Perguntas
1. Desde pequeno ouço dizer que a Igreja Católica Apostólica Romana é a Igreja fundada por Jesus Cristo. E, agora, ouço dizer que a Igreja está voltada para o Ecumenismo. Como se explica isso? 2. Se uma pessoa faz um ou mais pecados gravíssimos, mas arrepende-se profundamente e pede perdão a Deus, por pensamento. Um dia essa pessoa morre arrependida, mas sem ter confessado esses pecados a um sacerdote, isso faz com que essa pessoa mereça o inferno? 3. Em edição anterior de Catolicismo, o Sr. afirmou que, ao morrermos, cada um tem o destino certo na hora em que deixa este mundo. Perto de minha casa morreu um homem e sua netinha, de 2 anos, dizia, dias depois: “olha o vô”! Isso é possível? Dizem que não é bom acender velas dentro de casa, porque isso chama as almas que vivem no escuro. O que o senhor acha disso?
Respostas
Cônego José Luiz Villac |
1. Sim. A única Igreja fundada por Jesus Cristo é a Igreja Católica Apostólica Romana, fora da qual para ninguém há salvação. É verdade de Fé (Denzinger, 1647). Quando uma pessoa não tem condições de conhecer a verdadeira Igreja, por viver em lugares onde predominam falsas religiões, como, por exemplo, em países maometanos ou budistas, ou por alguma outra razão, mas deseja sinceramente fazer a vontade de Deus, ama-O com um amor verdadeiro, então ela passa a fazer parte da Igreja, embora de uma forma não visível. E, assim, pode ser salva. É o que se chama batismo de desejo. Então ela é salva pela Igreja Católica, embora possa, materialmente, não fazer parte de seu Corpo visível. Mas, de fato, pela ação da graça e sua indiscutível boa fé, ela está unida à única e verdadeira Igreja de Cristo, que é só a Igreja Católica. Pode-se entender o ecumenismo como uma estratégia de fazer apostolado com pessoas de outras religiões e de manter contatos oficiais com seus líderes. Mas isto sem pôr em dúvida que a Igreja Católica é a única verdadeira Igreja de Cristo. No caso, há uma questão de prudência que deve ser vista com muito cuidado, e que consiste em não escandalizar os verdadeiros fiéis levando-os ao indiferentismo religioso, ou pôr em risco sua Fé. Há, hoje em dia, uma outra concepção de “ecumenismo”, generalizada e inteiramente falsa, fruto do relativismo doutrinário, e que coloca sacrilegamente a Igreja Católica no mesmo pé de igualdade com as outras religiões, como se todas fossem verdadeiras e conduzissem as almas à salvação eterna. Tal concepção contradiz tanto toda a Tradição quanto o Magistério da Igreja. Necessidade da confissão
São João Nepomuceno confessa a Rainha da Boêmia (1740). O Sacramento da Confissão exige, normalmente, que os pecados sejam acusados ao Sacerdote, representante de Nosso Senhor Jesus Cristo |
2. Nosso Senhor, em sua misericórdia para conosco, instituiu os Sacramentos para nos regenerar e comunicar suas graças, e assim conduzir-nos à santificação e ao Céu. Entre os sete sacramentos, dois dos que mais revelam a misericórdia divina são o Batismo e a Confissão. Pelo Batismo, nós, que estávamos mortos pelo pecado original de nossos primeiros pais, na pia batismal ressuscitamos para a vida da graça. A porta do Céu abre-se para nós e, como dom incomparável, passamos a fazer parte da vida da Igreja e participamos da própria vida divina. Mediante a Confissão – sacramento da Penitência –, nós, que rompêramos com Deus pelo pecado mortal, ou O desagradamos pelo pecado venial, somos misericordiamente perdoados. Para alguém ser perdoado de um pecado leve (ou venial), como, por exemplo, uma mentira sem conseqüências, há vários meios. Assim, o simples arrependimento interior, o uso piedoso da água benta, a recepção contrita da Sagrada Eucaristia etc. Não é necessário, mas é louvável, acusar-se na confissão também dos pecados veniais. Porém, para alguém ser perdoado de um pecado grave, ou mortal, há apenas dois meios: A Confissão sacramental acompanhada de sincero arrependimento (ao menos atrição por temor do inferno) e de sério propósito de não voltar a pecar. Este é o meio comum. O arrependimento completo, a contrição perfeita, isto é, aquela que é motivada pelo puro amor a Deus, e não só por medo do Inferno ou desejo do Céu, e acompanhada do firme propósito de nunca mais voltar a pecar. Este é o meio extraordinário. Como dificilmente saberá alguém com toda certeza se se arrependeu de modo completo e levado pelo puro amor a Deus, convém sempre confessar-se. Portanto, o meio ordinário e seguro é a Confissão. Aliás, um dos frutos seguros do arrependimento perfeito é o desejo de confessar-se tão logo seja possível. Por outro lado, tendo Nosso Senhor instituído esse prodígio de misericórdia que é a Confissão sacramental, a pessoa que pode confessar-se e não o faz, corre sério risco de enganar-se e perder-se. Mais grave ainda seria se ela, ao confessar-se, ocultar um ou mais pecados