual



Na audiência geral de quarta-feira,
Bento XVI chamou a atenção para o sentido cristão do amor ao próximo

Caridade e justiça
são um serviço espiritual


Não há limites ao compromisso para ir ao encontro das necessidades do próximo; mas é imprescindível que ele se realize à luz do Espírito Santo, para que não se perca em mero activismo. Por conseguinte, duas realidades, o anúncio da Palavra de Deus e o dever da caridade, que "devem existir na Igreja, onde ambas têm "o seu lugar" e a sua "relação necessária".
O Papa citou a narração de são Lucas nos Actos dos Apóstolos para falar da acção da Igreja ao lado das "pessoas sozinhas e necessitadas de assistência e ajuda". Na catequese durante a audiência geral de quarta-feira 25 de Abril, na praça de São Pedro, Bento XVI repropôs "a exigência primária de anunciar a Palavra de Deus segundo o mandato do Senhor". Mas ressaltou a exigência de pôr no mesmo nível "o dever da caridade e da justiça, ou seja, o dever de assistir as viúvas e os pobres, de providenciar com amor às situações de necessidade nas quais se possam encontrar os irmãos e as irmãs", porque a Igreja "não deve só anunciar a Palavra, mas também realizar a Palavra".
Quantos são chamados a tornar concreta esta dúplice expressão da única missão da Igreja "não podem ser apenas organizadores que sabem fazer" mas devem ser "homens cheios de Espírito Santo e de sabedoria", porque a obra que realizam, mesmo se é "sobretudo prática" é contudo de modo especial "uma função espiritual".
A actividade a favor do próximo "não pode ser condenada - recordou o Pontífice - mas deve realçar-se que ela há de estar imbuída interiormente do espírito da contemplação". Isto ajuda a "aprender a verdadeira caridade, o verdadeiro serviço ao próximo", que "certamente precisa das coisas necessárias", mas sobretudo "do afecto do nosso coração, da luz de Deus".

(©L'Osservatore Romano - 28 de Abril de 2012)
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Congresso mundial organizado pelo organismo vaticano para os migrantes

Uma pastoral em crescimento contínuo


O turismo não deve ser visto só e exclusivamente como mera actividade económica, mas deve ser também considerado uma oportunidade de evangelização, dado que o fenómeno diz actualmente respeito a cerca de um bilião de pessoas. Partiu desta premissa o cardeal Antonio Maria Vegliò, presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, na abertura do VII congresso mundial dos agentes de pastoral do sector, que teve lugar em Cancún, no México, de 23 a 27 de Abril.
Na sua intervenção o purpurado ressaltou a necessidade de desenvolver a pastoral do turismo, propondo dela também um breve excursus histórico - a partir do pontificado de Pio XII - ressaltando depois as numerosas potencialidades do turismo, sem esquecer os factores negativos e os riscos que ele pode incluir.
O cardeal Vegliò acentuou em especial o facto de que o turismo não é só uma oportunidade, mas um direito para todos e por isso deve ser desenvolvido, sobretudo no âmbito social, abrangendo as famílias, os jovens, os estudantes, os idosos e as pessoas portadoras de deficiência.
No que diz respeito ao turismo religioso, o purpurado fez notar que um número cada vez maior de pessoas vai de férias para metas de carácter espiritual. Citando dois documentos-base da pastoral do turismo (Directório peregrinans in terra e Orientações para a pastoral do turismo), exortou a reforçar as estruturas já existentes a nível diocesano e nacional, e a criar outras onde não existirem, a fim de que a coordenação de projectos e esforços sirva melhor a evangelização.
Nos trabalhos do Congresso - promovido pelo organismo vaticano e pela prelazia territorial de Cancún-Chetumal, com a colaboração da Conferência episcopal mexicana - participaram mais de duzentas pessoas provenientes de quarenta nações de quatro continentes. Ao redor do tema geral "O turismo que faz a diferença", desenvolveram-se três âmbitos de debate: o turismo em geral, o turismo religioso e o turismo dos cristãos. Isto permitiu enfrentar argumentos muito diversos como o turismo social, o turismo como recurso económico para os países e como instrumento para superar a pobreza, a luta contra o turismo sexual, as propostas litúrgicas e formativas nas áreas turísticas, o património cultural a serviço da evangelização, a atenção pastoral para com os que trabalham na indústria turística. Com efeito, segundo o último relatório da Organização mundial do turismo (UNWTO), em 2011 o aumento dos movimentos turísticos foi de 4,4%, o que levou o número de turistas internacionais a 980 milhões. Em particular, na Europa as chegadas alcançaram 503 milhões (+6%) em 2011, na Ásia e Pacífico o resultado foi de +6% nas chegadas, igual a um total de 216 milhões de turistas internacionais. Os melhores resultados foram alcançados pela América do Sul, com um aumento (pelo segundo ano consecutivo) de 10%. Na América do Norte as chegadas aumentaram de 3%. Na África registraram-se 50 milhões de chegadas, caracterizadas por um aumento de 7% na área Subsaariana (2 milhões a mais) e por uma diminuição na área da África do Norte (-12%). Também no Médio Oriente houve uma diminuição (-8%), ou seja, uma perda de 5 milhões de chegadas turísticas internacionais. De acordo com os cálculos da UNWTO o crescimento continuará, embora de modo modesto, em 2012. Está previsto para 3 ou 4% e, portanto, alcançará a cifra de um bilião de chegadas turísticas.
O cardeal Vegliò interveio também no conselho da câmara municipal da cidade das Marcas, para falar sobre "Migrações: fenómeno de abrasadora actualidade". Começou pelas estatísticas que calculam em 215 milhões os migrantes internacionais espalhados pelo mundo. "Hoje - disse - as migrações assumiram dimensões de verdadeiras crises humanitárias. Antes de tudo, pelas características de êxodo bíblico desse fenómeno, feito de mil aventuras com características às vezes desumanas e, infelizmente, até trágicas, pois é cada vez mais explorado pela voracidade sem escrúpulos da criminalidade organizada. De facto, não podemos esconder o reapresentar-se prepotente do tráfico de escravos, que todos os anos atinge cerca de um milhão de migrantes, destinados ao mercado da prostituição, ao trabalho forçado, ao tráfico de órgãos humanos e à sexualidade juvenil".
O purpurado exortou os presentes a reflectir sobre o fenómeno migratório, às vezes sentido como uma invasão e não como uma ocasião para se abrir ao acolhimento. "Creio - disse - que não nos devemos assustar pois, na história as ondas migratórias apresentaram inicialmente situações mais ou menos confusas. Certamente, o movimento de migrantes, sobretudo maciço, exige que se harmonizem as relações recíprocas, para que todos se tornem colaboradores e promotores de bem-estar de recíproca vantagem". A presença dos migrantes, realçou, é uma "providencial provocação para reforçar a abertura e o acolhimento que, exaltando a pessoa humana, tendem a valorizar as diversidades". Eis por que o convite a promover a comunhão das diversidades e a educar para a intercultura, a fim de "ajudar a cultivar as premissas da paz, como a tolerância, a justiça, a magnanimidade e o perdão". De facto - concluiu o cardeal Vegliò - é necessário "aproximar-se de todas as culturas com a atitude respeitadora de quem está consciente de que não só tem algo para dizer e oferecer, ou justamente para pretender, mas também para escutar e receber".

(©L'Osservatore Romano - 28 de Abril de 2012)
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]