quarta-feira, 23 de maio de 2012

LEIAM ABAIXO


Blogs e Colunistas
Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
23/05/2012
às 7:09

LEIAM ABAIXO

A CPI, Cachoeira e a Delta. Ou: A Polícia Federal brasileira, herança de Márcio Thomaz Bastos, grampeia demais e investiga de menos. Melhor para os bandidos!;
Os petistas como policiais da Internet. Ou: PT não é como colesterol e não tem versão HDL. Ou: Expulse o homem-partido de sua praia;
Márcio Thomaz Bastos. Nunca antes na história das democracias houve alguém como ele. É um ser único no mundo democrático;
O esquivo e o pensador;
Na boca da urna - Metrô de SP entra em greve amanhã;
Mantega cria o “realismo fantástico” do câmbio;
Comissão da Anistia nega indenização para Cabo Anselmo. Fez bem! Ela erra quando indeniza notórios assassinos;
A PEC do trabalho escravo e o setor escravo de um preconceito boçal;
Esperando Lewandowski - Barbosa propõe três sessões semanais para julgar mensalão;
Comissão da Anistia aprova pensão e pagamento de retroativo ao pai de ministro da Saúde;
Justiça do DF determina quebra de sigilo da Delta nacional;
Greve paralisa 70% das universidades federais;
O que foi mesmo que a VEJA publicou em novembro sobre Medeiros? Como essa revista gosta de atrapalhar a vida de certos patriotas!!!;
A justificativa ridícula de Protógenes;
Um vídeo com um achaque asqueroso e a pergunta que não quer calar: por que Protógenes escondeu a extorsão praticada por Luiz Antônio de Medeiros?;
Se Cachoeira voltar à CPI, ele vai falar? Ou: No quintal do ApeDELTA;
Requerimento de Kátia Abreu é aprovado, e sessão é encerrada;
Conselho de Ética altera data do depoimento de Demóstenes;
Cachoeira e os maxilares que esmagam ódios e traições;
Kátia Abreu diz a coisa certa! CPI não é palco para dar “audiência para bandido”;
Parlamentares estão se comportando, literalmente, como bobos da corte e trabalhando, sem querer, para Márcio Thomaz Bastos. Ponham fim à sessão, por favor!;
Luiz Inácio ApeDELTA volta a negar a existência do mensalão, a acusar o golpismo da oposição e da mídia e a atacar a Dona Zelite! Ainda haveremos de criar uma Comissão da Verdade para combater suas mentiras;
Eloquentes na CPI, tudo indica, serão apenas os silêncios de Cachoeira;
Petição pública com 20 mil assinaturas até agora pede que se inicie já o julgamento do mensalão;
Em reportagem, militante do PSTU é chamado apenas de “professor da USP” ao defender palavra de ordem do partido. Ou: Crime contra a inteligência;
Presidente da CPI emprega assessora fantasma no Senado em troca de artigos elogiosos do pai dela!!!

Por Reinaldo Azevedo
23/05/2012
às 6:50

A CPI, Cachoeira e a Delta. Ou: A Polícia Federal brasileira, herança de Márcio Thomaz Bastos, grampeia demais e investiga de menos. Melhor para os bandidos!

