quinta-feira, 31 de maio de 2012

Maio, Mês de Maria - Fazer-se Criança no Amor a Deus



Maio, Mês de Maria - Fazer-se Criança no Amor a Deus


Consideremos atentamente este ponto. Pode ajudar-nos a compreender coisas muito importantes, já que o mistério de Maria nos faz ver que, para nos aproximarmos de Deus, temos de tornar-nos pequenos. Em verdade vos digo - exclamou o Senhor, dirigindo-se aos seus discípulos -, se não vos converterdes e vos fizerdes como crianças, não entrareis no reino dos céus". (Mt XVIII, 3).
Fazer-se criança: renunciar à soberba, à auto-suficiência: reconhecer que, sozinhos, nada podemos, porque necessitamos da graça, do poder do nosso Pai-Deus, para aprender a caminhar e para perseverar no caminho. Ser criança exige abandonar-se como se abandonam as crianças, crer como creem as crianças, pedir como pedem as crianças.
São coisas que aprendemos no convívio com Maria. A devoção à virgem não é blandície nem languidez: é consolo e júbilo que se apossam da alma, precisamente porque exige um exercício profundo e íntegro da fé, que nos faz sair de nós mesmos e colocar a nossa esperança no Senhor. O Senhor é meu pastor - canta um dos salmos -, nada me faltará. Em verdes prados me faz repousar, conduz-me junto às águas refrescantes; refaz a minha alma e guia-me por caminhos retos pela virtude do seu nome. Ainda que eu atravesse um vale tenebroso, nada temerei, porque Tu estás comigo" (Sl XXII, 1-4).
Porque Maria é Mãe, a sua devoção nos ensina a ser filhos: a amar deveras, sem medidas; a ser simples, sem essas complicações que nascem do egoísmo de pensarmos só em nós; a estar alegres, sabendo que nada pode destruir a nossa esperança. O princípio do caminho que leva à loucura do amor de Deus é um amor confiado por Maria Santíssima. Assim o escrevi há muitos anos, no prólogo a uns comentários ao Santo Rosário, e desde então voltei a comprovar muitas vezes a verdade dessas palavras. Não vou tecer aqui muitas considerações para comentar essa idéia: preciso, antes, convidar cada um de vós a fazer a experiência, a descobri-lo por si mesmo, procurando manter um relacionamento amoroso com Maria, abrindo-lhe o coração, confiando-lhe as suas alegrias e penas, pedindo-lhes que o ajude a conhecer e a seguir Jesus.
Se procurarmos Maria, encontraremos Jesus. E aprenderemos a entender um pouco do que há no coração de um Deus que se aniquila, que renuncia a manifestar o seu poder e a sua majestade para se apresentar sob a forma de escravo. Falando humanamente, poderíamos dizer que Deus se excede, pois não se limita ao que seria essencial ou imprescindível para nos salvar, mas vai mais longe. A única norma ou medida que nos permite compreender de algum modo a maneira como Deus age é reparar que não tem medida, ver que nasce de uma loucura de amor que O leva a tomar a nossa carne e a carregar com o peso dos nossos pecados.
Como é possível perceber tudo isto, reparar que Deus nos ama, e não enlouquecer também de amor? É necessário deixar que essas verdades da nossa fé calem aos poucos na alma, até mudarem toda a nossa vida. Deus ama-nos!: o Onipotente, o Todo-Poderoso, o que fez os céus e a terra!
Deus interessa-se até pelas menores coisas das suas criaturas - pelas vossas e pelas minhas - e chama-nos, um a um, pelo nosso próprio nome. Esta certeza, que procede da fé, faz-nos olhar o que nos cerca sob uma nova luz, e leva-nos a perceber que, permanecendo tudo como antes, tudo se torna diferente, porque tudo é expressão do amor de Deus.
A nossa vida converte-se numa contínua oração, num bom humor e numa paz que nunca se acabam, num ato de ação de graças desfiado ao longo das horas. A minha alma glorifica o Senhor - cantou a Virgem Maria - e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para a baixeza da sua serva. Por isso, desde agora, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque fez em mim grandes coisas o Todo-Poderoso, cujo nome é santo.

A nossa oração pode acompanhar e imitar essa oração de Maria. Tal como Ela, sentiremos o desejo de cantar, de proclamar as maravilhas de Deus, para que a humanidade inteira e todos os seres participem da nossa felicidade.
S. Josemaria Escrivá, É Cristo que Passa

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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]