graves propositadamente. Digo propositadamente, para que não haja escrúpulo por uma omissão involuntária de algum pecado grave. Sendo involuntária, e tendo havido o desejo de confessar todos os pecados, os pecados omitidos por esquecimento, sem deliberação, ficam também perdoados. A pessoa está em estado de graça e poderá continuar recebendo a Sagrada Comunhão, sem qualquer escrúpulo. Mas é necessário que, depois de lembrados, eles sejam mencionados numa eventual nova confissão, sem necessidade de apressar o momento da nova confissão por causa do pecado esquecido. É preciso confessar os pecados ao Sacerdote Não basta “confessar-se a Deus”, como dizem os hereges protestantes ou os católicos mal formados. O Sacramento da Confissão exige que os pecados sejam acusados ao sacerdote, que ali está representando Nosso Senhor Jesus Cristo, – como pai, médico, doutor e juiz – o qual dará a absolvição. Isto nos humilha e nos mortifica, mas por isso mesmo faz bem à nossa alma, e torna-se um sacrifício agradável a Deus. Em circunstâncias muito especiais, de catástrofes etc., é que se pode dar e receber a absolvição coletiva, quando não há possibilidade de cada um confessar individualmente seus pecados ao Sacerdote. Mas, uma vez cessada essa situação extraordinária, a pessoa precisa confessar-se pessoalmente, acusando-se de seus pecados ao Confessor. Se os católicos compreendessem melhor a grandeza e a misericórdia deste Sacramento, confessariam com mais freqüência, com mais empenho e fervor, pois além de perdoar os pecados, ainda que sejam apenas veniais, a Confissão confere graças atuais e sacramentais de arrependimento e de fervor, que muito ajudam nossa vida de piedade. Os pecados graves levam ao inferno
O inferno - A existência do inferno e a eternidade de suas penas constituem verdades de Fé |
Os pecados que conduzem ao inferno são todos os pecados graves, como, por exemplo o adultério e impureza, desonestidade, difamação grave, vingança, ódio injusto contra alguém etc. Chamam-se “mortais” porque matam a vida da graça na alma, votando-a ao inferno. O inferno é eterno, como também o Céu. É verdade de Fé. Quem cai nele, lá ficará para sempre. A misericórdia de Deus é infinita, mas também é infinita sua Justiça. O arrependimento e a misericórdia que perdoa o pecado são válidos enquanto há vida. Uma vez ocorrida a morte, a pessoa é julgada e toma seu destino eterno, isto é, para sempre. É a falência total e irreversível ou então a salvação completa e maravilhosa junto a Deus, Nossa Senhora, seus Anjos e Santos. Façamos tudo para não sermos precipitados no inferno. “O meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno ....” ensinou-nos a rezar Nossa Senhora de Fátima após cada dezena do Terço. Os mortos podem nos aparecer 3. É doutrina comum, isto é, ensinada pela Igreja, que a alma é julgada imediatamente após a morte, e recebe nesse mesmo ato o seu destino eterno: Céu ou Inferno. Normalmente, os que vão para o Céu, passam antes pelo Purgatório para pagar alguma pena devida, antes de se apresentar diante de Deus. Deus pode permitir, entretanto, que algumas das almas que se encontram no Purgatório, esporadicamente se revelem aos vivos, sobretudo às crianças, às vezes em sonhos, às vezes em aparições. Em geral são Anjos que tomam a aparência da pessoa morta, manifestando assim sua salvação para consolo da família e, ao mesmo tempo, reclamando orações e sufrágios por quem está sofrendo no Purgatório e quer ir logo para o Céu. Há, porém, fenômenos psicológicos – auto-sugestão, alucinações etc. – que podem induzir a criança, que está pensando muito em determinada pessoa, com base numa sombra, numa luz, etc., ter a impressão de estar vendo algo, que não passa de uma fantasia. É preciso ser muito cauto em relação a tais manifestações. É claro que elas podem propiciar ocasião para se rezar pelas almas dos falecidos. Trata-se de um ato de caridade muito agradável a Deus. Quanto à questão de almas que “vivem no escuro, e às quais não se deve acender velas”, etc., cifra-se ela à pura superstição. Não se deve levar isso em conta, continuarmos a acender as velas em sufrágio das almas que estão no Purgatório rezando com a liturgia da Igreja: “Descanso eterno dai-lhes Senhor e a luz perpétua os ilumine” (da Missa pelos Defuntos). * * *
ERRATA Na 2ª resposta de nossa seção publicada na edição anterior, à p. 10: EM VEZ DE .... em um só Corpo [ – todos os que estão em estado de graça, seja na terra, no Céu ou no Purgatório, podem satisfazer e interceder uns pelos outros, com orações, oferecimentos de Comunhões, sacrifícios, boas obras etc.]. LEIA-SE : .... em um só Corpo [ – por estarem em estado de graça, ou de glória, podem interceder uns pelos outros, beneficiando-se mutuamente e rendendo maior glória a Deus]. |
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]