Neste texto, digo por que a CPI deveria ter duas subcomissões: uma para investigar a contravenção e outra para investigar a Delta. Mas PT e PMDB não querem. E também trato de um vício da nossa PF, adquirido com a passagem de Márcio Thomaz Bastos pelo Ministério da Justiça: grampeia demais e investiga de menos. Resultado: provas capengas. Analisem. Se gostarem, divulguem.
*
Assistimos ontem a um triste e previsível espetáculo na CPI. É claro que os parlamentares não têm nada com isso. Carlinhos Cachoeira, instruído por Márcio Thomaz Bastos, uma figura única nas democracias do mundo inteiro —
já expliquei por quê —, recorreu a seu direito de permanecer calado. Coube à senadora Kátia Abreu (PSD-TO) tirar o grupo da monocórdia letargia e encaminhar um requerimento para pôr fim àquela pantomima. Se Cachoeira e Bastos continuassem ali a ouvir as questões, os parlamentares seriam transformados em laranjas da defesa.
Como a CPI sai do enrosco?
Pois é… À diferença, suponho, do que escreve Elio Gaspari hoje num estranho texto chamado O Linchamento da Delta, é evidente que a resposta passa por uma ampla investigação das ações da construtora que era comandada até outro dia por Fernando Cavendish. Gaspari acha que a pobre empresa está sendo linchada. Pois é… O antes tão severo acusador de privatarias parece não ver nada de impróprio nem mesmo na operação de venda da empresa para o grupo JBS, aquele mesmo que se transformou, por obra e graça do BNDES, que decidiu financiar “players” globais, em uma espécie de semiestatal. Não parece sentir aí o cheiro da privataria. Vai ver os 30 mil empregados da Delta justificam o “S” do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e… Social…
Vocês já notaram que praticamente não há grampos que tratem das atividades que primeiro deram visibilidade ao contraventor: o jogo? Lembro-me de um só em que Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira tratam da legalização da atividade. Todos os outros se referem a obras públicas, licitações, acertos, arranjos etc. E, invariavelmente, Cachoeira e seus asseclas estão atuando em benefício da… Delta! Ocorre que, também invariavelmente, o raio de ação de Cachoeira é restrito ao Centro-Oeste. Pode até cuidar de uma questão ou outra mais geral, mas isso se devia ao fato de ter Demóstenes como um operador no Congresso.
Ainda que isso possa ofender o senso particular de lógica de Gaspari, que quer proteger a Delta do linchamento, pergunto que motivos a empreiteira teria para recorrer nos demais estados — o Rio, por exemplo — a métodos distintos daqueles empregados no Centro-Oeste. Ou por que atuaria de modo distinto nas suas relações com o governo federal. Resta evidente que a empresa apenas usou, nas áreas que estavam no raio de ação de Cachoeira, a estrutura que ele já tinha montada.
Se os governistas da CPI quisessem mesmo trabalhar a sério, ao menos duas subcomissões teriam de ser criadas: uma para analisar o Cachoeira como contraventor. Essa atividade nada tem a ver com fraudes em licitações, sobrepreços, roubo de dinheiro público etc. Trata-se um assunto específico: contravenção. Outra subcomissão teria de cuidar dos negócios da Delta e identificar onde estão os demais Cachoeiras. Aquele que vimos ontem, vênia máxima, está mais para um matuto que enricou no mundo do jogo. Tem de ser punido, sim, mas não me venham dizer que tem perfil para “capo di tutti capi”. Não mesmo! Gente assim está, de algum modo, um pouco mais preparada para a ribalta, ainda que costume atuar nas sombras. Cachoeira mal conseguiu dizer, sem ser atropelado pela falta de tarimba, o “eu me reservo o direito de permanecer calado”. Engrolava fragmentos de frase que juntávamos com boa vontade.
Sócio ou mero operador da Delta no Centro-Oeste, não importa, resta evidente que ele não é o único. Os afoitos petistas — que viram a chance de criar uma CPI para ter um “novo Arruda” na eleição de 2012 e tentar desmoralizar imprensa, Procuradoria-Geral da República e, quem sabe, um ou outro no Supremo — não se deram conta do monstro que estavam cutucando. E agora assistimos a esse frenético bater de cabeças.
Boa parte do establishment político sabe que está nas mãos de Carlinhos Cachoeira e de Fernando Cavendish. Emissários do empreiteiro, que falam em nome de um passado nem tão remoto, já estão forçando a memória de muitos, lembrando os milhões jogados em campanhas eleitorais segundo o método consagrado por Delúbio Soares: recursos não contabilizados.
O que falta
A presença de Márcio Thomaz Bastos como advogado de Cachoeira não deixa de ter seu lado irônico. Essa Polícia Federal fanática por gravações — e por vazá-las — é uma das heranças que Bastos deixou quando de sua passagem pelo Ministério da Justiça, pasta à qual está subordinado o departamento. Atenção! A PF brasileira — ou, se quiserem, a polícia brasileira — é, provavelmente, em todo o mundo democrático, a que mais grampeia pessoas. Da mesma sorte, o Judiciário brasileiro talvez seja o mais lasso na concessão de autorizações de grampo. Ainda que não fosse, os “Dadás” da vida o fazem por conta própria. E sempre há alguém interessado em comprar o material e sair divulgando por aí.
Pois bem: já cansei de conversar com juízes que me dizem que os métodos de investigação no Brasil estão se limitando a essa, se me permite, “xeretice“. Vejam o caso de Demóstenes: parece-me muito difícil que escape da cassação. Mas se produziu contra ele alguma outra prova além do festival de gravações? Vai se produzir? Caso isso não tenha acontecido, é bom saber que, na Justiça criminal, não existem punições políticas. Ora, uma polícia que se contenta em ficar gravando pessoas, sem se ocupar de produzir as provas dos crimes que as conversas sugerem, é tudo aquilo de que precisam bandidos bem-sucedidos que podem pagar bons advogados. Os policiais federais que levam a sério o seu trabalho sabem que estou tratando de um problema real. O mesmo vale para a banda boa do Ministério Público.
Dados o tempo exíguo que tem para trabalhar, o tamanho do enrosco e o número de pessoas que precisam ser ouvidas (e todas com  direito de ficar caladas…), duvido que a CPI possa avançar muito. Boa parte dos parlamentares nem mesmo teve acesso à transcrição das conversas.
Sim, meus caros, essa Polícia Federal supergravadora e supervazadora não é, necessariamente, uma polícia que combate a impunidade porque ela costuma, infelizmente, produzir poucas provas que um Bastos ou um Kakai (advogado de Demóstenes) não consigam derrubar num tribunal. O juiz, por mais indignado e convicto que esteja da culpa do réu, só vai condenar com as evidências incontestes nos autos.
O grampo  deveria ser um suplemento, um elemento a mais, o adorno e o brocado de um exaustivo trabalho de investigação. Em vez disso, tornou-se seu principal elemento — quando não é o único. A consequência disso, infelizmente, é a impunidade. Se não acreditam em mim, perguntem a experientes advogados, policiais, promotores e juízes. Eles sabem que estou certo.
Acabar com a impunidade requer muito mais do que ficar jogando para a torcida.
Por Reinaldo Azevedo
23/05/2012
às 5:31

Os petistas como policiais da Internet. Ou: PT não é como colesterol e não tem versão HDL. Ou: Expulse o homem-partido de sua praia

