quarta-feira, 6 de junho de 2012

Corpus Christi




Por sua Santidade o Papa Bento XVI
 "Dogma datur christianis, / quod in carnem transit panis, / et vinum in sanguinem:  É certeza para nós cristãos: / transforma-se o pão em carne, / o vinho torna-se sangue". 
Reafirmamos  a nossa fé na Eucaristia, o Mistério que constitui o coração da Igreja.  Mistério eucarístico que "é o dom que Jesus Cristo faz de si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por todo o homem" . Portanto a do Corpus Christi é uma festa singular e constitui um encontro importante de fé e de louvor para cada comunidade cristã. É uma festa que teve origem num determinado contexto histórico e cultural: nasceu com a finalidade de reafirmar abertamente a fé do Povo de Deus em Jesus Cristo vivo e realmente presente no santíssimo Sacramento da Eucaristia. É uma festa instituída para adorar, louvar e agradecer publicamente ao Senhor, que "no Sacramento eucarístico continua a amar-nos "até ao fim", até à doação do seu corpo e do seu sangue"
A Celebração eucarística reconduz-nos ao clima espiritual da Quinta-Feira Santa, o dia em que Cristo, na vigília da sua Paixão, instituiu no Cenáculo a santíssima Eucaristia. O Corpus Christi constitui assim uma retomada do mistério da Quinta-Feira Santa, quase em obediência ao convite de Jesus para "proclamar sobre os telhados" o que Ele nos transmitiu no segredo (cf. Mt 10, 27).
 Os Apóstolos receberam do Senhor o dom da Eucaristia na intimidade da Última Ceia, mas destinava-se a todos, ao mundo inteiro. Eis por que deve ser proclamado e exposto abertamente, para que todos possam encontrar "Jesus que passa" como acontecia pelas estradas da Galileia, da Samaria e da Judeia; para que todos, recebendo-o possam ser curados e renovados pela força do seu amor. 
É esta a herança perpétua e viva que Jesus nos deixou no Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue. Herança que pede para ser constantemente considerada, vivida, para que, como disse o venerado Papa Paulo VI, possa "imprimir a sua eficiência inexaurível em todos os dias da nossa vida mortal" (Insegnamenti, V [1967], p. 779).
"Ecce panis angelorum, / factus cibus viatorum: / vere panis filiorum Eis o pão dos anjos, / pão dos peregrinos, / verdadeiro pão dos filhos". 
E por graça do Senhor, nós somos filhos. A Eucaristia é o alimento destinado àqueles que no Baptismo foram libertados da escravidão e se tornaram filhos; é o alimento que ampara no longo caminho do êxodo através do deserto da existência humana. Como o maná para o povo de Israel, assim para cada geração cristã a Eucaristia é alimento indispensável que ampara enquanto atravessa o deserto deste mundo, ressequido por sistemas ideológicos e económicos que não promovem a vida, mas ao contrário a mortificam; um mundo no qual domina a lógica do poder e do ter em vez da do serviço e do amor; um mundo no qual com frequência triunfa a cultura da violência e da morte.
 Mas Jesus vem ao nosso encontro e infunde-nos segurança: Ele mesmo é "o pão da vida(Jo 6, 35.48). Repetiuno-lo nas palavras do Cântico ao Evangelho: "Eu sou o pão vivo descido do céu; quem come deste pão viverá eternamente" (cf.Jo 6, 51).
"Olha que Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, Eu estarei na minha casa e cearei com ele e ele comigo(Ap 3, 20). A festa do Corpus Christi quer tornar perceptível, não obstante a surdez do nosso ouvido interior, este bater do Senhor. Jesus bate à porta do nosso coração e pede-nos para entrar não só pelo espaço de um dia, mas para sempre. Acolhamo-lo com alegria elevando-lhe a coral invocação da Liturgia: "Bom Pastor, verdadeiro pão, / ó Jesus, piedade de nós (...) Tu que tudo sabes e podes, / que nos alimentas na terra, / conduz os teus irmãos / à mesa do céu / na alegria dos teus santos". Amém!
«Celebrando a despedida, 
Com os doze Ele ceou,
toda a Páscoa foi cumprida,
novo rito inaugurou.
E seu Corpo, pão da vida,
aos irmãos Ele entregou».

«Canta, Igreja, o Rei do mundo,
que se esconde sob os véus;
canta o sangue tão fecundo,
derramado pelos seus,
e o mistério tão profundo
de uma Virgem, Mãe de Deus!».
                                               

Origem da festa: Aqui 

Sobre a Solenidade: Aqui

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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]