domingo, 10 de junho de 2012

[ZP120610] O mundo visto de Roma

A campanha de arrecadação de fundos terminou.

Falta ainda um pouco para chegar à meta que permitirá a ZENIT seguir adiante até o final de 2012. Você pode ver a situação atual dos fundos que recebemos graças à generosidade dos leitores em: http://www.zenit.org/portuguese/doacao.html.

Ainda estão chegando alguns donativos, razão pela qual ainda não é possível comunicar o resultado final da campanha. Informaremos a todos quando o balanço final estiver pronto.

Desejamos fazer chegar nosso profundo agradecimento a todos os leitores que enviaram sua doação, assim como a todos os que nos mandaram mensagens de solidariedade assegurando suas orações pelo êxito da campanha.
Todo este apoio nos dá forças e nos anima enormemente para seguir adiante em nosso trabalho.

Você pode encontrar o mapa dos donativos de 2012 em: http://donations.zenit.org/pt/map

Ainda é possível enviar sua doação através de: http://www.zenit.org/portuguese/doacao.html.

Muito obrigado!


ZENIT

O mundo visto de Roma

Portugues semanal - 10 de junho de 2012

Santa Sé

VII Encontro Mundial das Famílias

  • A aposta correta
    Uma reflexão de Mons. Bruno Forte sobre o VII Encontro Mundial das Famílias

Jornada Mundial da Juventude Rio 2013

Comunicar a fé hoje

Brasil

Familia e Vida

Especial

Entrevistas

Espiritualidade

Angelus

Audiência de quarta-feira

Documentação


Santa Sé


"Profundo pesar" da Congregação da Doutrina da Fé pelo livro de uma irmã americana
O ensaio "Just Love. A Framework for Christian Sexual Ethics da Ir. Margaret A. Farley, R.S.M. afirma posições "em contraste com a moral sexual católica"

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 5 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Publicamos a notificação sobre o livro Just Love. A Framework for Christian Sexual Ethics da Ir. Margaret A. Farley, membro das Sisters of Mercy of the Americas, Irmãs da Misericórdia das Américas, enviada pela Congregação para a Doutrina da Fé. O cardeal Levada, prefeito da Congregação, expressa no documento "profundo pesar" pelo fato de que um membro de um Instituto de vida consagrada “afirme posições diretamente contrárias com a doutrina católica no âmbito da moral sexual".

A notificação veio depois de uma troca de cartas com a mesma religiosa em que se buscou uma correção das "teses inaceitáveis" contidas no seu livro. No entanto, as respostas da Irmã Farley não esclareceram devidamente os problemas apresentados no texto, levando os membros da Congregação a publicar este documento.

****

Introdução

A Congregação para a Doutrina da Fé, depois de um primeiro exame do livro da Irmã Margaret A. Farley, R.S.M., Just Love. A Framework for Christian Sexual Ethics (New York: Continuum, 2006), endereçou à autora por meio dos bons ofícios de Irmã Mary Waskowiak, então Superiora Geral das Sisters of Mercy of the Americas, com carta de 29 de março de 2010, uma avaliação preliminar abrangente, indicando os problemas doutrinais presentes no texto. A resposta de 28 de outubro de 2010, enviada pela Irmã Farley, não foi suficiente para esclarecer os problemas indicados. Como o caso se referisse a erros doutrinários presentes num livro cuja publicação se revelara causa de confusão entre os fiéis, a Congregação decidiu empreender um "exame para casos de urgência", segundo o Regulamento para o exame doutrinal (cf. cap. IV, art. 23-27).

A propósito, depois da avaliação feita por uma Comissão de especialistas (cf. art. 24), a Sessão Ordinária da Congregação, em data de 8 de junho de 2011 confirmou que o livro em questão continha proposições errôneas, e que a sua divulgação implicava riscos de graves danos aos fiéis. Sucessivamente, com carta de 5 de julho de 2011, foi transmitida à Irmã Waskowiak a lista das proposições errôneas, pedindo que quisesse convidar a Irmã Farley a corrigir as teses inaceitáveis contidas no seu livro (cf. art. 25-26).

Com carta de 3 de outubro de 2011, a Irmã Patrícia McDermott, que entrementes se sucedera à Irmã Mary Wakowiak como Superiora Geral das Sisters of Mercy of the Americas, transmitiu à Congregação a resposta da Irmã Farley, acompanhada pelo próprio parecer e do de Irmã Waskowiak, em conformidade com o art. 27 do supracitado Regolamento. Esta resposta, avaliada pela Comissão de especialistas, foi submetida à Sessão Ordinária para discernimento, aos 14 de dezembro de 2011. Em tal ocasião, considerando que a   resposta da Irmã Farley não esclarecia adequadamente os graves problemas contidos no seu livro, tomou-se a decisão de proceder à publicação desta Notificação.

1. Problemas de caráter geral

A Autora não apresenta uma compreensão correta do papel do Magistério da Igreja como ensinamento autorizado dos Bispos em comunhão com o Sucessor de Pedro, que guia a compreensão sempre mais profunda, por parte da Igreja, da Palavra de Deus, como se encontra na Sagrada Escritura, e transmitida fielmente pela tradição viva da Igreja. Ao tratar de argumentos de caráter moral, Irmã Farley ou ignora o ensinamento constante do Magistério ou, quando o menciona ocasionalmente, o trata como uma opinião entre outras. Uma tal posição não pode ser justificada de modo algum, nem mesmo ao interno de uma prospectiva ecumênica que a Autora deseja promover. Irmã Farley revela outrossim uma compreensão defeituosa da natureza objetiva da lei moral natural, escolhendo antes de argumentar partindo de conclusões seletas de determinadas correntes filosóficas ou com a sua própria compreensão da "experiência contemporânea". Um tal modo de tratar não é conforme à genuína teologia católica.

 2. Problemas específicos

Dentre os numerosos erros e ambigüidades do livro, é mister chamar a atenção para as posições a respeito da masturbação, dos atos homossexuais, das uniões homossexuais, da indissolubilidade do matrimônio e do problema do divórcio e das segundas núpcias.

 Masturbação

Irmã Farley escreve: "A masturbação (...) geralmente não comporta nenhum problema de caráter moral. (...) Este é sem dúvida o caso de muitas mulheres que (...) encontraram um grande bem no prazer buscado consigo mesmas – e talvez exatamente na descoberta das suas próprias possibilidades em relação ao prazer -, algo que muitas nem tinham experimentado e nem mesmo conhecido no tocante às suas relações sexuais ordinárias com maridos ou amantes. Neste sentido, é possível afirmar que a masturbação de fato favorece as relações muito mais do que as obstacula. Por isso a minha observação conclusiva é que os critérios da justiça, assim como os apresentei até agora, pareceriam aplicáveis à escolha de provar prazer sexual auto-erótico somente enquanto esta atividade pode favorecer ou danificar, mantém ou limita, o bem-estar e a liberdade de espírito. E esta resta amplamente uma questão de caráter empírico, não moral" (p. 236).

Estas afirmações não são conformes à doutrina católica: "Na linha duma tradição constante, tanto o Magistério da Igreja como o sentido moral dos fiéis têm afirmado sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseca e gravemente desordenado». «Seja qual for o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das normais relações conjugais contradiz a finalidade da mesma». O prazer sexual é ali procurado fora da «relação sexual requerida pela ordem moral, que é aquela que realiza, no contexto dum amor verdadeiro, o sentido integral da doação mútua e da procriação humana. Para formar um juízo justo sobre a responsabilidade moral dos sujeitos, e para orientar a ação pastoral, deverá ter-se em conta a imaturidade afetiva, a força de hábitos contraídos, o estado de angústia e outros fatores psíquicos ou sociais que podem atenuar, ou até reduzir ao mínimo, a culpabilidade moral."1

 Atos homossexuais

Irmã Farley escreve: "Do meu ponto de vista (...), as relações homossexuais o os atos homossexuais podem ser justificados, de acordo com a mesma ética sexual, exatamente como as relações e os atos heterossexuais. Por isso, as pessoas com inclinações homossexuais, assim como os seus respectivos atos, podem e devem ser respeitados, indiferentemente de haver ou não a alternativa de serem diferentes" (p. 295).

Tal posição não é aceitável. A Igreja Católica, de fato, distingue entre pessoas com tendências homossexuais e atos homossexuais. Quanto às pessoas com tendências homossexuais, o Catecismo da Igreja Católica ensina que as mesmas devem ser acolhidas "com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta".2 No entanto, quanto aos atos homossexuais o Catecismo afirma: "Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados".3

 Uniões homossexuais

Irmã Farley escreve: "Legislações sobre a não discriminação dos homossexuais, como também sobre os casais de fato, as uniões civis e os matrimônios gay, podem ter um papel importante na transformação do ódio, da marginalização e da estigmatização de gays e lésbicas, o que se reforça ainda hoje com ensinamentos a respeito do sexo "contra a natureza", desejo desordenado ou amor perigoso. (...) Uma das questões mais urgentes do momento, diante da opinião pública dos Estados Unidos, é o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo – equivale a dizer a concessão de um reconhecimento social e de uma qualificação jurídica às uniões homossexuais, sejam masculinas ou femininas, comparáveis às uniões entre heterossexuais" (p. 293).

Tal posição é oposta ao ensinamento do Magistério: "A Igreja ensina que o respeito para com as pessoas homossexuais não pode levar, de modo nenhum, à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento legal das uniões homossexuais. O bem comum exige que as leis reconheçam, favoreçam e protejam a união matrimonial como base da família, célula primária da sociedade. Reconhecer legalmente as uniões homossexuais ou equipará-las ao matrimônio, significaria, não só aprovar um comportamento errado, com a consequência de convertê-lo num modelo para a sociedade atual, mas também ofuscar valores fundamentais que fazem parte do patrimônio comum da humanidade. A Igreja não pode abdicar de defender tais valores, para o bem dos homens e de toda a sociedade".4 "Em defesa da legalização das uniões homossexuais não se pode invocar o princípio do respeito e da não discriminação de quem quer que seja. Uma distinção entre pessoas ou a negação de um reconhecimento ou de uma prestação social só são inaceitáveis quando contrárias à justiça. Não atribuir o estatuto social e jurídico de matrimônio a formas de vida que não são nem podem ser matrimoniais, não é contra a justiça; antes, é uma sua exigência".5

 Indissolubilidade do matrimônio

Irmã Farley escreve: "A minha posição pessoal é que o empenho matrimonial seja sujeito à dissolução pelas mesmas razões fundamentais pelas quais todo empenho permanente, extremamente grave e quase incondicionado, pode cessar de exigir um vínculo. Isto implica que existam de fato situações nas quais as coisas mudaram demais – um ou os dois partner mudaram, a relação entre eles mudou, a razão original do seu compromisso recíproco parece completamente extinta. O sentido de um compromisso permanente é ademais exatamente aquele de vincular a despeito de todas as mudanças que podem aparecer. Mas é possível de sustentá-lo sempre? É possível sustentá-lo apesar de mudanças radicais e imprevistas? A minha resposta é: às vezes não é possível. Às vezes a obrigação pode ser desfeita e o compromisso pode ser legitimamente modificado"(págs. 304-305).

Uma opinião semelhante está em contradição com a doutrina católica sobre a indissolubilidade do matrimônio: "Pela sua própria natureza, o amor conjugal exige dos esposos uma fidelidade inviolável. Esta é uma consequência da doação de si mesmos que os esposos fazem um ao outro. O amor quer ser definitivo. Não pode ser «até nova ordem». «Esta união íntima, enquanto doação recíproca de duas pessoas, tal como o bem dos filhos, exigem a inteira fidelidade dos cônjuges e reclamam a sua união indissolúvel». O motivo mais profundo encontra-se na fidelidade de Deus à sua aliança, de Cristo à sua Igreja. Pelo sacramento do Matrimônio, os esposos ficam habilitados a representar esta fidelidade e a dar testemunho dela. Pelo sacramento, a indissolubilidade do Matrimônio adquire um sentido novo e mais profundo. O Senhor Jesus insistiu na intenção original do Criador, que queria um matrimônio indissolúvel. E abrogou as tolerâncias que se tinham infiltrado na antiga Lei. Entre batizados, o matrimônio rato e consumado não pode ser dissolvido por nenhum poder humano, nem por nenhuma causa, além da morte"6.

 Divórcio e segundas núpcias

Irmã Farley escreve: "Se há filhos do matrimônio, os ex-cônjuges deverão ajudar-se reciprocamente por anos, talvez por toda a vida, no projeto familiar empreendido. De qualquer modo, as vidas de duas pessoas uma vez casadas continuam marcadas pela experiência do matrimônio. A profundidade daquilo que resta admite graus, mas algo resta. No entanto, aquilo que resta impede um segundo matrimônio? Acho que não. Qualquer tipo de obrigação que implique um empenho não deve incluir a proibição de um novo matrimônio – pelo menos não tanto quanto a ligação atual entre os esposos resulte numa tal proibição para quem continua vivo depois da morte do cônjuge" (p. 310).

Tal visão contradiz a doutrina católica que exclui a possibilidade de segundas núpcias depois de um divórcio: "Hoje em dia e em muitos países, são numerosos os católicos que recorrem ao divórcio, em conformidade com as leis civis, e que contraem civilmente uma nova união. A Igreja mantém, por fidelidade à palavra de Jesus Cristo («quem repudia a sua mulher e casa com outra comete adultério em relação à primeira; e se uma mulher repudia o seu marido e casa com outro, comete adultério»: Mc 10, 11-12), que não pode reconhecer como válida uma nova união, se o primeiro Matrimônio foi válido. Se os divorciados se casam civilmente, ficam numa situação objetivamente contrária à lei de Deus. Por isso, não podem aproximar-se da comunhão eucarística, enquanto persistir tal situação. Pelo mesmo motivo, ficam impedidos de exercer certas responsabilidades eclesiais. A reconciliação, por meio do sacramento da Penitência, só pode ser dada àqueles que se arrependerem de ter violado o sinal da Aliança e da fidelidade a Cristo e se comprometerem a viver em continência completa."7

 Conclusão

Com esta Notificação, a Congregação para a Doutrina da Fé expressa profundo pesar pelo fato de que um membro de um Instituto de Vida Consagrada, a Irmã Margaret A. Farley, R.S.M., afirme posições em contraste direto com a doutrina católica no âmbito da moral sexual. A Congregação previne os fiéis de que o livro Just Love. A Framework for Christian Sexual Ethics não é conforme à doutrina da Igreja e portanto não pode ser utilizado como válida expressão da doutrina católica nem para a direção espiritual e formação, nem para o diálogo ecumênico e inter-religioso. A Congregação deseja além disso encorajar os teólogos a fim de que prossigam na tarefa do estudo e do ensinamento da teologia moral em plena conformidade com os princípios da doutrina católica.

 O Sumo Pontífice Bento XVI, durante a Audiência concedida ao abaixo assinado Cardeal Prefeito, em data de 16 de março de 2012 aprovou a presente Notificação, decidida na Sessão Ordinária desta Congregação em data de 14 de março de 2012, e mandou que se publicasse.

Roma, da Sede da Congregação para a Doutrina da Fé, 30 de março de 2012.

William Cardeal Levada

Prefeito

+ Luís F. Ladaria, S.I.

Arcebispo tit. de Thibica

Secretário

_______________

1 Catecismo da Igreja Católica, n. 2352; cf. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Declaração Persona Humana sobre algumas questões de ética sexual (29 de dezembro de 1975), n. 9: AAS 68 (1976), 85-87.

2 Catecismo da Igreja Católica, n. 2358.

3 Catecismo da Igreja Católica, n. 2357; cf. Gn 19, 1-29; Rm 1, 24-27;

1 Cor 6, 10; 1 Tim 1, 10; CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Declaração Persona Humana, n. 8: AAS 68 (1976), 84-85; CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Carta Homosexualitatis Problema sobre a cura pastoral das pessoas homossexuais (1 de outubro de 1986): AAS 79 (1987), 543-554.

4 CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Considerações sobre os projectos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais (3 de junho de 2003), n. 11: AAS 96 (2004), 48.

5 Ibid., n.8: AAS 96 (2004), 46-47.

6 Catecismo da Igreja Católica, nn. 1646-1647 e 2382; cf. Mt 5, 31-32;

19, 9; Mc 10, 9; Lc 16, 18; 1 Cor 7, 10-11; CONCÍLIO VATICANO II, Constituição pastoral Gaudium et Spes sobre a Igreja no mundo contemporâneo, nn. 48-49; Código de Direito Canônico, can. 1141; JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio a respeito das tarefas da família cristã no mundo de hoje (22 de novembro de 1981), n. 13: AAS 74 (1982), 93-96.

7 Catecismo da Igreja Católica, n. 1650; cf. JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Familiaris consortio, n. 84: AAS 74 (1982), 184-186; CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Carta Annus Internationalis Familiae sobre a recepção da comunhão eucarística por parte de fiéis divorciados e recasados (14 de setembro de 1994): AAS 86 (1994),

974-979.

[00772-06.01] [Texto original: Inglês]

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Cumprimentos do papa à rainha Elizabeth II
Bento XVI envia telegrama à soberana pelo seu Jubileu de Diamante

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 6 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Por ocasião do Jubileu de Diamante da rainha Elizabeth II, o papa Bento XVI enviou um telegrama de cumprimentos à monarca.