Leiam este texto.
*
Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT, convocou os militantes do partido a se comportar como policiais da internet. Eles não só devem usar a rede para fazer campanha para Lula como denunciar o que chama de “guerra suja”. Há até um endereço para o qual enviar mensagens consideradas ofensivas. O partido ameaça os que não rezam segundo a sua cartilha com uma indústria de ações judiciais. É uma intimidação explícita. Elas podem não dar em nada, mas tomam tempo, enchem a paciência. Diogo Mainardi sabe disso. Eu sei disso. Se eu postar num blog a existência de 40 quadrilheiros aliados de Lula é “guerra suja” ou informação prestada pelo procurador-geral da República?
Pomar quer é patrulhar as consciências. Este senhor disputou com Ricardo Berzoini a presidência do partido e chegou a fazer críticas bastante ácidas à turma que promoveu ou tolerou o mensalão. Tarso Genro, antes dele, havia até imposto condições para dirigir a legenda. Defendia a sua “refundação”. Os jornais caíram na conversa e se esmeraram em fazer infográficos distinguindo as várias correntes petistas. Nada aconteceu. Estão todos juntos porque jamais se separaram. Incluindo Delúbio Soares. O PT não é como colesterol. Não tem uma versão HDL.
“Sujo” é tudo aquilo com que os petistas não concordam. E por que a internet? Porque não há censura politicamente correta na rede, embora, claro, seus usuários estejam sujeitos às leis do país. Ocorre que Pomar não está preocupado com infrações que configurem crimes explícitos. A questão é outra. A rede mundial de computadores é o território do indivíduo - palavra e conceito que as esquerdas abominam - do homem-célula. Não há constrangimentos ditados ou por concessões públicas ou por razões de mercado.
Esclareço a referência ao mercado: hoje em dia, é preciso ser “neutro” e “isento” diante de conflitos. Ou o veículo será visto como um “radical”. É preciso falar para o maior número de pessoas possível. Ninguém sabe para que time Galvão Bueno torce. E está certo. Ele é quase um juiz do jogo, que desperta paixões. Mas será assim também na política? Será tão legítimo “torcer” para Israel quanto “torcer” para Hezbollah-Síria-Irã? Lendo alguns jornais e assistindo a certos noticiários, sou tentado ora a achar que sim, ora a considerar que criminoso mesmo é Israel, o Estado democrático que foi agredido e que está reagindo. Estes setores da imprensa também usam civis libaneses como escudo. Eles protegem a sua covardia e a justificação moral do terror.
Se o petismo está devidamente infiltrado na mídia formal (sem a qual os blogs não existem, é bom deixar claro, mas este é assunto para outro artigo); se, nas redações, disputa espaço com outras correntes de pensamento, sempre minoritárias, porque fragmentadas, a hegemonia, na rede, ainda é daquelas vertentes de pensamento que o PT classifica de “conservadoras” ou “de direita”, sinônimo, entenda-se, de “sujas”. E por que é? Um submarxista diria que é por causa da exclusão digital, uma mentira grosseira. No universo de que falo, o corte de renda não tem a menor importância.
A minha hipótese é outra. O homem-célula não se submete a nenhum ente de razão. Ele não precisa escrever, por exemplo, que “os EUA consideram o Hezbollah um grupo terrorista”, como se fosse esse um juízo de valor. O homem-célula não precisa ouvir o que pensa a Fenaj sobre o projeto que cria um cartório no jornalismo. Sei que choca o que vou escrever, mas vou escrever: o homem-célula é incompatível com a esquerda, mesmo a “vegetariana”, preocupada em salvar baleias, o mico-leão-dourado e a ararinha-azul: ou bem você acredita que um partido porta a forma e o conteúdo do futuro e, então, põe a sua inteligência a serviço dessa construção, ou bem exerce a sua liberdade.
Pomar comete o equívoco de supor que pessoas livres são necessariamente antipetistas. Opa! Esperem aí: ocorre-me que ele pode estar certo. E, nesse caso, estamos todos correndo um grande risco.
Voltei
Leram? Esse texto, deste escriba, que está no livro “O País dos Petralhas”, foi publicado, ATENÇÃO!, no dia 22 de julho de 2006 no jornal “O Globo”. Até eu fico um pouquinho impressionado, hehe. Ali já anuncio a disposição do PT para patrulhar a rede — eles profissionalizaram essa atividade mais tarde — e o inconformismo da turma com o fato de que aqueles que chamavam “direita” estivessem mais presentes no debate.
Se quiserem saber, estavam e estão. Por isso mesmo, além dos policiais da Internet — que ficam molestando e trollando nas redes sociais os que criticam o partido —, criou-se também o JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista). Achando que isso é pouco, recorrem ainda a perfis falsos no Twitter e a robôs para espalhar as verdades eternas do partido.
A razão de ser da Internet, no que diz respeito à comunicação, é isso que chamo de homens-célula, os indivíduos. Para combatê-los, os petistas criaram o “homem-partido”, que fala em nome de um ente. Esse “homem-partido” das redes sociais tem de ser combatido porque, antes de mais nada, ele frauda aquela que é uma conquista dos indivíduos: o direito de ter a sua própria voz!
Expulse o homem-partido da sua página, dos seus grupos de relacionamento, dos seus bate-papos. Só aceite falar com indivíduos!
Por Reinaldo Azevedo
23/05/2012
às 5:29

Márcio Thomaz Bastos. Nunca antes na história das democracias houve alguém como ele. É um ser único no mundo democrático

Olhem aqui: todos têm direito a um advogado. É fundamento do estado de direito. Ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo ou a se autoincriminar. É outro fundamento do estado de direito. Advogados criminalistas não devem atender apenas freirinhas do convento das carmelitas descalças e probos professores de educação moral e civismo. Muito provavelmente eles não precisem de… advogados criminalistas. Isso também é um apanágio do estado de direito.
Márcio Thomaz Bastos é, sem dúvida, um dos maiores criminalistas do país. Fez fama e grande fortuna nesse ramo. Que o advogado provavelmente mais rico do país atue justamente na área criminal, eis um emblema da vida pública brasileira, não é? Ao mesmo tempo, Bastos sabe cuidar de sua reputação politicamente correta. O militante lulo-petista falou, por exemplo, como “amicus curiae” no STF em defesa das cotas raciais. Curiosamente, pronunciava-se em nome da Associação dos Advogados Afrodescendentes. Adiante.
Não! Não serei eu aqui a julgar doutor Márcio em razão da qualidade de seus clientes. Isso não faz sentido. Seria o mesmo que dizer que o estado se torna copartícipe de crime quando nomeia, por força de lei, um defensor para o pior dos homicidas. O ponto definitivamente não é esse.
O problema de Márcio Thomaz Bastos não é sua expertise de criminalista, mas a sua inserção na vida política. Eu duvido que exista em qualquer outra democracia do mundo alguém como ele. É militante partidário; é um dos principais conselheiros e interlocutores de Lula (dentro e fora do poder formal) — o mesmo Lula que tenta, a todo custo, manipular a CPI; foi ministro da Justiça; guarda os arcanos da República e do PT…
Essa condição lhe rendeu hoje, durante a CPI do Cachoeira, muitos elogios, salamaleques e rapapés. Ora, foi durante a sua gestão no Ministério da Justiça, com a Polícia Federal sob o seu comando, que se estabeleceu no país a República do Grampo. Foi sob o seu comando que setores da PF decidiram brincar de luta de classes, com algumas operações espetaculosas para demonstrar que “os ricos também choram”. Sob os seus auspícios, prisões, digamos, midiáticas ganharam o noticiário. O preso poderia até ser solto logo depois, mas a notícia já estava garantida. E se criou então um mito: acabou a impunidade, acabou a festa!
Acabou? Como criminalista no Ministério da Justiça, foi dele a tese de que mensalão era mero caixa dois de campanha. O esquema Delta, diga-se, tem tudo para ser um mensalão de dimensões pantagruélicas. Não venham me dizer que devemos encarar como coisa corriqueira o fato de Dr. Márcio ora estar de um lado do balcão, tentando coibir o crime, ora estar do outro, oferecendo seus préstimos profissionais a criminosos. Não há nada de errado numa coisa. Não há nada de errado na outra. Uma e outra são parte do jogo democrático. Quando as duas condições, no entanto, se juntam num homem só, há algo de errado é na República.
Consta que a defesa de Cachoeira custará R$ 15 milhões ao contraventor. 99,9% dos criminalistas brasileiros — na verdade, dos advogados — não ambicionam receber isso ao longo de, sei lá, 10 ou 15 anos; uma vida, quem sabe? Por isso, claro!, parabéns ao doutor Márcio. Mas não o parabenizo, não!, por ser, a um só tempo, um homem que domina segredos de estado e do principal partido do poder e também o advogado de um criminoso que tem relações íntimas com essas duas instâncias.
Se os parlamentares quiserem elogiar o criminalista, fiquem à vontade. Se quiserem elogiar o ex-ministro da Justiça, vá lá. As duas coisas no mesmo discurso? Aí não! Isso é mais sintoma de um problema do que motivo para regozijo. De resto, dado o perfil, não será doutor Bastos a estimular Cachoeira a dizer tudo o que sabe justamente contra o grupo de poder e a corrente ideológica que fazem do advogado a mais fina flor do pensamento dito ”progressista e de esquerda” do Brasil.
Vejam que coisa: Márcio Thomaz Bastos detém hoje segredos de estado (foi ministro de uma das pastas mais importantes), segredo do PT e segredos do Cachoeira. Tudo isso e, consta, mais R$ 15 milhões só nessa causa. O Brasil que ele sempre disse que queria mudar tem sido muito generoso com ele.
Texto publicado originalmente às 17h50 desta terça
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 21:41

