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    domingo, 17 de junho de 2012

    HOMILIA DO CARDEAL ANGELO SODANO DURANTE SANTA MISSA NA BASÍLICA DE SÃO PEDRO PELO JUBILEU DOS REPRENTANTES PONTIFÍCIOS

    DURANTE SANTA MISSA NA
    BASÍLICA DE SÃO PEDRO PELO
    JUBILEU DOS REPRENTANTES PONTIFÍCIOS

    17 de Setembro de 2000




    Queridos Irmãos no Episcopado
    Beneméritos Representantes
    Pontifícios!

    O nosso encontro jubilar teve início ontem, com a festa da Exaltação da Santa Cruz, e continua hoje, na recordação da Virgem das Dores. A liturgia destas duas jornadas vem assim iluminar estas reuniões fraternas tal como, aliás, a luz da fé nos indica, cada dia, o nosso caminho.

    No Evangelho escutámos de novo as palavras proféticas dirigidas pelo velho Simeão à Mãe de Jesus: "Ele está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel... Uma espada trespassará a tua alma" (Lc 2, 34-35).

    1. A imagem da Virgem das Dores

    A representação da espada que trespassa o coração de Maria permaneceu gravada fortemente no povo cristão, inspirando também magníficas composições literárias e obras de arte. Jacopone de Todi deixou-nos a bonita sequência do Stabat Mater. Os Servos de Maria chegaram depois a representar-nos a Mãe do Senhor como que trespassada por sete espadas, em recordação dos sete episódios particularmente significativos da sua vida sulcada pela dor: desde a vivida em Belém ao dar à luz Jesus na pobreza de uma gruta, até ao suplício da deposição do corpo de Cristo da cruz. Na representação da Pietà, Miguel Ângelo esculpiu no mármore a dor de Maria.
    Todas estas imagens nos mostram a Mãe de Jesus como intimamente unida à Paixão do Filho, verdadeira "Socia Redemptoris".

    2. O caminho da cruz

    Queridos Irmãos, viestes a Roma para vos renovardes no espírito, participando no Grande Jubileu do Ano 2000, com o empenho da contínua conversão e com o propósito da revigorada fidelidade à própria missão. Nesse contexto, a memória litúrgica de Nossa Senhora das Dores recorda a todos o caminho da cruz, aquele caminho que todo o apóstolo de Cristo deve percorrer se quiser cooperar na obra da redenção.

    Desta Basílica, o Apóstolo Pedro parece repetir-nos quanto dizia aos primeiros cristãos: "Christus passus est pro vobis, vobis relinquens exemplum ut sequamini vestigia eius" (1 Pd 2, 21). Sim, Cristo sofreu por nós, deixando-nos um exemplo, a fim de seguirmos as suas pegadas.

    3. A vida dos Núncios

    A experiência comum ensina-nos que a existência quotidiana de um Enviado pontifício comporta renúncias não leves: a distância do próprio ambiente, as dificuldades de adaptação em outro contexto cultural, nalguns casos a provação da solidão ou da doença, sem considerar os espinhos ligados ao trabalho metódico e silencioso, como é a obra típica de um Núncio Apostólico.
    Ao mesmo tempo, porém, bem sabemos que este é o contributo pessoal que cada um de nós deve oferecer para a edificação do Reino de Cristo.

    A este respeito, é significativo o título que o saudoso Cardeal Agostino Casaroli quis dar às suas memórias: O martírio da paciência (Turim, Ed. Einaudi, 2000).

    Ele recordava quanto, certa vez, lhe confidenciara um Bispo lituano, enquanto se referia ao martírio da prudência, que ainda o fazia sofrer. O Prelado tinha voltado à diocese depois de ter cumprido uma longa pena de prisão, mas observava que tinham sobrevindo outras provas, igualmente pesadas.

    "Passei anos na Sibéria dizia e jamais chorei; sabia que sofria por causa da fidelidade à Igreja, e isto dava-me paz e tranquilidade; dormia os meus sonos tranquilos, e ao despertar-me de manhã sabia o que devia fazer durante o dia. Agora não mais. Todos os dias estou a perguntar-me que decisões devo tomar, ao serviço da Igreja... Críticas, queixas, exortações de todas as partes; uns me julgam muito débil ou condescendente diante do governo, e outros me censuram por ser pouco prudente ou pouco previdente" (Ibid., pág. XXV).

    Ao saudoso Secretário de Estado aquele martírio da prudência era semelhante ao martírio da paciência, que se prova quando se deve trabalhar em ambientes difíceis. Este é o nosso contributo pessoal para a difusão do Reino de Deus.

    4. O ensinamento do Papa

    Para este valor salvífico do sofrimento remetia-nos o Santo Padre João Paulo II, na sua conhecida Carta Apostólica Salvifici doloris (em AAS, 1984, pp. 201-250), partindo do exemplo do Apóstolo Paulo que via nas suas tribulações um instrumento de graça e de redenção, de maneira a exclamar diante dos Colossenses: "Alegro-me nos sofrimentos suportados por vossa causa e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, pelo Seu Corpo, que é a Igreja" (Cl 1, 24).

    Eis a contribuição que somos chamados a dar; um contributo oferecido com amor, que nos faz sentir alegres, mesmo nas tribulações. Também o Apóstolo Pedro nos dirige o mesmo convite, quando afirma: "Alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que vos possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada a Sua glória" (1 Pd 4, 13).

    5. A teologia da cruz

    Os teólogos discutiram muito sobre os motivos pelos quais a Providência Divina quis unir ao sofrimento o preço da Redenção. Dois famosos professores da Pontifícia Universidade Gregoriana, os saudosos Padres Flick e Alszeghy, S.I., dedicaram ao tema o esplêndido volume intitulado "O mistério da Cruz. Ensaio de teologia sistemática", Bréscia, Ed. Queriniana, 1978.
    Sem dúvida, é útil que os estudiosos tenham indagado a relação entre a cruz de Jesus e a Redenção do mundo, entre teologia da glória e teologia da cruz. É justo que continuem a fazê-lo também hoje. Os Santos de todos os tempos, porém, entenderam-no bem, contemplando o Crucificado e Aquela que estava "iuxta crucem Domini". É a lição que nos foi transmitida pelos Apóstolos e mártires, por inumeráveis pastores e doutores da Igreja, com a sua vida evangélica e o seu serviço ao próximo.

    Seja esta a graça que também nós imploramos ao Senhor pela intercessão de Maria, sua Mãe das Dores. O nosso Jubileu marcará assim uma renovação na nossa vida interior e confirmar-nos-á no santo propósito de oferecer toda a nossa existência para a redenção do mundo.

    6. Conclusão

    Queridos Irmãos, deitámos a mão ao arado, trabalhando em campos diversos, lá onde a Providência Divina nos chamou. O nosso dever é dar continuidade ao compromisso quotidiano, estimulados por um grande amor aos nossos irmãos e repetindo aquilo que o Apóstolo Paulo dizia a Timóteo: "Omnia sustineo propter electos. Por amor dos escolhidos tudo suporto" (2 Tm 2, 10).

    As dificuldades do nosso trabalho parecem hoje aumentar com o surgir de novos problemas. Porém, como Paulo poderemos sempre testemunhar diante do mundo a nossa fé inabalável, dizendo: "Omnia possum in eo qui me confortat. Tudo posso n'Aquele que me conforta" (Fl 4, 13).

    Amém.




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    Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim




    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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