O Santo Padre ofereceu os seus "sinceros parabéns a Sua Majestade", elogiando Elizabeth II por dar "aos súditos e ao mundo um exemplo inspirador de dedicação ao dever e de compromisso com os princípios da liberdade, da justiça e da democracia, conservando uma nobre visão do papel de uma monarquia cristã".

Bento XVI recordou "as corteses boas-vindas" recebidas de Elizabeth II em Edimburgo, em setembro de 2010, no início da sua visita pastoral ao Reino Unido, e renovou os agradecimentos pela hospitalidade experimentada na ocasião.

"Seu compromisso pessoal com a cooperação e com o respeito mútuo entre os crentes das diferentes tradições religiosas tem contribuído em grande medida para incentivar as relações ecumênicas e inter-religiosas através do seu reinado".

Confiando a rainha e toda a família real "à proteção de Deus Todo-Poderoso", Bento XVI reiterou seus "melhores desejos" e assegurou suas orações por "saúde e prosperidade contínuas".

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VII Encontro Mundial das Famílias


A aposta correta
Uma reflexão de Mons. Bruno Forte sobre o VII Encontro Mundial das Famílias

ROMA, segunda-feira, 4 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Publicamos a seguir o núcleo da mensagem do VII Encontro Mundial das Famílias, que monsenhor Bruno Forte, arcebispo da diocese de Chieti-Vasto (Abruzzo), publicou ontem no Jornal italiano Il Sole 24 Ore. O prelado participou do encontro em Milão com uma grande delegação.

***

Bento XVI concluiu hoje, em Milão, o VII Encontro Mundial das Famílias com o tema “A família, o trabalho, a festa” (30 maio - 3 junho de 2012). É um evento com uma mensagem forte e atual. Para entendê-lo, parto de algumas frases da carta que o Santo Padre enviou para  a convocação: “Nos nossos dias a organização do trabalho, pensada e atuada em função da concorrência de mercado e do máximo lucro, e a concepção da festa como ocasião de evasão e de consumo, contribuem para disgregar a família e a comunidade e para difundir um estilo de vida individualista.

Por isso, é necessário promover uma reflexão e um compromisso que visem conciliar as exigências e os tempos de trabalho com aqueles da família e recuperar o sentido verdadeiro da festa, especialmente do domingo, dia do Senhor e dia do homem, dia da família, da comunidade e da solidariedade”. Estas palavras subintendem uma alta visão do valor e do papel da família: os esposos unidos no sacramento do matrimônio são imagem da Trindade divina, do Deus que é amor e, por isso mesmo, relação e unidade do Pai, que eternamente ama, do Filho, que é eternamente amado, e do Espírito, vínculo do amor eterno. Nesta unidade profundíssima cada um é si mesmo, enquanto acolhe totalmente o outro. À luz deste modelo, a vocação matrimonial é vista como unidade plena e fiél dos dois, comunhão responsável e fecunda de pessoas livres, abertas à graça e ao dom da vida aos outros.

Seio do futuro, a família é escola de vida e de fé, na qual crianças, adolescentes e jovens podem aprender a amar a Deus e ao próximo, e os idosos, raízes preciosas, podem à sua vez sentir-se amados. A família é, assim, sujeito ativo no caminho da comunidade cristã e da sociedade civil, não somente destinatária de iniciativas, mas protagonista do bem comum em cada um dos seus componentes.

Para que isso aconteça, o pacto conjugal, que é a base da família, deve ser vivido de acordo com algumas regras fundamentais: o respeito da pessoa do outro; o esforço para entender melhor as suas razões; o saber tomar a iniciativa de pedir e oferecer perdão; a transparência recíproca; o respeito pelos filhos como pessoas livres e a capacidade de oferecer a eles razões de vida e de esperança; o deixar-se questionar pelas suas esperanças, sabendo escutá-los e dialogando com eles; a oração, com a qual pedir a Deus a cada dia um amor maior, buscando ser um para o outro, e juntos, para os filhos, dom e testemunho Dele.

Um estilo de vida semelhante não é nem fácil, nem óbvio, e muitas vezes as condições concretas da existência tendem a enfraquecê-lo: pensemos na possível fragilidade psicológica e afetiva  nas relações entre os dois e em família; no empobrecimento na qualidade dos relacionamentos que pode conviver com "ménages"(triângulos amorosos) aparentemente estáveis e normais; no normal estresse originado pelos hábitos e pelos ritmos impostos pela organização social, pelos tempos de trabalho, pelas exigências de mobilidade; pela cultura de massa veiculada pelos meios de comunicação que influenciam e corroem as relações familiares, invadindo a vida da família com mensagens que banalizam a relação conjugal. Sem uma contínua, recíproca acolhida dos dois, abrindo-se um ao outro, não poderá haver fidelidade duradoura nem alegria plena: “A flor do primeiro amor murcha, se não supera a prova da fidelidade” (Soren Kierkegaard). Torna-se então mais do que nunca vital conjugar o compromisso cotidiano em família com as condições que o sustentem no âmbito do trabalho e na experiência da festa.

Cada trabalho - manual, profissional e doméstico – tem plena dignidade: por isso é justo e correto respeitar cada uma dessas formas, também nas escolhas de vida que os esposos são chamados a fazer pelo bem da família e especialmente dos filhos. Contribui para o bem da família tanto quem trabalha em casa, quanto quem trabalha fora!  Claro, o trabalho apresenta muitas vezes aspectos de cansaço, que – segundo a fé cristã – o Filho de Deus quis fazer próprio para redimí-los e sustentá-los de dentro, como lembra uma página belíssima do Concílio Vaticano II: ele “trabalhou com mãos de homem, pensou com mente de homem, agiu com vontade de homem, amou com coração de homem” (Gaudium et Spes, 22).

Inspirando-se no Evangelho, é possível, então, formar-se como homens e mulheres capazes de fazer do próprio trabalho um caminho de crescimento para si e para os outros, apesar de todos os desafios contrários. Isso requer viver o trabalho, por um lado cheio de responsabilidade pela construção da casa comum (trabalhar bem, com consciência e dedicação, qualquer que seja a tarefa que se tenha); por outro lado, em espírito de solidariedade para os mais fracos, tutelar e promover a dignidade de cada um. Nesta luz, compreende-se plenamente como a falta de trabalho seja uma ferida grave na pessoa, na família e no bem comum, e porque a segurança e a qualidade das relações humanas no trabalho sejam exigência moral que deve ser respeitada e promovida pelo indivíduo, começando pelas instituições e pelas empresas.

A propósito da festa, por fim, deve-se evidenciar o quanto ela ajude ao crescimento da comunhão familiar: nascendo do reconhecimento dos dons recebidos, que abraçam os bens da vida terrena, as maravilhas do amor recíproco, a festa educa o coração à gratidão e à gratuidade. Onde não há festa, não há gratidão, e onde não há gratidão, o dom se perde! É necessário aprender, então, a respeitar e celebrar a festa, principalmente como tempo de perdão recebido e doado, pela vida renovada pela maravilha agradecida, até se tornar capazes de viver os dias feriais com o coração de festa.

Isso é possível, se começa-se da atenção às festas que marcam o “léxico familiar" (aniversários, honomásticos, ...), até celebrar fielmente como família o encontro com Deus no domingo, dia do Senhor, encontro de graça capaz de produzir frutos profundos e surpreendentes. Quem vive a festa, é estimulado a exercitar a gratuidade, experimentando como seja verdadeiro que existe mais alegria em dar do que receber! A festa nos ensina como amar seja viver o dom de si tanto nas escolhas de fundo da existência, quanto nos gestos humildes da vida cotidiana, aprendendo a dizer palavras de amor e a ter gestos correspondentes, que jorrem de um coração grato e alegre.

A negação da festa, especialmente do domingo, é por isso  um atentado ao bem precioso da harmonia e da fidelidade conjugal e familiar: e é significativo que esta mensagem resoe por Milão, capital vital e laboral da economia e da produção do País. Apostar na família fundada sobre o matrimônio e aberta ao dom dos filhos e esforçar-se para promover as condições de trabalho e de respeito para a festa, que ajudem na sua serenidade e crescimento, é contribuir para o bem de todos, livrando-se de lógicas muitas vezes redutivas e confusas com relação ao seu valor de célula decisiva da sociedade e do seu amanhã. É a mensagem que de Milão parte hoje para a Itália e para o mundo inteiro!

[Tradução Thácio Siqueira]

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Jornada Mundial da Juventude Rio 2013


A Semana Missionária acontecerá nos dias 16 a 21 de Julho de 2013
Entrevista com Secretário Nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé, Pe. Marcelo Gualberto

Por Thácio Siqueira

BRASILIA, quarta-feira, 06 de Junho de 2012 (ZENIT.org) - O Brasil não é só o maior país católico do mundo, mas é o maior país de juventude católica do mundo! Prova disso são os milhões de jovens que já se encontraram com os símbolos da JMJ, a Cruz e o ícone de Nossa Senhora. Tal peregrinação acabará no dia 6 de Julho de 2013, depois de quase 2 anos de caminhada pela Terra de Santa Cruz.

Pela primeira vez na história da JMJ, o evento antes conhecido como "Pré-Jornada" ou "Dia nas Dioceses" será, dessa vez, uma Semana Missionária, que acontecerá do 17 ao 20 de Julho de 2013 em todas as dioceses do Brasil.

Pe. Marcelo Gualberto Monteiro, Secretário Nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé (POM), e um dos responsáveis da preparação e organização da Semana Missionária, conversou com ZENIT explicando um pouco o seu trabalho com a Juventude no Brasil e principalmente esclarecendo o funcionamento e organização da Semana Missionária, evento prévio à JMJ Rio 2013.

Publicamos hoje a primeira parte da entrevista.

 ***

ZENIT: O senhor está encarregado de preparar a semana missionária, prévia da JMJ 2013? Como é isso? Pode explicar um pouco?

PE.MARCELO: Na preparação e organização da JMJ RIO 2013 temos duas equipes que gerenciam todas as atividades: uma é a equipe formada pela CNBB e a outra pelo COL / RIO (Comitê de Organização Local do Rio de Janeiro).

ZENIT: Duas equipes?

PE. MARCELO: Duas equipes e um só objetivo, preparar a juventude do Brasil e do mundo para fazer uma experiência missionária na grande celebração com o Papa na cidade do Rio de Janeiro em julho de 2013.

ZENIT: Como se dividem o trabalho?

PE. MARCELO: É de responsabilidade da equipe da CNBB todo o processo de preparação da JMJ desde a chegada da Cruz no dia 18 de setembro de 2011 em São Paulo até a saída dos missionários que estarão em missão dos dias 16 a 21 de julho de 2013. O COL / RIO fica responsável em tudo o que envolve a JMJ nos dias 23 a 28 de julho 2013.

ZENIT: E como se divide a equipe da CNBB?

PE. MARCELO: Esta equipe da CNBB é subdividida em várias equipes e uma delas é a equipe que esta pensando como fazer acontecer a Semana Missionária nas 276 dioceses do Brasil.

ZENIT: Quem coordena?

PE. MARCELO: Sob a orientação de Dom Eduardo, Bispo referencial para juventude e assessorado pelo Pe. Carlos Sávio, eu e Pe. Márcio da Comunidade Doce Mãe de Deus estamos como secretários executivos desta equipe que também é composta por representantes para a JMJ dos 17 regionais da CNBB.

ZENIT: A semana missionária sempre existiu?

PE. MARCELO: Em outras JMJ era chamado de “Dias nas Dioceses” ou “Pré-Jornada” a experiência de jovens vindos de outros países para fazerem uma experiência nas comunidades locais do país sede da JMJ.

ZENIT: E como se tornou semana missionária?

O Pontifício conselho para os Leigos acolheu o pedido do Brasil para que esta experiência fosse chamada de “Semana Missionária” dado a realidade provinda do Documento de Aparecida do estado permanente de missão e até mesmo pela característica missionária que a JMJ RIO 2013 terá, a começar pelo seu próprio tema: Ide e fazei discípulos todos os povos.

ZENIT: E como foi a proposta lançada para bispos?

PE. MARCELO: A proposta lançada para os bispos é a seguinte:

A Semana Missionária acontecerá nos dias 16 a 21 de Julho de 2013 em todas as 276 circunscrições eclesiásticas do Brasil.

No momento da inscrição, que começará em julho desse ano, os jovens estrangeiros que quiserem irão selecionar alguma diocese cadastrada no sistema para fazer esta experiência missionária.

ZENIT: Todas as dioceses receberão jovens missionários?

PE. MARCELO: Devido a realidade de logísticas nem todas as dioceses receberão jovens estrangeiros, porém as que não receberão estarão em comunhão também realizando a semana missionária com os jovens de suas comunidades.

ZENIT: Essas dioceses terão alguma preparação?

PE. MARCELO: Para isso nossa equipe tem trabalhado na elaboração de alguns subsídios para preparar estas dioceses. Será lançado até o fim de julho um subsídio com oito temas que preparara os jovens que irão participar na Semana missionária, e outro subsídio, também com oito temas, para os adultos, pois queremos que a JMJ não seja um momento só da juventude, mas de toda a Igreja.

Outro subsídio também a ser lançado no fim de julho será uma espécie de guia para as comunidades celebrarem esta Semana Missionária, onde a sugestão irá contemplar os três eixos que devem acontecer nesta semana: Espiritualidade, Cultura e Solidariedade Missionária.

Esperamos com esta preparação ,que também será traduzida em outras línguas, poder ajudar os jovens a participarem da JMJ no Rio com uma maior consciência de sua responsabilidade missionária na Igreja.

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Comunicar a fé hoje


A comunicação dentro da Igreja vai crescer depois do 3º Encontro Nacional da Pascom
Entrevista com Ir. Élide Fogolari, assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB

Por Thácio Siqueira

BRASILIA, sexta-feira, 8 de junho de 2012 (ZENIT.org) – No próximo mês, do 19 ao 22 de Julho, na cidade de Aparecida do Norte acontecerá o 3º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom).

Para explicar os objetivos do evento, a sua organização e expectativas ZENIT entrevistou a  assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação Social da CNBB, Irmã Elide Fogolari, no dia 6 de março desse ano. (Cf. entrevista clicando aqui).

Nessa semana, ZENIT fez 3 breves perguntas à Irmã Elide. Dessa vez para que ela nos pudesse atualizar sobre a preparação próxima desse grande evento de comunicadores católicos da Igreja Brasileira.

Publicamos a seguir:

***

ZENIT: Como foi a recepção da Pascom até agora nas dioceses brasileiras?

IR. ELIDE: Esta é e está sendo um trabalho de articulação, de processos no sentido de criar uma cultura da comunicação na Igreja do Brasil. Percebo que existe um esforço muito grande por parte dos bispos, presbíteros, religiosos, religiosas e leigos enquanto sensibilidade aos meios e processos de comunicação para o anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo

ZENIT: A comunicação dentro da Igreja no Brasil vai crescer depois do 3º Encontro Nacional da Pascom?

IR. ELIDE: Tenho certeza que este encontro como todos os outros proporcionam momentos de formação, diálogo, entrosamento e trocas de muitas experiências. Por isso, a possibilidade de  crescimento são os frutos dos encontros e este será um grande momento para fortalecer a comunicação na Igreja do Brasil onde ela já existe e onde ela não existe será implantada. Hoje em dia sem comunição é impossível desenvolver qualquer ação, projeto ou trabalho. E se pensarmos no projeto de Deus, que através da sua Palavra, que é Jesus Cristo, quer se tornar conhecido por todos, a Igreja necessita da comunicação. Quando imagino que o primeiro encontro da PASCOM que aconteceu em Aparecida em 2008, participaram 130 pessoas da Igreja no Brasil. O 2º Encontro que aconteceu, também em Aparecida, em 2010, participaram cerca de 400 comunicadores da Igreja. E este já têm 730 inscritos, porém pagos  380. São dados significativos e que nos indicam o quanto a Igreja no Brasil vem se preocupando com a comunicação. Neste sentido precisamos agradecer a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que em 2008 consagramos a comunicação da Igreja no Brasil a ela.

ZENIT: Ainda há modo de se inscrever para participar?

IR. ELIDE: Com certeza. É só acessar o site da CNBB – WWW.cnbb.org.br e fazer a sua inscrição. A nossa meta é ter neste 3º Encontro 600 pessoas que atuam ou não com a comunicação da Igreja no Brasil

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Brasil


O Apóstolo do Brasil
Memória do Beato José de Anchieta

ROMA, sexta-feira, 08 de junho de 2012(ZENIT.org) – Neste sábado, 09 de junho, se celebra a memória do Beato José de Anchieta considerado o “Apóstolo do Brasil”, a favor dos humilhados e ofendidos indígenas cuja história pode ser contemplada no Santuário Nacional de Anchieta, no Espírito Santo.

José De Anchieta nasceu a 19 de março de 1534 em Tenerife, nas Ilhas Canárias. Tendo entrado na Companhia de Jesus, foi enviado às missões do Brasil. Dedicou sua vida à evangelização das plagas brasileiras. Em 1595, o sacerdote conclui a primeira obra literária do país, a "Arte da Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil", que inclui um dicionário português-tupi-guarani, impresso em Coimbra e depois, um catecismo.

Aos 18 anos, decidiu-se pela obra evangelizadora do Novo Mundo e inscreveu-se para participar de uma missão, que saiu de Portugal em 1553. Em Salvador, Anchieta tem sua primeira tarefa no Brasil: ajudar na organização do Colégio de Jesus.

