sábado, 2 de junho de 2012

Uma meia verdade é pior que uma mentira


O perigo das meias verdades

Uma meia verdade é pior que uma mentira


À medida que cresce na mídia a tendência do “politicamente correto”, que, na versão católica do Papa Bento XVI, pode-se traduzir como “ditadura do relativismo”, alguns católicos, líderes e, às vezes, pregadores parecem ter medo de assumir a verdade integral pregada pela Igreja. Nota-se certo receio de “ir contra a corrente”, contra a vontade da maioria, esquecendo-se de que Jesus é “sinal de contradição”, e que por isso foi perseguido e crucificado, para não deixar de dar testemunho da verdade que salva. A verdade não depende da maioria, mas de si mesma.
A verdade é fundamental; por isso o Papa tem sido seu paladino incansável. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que o que salva é a verdade: “Com efeito, ‘Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade’ (I Tm 2,4). Deus quer a salvação de todos pelo conhecimento da verdade. A salvação está na verdade” (CIC § 851).
Sem a verdade não há salvação. Jesus disse diante de Pilatos que veio ao mundo “para dar testemunho da verdade” (cf. Jo 18,37) e aceitou morrer para testemunhá-la. E deixou claro que “a verdade vos libertará”.
Assim, a verdade não pode ser passada “pela metade”, pois se torna perigosa mentira. Sabemos que uma meia verdade é pior que uma mentira. Não podemos pregar o Evangelho pela metade, deixando de mostrar especialmente aquilo que visa destruir o pecado e levar o pecador à conversão. Por exemplo, a frase “Não podemos comer comida estragada”, está correta e é muito importante; mas, se eu disser só a metade da frase: “Não podemos comer comida”, muitos vão morrer de fome. Entendeu por que a meia verdade é pior do que uma mentira?
Mutatis mutandis” (mudando o que deve ser mudado), noto que alguns ensinam a fé católica em meias verdades. Como? Ao apresentarem uma questão, expõem apenas uma parte da verdade sobre o assunto, deixando de falar do pecado e das exigências de conversão. Por essa razão, não podemos, por exemplo, dizer apenas, aos casais de segunda união, que eles não devem se afastar da Igreja e que  não podem ser discriminados, etc., sem lhes dizer também que a situação deles não é lícita diante do Evangelho e que não podem receber os sacramentos.
Assista: “A Igreja Militante que espera no Senhor”, com professor Felipe Aquino



Da mesma forma, é claro que temos de acolher, respeitar e não discriminar os homossexuais, e amá-los como verdadeiros irmãos, mas não podemos deixar de lhes dizer que o Catecismo da Igreja Católica considera a prática homossexual (não a tendência) como “depravação grave” (CIC § 2357), tendo em vista que “a tradição sempre declarou que ‘os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados’. São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados” (idem).

Quando se fala aos jovens sobre masturbação e fornicação (sexo realizado por pessoas não casadas), alguns tendem a minimizar a gravidade desses pecados, e alguns até têm a coragem de dizer que não são pecados, quando o Catecismo diz o contrário: “Entre os pecados gravemente contrários à castidade é preciso citar a masturbação, a fornicação, a pornografia e as práticas homossexuais” (CIC § 2396).
Santo Agostinho dizia: “Não se imponha a verdade sem caridade, mas não se sacrifique a verdade sem caridade”. Como declarou o Papa Bento XVI, na “Caritas in veritate”, “caridade sem verdade é sentimentalismo”. Jesus perdoou a mulher adúltera e a salvou da morte, mas não deixou de mostrar a ela o seu grave pecado: “Vá e não peques mais”. Sem mostrar o pecado ao pecador ele não pode se libertar da morte espiritual.
O profeta Ezequiel, em dois capítulos (3,18 e 33) também chama a atenção para a necessidade de se corrigir o pecador:
“Se digo ao malévolo que ele vai morrer, e tu não o prevines e não lhe falas para pô-lo de sobreaviso devido ao seu péssimo proceder, de modo que ele possa viver, ele há de perecer por causa de seu delito, mas é a ti que pedirei conta do seu sangue. Contudo, se depois de advertido por ti, não se corrigir da malícia e perversidade, ele perecerá por causa de seu pecado, enquanto tu hás de salvar a tua vida” (Ez 3,18-19).
“Se eu disser ao pecador que ele deve morrer, e tu não o avisares para pô-lo de guarda contra seu proceder nefasto, ele perecerá por causa de seu pecado, mas a ti pedirei conta do seu sangue” (Ez 33,8).

Foto Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com Prof. Felipe Aquino, casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: “Escola da Fé” e “Trocando Idéias”. Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br



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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]