O esquivo e o pensador

Carlinhos Cachoeira e Márcio Thomaz Bastos durante sessão da CPI. É a imagem do dia. Silêncio eloquente
Carlinhos Cachoeira e Márcio Thomaz Bastos durante sessão da CPI. É a imagem do dia. Silêncio eloquente
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 21:30

Na boca da urna — Metrô de SP entra em greve amanhã

Por Caio do Valle, do Jornal da Tarde, no Estdão Online:
O sindicato dos metroviários decidiu que vai entrar em greve nesta quarta-feira, 23, por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleia realizada na noite desta terça-feira, 22, após uma audiência de conciliação com o Metrô. Segundo a assessoria de imprensa do sindicato, 100% dos metroviários irão aderir ao movimento de paralisação a partir da 0h de quarta-feira. Parte dos ferroviários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) também devem aderir à greve. “Estamos num momento histórico”, afirmou o presidente do sindicato dos metroviários, Altino dos Prazeres Melo.
Após terminar sem acordo a audiência de conciliação entre o sindicato dos metroviários e representantes do Metrô de São Paulo no Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região, no centro, a desembargadora Anélia Li Chum determinou que 100% dos metroviários deverão trabalhar amanhã nos horários de pico, ou seja, das 5h às 9h e das 17h às 20h.
Nos demais horários, a categoria terá que colocar no mínimo 85% dos funcionários para trabalhar. Em caso de descumprimento da decisão, o sindicato fica sujeito a multa diária de R$ 100 mil. Pela decisão, os metroviários também ficam proibidos de realizar catraca livre, como havia sido aventado por alguns integrantes da categoria. O sindicato ainda não foi encontrado para comentar o assunto.
Os metroviários pedem reajuste salarial de 5,13%, 14,99% de aumento real, vale alimentação de R$ 280,45 e reajuste de 23,44% para o vale refeição. A Linha 4-Amarela, operada pela iniciativa privada, deverá funcionar normalmente, informou a concessionária ViaQuatro. Em nota, a Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos informou que “mantém canal de diálogo aberto com as entidades sindicais representativas dos funcionários da CPTM e do Metrô” e que “a proposta feita às duas categorias é de reajuste com reposição integral da inflação mais 1,5% de aumento real a partir das respectivas datas-base”.
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 21:22

Mantega cria o “realismo fantástico” do câmbio

Por Carolina Freitas, na VEJA Oline:
Desde quando o dólar bateu na casa dos 2 reais, em 15 de maio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, só quer saber de comemorar o câmbio “conveniente”, nas palavras dele, para o Brasil. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça, ele retorceu dados e saiu-se com uma pérola do reducionismo: “Quando há uma valorização de 20% do dólar, significa que o Brasil está 20% mais competitivo”.   Em suma, na visão do ministro, basta uma mudança no câmbio para o país, como que por mágica, ter produtos melhores e mais baratos para brigar nos mercados internacionais.
Um real enfraquecido, de fato, tem o poder de estimular exportações e coibir importações, mas não transforma a capacidade produtiva, nem gera eficiência. Por outro lado, um câmbio apreciado apenas escancara o grau de competitividade de uma nação. Se ele é baixo, ficará ainda pior com uma moeda forte. Ao reiterar sua comemoração do dólar mais forte, Mantega apenas mostra sua disposição em não fazer nada para atacar as profundas deficiências que, essas sim, minam a competitividade do país.
Autoelogio
O ministro associou a valorização do dólar às medidas econômicas lançadas pelo governo nos últimos meses, como, por exemplo, a extensão do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% sobre os empréstimos externos para captações com vencimentos em três anos. Ainda que o mercado reconheça a influência dessas ações, a recente alta da divisa também responde à apreciação global da moeda americana e à especulação no mercado doméstico.
Na versão de Mantega, o dólar responde tão somente à atuação destemida do Planalto: “Muitos países, sobretudo a China, vinham manipulando seu câmbio havia mais de vinte anos. Como eles eram pobres, nós tolerávamos. Mas agora tivemos de reagir”, gabou-se.
Indústria
O ministro da Fazenda minimizou os impactos negativos da alta do dólar para alguns setores da indústria. “Todo remédio tem seu efeito colateral, mas não é por isso que você deixa de tomar o remédio”.
Mantega deu, por fim, sua visão particular sobre o processo de desindustrialização do Brasil, que, para ele, não existe. “Há um enfraquecimento da indústria no mundo; um processo natural de terceirizar atividades da indústria e fazer com que elas virem serviço.”
O movimento, de fato, existe no mercado internacional há muitos anos. Basta ver que os Estados Unidos e a Europa transferiram boa parte da capacidade de produção industrial ao Sudeste Asiático. Esse movimento, entretanto, não justifica por inteiro o atual quadro lamentável da indústria brasileira.
Existem fatores a penalizar o setor industrial que ele, há muitos anos, faz questão de ignorar. São deficiências que minam a competitividade da economia brasileira e que caberia ao governo atacar por meio de reformas, tais como a infraestrutura deficiente, baixa qualificação da mão de obra, uma carga tributária pesada, juros altos, entre outros fatores.
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 21:10

Comissão da Anistia nega indenização para Cabo Anselmo. Fez bem! Ela erra quando indeniza notórios assassinos