No núcleo histórico da atual cidade de Anchieta, antiga aldeia de Reritiba localiza-se o Santuário Nacional de Anchieta, em uma encosta do morro do Rio Benevente, litoral sul do Espírito Santo, a80 kmda capital, Vitória.

Enquanto obra arquitetônica, o Santuário é uma construção jesuítica do Brasil Colônia. Foi erguido entre meados do século 16 e início do século 17.

O Conjunto Jesuítico de Anchieta destaca-se pela importância que teve no processo de inculturação religiosa dos índios puris e tupiniquins, conduzido pela Companhia de Jesus no tempo da Colônia, modelo considerado pioneiro no Brasil; mas também por ter sido o lugar escolhido pelo sacerdote José de Anchieta para viver os últimos anos de sua vida.

É possível ver a cela onde Pe. Anchieta hospedou-se muitas vezes em suas passagens pela localidade. Nela, recuperava-se dos desgastes físicos causados pelas longas viagens que fazia sempre a pé, a fim de preparar e fortalecer as comunidades indígenas. Nela, ele faleceu no dia 9 de junho de 1597.

Hoje, a cela abriga um pedaço do osso da tíbia do beato José de Anchieta, que pertencia, desde o ano de 1759, ao governo do Espírito Santo. A relíquia foi devolvida em 1888 aos jesuítas, que a levaram para Nova Friburgo, RJ. Voltando a residir em Anchieta, os jesuítas trouxeram de volta, em1944, arelíquia do Beato, cuja proteção ainda hoje invocam, para dar continuidade à obra missionária daquele que foi considerado “O Apóstolo do Brasil”.

José de Anchieta faleceu em 9 de junho de 1597. Era chamado de 'paizinho' pelos indígenas; agora é chamado de "Pai da pátria" pela CNBB. Reconhecidamente, Anchieta é um dos pilares da civilização brasileira.

MEM

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Familia e Vida


A população brasileira é majoritariamente contra a liberação do aborto
Entrevista com Dra. Lenise Garcia, presidente do Movimento Brasil sem Aborto

Por Thácio Siqueira

BRASILIA, terça-feira, 05 de Junho de 2012 (ZENIT.org) – No dia 26 de Junho, a partir das 15h30, acontecerá na Capital do Brasil, Brasília, a 5ª Marcha Nacional da cidadania pela Vida, organizada pelo Movimento Nacional de cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto. A concentração será no gramado, em frente ao Museus, na Esplanada dos Ministérios.

Zenit entrevistou hoje a Dra Lenise Garcia, que com muita bondade se disponibilizou para responder nossas perguntas.

A Dra. Lenise Garcia é professora do Instituto de Biologia da UnB, integrante da Comissão de Bioética da Arquidiocese de Brasília e da CNBB e presidente do Movimento Brasil sem Aborto.

Publicamos na íntegra a entrevista:

ZENIT: Tramita na Câmara um Projeto de Lei (Lei 478/2007), conhecido como Estatuto do Nascituro. O que esse projeto acrescenta na Luta Pró-vida no Brasil?

LENISE GARCIA: O projeto do Estatuto do Nascituro explicita e concretiza algo que já está previsto em nossa legislação, o direito inalienável à vida, desde a concepção. Ele trata de princípios, como por exemplo:

Art. 3º Reconhecem-se desde a concepção a dignidade e natureza humanas do nascituro conferindo-se ao mesmo plena proteção jurídica.

§ 1º Desde a concepção são reconhecidos todos os direitos do nascituro, em especial o direito à vida, à saúde, ao desenvolvimento e à integridade física e os demais direitos da personalidade previstos nos arts. 11 a 21 da Lei nº10.406, de 10 de janeiro de 2002.

E também traz algumas propostas concretas, como:

Art. 11. O diagnóstico pré-natal é orientado para respeitar e salvaguardar o desenvolvimento, a saúde e a integridade do nascituro.

§ 1º O diagnostico pré–natal deve ser precedido de consentimento informado da gestante.

§ 2º É vedado o emprego de métodos para diagnóstico pré-natal que causem à mãe ou ao nascituro, riscos desproporcionais ou desnecessários.

Uma vez aprovado, o Estatuto do Nascituro dificultará interpretações que atualmente alguns fazem das leis, que abrem brechas para a realização do aborto. 

No que diz respeito aos movimentos pró-vida, é também importante ter uma agenda positiva, que não se contente com a luta "contra" a descriminalização do aborto, mas mostre que somos "a favor" da vida, mesmo aquela em circunstâncias complexas e delicadas. 

ZENIT: O que falta para ser aprovado?

LENISE GARCIA: Os projetos de lei que nascem no Congresso Nacional tem, no Brasil, uma tramitação bastante longa. Ele foi aprovado na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, mas precisa ainda passar pela Comissão de Finanças e Tributação, e pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Sendo aprovado na Câmara, ainda vai ao Senado. Tudo isso pode ocorrer em um espaço de tempo relativamente curto, se a população estiver atenta e acompanhando a tramitação. Caso contrário, a tendência dos parlamentares é "esquecer" projetos polêmicos. Daí que seja muito importante a manifestação da população pela aprovação do Estatuto do Nascituro. 

ZENIT: Há um anteprojeto de lei querendo aprovar o aborto? Do que se trata?

LENISE GARCIA: Está sendo feita uma reforma do Código Penal. Para isso, o Senado designou inicialmente uma comissão de juristas, que vai apresentar um anteprojeto a ser analisado pelos parlamentares. Esse anteprojeto ainda não foi oficialmente apresentado, mas fizeram-se públicas várias de suas partes, e na referente aos crimes contra a vida há alguns itens bastante preocupantes, no que se refere ao aborto e também à eutanásia. Pela proposta, por exemplo, não é crime o aborto até a 12ª semana quando, a partir de um pedido da gestante, o "médico ou psicólogo constatar que a mulher não apresenta condições de arcar com a maternidade". Com uma regra tão indefinida, é evidente que se abririam muitas portas. 

ZENIT: No dia 26 de Junho se realizará a 5ª Marcha em Favor da Vida na Esplanada. Em que ajuda uma manifestação presencial nas ruas? 

LENISE GARCIA: Sabemos que a população brasileira é majoritariamente contra a liberação do aborto. Entretanto, é preciso que isso seja mostrado aos parlamentares, para que eles atuem como é desejo de seus eleitores. Ir às ruas é um modo bastante eficiente de se fazer essa demonstração. Por exemplo, a comissão de juristas que está elaborando a proposta para o Código Penal está incluindo muitas coisas que são o seu pensamento, mas não o do povo brasileiro. Entretanto, eles não são nossos legítimos representantes. Já os senadores deveriam sê-lo, para isso foram eleitos. Um dos objetivos da Marcha é lembrá-los dessa sua representatividade, mostrar que estamos atentos. 

ZENIT: Vão pessoas de todas as religiões? De quais principalmente?

LENISE GARCIA: Temos a participação de pessoas de muitas religiões, ou mesmo sem nenhuma. Todo cidadão que compreenda e queira promover a dignidade humana de cada pessoa, mesmo nas fases iniciais da existência, está convidado a participar. Em eventos anteriores, tivemos a presença de católicos, espíritas, evangélicos de variadas denominações, budistas, adeptos da seicho-no-ie, participantes da Legião da Boa Vontade (LBV) e muitos outros. 

ZENIT: Como é que aqueles que estão em outros Estados do Brasil podem apoiar a Marcha pela Vida?

LENISE GARCIA: Quem tiver condições de vir a Brasília, está convidado. Sempre recebemos caravanas de vários lugares. Quem não puder estar presente, pode ajudar a divulgar, especialmente entre conhecidos que morem por aqui. Também necessitamos ajuda financeira para viabilizar a Marcha, pode-se obter informação sobre isso no site do Brasil sem Aborto www.brasilsemaborto.com.br . Outra forma de apoio é assinar a petição em favor do Estatuto do Nascituro, o que pode ser feito online, ou coletar assinaturas baixando o arquivo do formulário. Tudo isso está disponível no site. Estamos também pensando em apoio pelo Twitter, no dia da Marcha, o que sempre ajuda a divulgar o evento. 

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Católicos: favoráveis à homofobia?
Análise feita pelo especialista em Bioética, Pe. Hélio Luciano

ROMA, sexta-feira, 8 de Junho de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos a seguir um artigo de reflexão do nosso colaborador especialista em Bioética, Pe. Hélio Luciano, membro da comissão de bioética da CNBB.

***

Nas últimas semanas temos acompanhado novas discussões sobre leis contra a homofobia – discussão que volta à tona pelo seminário organizado pela Senadora Marta Suplicy sobre o Projeto de Lei da Câmara 122/2006 (mais conhecido como PLC 122) e pelas propostas para o novo Código Penal Brasileiro. Com base nessas discussões, poderíamos perguntar-nos, qual é a posição dos católicos em relação à homofobia?

É já ideia comum entre os não-católicos – e infelizmente entre muitos católicos também – pensar que nós, católicos, somos homofóbicos. Nada mais equivocado. Atitudes de violência física ou moral, ridicularizações – ou o famoso bullyng, que agora está de moda – são tão contrários à doutrina católica como qualquer outro pecado contra a caridade. Sendo assim – repito para deixar bem claro – não somos e jamais seremos homofóbicos se queremos seguir a Cristo.

Ao mesmo tempo somos também contrários aos atuais projetos de lei propostos e já citados. Por sermos homofóbicos? Não. Mas por diversas outras razões. A primeira delas é por ser um projeto legislativamente desnecessário. Contra a violência – seja física ou moral – e contra a discriminação, já existem leis às quais as pessoas que se sintam injustiçadas podem recorrer. Não é necessário criar uma nova lei, mas sim fazer que as leis já existentes se apliquem de fato. Porque estamos vivendo em uma tendência de multiplicar leis que já existem?

Em segundo lugar, a lei apresentada é contrária à liberdade de expressão e à liberdade religiosa. É verdade que a liberdade de expressão não é e não pode ser absoluta – por exemplo, ninguém nunca pode incitar à violência recorrendo à liberdade de expressão. Mas também é verdade que, com a nova lei, os limites do que poderá ser interpretado como agressão ou não-agressão – do ponto de vista moral – serão muito frágeis. Se um pastor protestante ou um sacerdote católico lerem ou pregarem sobre a 1ª Carta de São Paulo aos Corintios – Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os ladrões herdarão o reino de Deus – não poderá alguém recorrer à “nova” lei por sentir-se agredido? Se um sacerdote negar a comunhão a um “casal” homossexual, estes não poderiam acusar ao sacerdote de “homofóbico”?

Queremos apenas a liberdade de poder afirmar aquilo em que acreditamos. De poder dizer claramente, sem nenhuma pretensão de ofender a ninguém, que uma pessoa que vive atos homossexuais está ofendendo a Deus. De poder oferecer ajuda – somente àquelas pessoas que queiram e acreditem que precisam ser ajudadas – a que vivam o amor de Deus em plenitude. Queremos ser livres, sem ofender a ninguém, mas ser de fato livres para pensar.

Em um artigo escrito há aproximadamente dois anos sobre este mesmo tema, fui acusado em um blog – por pessoas que não me conhecem – de ser pedófilo, pederasta, homossexual, etc. Tudo isso pelo simples fato de ser sacerdote. Como sabemos, a discriminação atual contra a Igreja e contra os sacerdotes não são casos isolados – somos os únicos que não temos mais direito à liberdade. Devemos criar então uma lei de “sacerdociofobia” ou “eclesiofobia”por causa disso? Não. Por que então reivindicam que para os grupos homossexuais é necessária uma lei específica?

**Pe. Hélio é graduado em filosofia e teologia pela Universidade de Navarra, na Espanha, Mestrado em bioética pela mesma Faculdade; Mestrando em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (PUSC), na Itália, doutorando em bioética pela Faculdade de Medicina do Campus Biomedico di Roma (UNICAMPUS), na Itália e Membro da Comissão de Bioética da CNBB. Concedeu uma entrevista à ZENIT no dia 18 de Abril, sobre o tema As causas da Aprovação do Aborto do Brasil (Confira a entrevista aqui: www.zenit.org/article-30101?l=portuguese).

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Especial


Quanto mais o criticam, mais as pessoas o ouvem
Bento XVI encoraja famílias a renovar a civilização do amor

Antonio Gaspari

ROMA, segunda-feira, 4 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Ele é criticado, traído em sua confiança, envolvido em escândalos pelo comportamento de outros, instado a renunciar. Mesmo assim, quando tudo parece estar nos seus piores momentos, o papa Bento XVI mostra ao mundo as razões, a beleza e o poder regenerador do cristianismo.

Já houve quem dissesse que ele é velho demais para dirigir e renovar a Igreja. Que ele é acadêmico demais para ser entendido pelo povo. Que ele é dogmático demais para dialogar com a modernidade. Que ele é fraco demais para reagir às traições, à corrupção, à perda de fé.

No entanto, como São Paulo declarou, "é quando sou fraco que sou forte". Bento XVI mostrou em Milão, no VII Encontro Mundial das Famílias, a renovada capacidade do cristianismo de converter os corações e dar esperanças aos povos da terra.

Num mundo onde tudo parece desmoronar, sejam as finanças, as ideologias, os ídolos, os partidos políticos, as estruturas públicas e religiosas, o papa reuniu oitenta mil jovens crismandos e seus catequistas no estádio de Milão e mais de um milhão de famílias de todas as partes do mundo para dizer a todos que o futuro pertence aos que tiverem fé em Jesus Cristo.

Para os administradores públicos, o bispo de Roma disse que, para vencer a crise, "precisamos não apenas de escolhas técnicas e políticas corajosas, mas também da gratuidade que deve motivar as escolhas dos cristãos". "Contra a crise, a justiça não é suficiente se não vier acompanhada do amor pela liberdade". É neste contexto que a política precisa se tornar "uma forma superior de amor pelas pessoas e pelo bem comum".

Aos jovens que lotaram o estádio Giuseppe Meazza, o papa mostrou a santidade como o “caminho normal do cristão”, e os chamou a serem “disponíveis e generosos, porque o egoísmo é o inimigo da verdadeira alegria”.

"Abram-se àquilo que o Senhor sugere! E se ele Ele os chamar a segui-lo, não lhe digam que não! Jesus preencherá o seu coração para toda a sua vida!".

Às famílias, Bento XVI reiterou que elas são "o recurso principal da sociedade".

"Queridos cônjuges, no casamento vocês não doam algo ou alguma atividade, mas toda a sua vida. E o seu amor é fecundo primeiramente para vocês mesmos, porque vocês querem e fazem o bem uns para os outros, experimentando a alegria de dar e de receber".

O pontífice explicou que o casamento entre um homem e uma mulher "é fecundo na procriação generosa e responsável dos filhos, no cuidado dedicado a eles e na sua educação atenta e sábia".

"E é fecundo para a sociedade porque a vida familiar é a primeira e insubstituível escola das virtudes sociais, como o respeito pelas pessoas, a gratuidade, a confiança, a responsabilidade, a solidariedade, a cooperação".

Em meio à multidão reunida em Milão, Bento XVI mostrou a determinação serena e forte de guiar o "barco de Pedro" iluminando e aquecendo os corações e as mentes do mundo inteiro.

Quando foi eleito, em 19 de abril de 2005, o pontífice disse que seria "um humilde trabalhador na vinha do Senhor". Até agora ele manteve as suas promessas, podando a vinha e tornando-a mais livre e mais forte diante das tentativas de condicionamentos e de manipulações.

Ratzinger é, sim, um ancião, e parece frágil de corpo. Mas está limpando a casa de Pedro e deixando-a transparente e aberta de uma forma extraordinariamente heróica.

Nenhum papa conseguiu em tão pouco tempo cortar os ramos secos, livrar a videira dos obstáculos e fazê-la crescer no meio de incontáveis dificuldades.

Para os católicos e para o mundo, o papa assume cada vez mais a dimensão da bênção de Deus.

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Papa celebra Corpus Christi em São João de Latrão
Bento XVI presidirá a procissão e as celebrações

ROMA, terça-feira, 5 de junho de 2012 (ZENIT.org) - A Santa Missa da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, nesta próxima quinta-feira (7), será celebrada por Bento XVI às 19 horas na basílica romana de São João de Latrão. A notícia foi comunicada em uma carta do Cardeal Vigário, Agostino Vallini, aos párocos da diocese de Roma.

O Santo Padre presidirá a procissão eucarística na Via Merula até a basílica de Santa Maria Maior. O acesso à praça será liberado sem necessidade de ingressos.

“Quero fazer um convite especial para que todos participem em grande número neste momento eclesial”, escreveu Vallini. “Queremos agradecer ao Senhor pelo precioso dom da Eucaristia e testemunhar publicamente a nossa fé e a unidade da Igreja em torno do seu bispo de Roma”.

“A Sé de Pedro”, continuou o vigário do papa, “está sendo objeto de conclusões precipitadas, graves e injustas, que desorientam as pessoas. Queremos elevar ao Senhor a nossa oração fervorosa por todos, para que Ele nos conceda o dom da unidade e da paz. Peço que vocês trabalhem para conseguir que todos os fiéis sejam convidados a participar”.

A tradição da solenidade, conforme explica o diretor litúrgico da diocese, pe. Giuseppe Midili, remonta a 1264, quando o papa Urbano IV instituiu a festa "para que o povo cristão redescobrisse o valor do mistério eucarístico". Alguns meses antes, ele havia verificado o milagre eucarístico de Bolsena, quando o corporal de um sacerdote ficou manchado de sangue. O corporal permanece até hoje preservado na catedral de Orvieto, na Itália.

