quinta-feira, 3 de maio de 2012
Comunismo não é mais forma de Estado ateu?
Por Eduardo Moreira.
O advento do neo ateísmo tem tentado trazer consigo a ideia de que ateus são seres quase perfeitos e capazes de livrar o mundo de todos os males através da ciência. Para o neo ateísmo, a religião seria a origem de vários males e, portanto, o mundo seria melhor sem as religiões. É claro, o neo ateísmo, que vem bradando que ateus são intelectualmente superiores, parece ser incapaz de perceber que, assim como as religiões, ele também é uma concepção cosmológica. Aliás, seria bom o neo ateísmo começar a pensar que é potencialmente tão nocivo quanto qualquer religião, pois o simples fato de dizer que o mundo seria melhor sem as religiões já faz dele intolerante na raiz.
Os neo ateus, numa sanha voraz para justificar seu posicionamento acabam até sendo de certa forma desonestos. Como para o neo ateísmo o ateu é o homem evoluído, intelectualmente superior, os ateus não podem ter errado em nenhum momento da história. Daí vêm as tentativas mais absurdas de limpar a todo custo o nome do ateísmo mesmo onde foram notórios seus tropeços.
A tentativa mais atual de livrar a barra do ateísmo é negar que o comunismo se manifeste como um Estado essencialmente composto, por uma propaganda e proposta política alicerçada no ateísmo. Não fazem nada diferente os comunistas atuais ao tentarem dizer que o comunismo que conhecemos implantado não é de fato o comunismo, mas um regime autoritário que se travestiu de comunismo. Na verdade, essa postura não é antiga. Até pouco tempo os comunistas e ateus bradavam que o comunismo e o ateísmo tinham criado uma grande potência mundial, a URSS. Entretanto, a abertura dos arquivos da URSS deixou as pessoas de cabelo em pé e por isso querem agora a todo o custo dizer que aquilo não teve nada a ver com ateísmo ou comunismo. É claro, assumir que se fez mais de 100.000.000 de mortos não é para qualquer um e pouca gente tem honestidade pra admitir os próprios fracassos.
Atualmente os neo ateus têm dito que o comunismo enquanto ideologia se propõe a considerar a religião como uma macroestrutura de dominação, o que faz com que essa ideologia persiga as religiões tão somente por motivos políticos. Nada mais falso!
De fato, para o comunismo a religião é o ópio do povo, um inimigo a ser combatido, uma macroestrutura de dominação. Entretanto, as causas para o comunismo ter essa visão da religião são causas ateístas e é muito simples de se provar isso. Aliás, um pouquinho de honestidade já seria capaz de fazê-lo.
O comunismo é, por si, composto por uma visão materialista da história e do mundo. Isso faz do comunismo uma ideologia ateísta na raiz. Logo, o ateísmo é premissa do comunismo, pois o comunismo parte da ideia preconcebida de que Deus não existe para fazer todas suas análises. Para o comunismo, toda a história foi marcada pela exploração e pela luta de classes. Também para o comunismo não existe verdade ou moral, não no sentido de que elas não existam, mas no sentido de que serão derrubadas e superadas pelo comunismo. Para Marx, o comunismo superaria tudo o que consideramos verdade, inclusive a religião.
Ora, se o comunismo é materialista, ele nega a existência da alma e da metafísica. Não há nada além da física, logo, tudo o que existe é a matéria. E por que a religião é um ópio que precisa ser combatido? Porque a religião aparece com a promessa da vida eterna após a morte e com isso ela ludibria as pessoas impedindo-as de lutar por uma vida melhor. Ou seja, de fato o comunismo considera a religião uma macroestrutura, mas ele a considera o ópio do povo por não crer que há vida após a morte, o que é uma noção oriunda, no caso do comunismo, do ateísmo materialista. Portanto, é simples entender que por mais que a perseguição religiosa realizada pelo comunismo foi política ela teve um pano de fundo puramente ateísta porque partiu da ideia preconcebida de que não há vida após a morte.
Assim fica mais que provado que o comunismo manifestou-se como ateu, através da organização de Estado político e socialmente comunista. E que os ateus, como qualquer ser humano, podem cometer erros como de fato cometeram ao exterminar ¼ da população do Camboja e como de fato continuam cometendo em países como Cuba, Coreia do Norte e China.
Se existem ateus bons, não cabe a mim julgar. Aliás, cabe a consciência de cada um julgar isso. Fato é, não é atitude nobre, antes é vergonhosa, negar os erros de pessoas de pensamento similar. Antes de acusar as religiões de serem causadoras de desgraças o ateísmo deveria aprender com elas a pedir humildemente perdão pelos seus erros como fez o Papa João Paulo II ao pedir perdão pelos pecados dos filhos da Igreja.
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