Deu o óbvio. A Comissão da Anistia negou por unanimidade o pedido de indenização feito por José Anselmo dos Santos, o “Cabo Anselmo”, que atuou como agente duplo durante o regime militar. Ele se tornou conhecido por liderar a chamada “revolta dos marinheiros” em março de 1964. O fato é considerado um dos elementos que desfecharam o golpe de 31 de março daquele ano.
Anselmo admite abertamente, a exemplo do que fez em recente entrevista ao programa Roda Viva, que atuou como informante do regime, mas diz que só assumiu esse papel em 1971. Nilmário Miranda, relator do seu caso, sustentou nesta terça que ele já atuava a serviço dos militares desde 1964. Segundo seu advogado, ele não tinha escolha. É claro que é balela!
Eu acho que Anselmo merecia indenização??? É brincadeira, né? Claro que não!!! Nem pra ele nem para um monte de pilantras que usam a Comissão da Anistia para encher os bolsos. O que pergunto, e não vou desistir, é por que notáveis assassinos já lotaram as burras com o dinheiro público, sob os auspícios dessa comissão.
Quando se é de extrema esquerda, um cadáver pode virar um dia uma poupança, um investimento no futuro?
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 20:48

A PEC do trabalho escravo e o setor escravo de um preconceito boçal

A Câmara aprovou, por 308 votos a 29, a chamada PEC do Trabalho Escravo, que prevê a expropriação de propriedades caso se constate a existência de “trabalho escravo”. Já escrevi fartamente sobre isso aqui. Vejam que curioso: o texto não discrimina propriedade urbana de rural. Vale para os dois casos. Não obstante, ao noticiar a aprovação, o jornalismo não tem dúvida: informa que foi aprovada a PEC que prevê a “expropriação de terras”.
O que isso significa? Que as propriedades urbanas só foram incluídas na PEC como tributo que o vício presta à virtude. O que se quer é mais um instrumento para pressionar esses que a imprensa chama “ruralistas”. Nunca antes na história destepaiz uma categoria tão importante para o país foi tão satanizada. Alguém aí imagina as oficinas de costura que exploram a mão de obra barata dos bolivianos sendo expropriadas? Ora… Há dias, uma empreiteira que ergue casas do programa “Minha Casa, Minha Vida” foi acusada pelo Ministério Público do Trabalho de explorar trabalho “semelhante à escravidão”. Ela seria expropriada? Até parece!
O texto volta para o Senado, onde se espera que haja uma regulamentação caracterizando o que é “trabalho escravo”. Qual é o busílis? As normas que regulamentam, por exemplo, o trabalho rural têm 252 itens. O “trabalho semelhante à escravidão” virou matéria de arbítrio da fiscalização. O simples descumprimento de quatro ou cinco regras já pode jogar o proprietário nessa categoria. Ou se estabelece o que é trabalho escravo, ou tudo passa a ser possível.
A PEC do trabalho escravo é mais uma evidência de que um setor da economia — o agropecuário — é escravo de um preconceito boçal.
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 20:22

Esperando Lewandowski — Barbosa propõe três sessões semanais para julgar mensalão

Por Felipe Seligman, na Folha Online:
O julgamento do mensalão acontecerá durante as tardes de segundas, quartas e quintas e deve levar um mês para ser julgado. A proposta dos três dias foi feita na noite desta terça-feira pelo relator da ação, ministro Joaquim Barbosa. O Supremo se reuniu nesta terça-feira, em sessão administrativa extraordinária para discutir, entre outros pontos, a formatação desse julgamento, por se tratar de um caso que envolve 38 réus. Após a reunião, o presidente do tribunal, Carlos Ayres Britto, chegou a dizer que está “praticamente batido o martelo” em relação à proposta de Joaquim Barbosa.
O início da análise do mensalão ainda não tem data para acontecer. Para que isso aconteça, ainda é necessário que o ministro Ricardo Lewandowski libere sua revisão sobre o caso.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 20:17

Comissão da Anistia aprova pensão e pagamento de retroativo ao pai de ministro da Saúde

Por Demétrio Weber, no Globo:
A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça aprovou nesta terça-feira, por unanimidade, a condição de anistiado político de Anivaldo Pereira Padilha, de 71 anos. Ele terá direito a receber mensalmente R$ 2.484,00, além do pagamento retroativo de R$ 229,3 mil. Anivaldo é pai do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ligado à Igreja Metodista de São Paulo, ele foi preso e exilado na década de 70 por sua participação na Ação Popular (AP), organização de esquerda que lutava contra o regime militar.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 20:08

Justiça do DF determina quebra de sigilo da Delta nacional

Por Roberto Maltchik, no Globo Online:
A quinta vara do Tribunal de Justiça do Distrito Federal determinou na noite desta terça-feira a quebra do sigilo bancário das contas da Delta nacional. O pedido foi feito pelo Ministério Público do Distrito Federal, que investiga as relações entre a empresa e o grupo do contraventor, em negócios com o governo local. A quebra de sigilo é um desdobramento da Operação Saint Michel, que resultou na prisão de Cláudio Abreu e outras quatro pessoas.
Mais cedo, o relator da CPI do Cachoeira, que investiga a relação do contraventor com políticos e empresários, Odair Cunha (PT-MG), afirmou que o ex-diretor da Delta Centro-Oeste, Cláudio Abreu, recebeu uma procuração da direção nacional da Delta para movimentar contas gerais da construtora, que abasteceram empresas de fachada usadas pelo grupo do contraventor. Segundo Odair Cunha, a procuração indica que a direção nacional, inclusive o ex-presidente Fernando Cavendish, conheciam as transações operadas por Cláudio Abreu, em nome do grupo de Cachoeira, e reforçam a necessidade da quebra dos sigilos bancário e fiscal das principais contas da empreiteira.
- Se identificou que na Delta nacional, ela autorizou que Cláudio Abreu movimentasse contas da Delta nacional, através de procuração. Há um indicio forte de que toda a diretoria e a presidência da Delta tinham ciência e consentiu com o movimento de Cláudio Abreu. As contas da Delta Nacional, por meio de Cláudio Abreu, foram instrumento de transferência de dinheiro para empresas em nome de laranjas ou empresas ligadas à organização criminosa. Na medida em que se identifica uma conta dessa forma, claro que tem que ter alguém que deu a procuração para que Cláudio Abreu fizesse essas movimentações - explicou o relator.
Dados da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, mostram que a Delta destinou R$ 39 milhões para as contas de empresas de fachada, como a Brava Construções e a Alberto e Pantoja, que pagaram despesas da organização e até mesmo fizeram doações de campanha a parlamentares.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 19:53