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Entrevistas


O Papa escolheu a Filadélfia, apesar de tudo
O arcebispo da cidade americana, Dom Charles Chaput traça os desafios do próximo Encontro Mundial das Famílias

MILÃO, terça-feira, 05 de junho de 2012(ZENIT.org) – Será na Filadélfia, Pensilvânia, a sede do VIII Encontro Mundial das Famílias. O anuncio, feito por Bento XVI no Ângelus de domingo, no palco do aeroporto de Bresso onde celebrou a solene Eucaristia final, pegou de surpresa muitas pessoas.

Que seria em um continente diverso do Europeu entra na lógica da alternância. Mas a cidade em questão, é um fato, tem dimensões muito menores do que a penúltima sede (Cidade do México) e, do ponto de vista eclesial, uma importância diversa da arquidiocese ambrosiana (entre as maiores Igrejas locais), palco desta edição.

Sobretudo, para a Igreja nos Estados Unidos empenhada na delicada administração da situação dos padres pedófilos. E justamente Filadélfia que foi, este ano, um dos epicentros dos escândalos.

Um risco? Talvez. Mas não é o que pensa o arcebispo da Filadélfia, Charles Chaput, que, mesmo sem negar os vários problemas que a sua Igreja está passando, diz estar “muito contente” pela tarefa recebida.

Ele nasceu em 1944, no Kansas, foi ordenado sacerdote em 1970, Dom Chaput, que pertence à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, é arcebispo da Filadélfia há menos de um ano, exatamente desde 19 de julho de 2011. Foi arcebispo de Denver (Colorado) por 14 anos e, antes, por quase 10 anos bispo de Rapid City (Dakota do Sul). Destaca-se por ser o primeiro arcebispo americano nativo: sua mãe é da tribo dos Potawatomi e o bispo não deixa de falar com orgulho de sua origem.

Dom Chaput, em uma entrevista à National Catholic Reporter após sua nominação, prometeu guiar a Igreja na direção indicada por São Francisco, “tornando a abraçar o Evangelho de forma clara, sem concessões, em todas as circunstancias”.

Dom Chaput, com quais sentimentos o senhor acolheu a decisão atribuída a Filadélfia de hospedar a próxima edição do Encontro Mundial das Famílias?

Dom Chaput: Há cerca de três meses eu recebi uma carta do Pontifício Conselho para as Famílias, perguntando se a Filadélfia estaria interessada em tornar-se sede do próximo Encontro Mundial para as Famílias. São tempos difíceis para a nossa diocese, também do ponto de vista financeiro. Consequentemente, eu estava um pouco preocupado. Assim, em resposta, eu disse que estaríamos muito contentes em aceitar a proposta, mas fiz presente também os nossos problemas, seja financeiro que logístico, desde que se trata de administrar um evento com milhões de pessoas...Seis semanas atrás, nos escreveram novamente de Roma, dizendo que eram esperadas respostas de outras Dioceses (não sei quais eram, mas sei que eram pelo menos outras duas). A carta explicava que as dificuldades financeiras e administrativas eram compreensíveis, mas que, apesar disso, o Papa pessoalmente havia decidido optar pela Filadélfia. Considero este pronunciamento de Bento XVI uma decisão do Espírito Santo e, por isso, estou muito feliz em preparar um evento que, mesmo em tempos difíceis, será de paz, alegria e amor.

O senhor acenou problemas da diocese: econômicos, mesmo que sérios, não são os principais...

Dom Chaput: É assim. Uma das questões mais complicadas è a pedofilia: houve casos de padres pedófilos, e dentre eles um responsável pelo clero que agora sofre um processo de acusação por não ter sido prudente ao atribuir as tarefas sacerdotais. Por tudo isso, a diocese está fechando muitas escolas e redimensionando as paróquias: isto gera, sem dúvidas, problemas.

O senhor poderia traçar um quadro da sua diocese?

Dom Chaput: A Filadélfia é uma das mais antigas cidades e dioceses dos Estados Unidos: é o lugar onde foi assinada a Constituição americana, foi também a capital durante um período; enfim, as pessoas são orgulhosas de sua historia. Ainda hoje é uma cidade importante: é a sexta maior cidade dos Estados Unidos, com 1 milhão e meio de católicos sobre um total de quase 4 milhões (37%), subdividida em 267 paróquias, onde trabalham 600 padres diocesanos, juntamente com um grande numero de religiosos e freiras. Na diocese temos centenas de escolas católicas. Por mais que hoje estejam em dificuldade, contam com uma tradição forte: o primeiro bispo da Filadélfia, de fato, o redentorista John Neumann, primeiro bispo americano a ser proclamado santo, foi fundador do sistema escolástico diocesano nos Estados Unidos, criou uma verdadeira tradição.

De acordo com alguns observadores da Igreja, o senhor é da linha dos, assim considerados, “conservadores criativos”. Como outros bispos americanos, o senhor luta pela vida e, ao mesmo tempo, pela justiça social. O que desorienta os que amam combinar a luta pela vida à “direita” e o compromisso com os pobres à “esquerda”. Mas o Evangelho é um...

Dom Chaput:Nos Estados Unidos também existe esta percepção errada sobre este ponto. Os próprios católicos muitas vezes são divididos: se defendem a vida são considerados “conservadores”, se lutam pelos últimos são “progressistas”. Infelizmente, constato que aqueles que defendem a vida se interessam pouco pela justiça social e vice e versa. Mas isso é maluco (literalmente: loucura), porque a doutrina social da igreja inclui ambos os aspectos, são duas faces da moeda, mais do que isso, da mesma: a dignidade humana. Os dois aspectos citados acabam por envolver os católicos também politicamente, a ponto de se identificarem com um partido ou outro.

Reverendíssimo, poderia dar-nos outros detalhes do Encontro Mundial das famílias?

Dom Chaput: Não, ainda é cedo, falaremos no outono. Não temos ainda a data, nem o tema, nem mesmo uma equipe de trabalho. Uma coisa é certa: queremos começar logo porque se trata de um projeto trabalhoso.

Quais foram as suas impressões de Milão?

Dom Chaput: Fiquei muito impressionado, especialmente com os jovens voluntários. Os jovens são a parte mais importante da família e por isso é necessário “ter juntos” esses dois aspectos. Este será o desafio na Filadélfia.

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Muitos formadores de seminários e conventos não conhecem as feridas que os candidatos trazem
Entrevista à irmã Lacambra, especialista em temas de sexualidade humana

Por José Antonio Varela Vidal

ROMA, terça-feira, 05 de junho de 2012 (ZENIT.org). - É sempre bom saber a origem das coisas. Isto ajuda a identificar as causas dos problemas, que quando crescem com várias ramificações impedem uma solução adequada. Alguns deles são os temas relacionados à sexualidade humana ou ao mundo demoníaco.

Para conhecer mais de perto estas realidades, ZENIT conversou com a irmã Maria Blanca Lacambra, da congregaçaõ das Servas da Verdade, que reside em Bayamón, Puerto Rico. Ela trabalha há muitos anos com diversos grupos da arquidiocese de San Juan, no que diz respeito à disfunções sexuais, assim como casos de possessões diabólicas e exorcismos. Oferecemos a primeira parte da entrevista hoje.

ZENIT: Por que o tema da sexualidade, com suas perversões, tornou-se uma notícia de todos os dias?

IR. LACAMBRA: Em primeiro lugar considero a sexualidade sagrada, criada por Deus e, portanto um presente seu. As perversões são ocasionadas por vários fatores inerentes a traumas, estupros e abusos de todo tipo. Sendo Puerto Rico uma sociedade matriarcal, onde a mãe faz quase tudo com relação aos filhos, e o pai se dedica a trazer o sustento para o lar, - hoje muitas mães trabalham e não têm tempo para os filhos -, são os filhos que ficam afetados por isso e em muitos casos se debilitam. Tudo isso faz com que muitas feridas fiquem impressas no cérebro e os acompanhem por toda a vida. Se estas feridas não são tratadas com cuidado por diversos profissionais qualificados na matéria, juntos com a consciência séria da participação de Deus nas nossas vidas, teremos diante de nós adultos com muitos distúrbios de comportamento e de personalidade; problemas que mais adiante se manifestarão tanto na vida matrimonial como na vida religiosa.

E isso pode ser mudado?

IR. LACAMBRA: Existem sacerdotes, psiquiatras, psicólogos e sexólogos que trabalham com isso, e pelo que a experiência está me ensinando, é necessário trabalhar rapidamente para eliminar, na medida do possível, as feridas que impedem os homens de adquirir a libertação; lembremos de que somos imagem e semelhança de Deus e são as feridas que nos impedem de sentir no nosso ser esse “menino” ou “menina” criada por Deus e que constantemente está gritando dentro de nós porque quer ser o que Deus, Nosso Senhor quis que fosse: seu filho ou filha querida.

ZENIT: E como prevenir isso com aqueles que entram nos seminários e conventos?

IR. LACAMBRA: Vejo que está sendo feito algo ultimamente, mas pouco. Que se faça um teste psicológico não é suficiente, porque se a pessoa é inteligente poderá manipular todos aqueles que a queiram mudar e não se poderá saber como é na realidade o candidato. Os candidatos não dizem muitas coisas que se deveria saber antes de entrar no convento, para serem ajudados. Vêm com muitas feridas da infância e da adolescência. E ainda mais, considero que exista medo pelo tema da sexualidade; não se aprofundiza como se deveria fazer. Lembremos que a sexualidade abarca o corpo, alma e espírito e portanto, nos acompanha ao longo de toda a vida e se não nos é familiar, amiga, diria, como é possível amá-la e deixar que ela cumpra com o fim para o qual Deus, Nosso Senhor a criou?

ZENIT: Vêm-se alguns casos disso, não?

IR. LACAMBRA: Se entramos nas comunidades nos encontramos com tantas coisas que estão acontecendo a nível mundial, seja com sacerdotes, religiosas, pastores e nos escandalizamos mas..., quem acompanhou estes candidatos à vida religiosa e sacerdotal no aspecto da sexualidade? Por acaso os seus pais? É triste constatar que muitos pais não sabem nada do que se refere a este tema tão importante. Eu diria que nem sequer alguns formadores e superiores de comunidades religiosas têm muito conhecimento desse tema. Muitos jovens entram no seminário ou na vida religiosa com a intenção de ficar, seja porque têm vocação ou por outras causas que já conhecemos; algumas delas não muito positivas. O fato de que hão haja formadores devidamente preparados para acompanhar estes candidatos, supõe que ante o voto de castidade tenham problemas. Além do mais, o mero fato de saber que existe fortes tentações, não supõe necessariamente que não existe a vocação. Justamente os meios utilizados contra o maligno nestes momentos são importantíssimos: a oração, a recepção dos sacramentos, o santo terço, e acima de tudo, o acompanhamento de uma pessoa - geralmente o superior e o diretor espiritual - tanto no terreno espiritual como humano.

ZENIT: Na época da formação para o sacerdócio ou para a vida consagrada, quais são os sinais de alerta que se pode ter sobre isso?

IR. LACAMBRA: Eu diria que um apego excessivo ao superior, pois estão à procura de um pai; no caso das jovens, na superiora uma mãe. E isso se manifesta ao longo de toda a vida. Acredito que um candidato a religioso ou religiosa, que não tenha recebido o amor dos pais, terá muito mais dificuldade de seguir adiante sem ajuda. A necessidade de masturbar-se, de ver pornografia; a necessidade de estar horas diante da tela; o viver uma vida totalmente secularizada e superficial, são indícios da falta de compromisso diante de um assunto tão importante.

ZENIT: Não há como superar isso durante a formação?

IR.LACAMBRA: Na formação é necessário orientar os candidatos para terem uma vida de intensa oração, porque esse amor esmaga e apaga todo o resto. Mas não é o único. A nossa natureza é humana e, portanto, deve ser tida em conta. Se o amor radica na sexualidade, é impossível amar sem ser afetivo. Deus é amor! E quão bem o Papa Bento XVI nos dá a entender isso na sua Encíclica Deus Caritas Est. Os formadores deveriam ter conhecimentos da pessoa humana; devem ter conhecimentos da pessoa humana; devem preparar-se em sexologia e ser maduros afetivamente. Estudaram filosofia, teologia mas sabem pouco de afetividade se não provêm de uma família onde mamaram e foram testemunhas do amor que o pai tinha pela mãe e vice-versa; devem ter tido experiências de um amor filial que é o eixo da maturidade afetiva e do espírito. O sentido da castidade bem compreendida e vivida, leva a um amor tão grande que não se precisa de ninguém no caso do cônjuge; e de ninguém mais que o Esposo, no caso do célibe.

ZENIT: Outro tema do nosso tempo é a infidelidade entre os casais ... Onde se origina isso?

IR. LACAMBRA: Nas oficinas que temos, percebemos que o grande problema que nos apresentam quando chegam não é o esposo ou a esposa, mas a falta de amor na infância; falta de amor pelas feridas que têm, sobretudo dos 0 aos 6 anos. Ali não houve um papai ou uma mamãe que lhes dera amor que necessitavam, para depois usar esse mesmo amor ao longo de toda a vida. Ao longo da terapia eles mesmos se dão conta de que existem coisas no fundo que lhes impossibilita o amor gratuito e maduro que devem ter um pelo outro; a felicidade é um presente que Deus lhes deu; presente que tem que ir desenvolvendo ao longo da vida. O cônjuge não é o culpável pela falta de felicidade no outro, na maioria dos casos.

ZENIT: A infidelidade é uma doença?

IR. LACAMBRA: não me atreveria a dizer que é uma patologia. Mas sim diria que é uma atitude, um estado produzido por uma insatisfação, uma busca do prazer; do sentido sem ter aprofundado bem na afetividade, que é o que se aprende no lar. Como, então, falar de espiritualidade se o relacionado com a natureza humana está "manco"?

ZENIT: E sobre a questão da homossexualidade? Alguns dizem que é adquirida, outros que se nasce assim, o que se sabe hoje sobre isso?

IR. LACAMBRA: Há um monte de idéias e teorias sobre isso. O que estudei - embora não seja sexóloga - é que existem dois tipos de sexualidade, a primária e a secundária. A primária refere-se a aquelas pessoas que desde pequenas já têm essa inclinação. Existem muitos fatores que devem ser tidos em conta, mas eu diria que entre 100 homossexuais, somente alguns seriam primários (os verdadeiros homossexuais). O resto, o maior número seriam os secundários; para nós, pseudo-homossexuais.

ZENIT: Então, tudo isso pode ser canalizado?

IR. LACAMBRA: A sexualidade é uma ciência moderna do século XX, portanto ainda está na sua infância. Encontram-se muitas coisas, e trabalhando com as pessoas nos damos conta de que o homossexual secundário não o é realmente, é um falso ou pseudo-homossexual. O que faz que com a ajuda de pessoas idôneas possam voltar a ser heterossexuais, que é o que Deus quis para eles. No entanto, também encontramos casos de homossexuais primários que nos foi possível orientar por meio da vida espiritual e lhes ajudamos a amar a Deus, que constitui o fundamento do seu amor. Conseguiram: colocando a Deus, Nosso Senhor no topo, o resto fica em segundo plano. Na nossa arquidiocese existe um grupo chamado “Courage” que ajuda os homossexuais e ali consegue-se muitos frutos. É claro que ao aproximar-se de Deus, e aprender a amá-Lo faz com que a pessoa se apaixone por Ele e leva a ir apagando as paixões que nos separam Dele a nível terreno: o prazer, a comodidade, etc. Além do mais, o saber canalizar bem a energia sexual faz que a sexualidade não transborde e cause inundações que vemos em todos os lugares.

[Tradução Thácio Siqueira]

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O jovem sabe como chegar ao coração de outros jovens
Entrevista com Secretário Nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé, Pe. Marcelo Gualberto

Por Thácio Siqueira

BRASILIA, sexta-feira, 8 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Há dois dias atrás, Pe. Marcelo Gualberto Monteiro concedeu à ZENIT uma entrevista na qual explicou a organização da Semana Missionária que precederá a JMJ 2013. (Cf. entrevista clicando aqui)

Hoje plublicamos a segunda parte da entrevista. Pe. Marcelo mostra como a POM articula o seu trabalho com a Juventude em território brasileiro.

***

ZENIT: Na Secretaria Nacional da Propagação da Fé e Juventude Missionária, qual é a sua principal missão? 

PE. MARCELO: Animar os jovens para que sejam missionários de outros jovens. O discipulado nos convida a tomar a consciência de que uma vez feito a experiência de intimidade com Cristo o jovens é responsável de anunciar a outros jovens esta alegria contagiante do seu jeito de ser missionário. O jovem sabe como chegar ao coração de outro jovem, sabe usar linguagem própria, assim um jovem entusiasmado em cristo é capaz de contagiar muitos outros. 

Este é o nosso papel à frente da Propagação da Fé, suscitar que estes jovens entusiasmados de Cristo tomem a consciência de seu protagonismo na missão da Igreja e compartilhe com outros jovens do mundo  a alegria de ser de Deus e de lutar por um mundo melhor em busca da justiça e solidariedade como aqueles jovens que estão dispersos nos quatro cantos da terra.

ZENIT: Como é que os jovens católicos estão se movimentando para serem missionários? Realmente existem jovens missionários no Brasil?

PE. MARCELO: Há um grande desejo missionário no interior da juventude, porém é preciso despertar, uma vez que sair das comodidades habituais gera uma ruptura do modo de Viver.

