ZENIT
O mundo visto de Roma
Portugues semanal - 17 de junho de 2012
Santa Sé
- Papa: surpresa e preocupação com Gotti Tedeschi
Comunicado da Assessoria de Imprensa vaticana - Bento XVI: reconhecimento aos doadores de sangue
Dia Mundial do Doador de Sangue é celebrado em 14 de junho - Bento XVI em Viagem Apostólica ao Líbano
Divulgado calendário das celebrações presididas pelo Papa - Por uma aliança entre o homem e o ambiente
A posição da Santa Sé em vista do Comitê Preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20 - O Papa em audiência com o presidente da 66ª Assembléia Geral da ONU
Ao centro do diálogo: o papel da ONU nas resoluções dos conflitos no mundo, especialmente na África e no Oriente Médio - Santa Sé erige ordinariato pessoal de Nossa Senhora do Cruzeiro do Sul
Gesto é voltado aos anglicanos da Austrália que entraram em comunhão com Roma - Os lefrevrianos abertos ao diálogo
A Fraternidade São Pio X deseja uma solução para o bem das almas
50º Congresso Eucarístico Internacional
- A sua verdade é Amor. O Amor de Cristo é a verdade
A videomensagem de Bento XVI pelo encerramento do 50° Congresso Eucarístico Internacional - Congresso Eucarístico Internacional traz o mundo para Dublin
Milhares de pessoas reunidas para comemorar e apreciar a Eucaristia - Congresso Eucarístico Internacional começa em Dublin
12.500 pessoas assistem à missa celebrada pelo cardeal Ouellet - Casamento e família na pauta do Congresso Eucarístico
Palestrantes debatem sobre o papel da Eucarístia para os jovens e as famílias - A comunhão através do batismo: conhecer e celebrar
Dublin acolhe o segundo dia do Congresso Eucarístico Internacional - Legado papal pede perdão às vítimas de abusos clericais na Irlanda
Cardeal Ouellet conversou com grupo de vítimas durante duas horas
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
- Sugeri à presidência a criação da editora CNBB, disse o Pe. Valdeir
Entrevista com diretor geral, Pe. Valdeir dos Santos Goulart - Por que o amor é tão importante em sua vida?
Ação das Edições CNBB promove Campanha enfatizando o valor do amor
Comunicar a fé hoje
- Para alguém ser missionário precisa cultivar a mística da missão.
Entrevista com o diretor das Pontifícias Obras Missionárias no Brasil, Pe. Camilo Pauletti
Homens e Mulheres de Fé
- "Não posso ficar em silêncio. Podem me matar amanhã"
Asma Jahangir: quando os extremistas temem os direitos humanos
Familia e Vida
- O Trabalho dos Agentes da Pastoral Familiar é indispensável
Entrevista com Mons. Vitaliano sobre a Pastoral Familiar
Espírito da Liturgia
- Quando celebrar?/4: A Liturgia das Horas (CIC, 1174-1178)
Rubrica de teologia litúrgica aos cuidados do Pe. Mauro Gagliardi
Mundo
- Religiosas Americanas submetidas a avaliação doutrinal
A Santa Sé acompanhará para promover uma visão da Igreja em consonância com o Magistério - Delegação da Santa Sé na Rio +20
Dom Odilo Scherer será o enviado especial - Rio+20 e Caritas Internacional
A Caritas Internacional envia carta para a Rio+20 - A participação da Igreja na Rio +20
Chegou ao Rio de Janeiro o Núncio Apostólico: Dom Francis Chullikatt
Audiência de quarta-feira
- A união com Deus não afasta do mundo
Catequese de Bento XVI na Audiência Geral de quarta- feira
Documentação
- A pequenez da semente e a grandeza do que produz
As palavras do Papa durante o Ângelus - Um vínculo especial entre o Papa e seus colaboradores
Bento XVI em audiência com os superiores e estudantes da Pontifícia Academia Eclesiástica
Santa Sé
Papa: surpresa e preocupação com Gotti Tedeschi
Comunicado da Assessoria de Imprensa vaticana
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 11 de junho de 2012 (ZENIT.org).- Reproduzimos o comunicado da Santa Sé sobre os fatos que envolveram o professor Ettore Gotti Tedeschi, ex-presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), popularmente conhecido como “o banco vaticano”. Gotti Tedeschi foi afastado do Instituto pelos conselheiros, insatisfeitos com a sua gestão.
A Santa Sé veio a conhecer com surpresa e preocupação os recentes casos em que se viu envolvido o professor Gotti Tedeschi e deposita na autoridade judicial a máxima confiança de que as prerrogativas soberanas reconhecidas a ela pelo ordenamento internacional sejam adequadamente aplicadas e respeitadas.
A Santa Sé confirma ainda a sua plena confiança nas pessoas que dedicam a sua ação com empenho e profissionalismo ao Instituto para as Obras de Religião e está examinando com o máximo cuidado a eventual lesividade das circunstâncias, a respeito dos direitos próprios e de seus órgãos.