Greve paralisa 70% das universidades federais

Professores realizam assembleia na Universidade Federal de Pernambuco e decidem em favor da paralisação (Folhapress)
Professores realizam assembléia na Universidade Federal de Pernambuco e decidem em favor da paralisação (Folhapress)
Na VEJA Online:
Um balanço divulgado nesta terça-feira pelo Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (Andes) mostra que 41 das 59 universidades federais brasileiras paralisaram suas atividades. Isso significa que os professores de mais de dois terços das instituições estão de braços cruzados. Dois institutos federais de educação também anunciaram greve.
A região Sudeste é a que registra o maior número de instituições paralisadas: 15 universidades, além de um instituto. Em seguida, está a região Nordeste, com 11 universidades e um instituto. No Norte, oito universidades estão sem aula e no Sul, quatro. No Centro-Oeste, três instituições aderiram à greve.
Nesta terça-feira, as universidades federais do Pampa (Unipampa), Fluminense (UFF) e de Alfenas (Unifal) interromperam suas atividades. No início da tarde a federal de São Paulo (Unifesp) e do Rio de Janeiro (UFRJ) também pararam.
Os professores reivindicam um plano de reestruturação da carreira, que teria sido prometido pelo governo federal para março deste ano. Entre as reivindicações, está a redução de níveis de remuneração (de 17 para 13), variação de 5% entre os níveis e um salário mínimo para a carreira de 2.329,35 reais referente a 20 horas semanais (atualmente, esse valor é de 1.597,92 reais). Os professores pedem também melhores condições de trabalho e infraestrutura.
Por meio de nota, o Ministério da Educação (MEC) afirmou que o reajuste salarial de 4% — acertado com as entidades do setor em agosto de 2011 — está garantido por medida provisória, publicada no último dia 14 no Diário Oficial da União. O reajuste será retroativo ao mês de março. Já com relação ao plano de carreira dos professores e funcionários, o MEC diz que a negociação prevê a aplicação da medida somente em 2013.
Confira a lista completa de universidades que estão total ou parcialmente paralisadas:
Região Norte
- Universidade Federal do Amazonas
- Universidade Federal de Rondônia
- Universidade Federal de Roraima
- Universidade Federal Rural do Amazonas
- Universidade Federal do Pará
- Universidade Federal do Oeste do Pará
- Universidade Federal do Amapá
- Universidade Federal do Acre
Região Nordeste
- Universidade Federal do Maranhão
- Universidade Federal do Piauí
- Instituto Federal do Piauí
- Universidade Federal do Semi-Árido
- Universidade Federal da Paraíba
- Universidade Federal de Campina Grande
- Universidade Federal Rural de Pernambuco
- Universidade Federal de Alagoas
- Universidade Federal de Sergipe
- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
- Universidade Federal do Vale do São Francisco
- Universidade Federal de Pernambuco

Região Sul
- Universidade Federal do Paraná
- Universidade Tecnológica Federal do Paraná
- Universidade Federal do Rio Grande
- Universidade Federal do Pampa

Região Sudeste
- Universidade Federal do Triângulo Mineiro
- Universidade Federal de Uberlândia
- Universidade Federal de Viçosa
- Universidade Federal de Lavras
- Universidade Federal de Ouro Preto
- Universidade Federal de São João Del Rey
- Universidade Federal de Juiz de Fora
- Universidade Federal de Alfenas
- Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
- Instituto Federal de Minas Gerais
- Universidade Federal do Espírito Santo
- Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
- Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
- Universidade Federal Fluminense
- Universidade Federal do Rio de Janeiro
- Universidade Federal de São Paulo

Região Centro-Oeste
- Universidade Federal do Mato Grosso
- Universidade Federal de Goiás

- Universidade de Brasília

Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 19:43

O que foi mesmo que a VEJA publicou em novembro sobre Medeiros? Como essa revista gosta de atrapalhar a vida de certos patriotas!!!

Os dois posts abaixo tratam de um flagrante asqueroso de extorsão envolvendo o ex-deputado Luiz Antônio de Medeiros, que foi secretário das Relações do Trabalho do governo Lula, na gestão do então ministro Carlos Lupi. Em novembro do ano passado, VEJA — como esta revista gosta de atrapalhar a vida dos patriotas, Deus meu! — publicou uma reportagem sobre cobrança de propina no Ministério do Trabalho. Protagonista: Medeiros! E olhem que o denunciante não era, assim, alguém que o petismo pudesse chamar “golpista”. Era um cutista. Releiam post publicado aqui no dia 26 de novembro.
*
Sindicalista denuncia: turma de Lupi pediu R$ 1 milhão para aceitar registro de novo sindicato; outros foram achacados; esquema não se limita a ONGs
Pois é… A presidente Dilma Rousseff decidiu esconder Carlos Lupi debaixo do tapete, fazendo mau uso da vassoura. O previsto é que o homem fique ao menos até a reforma ministerial de janeiro. Raramente Brasília assistiu a um espetáculo tão patético como a sucessão de mentiras em que o ministro foi flagrado. Agora, as coisas se complicam um tantinho mais — para Lupi, claro!, mas também para Dilma e, ora vejam, para Luiz Inácio Lula da Silva. A acusação não parte de um “inimigo do governo”. Ao contrário. Quem sustenta que a turma de Lupi cobra propina para reconhecer sindicato é um… sindicalista ligado ao PT! Acusação feita agora, só para tentar tomar o ministério do PDT? Pois é, não!
Isso que vocês vêem abaixo são fragmentos de um documento que o mecânico Irmar Silva Batista enviou à presidente Dilma Rousseff em fevereiro deste ano denunciado o achaque. Lula também foi advertido quando presidente.
denuncia-lupi-dilma
Leiam trecho da reportagem de Hugo Marques na VEJA desta semana.

(…)
Descobre-se agora que o governo foi advertido sobre as traficâncias no ministério muito antes de eclodir o primeiro escândalo. Há nove meses, sindicalistas ligados ao PT alertaram o Palácio do Planalto sobre a existência de um esquema de extorsão envolvendo assessores da confiança do ministro [Carlos Lupi]. Um esquema que tinha como vítimas não apenas as ONGs, como revelado por VEJA há um mês, mas também os sindicatos. Essa nova face da máquina clandestina operada pela cúpula do PDT funcionava de uma forma bem simples: no Ministério do Trabalho, registro sindical era concedido mediante o pagamento de propina. O mecânico Irmar Silva Batista foi uma das vítimas dessa engrenagem. No papel, ele conseguiu criar o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos e Acessórios no Estado de São Paulo (Sirvesp). Irmar garante ter apresentado toda a documentação necessária para transformar o sindicato em realidade. Depois de registrar o CNPJ na Receita Federal, bateu à porta do ministério para concluir o processo.
Foi justamente aí que esbarrou em dificuldades. Ele descobriu que o processo de registro estava à margem da lei. Para ter prosseguimento, precisava ser acompanhado do pagamento de pedágio. Em 2008, Irmar foi tratar do assunto com o então secretário de Relações do Trabalho do ministério, Luiz Antonio de Medeiros, um dos fundadores da Força Sindical, entidade intimamente ligada ao PDT. Antes que a conversa ganhasse corpo, Medeiros o levou à sala do assessor Eudes Carneiro. O Medeiros disse o seguinte: ‘Irmar, o que o Eudes acertar está acertado’.”
Era o prenúncio do achaque. O mecânico conta que estranhou o comportamento de Eudes. “Ele pediu que a gente desligasse os celulares.” Era a iminência do achaque. Em seguida, ele pediu 1 milhão de reais para liberar o registro do sindicato.”
(…)