É preciso apresentar às juventudes do Brasil os trabalhos que a Igreja tem na dimensão missionária. Muitos ainda se fecham por falta de conhecer outras realidades não se preocupando com o outro, mas quando há abertura os jovens se apaixonam e de fato se entregam de corpo e alma em anunciar. E é  perceptível na juventude que ela tem uma sensibilidade muito grande em ajudar e ter compaixão daqueles que estão a margem, eles entendem o propósito verdadeiro do anúncio, desde que dêem este primeiro passo da redescoberta.

A juventude missionária animada pelas POM presente no Brasil há 7 anos tem auxiliado os jovens a fazer esta experiência e podemos dizer sim que no Brasil, hoje, temos jovens missionários, não só os da Juventude Missionária animada pelas POM, temos muita coisa bonita pelo Brasil e pelo mundo e pena que não é divulgado.

ZENIT: Os jovens brasileiros participarão do III Congresso Missionário Nacional?

PE. MARCELO: Sim, um dos quatro mutirões propostos no congresso é sobre Infância, adolescência e juventude missionária. Isto tem despertado muito o interesse uma vez que ao fazer a inscrição o congressista faz duas opções para os mutirões sendo que tem sido o mutirão  da IAJM que mais rápido preencheu as vagas.

Desde o início do ano os grupos da JM, espalhados pelo Brasil vêem se preparando com o instrumento de trabalho elaborado pelas POM, que prepara o povo para melhor vivenciar o 3º Congresso Missionário Nacional, claro que não é só os jovens que fizeram toda esta preparação e toda animação missionária. De modo especial os conselhos missionários fizeram os pré-congressos como requisito para participação em Palmas – TO.

ZENIT: Qual é o Estado Brasileiro, a diocese brasileira, que hoje por hoje, está sendo um maior exemplo a ser seguido pelas demais dioceses do Brasil, com relação ao trabalho com a juventude missionária?

PE. MARCELO: Graças a Deus e a dedicação de tantos missionários, que abraçaram a causa e vêem na JM uma oportunidade para conscientizar um pouco mais a juventude católica da missão comprometida com a justiça e a verdade, tem surgido grupos por todo o Brasil e cada vez mais nasce principalmente naquelas regiões que a IAM já está bem consolidada.

Como região o nordeste e o sul tem tido um maior crescimento da JM até mesmo pelo fato da IAM por lá ser bem forte e a JM sendo essa continuidade na metodologia e no carisma proposto pelas Pontifícias.

Enquanto Juventude Missionária segue um pouco esta estatística sendo que o estado do Ceará concentra um bom numero de grupo da JM também o Paraná  tem crescido bastante.

Percebemos onde há um jovem que acompanha, ou um assessor a coisa tem andado com uma maior facilidade.

ZENIT: Os sacerdotes devem estar ao lado da Juventude hoje? Por que? 

PE. MARCELO: Sem sombra de dúvidas. Uma grande porcentagem das pessoas hoje estão na faixa etária juvenil e uma grande parte não estão inseridos em alguma atividade pastoral ou até mesmo nem vivem uma vida de fé, daí a necessidade dos pastores de alma se dedicarem na evangelização juvenil.

Percebemos as vezes que muitos padres não acreditam nos jovens, os vêem como aqueles que só gostam do “oba oba” e na hora do vamos ver na fé “cascam fora”.

Claro que é mais fácil para o padre e muitos estacionam aí em pastorear somente aquelas ovelhas que sempre estão freqüentando as atividades paroquiais.

Trabalhar com jovens é exigente, precisa sempre inovar, traduzir o evangelho para atualidade daí onde muitos encontram dificuldades e acham mais fácil deixar para lá, “aqueles que quiserem vem” e permanecer nas mesmas estruturas que para a juventude já é ultrapassada. Não digo nada no sentido de mudança de doutrina ou magistério, simplesmente em novos meios e metodologias.

Vemos muitos sacerdotes que estão perto da juventude e tem produzido frutos belíssimos.

Para mais informaçoes: http://www.pom.org.br/

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Redescobrir as raízes católicas através do Congresso Eucarístico
Entrevista com Dr. Tomothy O`Donnell presidente do Christendom College

Por AnnSchneible

WASHINGTON, DC, segunda-feira, 01 de junho de 2012 (Zenit.org) - Enquanto a cidade de Dublin se prepara para receber peregrinos de todo o mundo para o Congresso Eucarístico Internacional no final deste mês, o Dr. Timothy O'Donnell do Christendom College, que irá discursar no Congresso, conversou com ZENIT sobre o sacerdócio, o Sagrado Coração de Jesus, e a centralidade da Eucaristia na vida católica.

De 10 a 17 de junho acontecerá o 50° Congresso Eucarístico Internacional a ser realizado em Dublin, Irlanda. Este será o segundo Congresso realizado na cidade, o primeiro foi em 1932. O tema do Congresso deste ano é "A Eucaristia: União com Cristo e Entre nós"

Dr. O'Donnell é presidente do Christendom College, uma Faculdade Romana Católica de artes liberais localizada em Front Royal, Virginia. Falando com ZENIT, ele discutiu o que este Congresso Eucarístico significa para a Igreja Católica.

ZENIT: Você fará duas palestras no Congresso Eucarístico: uma sobre o tema do sacerdócio, e outra sobre o Sagrado Coração. Atualmente, o sacerdócio é considerado particularmente em crise. Você poderia falar um pouco sobre os principais pontos que deseja transmitir, especialmente no que diz respeito ao sacerdócio?

O'Donnell: Certamente, o sacerdócio é algo muito importante para a Igreja, para a comunidade católica. O problema, eu acho, é que a imagem do sacerdócio foi realmente obscurecida. O que vou tentar fazer, portanto, é voltar e tentar fundamentar a identidade sacerdotal na pessoa de Cristo. O título da minha palestra é: "Padre segundo o Seu Coração". Eu vou tentar relacionar como, a fim de compreender o sacerdócio, temos que compreender a Cristo, temos que entender o seu coração, a sua pessoa. Então, o que vou fazer é realmente tentar voltar aos Evangelhos e pegar certas passagens que revelam os sentimentos do coração sacerdotal, para tentar atingi-los

O difícil é que você tem que saber quem é seu público. Quem virá? Será que vão ser padres? Serão leigos? Provavelmente será uma mistura, eu imagino. Então o que eu realmente quero fazer é tentar defender, obviamente, a dignidade e a beleza do sacerdócio, mas ao mesmo tempo, uma vez que muitos leigos vão estar lá, fundamentar realmente no coração de Cristo.

ZENIT: Que papel este Congresso Eucarístico desempenha para ajudar a trazer uma renovação para a Igreja no mundo, e especialmente na Irlanda, neste período de crise da fé?

O'Donnell: Eu acho que há um monte de coisas que poderiam acontecer. Primeiro de tudo, porque é um Congresso Eucarístico Internacional, participará católicos vindos de todo o mundo: este será um lembrete poderoso da universalidade da Igreja Católica que quaisquer que sejam as dificuldades na Irlanda, a Igreja é muito maior do que Irlanda. A Irlanda pode tirar forças da fé e das experiências de outros países, outras nações e outros continentes. E, claro, para qualquer tipo de renovação, você tem que voltar para a oração. Fundamentalmente para os católicos, é preciso voltar para a Eucaristia, que é fonte e ápice de nossa vida espiritual.

Quando o Papa Bento XVI escreveu sua carta aos irlandeses, no momento dos escândalos, ele mostrou claramente o caminho de renovação, e o caminho de renovação encontra-se em voltar à sua tradição e encontrar a grande tradição em nomes como São Columba, Santa Brígida, Santo Aidan, e todos estes grandes santos que tanto fizeram para tornar o passado da Irlanda verdadeiramente católico e verdadeiramente glorioso. E às vezes é preciso voltar para ir para frente. Os santos irlandeses eram pessoas apaixonadas por Jesus Cristo, e com fervoroso amor à Igreja que ele estabeleceu.

Portanto, qualquer coisa que aproxime as pessoas da Igreja, pessoas de nações específicas, de volta a concentrar-se em Jesus Cristo e à centralidade absoluta deste grande dom que nos vem de seu coração - o dom da Eucaristia, porque a Eucaristia é sacramento do amor, e ao Sagrado Coração é a devoção do amor, tudo o que traz o foco para Cristo e para o seu amor pode ser uma poderosa fonte de renovação. [Isto é realmente verdade] quando você está lidando com o sacerdócio, que é tão intimamente ligado ao coração de Cristo... Acho que é uma bela maneira de conduzir a esse tipo de renovação e espero gerar futuras vocações.

ZENIT: O Congresso Eucarístico deste ano certamente tem uma relevância especial para a Igreja na Irlanda. No entanto, que tipo de relevância o Congresso tem para a Igreja a nível mundial - por exemplo, nos Estados Unidos, onde também houve uma crise na Igreja semelhante à vivida na Irlanda?

O'Donnell: A melhor maneira de ver isso é realmente com os olhos sobrenaturais da fé. Onde quer que o povo de Deus esteja reunido com o propósito de adorar e celebrar o amor de Cristo, o amor da Santíssima Trindade, revelado em Jesus Cristo através da Eucaristia, não há como medir o impacto que teria em todo o mundo. Em termos de oração, adoração eucarística e de reparação, penso que serão grandes momentos de graça, não só para a Igreja da Irlanda, mas para todos aqueles que participarão.

Muitos dos que vão participar, incluindo um número significativo dos Estados Unidos, [eles irão] voltar com um amor intensificado por Cristo e por seu dom da Eucaristia, e isso terá um grande impacto na Igreja da América. A Igreja na América vem sendo ferida, assim como a Igreja na Irlanda, mas não há cura fora de Cristo, e voltar para Cristo, especialmente olhando para o seu sacrifício de morte e para como ele escolheu dar-se a nós com tanta humildade, nos mostra o caminho para a cura.

Ele re-acende, novamente, um profundo amor à Igreja e ao sacerdócio, [e reconhecemos] que se não fosse pelo sacerdócio, estaríamos todos famintos espiritualmente. Os Católicos certamente sabem disso, e por isso às vezes eu acho que ficamos nas manchetes, ou concentrados no pecado e deixamos de ver o que nós somos ... mas através de um acontecimento de Graça - como o Congresso Eucarístico - realmente abre os canais para que a Graça seja distribuída em todo o mundo, em outras palavras, eu acho que vai ter um impacto internacional em muitos países, incluindo os Estados Unidos. Certamente, aqueles que participarão e celebrarão este evento quando voltarem serão eles próprios um fermento, partilhando a história com o resto da Igreja.

(Tradução:MEM)

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Uma grande demonstração de amor pelo papa
Cardeal Tarcisio Bertone é entrevistado pela Rai Uno

ROMA, terça-feira, 5 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Reproduzimos a seguir a entrevista concedida ontem (4 de maio) pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado vaticano, ao TG1, o telejornal da Rai Uno, primeira rede de televisão pública italiana.

Sua Eminência acaba de voltar de Milão, onde acompanhou o Santo Padre no Encontro Mundial das Famílias. Nós todos vimos pela televisão uma multidão enorme, e, especialmente, vimos muito carinho pelo Santo Padre. Ele disse palavras que tocaram a todos, inclusive os não-católicos...
Cardeal Tarcisio Bertone: É verdade. Nós todos experimentamos essa manifestação extraordinária de amor pelo papa, de acompanhamento, de apoio a ele e ao seu magistério, ao seu trabalho. Vimos a alegria e a emoção em torno dele. Eu vi muita gente comovida nas ruas de Milão. Nas ruas mesmo, na sexta-feira e no sábado, e não só no estádio e no parque de Bresso. Foi em todos os lugares. Foi uma bela expressão de amor pelo papa, neste momento particular, e um gesto de estima por Bento XVI, que vem sendo chamado de “grande treinador” do time da Igreja para os campeonatos do terceiro milênio. Houve uma ovação que nenhum jogador, nenhum treinador e nenhum protagonista da vida social ou artística nunca teve! O papa estava muito feliz e também muito comovido.

O papa surpreendeu quando indicou a família como útil e indispensável para superar a crise econômica que está atingindo o nosso país e o resto do mundo...
Cardeal Tarcisio Bertone: Sim. A família é um recurso, um recurso essencialmente moral. Uma família unida, uma família que educa, uma família virtuosa que ensina às crianças as virtudes fundamentais desde bem cedo, que ensina o trabalho e o respeito pelos outros, que ensina solidariedade. Então a família é um grande recurso para a sociedade, como tem sido demonstrado pelos sociólogos modernos. Eu diria que o papa também lançou ferramentas concretas: instrumentos de solidariedade e de parceria entre as famílias, sustentando especialmente as famílias que estão em dificuldades; o apoio entre as paróquias, as comunidades e as cidades. Eu acho que ele também indicou caminhos viáveis ​​para enfrentar situações concretas de insegurança e para olharmos para frente.

A mídia ficou bastante atenta a este encontro de Milão, até por causa da coincidência com a investigação que está acontecendo dentro do Vaticano. A transparência do Vaticano foi posta à prova...
Cardeal Tarcisio Bertone: É verdade. Na noite de sábado, quando voltamos do parque Bresso, depois do grande encontro da tarde, e íamos para a catedral de Milão, eu estava com o cardeal Scola dentro do carro. Nós vimos as janelas iluminadas da catedral de Milão e comentamos: "Esta é a Igreja. Uma casa iliuminada, apesar de todas as falhas das pessoas dentro dela". A transparência é uma questão de compromisso, uma questão de solidariedade e de confiança no outro. Não é um ato de cinismo ou de superficialidade. Não é suficiente divulgar alguns documentos e publicar partes de outros documentos para saber toda a verdade sobre os fatos. Muitas vezes acontece isto: os esclarecimentos são um resultado do diálogo, das relações pessoais e da conversão do coração, e não simplesmente de papéis e da burocracia. Os papéis são importantes, mas as relações pessoais são muito mais. O que há de mais triste nesses eventos é a violação da privacidade do Santo Padre e dos seus colaboradores mais próximos. Mas eu diria que estes não foram dias de divisão, e sim de unidade, e acrescentaria também que são também dias de força na fé, de serenidade firme nas decisões. É hora de coesão entre todos aqueles que querem de verdade servir à Igreja.

Uma última pergunta, que todo mundo quer fazer. Como o Santo Padre viveu estes acontecimentos? Podemos pensar, como alguém escreveu, que há instrumentalizações para atacar a Igreja e o papa?
Cardeal Tarcisio Bertone: Os ataques instrumentais sempre aconteceram, em todos os tempos. Mesmo na minha experiência de Igreja. Por exemplo, nos tempos de Paulo VI, que nem estão tão longe. Mas agora parece que foram ataques mais direcionados, ferozes, organizados. Eu gostaria de enfatizar que Bento XVI, como todos sabem, é um homem gentil, de grande fé e de muita oração. Ele não se deixa intimidar por ataques de nenhum tipo, nem pelos pré-julgamentos, pelos preconceitos. Quem trabalha com ele acaba sendo sustentado por esta grande força moral do papa Bento XVI, que, como já disse em outras ocasiões, é um homem que ouve a todos, é um homem fiel à missão que recebeu de Cristo, que vai em frente e que percebe muito bem o carinho do povo. Especialmente nestes dias, ele sentiu o grande carinho das pessoas mais próximas dele, jovens e famílias com crianças, que aplaudiram freneticamente o papa. Eu acho que a viagem a Milão lhe deu mais forças. Além disso, eu quero enfatizar uma palavra que ele tem repetido muito, que ele repetiu inclusive justo antes de partir do arcebispado de Milão: é a palavra coragem. Ele a disse para os jovens, para os jovens que querem começar uma família. Ele a disse às famílias carentes e também a disse às autoridades, e a diz para toda a Igreja. Ele diz esta palavra porque está interiormente convencido dela, é a sua força, que vem da fé e da ajuda de Deus. E por isso é que ele diz a todos: coragem! E disse também para as vítimas do terremoto. Eu repito: eu gostaria que interiorizássemos esta palavra junto com o papa, sob a orientação do papa.

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A experiência de Deus e da vida sacramental ajudam a libertar as pessoas do demônio
Segunda parta da entrevista com a irmã Maria Blanca Lacambra SV

Por José Antonio Varela Vidal

ROMA, quarta-feira, 6 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Há poucos dias, ao comemorar seu 85º aniversário, o Papa Bento XVI disse que "o mal quer dominar no mundo e é necessário lutar contra o mal". Para saber mais sobre o exorcismo, a possessão demoníaca e a ação "disfarçada" do diabo no mundo, ZENIT apresenta aos seus leitores a segunda parte da entrevista com a Irmã Maria Blanca Lacambra *, religiosa espanhola das Siervas de la Verdad , que foi chamada pelo arcebispo de San Juan em Porto Rico para apoiar o sacerdote exorcista da Arquidiocese, mais com a oração e o jejum ...

ZENIT: Vemos que hoje se fala muito de exorcismo e de demonologia, e até mesmo a senhora veio a Roma para participar de um curso sobre isso, certo?

IR. LACAMBRA: Estou interessada nesse tema porque participo do grupo do ministério de libertação e exorcismo da Arquidiocese de San Juan em Porto Rico. Quase todos todos os membros do grupo viemos para um curso em Roma, porque acreditamos que quanto mais aprendamos, mais poderemos lutar contra as forças do malígno. O curso nos está abrindo os olhos e vejo que estamos em linha com o que estão dizendo, o que me dá muita alegria. Nós ajudamos o nosso exorcista com a oração e o jejum, o padre Ricardo, mas quem realmente trabalha é ele como exorcista.