Leia a íntegra na reportagem da revista impressa. VEJA traz também uma entrevista com Irmar, de que reproduzo um trecho:
(…)
O senhor fala em esquema, o que sugere que seu caso não foi o único.
Vários sindicatos foram extorquidos, mas o pessoal tem medo de aparecer. Há outros sindicatos que também foram vítimas disso, que aceitaram pagar propina.
O senhor denunciou a mais alguém a corrupção no ministério?
Na época eu mandei carta para o presidente Lula. Mandei agora para a presidente Dilma, mandei para a Advocacia-Geral da União. Avisei o governo em fevereiro. Falei para todos que um dia a casa ia cair no ministério.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 19:35

A justificativa ridícula de Protógenes

A justificativa do agora deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP) para ter deixado em paz o então deputado Luiz Antônio de Medeiros é ridícula (ver post anterior). Segundo ele, Medeiros estava apenas fingindo aceitar a propina para ver até onde Law Kin Chong poderia ir.
Ainda que isso fosse verdade, seria uma aberração! Não caberia a um deputado, que preside uma CPI, induzir terceiros a crime. De todo modo, quem acredita nisso? Sem contar que Medeiros tem um currículo, de que trato no post seguinte.
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 18:41

Um vídeo com um achaque asqueroso e a pergunta que não quer calar: por que Protógenes escondeu a extorsão praticada por Luiz Antônio de Medeiros?

Vocês têm estômago forte? Estão preparados para ver algo asqueroso, nojento mesmo? Abaixo, segue um post publicado pelo jornalista Fábio Pannunzzio no Blog do Pannunzzio.  Assistiremos ao ex-deputado Luiz Antônio de Medeiros, ex-secretário das Relações de Trabalho do governo Lula,  extorquindo, de maneira inequívoca, o contrabandista Law Kin Chong.
Importante: lembram-se de um certo delegado chamado Protógenes Queiroz, hoje deputado pelo PCdoB-SP? Ele investigou esse caso, teve acesso a essa fita, mas transformou o extorquido, Law Kin Chong, em corruptor ativo. E manteve intocado Luiz Antônio de Medeiros, que praticava a extorsão. Chong é um santo? Ora, a pergunta só pode ser brincadeira. O ponto não é esse. Ocorre que Medeiros presidia justamente a CPI que deveria investigá-lo. Em vez de se dedicar a combater as safadezas, cobrou benefícios para livrar a cara do outro. Vejam o filme. Em seguida, o texto de Pannunzzio. Volto para encerrar.


Escreve Pannunzzio:
O vídeo acima deve ser visto com reserva. Foi produzido pelos advogados do empresário Law Kin Chong, apresentado ao País como o maior contrabandista brasileiro há oito anos. Ele é dono de vários “shoppings populares” em São Paulo - inclusive do maior deles, a Galeria Pajé. Os imóveis que Law aluga ou subloca são utilizados para a venda de muamba eletrônica no varejo. Law diz que apenas administra os imóveis, que não tem nada a ver com a distribuição do contrabando. Mas já foi condenado e preso por descaminho e evasão de divisas.
A importância dessas imagens é dada justamente pelo fato de que elas jamais foram reveladas integralmente. Elas fazem parte do inquérito instaurado pela Polícia Federal para apurar os crimes imputados ao comerciante sino-brasileiro e deram causa à prisão de Law Kin Chong por supostamente tentar subornar Luiz Antônio Medeiros em 2007. Naquele ano a Câmara Federal havia criado e instalado a CPI da Pirataria, presidida por Medeiros.
As cenas agora publicadas ampliam o que já se sabia do caso - e mostram como o delegado que conduzia a investigação, o agora deputado Protógenes Queiroz, se utilizou de provas que poderiam ter colocado Medeiros na cadeia para prender a vítima de extorsão praticada pelo parlamentar.
Assim que o contrabandista caiu nas malhas da Comissão Parlamentar de inquérito, três emissários do deputado começaram a assediá-lo com ofertas pornográficas para que ele saísse impune do processo. Um dos assessores de Medeiros chegou a criticar o chefe, que estaria pedindo pouco dinheiro para livrar a cara de Law - 500 ou 600 mil reais apenas, contra uma estimativa do restante da quadrilha de assessores de que a armação poderia render pelo menos R$ 3 milhões.
Esses assessores provocaram uma reunião entre Medeiros e Law num hotel em Araraquara, no interior de São Paulo. O vídeo que publico agora revela o que ocorreu na conversa. Dele, a única parte conhecida pela opinião pública (por meio de vazamentos seletivos para uma rede de televisão chamada a participar da coleta da prova) era o trecho em que Law pede a Medeiros que divida o suborno em quatro ou cinco prestações.
O material foi gravado por uma equipe da Polícia Federal, que o utilizou como prova de que o contrabandista havia tentando atrapalhar os trabalhos da CPI e livrar-se de ser citado no relatório final. Mas o que se vê é um afoito Medeiros regateando o valor e as condições do pagamento do suborno de R$ 1,5 milhão. Pelo que se pode depreender da cena, é o deputado quem pede dinheiro ao contrabandista, e não o contrário.
O Blog teve acesso à íntegra das gravações e vai publicá-las assim que for possível fazer a transcodificação do material, que é extenso e demandaria dias de upload para serviços como o Youtube. Ela não tem outro valor a não ser repor elementos de uma verdade histórica que ficou sepultada pelo lixo processual produzido ao final da CPI da Pirataria, transformada em instrumento de chantagem contra os que pretendeu investigar.
Luiz Antônio Medeiros já viveu seu ocaso político. A esperteza do parlamentar, no passado celebrado como o criador do neopeleguismo conhecido como “sindicalismo de resultado”, lhe valeu o banimento da vida pública pela vontade do eleitor.
Faltava ainda discutir o papel que coube ao delegado. Até hoje não está claro por que Protógenes Queiroz preferiu transformar uma vítima de extorsão em corruptor ativo sem molestar o verdadeiro criminoso - o deputado que o extorquia.
Voltei
Como se vê, Protógenes — o preferido de Paulo Henrique Amorim e dos “blogs sujos” em geral (eles próprios se chamam assim, cheios de orgulho) — está convicto de que pode atuar, vamos dizer, nos dois polos dos processos criminais. Já foi pescado em conversas com a turma de Cachoeira — e não para fazer reportagens, claro! Como a gente vê, à diferença dos jornalistas, ele não é do tipo que torna público tudo o que apura… No entanto, está na CPI, posando de grande moralista.
Agora, vem a público este escândalo. Como é que tendo em mãos o que vai acima, Protógenes teve o desplante de livrar a cara de Medeiros? O que o terá convencido a agir desse modo? Daqui a pouco este senhor escreve lá em seu blog, naquela língua que lembra o português às vezes, que tudo não passa de uma conspiração da “mídia golpista” contra ele…
O que tem Protógenes a dizer sobre a eloquência incontestável desse vídeo? Nada! O “ínclito” Protógenes, como o chama o não menos “ínclito” Paulo Henrique Amorim, está combatendo a “mídia golpista”…
Vocês sabem onde essa gente toda deveria estar, não? Na cadeia!
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 16:58