ZENIT: Isso não é implementado em todas as dioceses do mundo ...

IR. LACAMBRA: Eu considero que de deveria ter este ministério em todas as dioceses porque há muitas pessoas que são esmagadas por este mal espiritual, e não há pessoas idôneas e preparadas para ajudá-las. Faço aqui um apelo aos senhores bispos, para que abram os olhos e vejam a deterioração espiritual de muitos que se consideram católicos, mas que estão presos por um fanatismo religioso e esotérico que os leva a muitas coisas indesejáveis ​​... Cristo deve reinar em nossos corações, em nossos povos e no mundo inteiro, e isso acontecerá quando façamos tudo o possível para erradicar a força do malígno.

Quais são os sinais evidentes de uma possessão?

- IR. LACAMBRA: Há muitos sinais semelhantes aos dos doentes mentais. Têm psiquiatras aos quais enviamos pessoas, porque vemos que estão em depressão, têm alucinações ou outros sintomas estranhos. Mas quando estes profissionais, logicamente muito dignos, vêm que não é da sua especialidade, enviam-nos essas pessoas e as apresentamos para o Pe. Ricardo. É necessário trabalhar muito com as pessoas que sofrem deste mal, mas as experiências com Deus, a assiduidade na vida sacramental e a devoção a Maria, nossa Mãe, são fatores que se tem muito em conta em relação a libertação das pessoas.

ZENIT: Que outras evidências podem ser distinguidas?

IR. LACAMBRA: É estranho ver como pessoas que querem estar perto de Deus e receber os sacramentos, sentem umas forças negativas internas tão grandes que as impedem de fazê-lo, e no momento mais inoportuno aparece o sinal do demônio nele ou nela. Há uma grande quantidade de poluição ao nosso redor; o ocultismo é um dos fatores mais importantes e não percebemos que os horóscopos, e especialmente a New Age, o  espiritismo e a bruxaria, estão enfraquecendo a pessoa de tal forma que a está separando da Verdade.

ZENIT: Parece que o diabo está muito ativo no mundo ...

IR. LACAMBRA: Muito ativo, mais do que pensamos.

* A primeira parte da entrevista a Irmã Lacambra sobre questões de sexualidade humana pode ser encontrada em: http://www.zenit.org/article-30504?l=portuguese

 [Tradução Thácio Siqueira]

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Espiritualidade


Salve a nobreza
Artigo de Espiritualidade de Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Dom Walmor Oliveira de Azevedo*

BELO HORIZONTE, sexta-feira, 8 de Julho de 2012 (ZENIT.org) - Chama a atenção o fascínio que a nobreza de uma monarquia, ainda hoje, opera sobre pessoas, com ecos e força determinante na vida de uma sociedade. A razão desse fascínio estaria no forte aspecto espetacular? Espetáculos sempre chamam atenção, são muito atraentes e influenciam interesses e apoios. Contudo, não convém considerar o espetacular como sinônimo da nobreza que atrai.

Ainda que misturada ao espetáculo, a nobreza pode ser considerada um sinal esperançoso, no imaginário da sociedade e na vida das pessoas, de que é possível reverter o desencantamento que ainda viceja no tecido pós-moderno. Também pode ser sinal de que a dinâmica da realeza tem força de recuperar tudo o que tem caído no relativismo, capaz de permitir a adoção de condutas permissivas, a corrupção e a delinquência.

A delinquência dos que são dizimados pelas dependências, químicas e outras, até aquela que desconsidera o próximo, incapaz de levar em conta o grande princípio da fé cristã, o outro como mais importante. O fascínio pela nobreza configurada, por exemplo, na instituição monárquica, desafia, de certo modo, os percursos no entendimento deste fenômeno.

Salve a nobreza! É preciso buscar o sentido de nobreza noutros contextos, que vão além de regimes políticos. A busca da nobreza é indispensável. Sem seu sentido e sua vivência será quase impossível encontrar saídas para a crise existencial e cultural que se abate sobre esse tempo. A festa de Corpus Christi, celebrada em toda a Igreja Católica no mundo inteiro, é um paradigma perfeito em busca do entendimento da verdadeira nobreza que tem força de fascínio e que ultrapassa o espetacular para ser lição e exercício.

No centro do fascínio que a festa de Corpus Christi suscita e alimenta está Cristo, o único Senhor e Salvador. A Eucaristia celebra e condensa o mistério de amor que o Filho de Deus, Cristo Jesus, amorosamente obediente ao Pai Criador, vivenciou no Tríduo Pascal, na quinta-feira santa, durante a Última Ceia, e nas horas sucessivas, da agonia do Getsêmani, com sua paixão, morte na cruz e ressurreição. A nobreza do Filho de Deus que se oferece é a redenção do mundo.

Essa nobreza da oblação de Cristo Jesus pela salvação do mundo é o mistério da fé. Não é um espetáculo para fascinar, contemplado de longe, acendendo gosto de participação e de ocupação daquele lugar apenas como sonho irrealizável. A nobreza revelada em cada celebração da Eucaristia tem força de produzir o enlevo cujo fascínio resulta em participação na graça da redenção. Redimir-se é recompor e reconquistar o sentido da própria dignidade de filho e filha de Deus, o dom mais importante e, ao mesmo tempo, a relevância maior de cada pessoa. Na filiação divina está a nobreza maior por ser a dignidade mais rica, desdobrando-se em sentido e compromisso de fraternidade e solidariedade.

O ser fraterno e solidário é a expressão mais espetacular e fascinante da vivência da própria dignidade de filho e filha de Deus. A nobreza não é de alguns. É a condição possível e indispensável de cada um. Por isso, a Igreja Católica nasce e vive da Eucaristia, como nasce e vive da Palavra de Deus, verdadeiro alimento e verdadeira bebida. Celebrar a Eucaristia, testemunhá-la no compromisso com a verdade, com o bem e com a justiça e adorá-la é ter uma fonte inesgotável de santidade. Nobreza, portanto, na fé cristã, é sinônimo e compromisso com a santidade de vida. Vida santa é vida nobre.

Quem é nobre está construindo sua vida na santidade. Não é fascínio de cores, de luzes, de lugares ou de gestos e movimentos. Só há nobreza quando cada pessoa se faz dom. A Eucaristia é fonte inesgotável de nobreza porque é dom por excelência. É dom da pessoa de Cristo Salvador e Redentor. Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição do seu Senhor, este acontecimento central de salvação torna-se realmente presente e realiza-se também a obra de nossa redenção.

Esse é, pois, o mais perfeito sentido de nobreza que tem propriedades inigualáveis para iluminar a realidade. Uma iluminação que impulsiona na direção do compromisso de mudar a humanidade, embaraçada em tantas desfigurações. A nobreza do dom de si é o fermento mais indispensável para a cidadania, que pode se tornar sinônimo de nobreza. A festa de Corpus Christi, também como testemunho público de fé, é oportunidade de renovação, como cada Eucaristia celebrada, vivida e testemunhada, para que não se perca o sentido da vida em Deus, que ultrapassa o tempo e a história. É o caminho para que o mundo encontre um rumo novo. É o momento de aprender a nobreza do Filho de Deus e dar rosto novo à humanidade.

*Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

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O segundo dos Dez Mandamentos da lei de Deus
Catequese do Pe. Reginaldo Manzotti

Pe. Reginaldo Manzotti*

CURITIBA, sexta-feira, 8 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Nos dias de hoje muita gente se esqueceu dos Mandamentos da lei de Deus e, infelizmente, algumas pessoas acham que é algo obsoleto e ultrapassado. Por isso, vamos relembrar, como fizemos no artigo passado (O primeiro dos Dez Mandamentos da lei de Deus), e dessa vez tratarmos do segundo mandamento: “Não pronunciar o nome de Deus em vão” (Êxodo 20,7).

O nome do Senhor é santo. É sagrado. Nem mesmo os judeus pronunciavam. Estes, ao invés de Iavé, diziam Adonai, meu Senhor. E faziam isso por respeito. Por isso, este mandamento nos diz que nós não podemos abusar do nome de Deus. Devemos guardá-lo na memória, num silêncio de adoração amorosa.

“Não fará uso dele, a não ser para bendizê-lo, louvá-lo e glorificá-lo” (CIC – 1243). O segundo mandamento fala sobre o respeito e sentimento com relação a tudo o que é sagrado. E o sagrado deve ser adorado.

Lembremo-nos que profanar o sagrado é algo que muitas vezes acontece, a profanação daquilo que é santo. O cristão é chamado a testemunhar o nome do Senhor, confessando a sua fé, defendendo com zelo tudo o que ensina a Igreja.

São Cipriano de Cartago tem uma frase maravilhosa: quem não tem a Igreja por mãe, não tem Deus como pai. O novo catecismo ensina que o segundo mandamento proíbe o uso indevido do nome de Deus, de Jesus Cristo e das coisas sagradas.

E isso, chamamos de blasfêmia: um pecado grave contra o segundo mandamento, pois consiste em proferir contra Deus, interior ou exteriormente, palavras de ódio, de ofensa, de desafio. A proibição da blasfêmia se estende a tudo o que é divino. E Jesus expõe isso no segundo mandamento no sermão da montanha: “Ouvistes o que foi dito aos antigos. Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos para com teu senhor. Eu, porém, vos digo: não jureis em hipótese alguma. Diga sim, quando é sim. Não, quando é não. O que passa disso vem do maligno” (Mt  5,33ss).

Deus chama cada um por seu nome. Por isso, o nome de cada pessoa é sagrado. O nome é o ícone da pessoa. Exige respeito em sinal da dignidade de quem o leva. O nome recebido é um nome eterno. No Reino, o caráter misterioso e único de cada pessoa marcada com o nome de Deus resplandecerá em plena luz. “Ao vencedor darei uma pedrinha branca na qual está escrito o nome novo, que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe” (Ap 2,17). Por isso, o nome de Deus não foi feito para ser dito, manipulado, usado de forma indevida.

Por exemplo: pessoas que colocam nomes de santos em locais e depois utilizam disso como um lugar de exploração. Fere o segundo mandamento. Usar o nome de Deus numa mentira. Ou jurar em nome de Deus. Jesus pediu que não façamos: “Não jurarás em hipótese alguma. Sim quando é sim e não quando é não. O que passa disso vem do maligno” (Mt 5, 33).

Permaneçamos firmes na vivência da nossa fé, bendizendo e santificando o santo nome de Deus, como nos pede o segundo mandamento.

*Padre Reginaldo Manzotti é coordenador da Associação Evangelizar é Preciso e pároco da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR). Apresenta diariamente programas de rádio e TV que são retransmitidos para milhares de emissoras no país e exterior. Site: www.padrereginaldomanzotti.org.br.

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Angelus


"A força que vem do pão eucarístico
As palavras do Papa durante a oração do Ângelus no Domingo da Solenidade do Corpo e Sangue do Senhor

CIDADE DO VATICANO, domingo, 10 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Publicamos a seguir as palavras pronunciadas hoje durante a oração do Ângelus pelo Santo Padre aos fiéis e aos peregrinos reunidos na praça de São Pedro.

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[Antes do Ângelus]

Queridos irmãos e irmãs!

Hoje,  na Itália e em muitos outros Países, se celebra o Corpus Domini, ou seja, a festa solene do Corpo e Sangue de Cristo, a Eucaristia. É tradição sempre viva, neste dia, ter procissões solenes com o Santíssimo Sacramento pelas ruas e praças. Em Roma esta procissão já teve lugar quinta-feira passada, a nível diocesano, dia específico que a cada ano renova nos cristãos a alegria e a gratidão pela presença eucarística de Jesus entre nós.

A festa do Corpus Christi é um grande ato de culto público da Eucaristia, Sacramento no qual o Senhor permanece presente até mesmo além do tempo da celebração, para estar sempre conosco, ao longo do passar das horas e dos dias. Já São Justino, que nos deixou um dos testemunhos mais antigos da liturgia Eucaristia, diz que após a distribuição da Comunhão para os presentes, o pão consagrado também era levado pelos diáconos aos ausentes (cf. Apologia, 1, 65). Por isso nas Igrejas o lugar mais sagrado é justamente aquele em que se guarda a Eucaristia. Não posso deixar de pensar comovido nas numerosas igrejas que foram gravemente danificadas pelo recente terremoto na Emilia Romagna, pelo fato de que também o Corpo eucarístico de Cristo no tabernáculo, em alguns casos, permaneceu sob os escombros. Com afeto rezo pelas comunidades, que com os seus sacerdotes devem reunir-se para a Santa Missa campal ou em grandes tendas; agradeço-lhes seus testemunhos e por tudo o que estão fazendo a favor de toda a população. É uma situação que realça ainda mais a importância de estarmos unidos em nome do Senhor, e a força que vem do Pão eucarístico, também chamado de "pão dos peregrinos". Da partilha deste Pão nasce e se renova a capacidade de compartilhar também a vida e os bens, de levar os pesos uns dos outros, de ser hospitaleiros e acolhedores.

A solenidade do Corpo e Sangue do Senhor nos repropõe também o valor da adoração eucarística. O Servo de Deus Paulo VI recordava que a Igreja Católica professa o culto da Eucaristia  “não somente durante a Missa, mas também fora de sua celebração, mantendo com a maior diligência as hóstias consagradas, preservando-as para a veneração solene dos fiéis cristãos, lavando-as em procissão com alegria da multidão cristã"(Enc.Mysterium fidei, 57). A oração de adoração pode ser feita seja pessoalmente, parando em oração diante do sacrário, seja de forma comunitária, também com salmos e cantos, mas sempre privilegiando o silêncio, em que se deve escutar interiormente o Senhor vivo e presente no Sacramento. A Virgem Maria é mestra também desta oração, porque ninguém melhor do que ela soube contemplar Jesus com olhar de fé e acolher no coração as íntimas ressonâncias da sua presença humana e divina. Através da sua intercessão se difunda e cresça em cada comunidade eclesial uma autêntica e profunda fé no Mistério eucarístico.

[Depois da oração do Angelus, o Papa dirigiu-se aos peregrinos de diferentes países cumprimentando-os nas diversas línguas:]

Queridos irmãos e irmãs,gostaria em primeiro lugar salientar que próxima quinta-feira, 14 de junho, acontece a Jornada Mundial do Doador de Sangue, promovida pela Organização Mundial da Saúde. Quero expressar minha profunda gratidão àqueles que praticam esta forma de solidariedade, indispensável para a vida de muitos pacientes.

Tradução Thácio Siqueira

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Audiência de quarta-feira


Milão foi transformada na cidade das famílias
Bento XVI fala sobre sua Visita Pastoral à Diocese de Milão durante a Audiência Geral

Por Maria Emília Marega

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 06 de junho de 2012(ZENIT.org) – Durante a Audiência Geral desta quarta-feira, Bento XVI fez um balanço de sua Viagem Pastoral à diocese de Milão onde participou do VII Encontro Mundial das famílias.

O Sétimo Encontro Mundial das Famílias, transformou Milão na "cidade das famílias",assim Bento XVI iniciou a tradicional Audiência Geral com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro nesta quarta-feira, 06 de junho.

O tema proposto para o VII Encontro Mundial das famílias foi a tríade - “família, trabalho e festa” – “três dons de Deus, três dimensões da nossa vida que devem encontrar um harmônico equilíbrio para construir sociedades de rosto humano”, afirmou Bento XVI.

No Teatro Scala, continuou, “lembrei que é na família que fazemos a primeira experiência de ser pessoas humanas, criadas não para viver fechadas em si mesmas, mas na relação com os outros”.

Já na Festa dos Testemunhos Bento XVI disse que o espaço para perguntas e respostas de algumas famílias, foi “um sinal do diálogo aberto que existe entre as famílias e a Igreja”.

Finalmente, sobre a missa de domingo, diante de uma multidão imensa de fiéis de diversas nações, foi destacado “a necessidade de edificar famílias capazes de refletir a beleza da Santíssima Trindade e de evangelizar não só com a palavra, mas pela vivência do amor, a única força capaz de mudar o mundo”, afirmou o Papa.

Ao final da Audiência o Santo Padre dirigiu a seguinte saudação em português:

Saúdo com grande afeto e alegria todos os peregrinos lusófonos, de modo especial a quantos vieram de Angola e do Brasil com o desejo de encontrar o Sucessor de Pedro. Desça a minha bênção sobre vós, vossas famílias e comunidades ao serviço do menor, dos mais pequeninos e necessitados

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Eloquente epifania da família
A catequese de Bento XVI na Audiência Geral desta quarta-feira

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 06 de junho de 2012(ZENIT.org)-Apresentamos a catqeuese de Bento XVI desta quarta-feira, dirigida aos fiéis e peregrinos reúnidos na Praça de São Pedro.

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Queridos irmãos e irmãs

“Família, trabalho e festa”, este foi o tema do Sétimo Encontro Mundial das famílias, que aconteceu estes diasem Milão. Tragoainda nos olhos e no coração as imagens e emoções deste inesquecível e maravilhoso evento, que que transformou Milão numa cidade das famílias: núcleos familiares provenientes de todo o mundo, unidos na alegria de crerem Jesus Cristo.Souprofundamente grato a Deus que me concedeu viver este encontro ‘com’ as famílias e ‘pelas’ famílias. Em muitos que me ouviram nestes dias eu encontrei uma disponibilidade sincera para acolher e testemunhar o ‘Evangelho da família’. Sim, pois não há futuro para a humanidade sem a família, particularmente os jovens, para aprender os valores que dão sentido à existência, têm necessidade de nascer e de crescer naquela comunidade de vida e de amor que Deus mesmo desejou para o homem e para a mulher.

O Encontro com as numerosas famílias provenientes de diversos continentes proporcionou-me a feliz ocasião de visitar pela primeira vez, como Sucessor de Pedro, a Arquidiocese de Milão. Acolheram-me calorosamente, por isso sou profundamente grato - ao Cardeal Angelo Scola, aos presbíteros e a todos os fiéis, assim como ao prefeito e as outras autoridades. Assim pude experimentar de perto a fé da população ambrosiana, rica em historia, cultura, humanidade e obras de caridade. Na praça do Duomo, símbolo e coração da cidade, aconteceu o primeiro compromisso desta intensa visita pastoral de três dias. Não posso esquecer o abraço caloroso da multidão de milaneses e dos participantes do VII Encontro Mundial das Famílias, que me acompanharam ao longo do percurso da minha visita, com as ruas cheias de gente. Uma multidão de famílias em festa, que com um profundo sentimento participativo se uniu, especialmente, ao pensamento afetuoso e solidário que eu quis logo dirigir aos que precisam de ajuda e de conforto, e estão aflitos pelas preocupações, especialmente às famílias mais atingidas pela crise econômica e pelos terremotos.

Neste primeiro encontro com a cidade quis, sobretudo, falar ao coração dos fieis ambrosianos, exortá-los a viver a fé em suas experiências pessoais e comunitárias, privadas e públicas, favorecendo um autêntico ‘bem-estar’, a partir da família, redescobrindo-a como principal patrimônio da humanidade.

Do alto do Duomo, a estátua de Nossa Senhora com os braços abertos  parecia acolher com ternura materna todas as famílias de Milão e do mundo inteiro!

Milão reservou uma particular e nobre saudação num dos lugares mais sugestivos e significativos da cidade, o Teatro Scala, onde foram escritas páginas importantes da história do país, sob a influência de grandes valores espirituais e ideais. Neste templo da música, as notas da Nona Sinfonia de Ludwing van Beethoven deram vozes àquela instância de universalidade e de fraternidade que a Igreja propõe incansavelmente, anunciando o Evangelho.

É exatamente em contraste entre este ideal e os dramas da história, e à existência de um Deus próximo, que compartilha os nossos sofrimentos, fiz referência ao final do concerto, dedicando-o aos irmãos e irmãs que sofreram com o terremoto.

Destaquei que, em Jesus de Nazaré, Deus se faz próximo e carrega conosco nossos sofrimentos. Ao final daquele intenso momento artístico e espiritual, quis fazer referência à família do terceiro milênio, recordando que é em família que se experimenta, pela primeira vez, como a pessoa humana não foi criada para viver fechada em si mesma, mas em relação com os outros, e é em família que se inicia a acender no coração a luz da paz para que ilumine o nosso mundo.

No dia seguinte, no Duomo cheio de sacerdotes, religiosos e religiosas e seminaristas, na presença de muitos Cardeais e Bispos que chegaram a Milão de vários países do mundo, celebrei a Hora Média segundo a liturgia ambrosiana. Alí ressaltei o valor do celibato e da virgindade consagrada, tão cara ao grande Santo Ambrósio. Celibato e virgindade na Igreja são sinais luminosos do amor por Deus e pelos irmãos, que parte de um relacionamento sempre mais íntimo com Cristo na oração e é expresso na doação total de si mesmo.

Um momento cheio de grande entusiasmo foi o encontro no estádio ‘Meazza’, onde experimentei o abraço de uma multidão alegre de meninos e meninas que neste ano receberam ou estão por receber o Sacramento da Crisma. A preparação cuidadosa do evento, com textos e orações significativos, bem como coreografias, tornou o encontro mais estimulante.. Aos jovens ambrosianos dirigi um apelo a dizer ‘sim’ livremente e com consciência ao Evangelho de Jesus, acolhendo os dons do Espírito Santo que permitem formar-se como cristão, viver o Evangelho e ser membro da comunidade. Encorajei-os a serem mais comprometidos, especialmente nos estudos e no serviço generoso ao próximo.

O encontro com os representantes das autoridades institucionais, empreendedores e trabalhadores, do mundo da cultura e da educação da sociedade milanesa e da lombardia, permitiu-me destacar a importância que a legislação e o trabalho das instituições estatais têm para com o serviço e a tutela do indivíduo em seus múltiplos aspectos, começando pelo direito à vida, do qual não pode nunca ser consentida a supressão deliberada, e o reconhecimento da identidade própria da família, fundada sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher.

Depois deste último compromisso dedicado à realidade diocesana e cidadã, estive no grande Parque Norte, no território de Bresso, onde participei da envolvente Festa dos Testemunhos, intitulada ‘One world, family, love’. Aqui tive a alegria de encontrar milhares de pessoas, um arco-íris de famílias italianas e de todo o mundo reunidas desde à tarde em uma atmosfera de festa e calor autenticamente familiares. Respondendo às perguntas de algumas famílias, questionamentos decorrentes de suas vidas e experiências, quis dar um sinal do diálogo aberto que existe entre a família e a Igreja, entre o mundo e a Igreja. Fiquei muito impressionado com os testemunhos comoventes de cônjuges e filhos de diferentes continentes, sobre as questões efervescentes do nosso tempo: a crise econômica, a dificuldade de conciliar o tempo de trabalho com o da família, a disseminação de separações e divórcios, bem como as questões existenciais que afetam adultos, jovens e crianças.

Aqui gostaria de lembrar o que reiterei em defesa do tempo da família, ameaçado por um tipo de ‘prepotência’ nos compromissos de trabalho, o domingo é o dia do Senhor e do homem, um dia no qual todos devem poder estar livres, livres para a família e livres para Deus. Defendendo o domingo, defendemos a liberdade do homem!

A Santa Missa de Domingo, 3 de junho, conclusiva do VII Encontro Mundial das Famílias, vi a participação de uma imensa assembléia orante, que encheu completamente a área do aeroporto de Bresso, tornado-a quase uma grande catedral a céu aberto, obrigado também pela reprodução estupenda da vidraça policromada do Duomo representada no palco. Diante daqueles milhões de fieis, provenientes de diversas nações e profundamente participativos na liturgia muito bem cuidada, lancei um apelo para a edificação da comunidade eclesial, para que sejam sempre mais família, capazes de refletir a beleza da Santíssima Trindade e para evangelizar não apenas com palavras, mas por irradiação, com a força do amor vivido, porque o amor é a única força capaz de transformar o mundo. Além disso, destaquei a importância da ‘tríade’: família, trabalho e festa. São três dons de Deus, três dimensões da nossa existência que devem encontrar um equilíbrio harmônico para construir a sociedade com face humana.

Estou profundamente agradecido por estes magníficos dias em Milão. Agradeçoo Cardeal Ennio Antonelli e o Pontifício Conselho para a Família, a todas as autoridades pela presença e colaboração para o evento, agradeço também ao Presidente do Conselho dos Ministros da República Italiana por ter participado da Santa Missa de domingo. E renovo um ‘obrigado’ cordial às várias instituições que generosamente cooperaram com a Santa Sé e com a Arquidiocese de Milão para a organização do Encontro, que teve um grande sucesso pastoral e eclesial, que também ecoou em todo o mundo.

Isso, de fato, atraiu a Milão milhares de pessoas, que por vários dias invadiram pacificamente as ruas, testemunhando a beleza da família, esperança para a humanidade.

O Encontro Mundial de Milão resultou assim, numa eloquente ‘epifania’ da família, mostrada nas suas várias expressões, mas também na singularidade da sua identidade substancial: a de comunhão de amor, fundada no matrimônio e chamada a ser santuário de vida, pequena Igreja, célula da sociedade. De Milão foi lançado a todo o mundo uma mensagem de esperança, baseada nas experiências vividas: é possível e alegre, mesmo que desafiador, viver o amor fiel, ‘para sempre’, aberto à vida, é possível participar como família na missão da Igreja e na construção da sociedade.

Graças à ajuda de Deus e à especial proteção de Maria Santíssima, Rainha da Família, a experiência vivida em Milão será portadora de frutos abundantes no caminho da Igreja, e um presságio de uma crescente atenção às causas da família, que é a própria causa do homem e da civilização. Obrigado.

(Tradução:MEM)

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Documentação


O Papa em festa com as famílias do mundo
Festa dos Testemnhos no VII Encontro Mndial das famílias

ROMA, quarta-feira, 06 de junho de 2012(ZENIT.org) - Durante sua Visita Pastoral à Arquidiocese de Milão e VII Encontro Mundial das Famílias, Bento XVI participou da Festa dos Testemunhos. Apresentamos a seguir os diálogos das famílias com o Santo Padre. 

1. CAT TIEN (menina do Vietname): Olá, Papa. Sou a Cat Tien, venho do Vietname.

Tenho sete anos e quero apresentar-te a minha família. Este é o meu papá, Dan; a minha mãe chama-se Tao, e este é o meu irmão Binh.

Gostava muito de saber alguma coisa da tua família e de quando eras pequeno como eu...

SANTO PADRE: Obrigado, minha menina; e aos pais: o meu obrigado do fundo do coração. Perguntaste quais e como são as lembranças da minha família. Seriam tantas! Posso dizer apenas poucas coisas. O ponto essencial para nós, para a família era o domingo, mas o domingo começava já no sábado de tarde. O pai dizia-nos quais eram as leituras, as leituras do domingo, lendo-as num livro muito conhecido naquele tempo na Alemanha, onde se explicavam também os textos. Assim começava o domingo: entrávamos já na liturgia, num clima de alegria. No dia seguinte, íamos à Missa. A minha casa estava perto de Salzburgo, pelo que havia muita música – Mozart, Schubert, Haydn – e, quando começava o Kyrie, parecia o céu aberto. Depois era importante o que se passava em casa. Naturalmente, o momento grande do almoço juntos. E também cantávamos muito: o meu irmão é um grande músico; já, desde a adolescência, fazia composições para todos nós, e assim toda a família cantava. O pai tocava cítara e cantava. São momentos inesquecíveis. Além disso, claro, fizemos juntos viagens, caminhadas; vivíamos perto dum bosque, e era muito bom caminhar nos bosques: aventuras, jogos, etc. Numa palavra, formávamos um só coração e uma só alma, com muitas experiências comuns, mesmo em tempos muito difíceis, porque era o tempo da guerra, como antes fora o tempo da ditadura e, depois, o da pobreza. Mas este amor mútuo que havia entre nós, esta alegria até por coisas simples era forte, e assim conseguia-se superar e suportar também estas coisas. Parece-me que isto era muito importante: mesmo coisas pequenas nos faziam felizes, porque eram expressão do coração do outro. E assim crescemos na certeza de que é bom ser uma pessoa humana, porque víamos que a bondade de Deus se reflectia nos pais e nos irmãos. E, verdade seja dita, quando procuro imaginar um pouco como vai ser no Paraíso, sempre me parece que será como o tempo da minha juventude, da minha infância. Como éramos felizes neste ambiente de confiança, alegria e amor, penso que, no Paraíso, deveria ser semelhante à forma como era na minha juventude. Neste sentido, espero voltar «a casa», quando passarei ao «outro lado» da vida.

2. SERGE RAZAFINBONY E FARA ANDRIANOMBONANA (um par de noivos de Madagáscar):

SERGE: Santidade, somos Fara e Serge, e vimos de Madagáscar.

Conhecemo-nos em Florença, onde estamos a estudar – eu engenharia, e ela economia. Iniciámos o noivado há quatro anos e sonhamos, logo que fizermos o doutoramento, voltar ao nosso país para dar uma mão ao nosso povo, inclusive através da nossa profissão.

FARA: Os modelos de família que predominam no Ocidente não nos convencem, mas estamos cientes de que também muitos tradicionalismos da nossa África precisam de ser em certa medida superados. Sentimo-nos feitos um para o outro; por isso queremos casar e construir um futuro juntos. Queremos também que cada aspecto da nossa vida seja orientado pelos valores do Evangelho.

Mas, falando de matrimónio… Santidade, há uma palavra que, mais do que qualquer outra, nos atrai e ao mesmo tempo nos assusta: aquele «para sempre»...

PAPA: Queridos amigos, obrigado por este testemunho! Contai com a minha oração neste caminho do noivado e espero que possais criar, com os valores do Evangelho, uma família «para sempre». A Fara aludiu a diversos tipos de casamento: conhecemos o «mariage coutumier» da África e o casamento ocidental. Mesmo na Europa – verdade seja dita –, até ao século XIX, predominava um modelo de casamento diverso do actual: muitas vezes o casamento era, na realidade, um contrato entre clãs, no qual se procurava manter o clã, abri-lo ao futuro, defender as propriedades, etc. A escolha dos noivos era feita pelo clã, esperando que as coisas funcionassem um com o outro. E assim sucedia, em parte, também nos nossos países; lembro-me duma cidadezinha, aonde fui à escola, que as coisas ainda se passavam em grande parte assim. Entretanto, com o século XIX, vem a emancipação do indivíduo, a liberdade da pessoa… e o casamento já não se baseia na vontade alheia, mas na própria escolha; começa-se pelo enamoramento, passa-se ao noivado e depois ao casamento. Naquele tempo, estávamos todos convencidos de que este fosse o único modelo certo e que o amor, por si mesmo, garantisse o «sempre», já que o amor é absoluto, quer tudo e, consequentemente, também a totalidade do tempo: é «para sempre». Infelizmente, não era assim a realidade: vê-se que o enamoramento é lindo, mas talvez não sempre perpétuo, tal como o sentimento que não permanece para sempre. Vê-se, pois, que a passagem do enamoramento ao noivado e, depois, ao casamento requer várias decisões, experiências interiores. Como disse, é lindo este sentimento do amor, mas deve ser purificado, deve seguir por um caminho de discernimento, isto é, devem entrar também a razão e a vontade; devem unir-se razão, sentimento e vontade. No rito do matrimónio, a Igreja não pergunta: «Está enamorado?» Mas: «Quer…», «Está decidido…». Ou seja: o enamoramento deve tornar-se verdadeiro amor, envolvendo a vontade e a razão num caminho – o caminho do noivado – de purificação, de maior profundidade, de tal modo que realmente o homem inteiro, com todas as suas capacidades, com o discernimento da razão, a força da vontade, possa dizer: «Sim, esta é a minha vida». Penso muitas vezes nas bodas de Caná. O primeiro vinho deixou-os felicíssimos: é o enamoramento. Mas não dura até ao fim: deve aparecer um segundo vinho, isto é, deve ferver e crescer, amadurecer. Um amor definitivo que se torne realmente «segundo vinho» é mais lindo, é melhor do que o primeiro vinho. E é isto que devemos procurar... Aqui é importante também que o eu não fique isolado, o eu e o tu, mas que seja envolvida também a comunidade da paróquia: a Igreja, os amigos… Tudo isto – a personalização plena e justa, a comunhão de vida com os outros, com as famílias que se apoiam umas às outras – é muito importante e só assim, neste envolvimento da comunidade, dos amigos, da Igreja, da fé, do próprio Deus é que  cresce um vinho que dura para sempre. Muitas felicidades para ambos!

3. FAMÍLIA PALEOLOGOS (família grega)

NIKOS: Boa noite! Somos a família Paleologos. Vimos de Atenas. Chamo-me Nikos, e ela é a minha esposa Pania. Estes são os nossos dois filhos: Pavlos e Lydia.

Há alguns anos, juntamente com mais dois sócios e investindo tudo o que tínhamos, começámos uma pequena sociedade de informática.

Com a chegada da duríssima crise económica actual, os clientes diminuíram drasticamente e os que ficaram adiam cada vez mais os pagamentos. Mal conseguimos pagar os salários dos dois trabalhadores que temos, ficando pouquíssimo para nós, os sócios. Assim, à medida que passam os dias, vai havendo cada vez menos para manter as nossas famílias. A nossa situação é apenas uma dentre muitas, uma entre milhões de outras. Na cidade, as pessoas caminham de cabeça baixa; e já ninguém tem confiança em ninguém, falta a esperança.

PANIA: Mesmo nós, embora continuando a acreditar na providência, temos dificuldade em imaginar um futuro para os nossos filhos.

Há dias e noites em que nos perguntamos, Santo Padre, como fazer para não perder a esperança. Que pode a Igreja dizer a toda esta gente, a estas pessoas e famílias sem qualquer perspectiva?