Se Cachoeira voltar à CPI, ele vai falar? Ou: No quintal do ApeDELTA

Se o bicheiro Carlinhos Cachoeira voltar à CPI, ele vai falar? Duvido! A menos que decida selecionar os alvos, obedecendo a uma estratégia de defesa, ditada pelo seu advogado. De todo modo, não creio muito nisso, não. Se a comissão quiser avançar, terá de ser por intermédio da investigação. E, obviamente, há caminhos que podem desobstruir a apuração. Um deles, o principal, é a quebra do sigilo nacional da Delta.
Há pouco, o deputado petista Paulo Teixeira (SP) concedia uma entrevista à GoboNews. Fica clara a sua rejeição — e a do PT — a essa linha de investigação. O partido quer, contra todas as evidências, fingir que o problema se restringe à atuação de um contraventor, eventualmente associado à Delta em alguns de seus negócios.
Não! Trata-se rigorosamente do contrário. O nome do esquema é “Delta”, e Carlinhos Cachoeira era só o operador local da empresa. Há outros espalhados Brasil afora.
Insisto, pois, no que é evidente. Há dois terrenos de investigação. Um deles diz respeito às ações de um bicheiro local, de um contraventor com influência regional — no Centro-Oeste. Ele e os parlamentares que cooptou têm de pagar por isso. O outro e mais importante é, repita-se, a Delta, de que Cachoeira é mero estafeta local. E isso, já está evidente, o PT não quer investigar. Por quê? Porque a Delta explode, necessariamente, dentro do Palácio do Planalto, na gestão do ApeDELTA.
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 16:41

Requerimento de Kátia Abreu é aprovado, e sessão é encerrada

O requerimento da senadora Kátia Abreu (PSD-TO) foi aprovado, e a sessão da CPI foi encerrada. Foi o que defendi aqui, também, como sabem no primeiro post que escrevi a respeito nesta terça à tarde. Recorrendo às palavras de Kátia, os parlamentares não podem ficar ali, servindo de massa de manobra e de plateia de “bandido”. Da forma como as coisas se encaminhavam, os únicos a ganhar com a continuidade do depoimento eram o próprio Cachoeira e seu advogado, Márcio Thomaz Bastos.
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 16:03

Conselho de Ética altera data do depoimento de Demóstenes

No Globo:
O Conselho de Ética alterou a data do depoimento de Demóstenes Torres (sem partido-GO) no processo contra o senador por quebra de decoro parlamentar. O depoimento acontecerá na próxima terça-feira, dia 29, a partir das 9h30m. Anteriormente, estava marcado para o dia 28, às 18h.
O advogado do senador Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que Demóstenes irá comparecer mas fez um apelo ao colegiado para o cumprimento de alguns pedidos, como por exemplo, a perícia nos áudios das gravações entre Cachoeira e Demóstenes. Segundo Kakay, peritos contratados pela defesa constataram que parte dos diálogos foram “suprimidos e alterados”.
” O pedido da ampla defesa tem que ser respeitado. Temos peritos dizendo que as provas técnicas foram alteradas”, disse o advogado, referindo-se a conversa de Demóstenes sobre o pagamento de R$ 3 mil por um frete de avião.
O relator do processo no conselho, senador Humberto Costa (PT-PE), disse que vai analisar o pedido, mas lembrou que o julgamento no Conselho de Ética é político. “Uma coisa é certa, o tratamento que damos no Conselho de Ética é que o julgamento é político. Não temos necessidade de provas consolidadas. Avaliamos se o senador quebrou ou não o decoro. Mas estou analisando ainda o pedido da defesa”, afirmou.
O advogado Ruy Cruvinel Neto, arrolado pela defesa do senador goiano, não compareceu ao depoimento no conselho na manhã desta terça-feira. Conforme já era esperado, ele justificou razões “pessoais e familiares”. O advogado não era obrigado a prestar depoimento já que recebeu um convite. Humberto Costa disse que o não comparecimento de Cruvinel Neto traz prejuízos unicamente a Demóstenes.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
22/05/2012
às 15:44

Cachoeira e os maxilares que esmagam ódios e traições

Já está claro que, por enquanto, Carlos Cachoeira não vai falar nada. Márcio Thomaz Bastos, seu advogado, estava usando a sessão para conhecer quais eram as preocupações e a linha de inquirição dos parlamentares. Não parece que tenha chegado a hora de Cachoeira detonar as várias bombas que certamente tem guardadas.
Mas não é preciso muita argúcia para perceber que ele é, como na música de Chico Jabuti, “um pote até aqui de mágoa”. Muitos quilos mais magro, está abatido. Quando levanta o rosto e encara os parlamentares, nada há de contrito em seu olhar. Ao contrário: é severo e autoconfiante. Ali está o senhor de muitos segredos. Notam-se os maxilares contraídos, tensos, esmagando ódios e traições.
O mais impressionante é que Cachoeira, se vocês pensarem bem, tem a faca e o queijo na mão. Sendo quem é e tendo se enfronhado, como se enfronhou, no sistema político, pode, se quiser, continuar a fazer negócios.
Por Reinaldo Azevedo


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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]