SANTO PADRE: Queridos amigos, obrigado por este testemunho que tocou o meu coração e o coração de todos nós. Que podemos responder? Não bastam as palavras; temos de fazer algo de concreto e todos nós sofremos pelo facto de sermos incapazes de fazer algo de concreto. Comecemos pela política: parece-me que deveria crescer o sentido da responsabilidade em todos os partidos. Não prometam coisas que não podem realizar; não se limitem a procurar votos para si, mas sintam-se responsáveis pelo bem de todos. Que se perceba que política é sempre também responsabilidade humana, moral diante de Deus e dos homens. Depois, naturalmente, temos os indivíduos que sofrem e – muitas vezes sem possibilidade de se defenderem – vêem-se obrigados a aceitar a situação como ela é. Mas aqui podemos também dizer: cada um procure fazer tudo o que lhe é possível, pense em si, na família, nos outros, com um grande sentido de responsabilidade, sabendo que os sacrifícios são necessários para avançar. Terceiro ponto: Que podemos fazer nós? Esta é a minha questão, neste momento. Creio que talvez pudessem ajudar as geminações entre cidades, entre famílias, entre paróquias… Agora, na Europa, temos uma rede de geminações, mas trata-se de intercâmbios culturais – sem dúvida, muito bons e muito úteis –, quando talvez haja necessidade de geminações noutro sentido: que realmente uma família do Ocidente, da Itália, da Alemanha, da França... assuma a responsabilidade de ajudar outra família. E o mesmo se diga das paróquias, das cidades: que assumam responsabilidades reais, ajudem concretamente. E podeis estar certos! Eu e muitos outros rezamos por vós, e esta oração não é só dizer palavras, mas abre o coração a Deus e assim gera também criatividade na busca de soluções. Esperamos que o Senhor vos ajude, que o Senhor vos ajude sempre! Obrigado!

4. FAMÍLIA RERRIE (família dos Estados Unidos)

JAY: Vivemos perto de Nova York.

Meu nome é Jay, sou de origem jamaicana e trabalho em contabilidade.

Esta é a minha esposa Ana e é professora de apoio.

E estes são os nossos seis filhos, cujas idades variam de 2 a 12 anos. A partir disto, bem pode imaginar, Santo Padre, como a nossa vida é feita de incessantes corridas contra o tempo, de ânsias, de arranjos muito complicados...

Também lá, nos Estados Unidos, uma das prioridades absolutas é manter o emprego e, para o conseguir, é preciso não olhar a horários… E muitas vezes quem padece são precisamente as relações familiares.

ANA: É verdade! Nem sempre é fácil... Santidade, tem-se a impressão de que as instituições e as empresas não facilitam a conciliação dos tempos de trabalho com os tempos da família.

Imaginamos que também não seja fácil, para Vossa Santidade, conciliar os seus compromissos sem fim com o repouso.

Pode dar-nos qualquer conselho para nos ajudar a encontrar esta harmonia tão necessária? No turbilhão de tantos estímulos impostos pela sociedade actual, como ajudar as famílias a viverem a festa segundo o coração de Deus?

SANTO PADRE: Óptima pergunta, e acho que entendo este dilema entre duas prioridades: a prioridade do emprego, que é crucial, e a prioridade da família; mas como conciliar as duas prioridades? Posso somente tentar dar algum conselho. Primeiro ponto: há empresas que de certo modo permitem qualquer extra para a família – o dia do aniversário, etc. –, tendo concluído que dar um pouco de liberdade, no fim de contas, favorece a própria empresa, porque reforça o amor ao trabalho, ao emprego. Por isso, gostava de convidar os empregadores a pensarem na família, a darem uma mão também para que se possam conciliar as duas prioridades. Segundo ponto: parece-me que é preciso, naturalmente, cultivar uma certa criatividade – o que nem sempre é fácil! Mas pelo menos tentemos, em cada dia, trazer qualquer elemento de alegria à família, uma atençãozinha, alguma renúncia à vontade própria para estar com a família, e aceitar e superar as noites, as trevas de que já falámos antes, e pensar a este grande bem que é a família e assim, na grande solicitude de dar algo de bom cada dia, encontrar também uma conciliação das duas prioridades E, finalmente, temos o domingo, a festa! Espero que se respeite, na América, o domingo. É que me parece muito importante o domingo, dia do Senhor e, precisamente como tal, também «dia do homem», para que sejamos livres. Segundo a narração da criação, a intenção originária do Criador era esta: um dia em que todos sejam livres. Nesta possibilidade de um ser livre para o outro, para si mesmo, é-se livre para Deus. E assim penso que defendemos a liberdade do homem, defendendo o domingo e os dias festivos como dias de Deus e, deste modo, dias para o homem. Muitas felicidades para vós todos! Obrigado!

5. FAMÍLIA ARAÚJO (família brasileira de Porto Alegre)

MARIA MARTA: Santidade, no nosso Brasil, como aliás no resto do mundo, continuam a aumentar as falências matrimoniais.

Chamo-me Maria Marta, ele é Manoel Ângelo. Estamos casados ​​há 34 anos e já somos avós. Na qualidade de médico e psicoterapeuta familiares, encontramos muitas famílias, notando nos conflitos de casal uma dificuldade mais acentuada de perdoar e de aceitar o perdão, mas em vários casos constatámos o desejo e a vontade de construir uma nova união, algo duradouro, mesmo para os filhos que nascem da nova união.

MANOEL ÂNGELO: Alguns destes casais re-casados teriam vontade de aproximar-se da Igreja, mas, quando vêm negar-lhes os Sacramentos, a sua decepção é grande. Sentem-se excluídos, marcados por um juízo sem apelo.

Estas grandes penas magoam profundamente aqueles que nelas estão envolvidos; são lacerações que se tornam também parte do mundo, são feridas também nossas e da humanidade inteira.

Santo Padre, sabemos que a Igreja leva no seu coração estas situações e estas pessoas: que palavras e que sinais de esperança lhes podemos dar?

SANTO PADRE: Queridos amigos, obrigado pelo vosso trabalho de psicoterapeutas a favor das famílias, muito necessário. Obrigado por tudo o que fazeis para ajudar estas pessoas que sofrem. Na verdade, este problema dos divorciados re-casados ​​é um dos grandes sofrimentos da Igreja actual. E não temos receitas simples. O sofrimento é grande, podendo apenas animar as paróquias, os indivíduos a ajudar estas pessoas a suportarem o sofrimento deste divórcio. Digo que é muito importante, naturalmente, a prevenção, isto é, aprofundar desde o início o enamoramento numa decisão profunda, amadurecida; além disso, o acompanhamento durante o matrimónio, de modo que as famílias nunca se sintam sozinhas, mas sejam realmente acompanhadas no seu caminho. Depois, quanto a estas pessoas, devemos dizer – como o Manoel afirmou – que a Igreja as ama, mas elas devem ver e sentir este amor. Considero grande tarefa duma paróquia, duma comunidade católica, fazer todo o possível para que elas sintam que são amadas, acolhidas, que não estão «fora», apesar de não poderem receber a absolvição nem a Comunhão: devem ver que mesmo assim vivem plenamente na Igreja. Mesmo se não é possível a absolvição na Confissão, não deixa talvez de ser muito importante um contacto permanente com um sacerdote, com um director espiritual, para que possam ver que são acompanhadas, guiadas. Além disso, é muito importante também que sintam que a Eucaristia é verdadeira e participam nela se realmente entram em comunhão com o Corpo de Cristo. Mesmo sem a recepção «corporal» do Sacramento, podemos estar, espiritualmente, unidos a Cristo no seu Corpo. É importante fazer compreender isto. Oxalá encontrem a possibilidade real de viver uma vida de fé, com a Palavra de Deus, com a comunhão da Igreja, e possam ver que o seu sofrimento é um dom para a Igreja, porque deste modo estão ao serviço de todos mesmo para defender a estabilidade do amor, do Matrimónio; e que este sofrimento não é só um tormento físico e psíquico, mas também um sofrer na comunidade da Igreja pelos grandes valores da nossa fé. Penso que o seu sofrimento, se realmente aceite interiormente, seja um dom para a Igreja. Devem saber que precisamente assim servem a Igreja, estão no coração da Igreja. Obrigado pelo vosso compromisso!

PALAVRA DE CONFORTO ÀS VÍTIMAS DO TERRAMOTO

SANTO PADRE: Queridos amigos, sabeis que compartilhamos profundamente a vossa tribulação, o vosso sofrimento; e sobretudo peço cada dia que termine finalmente este terramoto. Todos nós queremos dar a nossa contribuição para vos ajudar: tende a certeza de que não vos esquecemos, que cada um está a fazer o possível para vos ajudar – a Cáritas, todas as organizações da Igreja, o Estado, as diversas comunidades – cada um de nós quer ajudar-vos, tanto espiritualmente com a nossa oração, com a nossa união do coração, como materialmente. Rezo com insistência por vós. Que Deus vos ajude, e nos ajude a todos! Votos do melhor bem. O Senhor vos abençoe!

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"Cristo faz-vos participar no seu amor esponsal"
Homilia de Bento XVI no encerramento do VII Encontro Mundial das famílias

ROMA, quarta-feira, 06 de junho de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos a homilia de Bento XVI realizada na Eucaristia do dia 03, no parque de Bresso em Milão, por ocasião do VII Encontro Mundial das famílias.

Venerados Irmãos,
Distintas Autoridades,
Amados irmãos e irmãs!

Grande momento de alegria e de comunhão é este que vivemos ao celebrar o Sacrifício Eucarístico, nesta manhã. Está reunida com o Sucessor de Pedro uma grande assembleia, composta por fiéis vindos de muitas nações. Nela temos uma expressiva imagem da Igreja, una e universal, fundada por Cristo e fruto da missão que Jesus, como ouvimos no Evangelho, confiou aos seus Apóstolos: «Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações, baptizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28, 18-19). Saúdo com afecto e gratidão o Cardeal Angelo Scola, Arcebispo de Milão, e o Cardeal Ennio Antonelli, Presidente do Pontifício Conselho para a Família, principais artífices deste VII Encontro Mundial das Famílias, bem como os seus colaboradores, os Bispos Auxiliares de Milão e todos os outros Prelados. Com prazer, saúdo todas as Autoridades presentes. E, hoje, o meu caloroso abraço vai sobretudo para vós, queridas famílias! Obrigado pela vossa participação!

Na segunda Leitura, o apóstolo Paulo recordou-nos que recebemos no Baptismo o Espírito Santo, que de tal modo nos une a Cristo como irmãos e liga ao Pai como filhos, que podemos gritar: «Abba! Pai!» (cf. Rm 8, 15.17). Então foi-nos dado um gérmen de vida nova, divina, que se há-de fazer crescer até à realização definitiva na glória celeste; tornamo-nos membros da Igreja, a família de Deus, «sacrarium Trinitatis» – na expressão de Santo Ambrósio –, «um povo – como ensina o Concílio Vaticano II –  unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Const. Lumen gentium, 4). A solenidade litúrgica da Santíssima Trindade, que hoje celebramos, convida-nos a contemplar este mistério, mas impele-nos também ao compromisso de viver a comunhão com Deus e entre nós segundo o modelo da comunhão trinitária. Somos chamados a acolher e a transmitir, concordes, as verdades da fé; a viver o amor recíproco e para com todos, compartilhando alegrias e sofrimentos, aprendendo a pedir e a dar o perdão, valorizando os diversos carismas sob a guia dos Pastores. Numa palavra, está-nos confiada a tarefa de construir comunidades eclesiais que sejam cada vez mais família, capazes de reflectir a beleza da Trindade e evangelizar não só com a palavra mas – diria eu – por «irradiação», com a força do amor vivido.

Não é só a Igreja que é chamada a ser imagem do Deus Uno em Três Pessoas, mas também a família fundada no matrimónio entre o homem e a mulher. No princípio, de facto, «Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus: Ele os criou homem e mulher. Abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei e multiplicai-vos”» (Gn 1, 27-28). Deus criou o ser humano, homem e mulher, com igual dignidade, mas também com características próprias e complementares, para que os dois fossem dom um para o outro, se valorizassem reciprocamente e realizassem uma comunidade de amor e de vida. O amor é o que faz da pessoa humana a autêntica imagem da Trindade, imagem de Deus. Queridos esposos, na vivência do matrimónio, não dais qualquer coisa ou alguma actividade, mas a vida inteira. E o vosso amor é fecundo, antes de mais nada, para vós mesmos, porque desejais e realizais o bem um do outro, experimentando a alegria do receber e do dar. Depois é fecundo na procriação generosa e responsável dos filhos, na solicitude carinhosa por eles e na educação cuidadosa e sábia. Finalmente é fecundo para a sociedade, porque a vida familiar é a primeira e insubstituível escola das virtudes sociais, tais como o respeito pelas pessoas, a gratuidade, a confiança, a responsabilidade, a solidariedade, a cooperação. Queridos esposos, cuidai dos vossos filhos e, num mundo dominado pela técnica, transmiti-lhes com serenidade e confiança as razões para viver, a força da fé desvendando-lhes metas altas e servindo-lhes de apoio na fragilidade. Mas também vós, filhos, sabei manter sempre uma relação de profundo afecto e solícito cuidado com os vossos pais, e as relações entre irmãos e irmãs sejam também oportunidade para crescer no amor.

O projecto de Deus para o casal humano alcança a sua plenitude em Jesus Cristo, que elevou o matrimónio a Sacramento. Com um dom especial do Espírito Santo, queridos esposos, Cristo faz-vos participar no seu amor esponsal, tornando-vos sinal do seu amor pela Igreja: um amor fiel e total. Se souberdes acolher este dom, renovando diariamente o vosso «sim» com fé e com a força que vem da graça do Sacramento, também a vossa família viverá do amor de Deus, tomando por modelo a Sagrada Família de Nazaré. Queridas famílias, pedi muitas vezes, na oração, o auxílio da Virgem Maria e de São José, para que vos ensinem a acolher o amor de Deus como o acolheram eles. A vossa vocação não é fácil de viver, especialmente hoje, mas a realidade do amor é maravilhosa, é a única força que pode verdadeiramente transformar o universo, o mundo. Aos vossos olhos foi oferecido o testemunho de tantas famílias, que indicam os caminhos para crescer no amor: manter um relacionamento perseverante com Deus e participar na vida eclesial, cultivar o diálogo, respeitar o ponto de vista do outro, estar disponíveis para servir, ser paciente com os defeitos alheios, saber perdoar e pedir perdão, superar com inteligência e humildade os possíveis conflitos, concordar as directrizes educacionais, estar abertos às outras famílias, atentos aos pobres, ser responsáveis na sociedade civil. Todos estes são elementos que constroem a família. Vivei-os com coragem, pois na medida em que, com o apoio da graça divina, viverdes o amor mútuo e para com todos, tornar-vos-eis um Evangelho vivo, uma verdadeira Igreja doméstica (cf. Exort. ap. Familiaris consortio, 49). Quero dedicar uma palavra também aos fiéis que, embora compartilhando os ensinamentos da Igreja sobre a família, estão marcados por experiências dolorosas de falência e separação. Sabei que o Papa e a Igreja vos apoiam na vossa fadiga. Encorajo-vos a permanecer unidos às vossas comunidades, enquanto almejo que as dioceses assumam adequadas iniciativas de acolhimento e proximidade.

No livro do Génesis, Deus confia ao casal humano a sua criação, para que a guarde, cultive e guie de acordo com o seu plano (cf. 1, 27-28; 2, 15). Nesta indicação da Sagrada Escritura, podemos ler a missão que tem o homem e a mulher de colaborar com Deus para transformar o mundo, através do trabalho, da ciência e da técnica. O homem e a mulher são também imagem de Deus nesta obra preciosa, que devem realizar com o mesmo amor do Criador. Vemos que, nas teorias económicas modernas, prevalece muitas vezes uma concepção utilitarista do trabalho, da produção e do mercado. Mas, o projecto de Deus e a própria experiência mostram que não é a lógica unilateral do que me é útil e do maior lucro que pode concorrer para um desenvolvimento harmonioso, o bem da família e para construir uma sociedade justa, porque traz consigo uma competição exasperada, fortes desigualdades, degradação do meio ambiente, corrida ao consumo, mal-estar nas famílias. Antes, a mentalidade utilitarista tende a estender-se também às relações interpessoais e familiares, reduzindo-as a convergências precárias de interesses individuais e minando a solidez do tecido social.

Um último elemento. O homem, enquanto imagem de Deus, é chamado também ao descanso e à festa. A narrativa da criação termina com estas palavras: «Concluída, no sétimo dia, toda a obra que tinha feito, Deus repousou, no sétimo dia, de todo o trabalho por Ele realizado. Deus abençoou o sétimo dia e santificou-o» (Gn 2, 2-3). Para nós, cristãos, o dia de festa é o Domingo, dia do Senhor, Páscoa da semana. É o dia da Igreja, assembleia convocada pelo Senhor ao redor da mesa da Palavra e do Sacrifício Eucarístico, como estamos a fazer hoje, para nos alimentar d’Ele, entrar no seu amor e viver do seu amor. É o dia do homem e dos seus valores: convivência, amizade, solidariedade, cultura, contacto com a natureza, jogo, desporto. É o dia da família, em que se há-de viver, juntos, o sentido da festa, do encontro, da partilha, também com a participação na Santa Missa. Queridas famílias, mesmo nos ritmos acelerados do nosso tempo, não percais o sentido do dia do Senhor! É como o oásis onde parar para saborear a alegria do encontro e saciar a nossa sede de Deus.

Família, trabalho, festa: três dons de Deus, três dimensões da nossa vida que se devem encontrar num equilíbrio harmonioso. Harmonizar os horários do trabalho e as exigências da família, a profissão e a paternidade e maternidade, o trabalho e a festa é importante para construir sociedades com um rosto humano. Nisto, privilegiai sempre a lógica do ser sobre a do ter: a primeira constrói, a segunda acaba por destruir. É preciso educar-se para crer, em primeiro lugar na família, no amor autêntico: o amor que vem de Deus e nos une a Ele e, por isso mesmo, «nos transforma em um Nós, que supera as nossas divisões e nos faz ser um só, até que, no fim, Deus seja “tudo em todos” (1 Cor 15, 28)» (Enc. Deus caritas est, 18). Amen.

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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]