Destaca-se que a moção adotada contra o professor Gotti Tedeschi pelo Conselho de Superintendência fundamentou-se em motivos objetivos, relacionados com o governo do Instituto, e não em suposta oposição à transparência, que, pelo contrário, é de interesse das autoridades da Santa Sé e do próprio Instituto.
Trad. Zenit
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Bento XVI: reconhecimento aos doadores de sangue
Dia Mundial do Doador de Sangue é celebrado em 14 de junho
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 11 de junho de 2012 (ZENIT.org) - No ângelus deste domingo (10), Bento XVI dedicou palavras de reconhecimento aos doadores de sangue.
"Gostaria de recordar que na próxima quinta-feira, 14 de junho, celebramos o Dia Mundial do Doador de Sangue, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Manifesto o meu sincero apreço por todos que praticam esta forma de solidariedade, indispensável para a vida de tantos doentes".
A OMS escolheu a data de 14 de junho para homenagear os milhões de humanos que, ao doarem sangue, salvam vidas e melhoram a saúde do próximo.
A jornada destaca a importância de doar sangue periodicamente para prevenir a escassez em hospitais e clínicas, especialmente nos países em desenvolvimento, onde as reservas são exíguas. Dos 80 países com baixo índice de doação de sangue (menos de 10 doações por mil pessoas), 79 são nações em desenvolvimento.
Este evento anual pretende demonstrar que as boas políticas de saúde são eficazes para tornar as transfusões de sangue seguras e acessíveis em todo o mundo.
Trad. Zenit
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Bento XVI em Viagem Apostólica ao Líbano
Divulgado calendário das celebrações presididas pelo Papa
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 13 de junho de 2012(ZENIT.org)- Apresentamos abaixo o calendário das celebrações que serão presididas pelo Papa em julho, agosto e setembro, divulgado hoje pelo Serviço de informação do Vaticano.
Em 15 de julho, no XV Domingo “per annum” o Santo Padre estará em Visita pastoral a Frascati; onde presidirá a Santa Missa às 9:30.
Na Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, dia 15 de agosto, Bento XVI estará em Castel Gandolfo e presidirá a Santa Missa na Igreja de San Tommaso da Villanova, às 8:00.
Em setembro, de 14 a 16, está previsto a Viagem Apostólica do Papa ao Líbano.
MEM
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Por uma aliança entre o homem e o ambiente
A posição da Santa Sé em vista do Comitê Preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20
ROMA, sexta-feira, 15 de junho de 2012 (ZENIT.org) – Publicamos aqui a Position Paper da Santa Sé por ocasião da III sessão do Comitê Preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20, assimo como foi publicada pelo L'Osservatore Romano em língua italiana na tarde de ontem em Roma.
1. Introdução
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio +20, representa um importante passo de uma caminhada que proporcionou significativas contribuições para uma melhor compreensão do conceito de desenvolvimento sustentável, bem como das interações daqueles que são considerados os três pilares deste conceito: o crescimento econômico, a proteção do ambiente e a promoção do bem-estar social. Tal caminho começou em Estocolmo no distante 1972 e passou por dois momentos cruciais no Rio de Janeiro em 1992, com a assim chamada Earth Summit , e em Joanesburgo em 2002.
No contexto dessa caminhada emergiu um consenso unânime sobre o fato de que a tutela do ambiente passa pela melhoria de vida dos povos, e vice-versa, que a degradação ambiental e o subdesenvolvimento são temas altamente interdependentes entre si e devem ser enfrentados em conjunto de forma responsável e solidária.
Em todos estes eventos internacionais, a presença da Santa Sé foi caracterizada não tanto pela promoção de soluções técnicas específicas para as diferentes problemáticas envolvidas na busca de um correto processo de desenvolvimento sustentável, mas especialmente no sublinhar como não é possível reduzir à problema “técnico” o que afeta a dignidade do homem e dos povos: não é possível, de fato, confiar o processo de desenvolvimento somente à técnica, porque senão isso permaneceria sem orientação ética. A busca de soluções a tais problemáticas não pode ser separada da nossa compreensão do ser humano.
É o ser humano, de fato, que vem em primeiro lugar. Vale a pena lembrá-lo. É a pessoa humana que deve estar no centro do desenvolvimento sustentável. A pessoa humana, que é responsável pela boa gestão da natureza, não pode ser dominada pela técnica e tornar-se objeto dela. Tal consciência deve levar os Estados a refletirem juntos sobre o futuro a curto e médio prazo do planeta, evocando as suas responsabilidades pela vida de cada pessoa, bem como pelas tecnologias úteis para ajudar a melhorar a qualidade.
Adotar e incentivar em todas as circunstâncias um modo de vida que respeite a dignidade de cada ser humano e sustentar a pesquisa e a exploração de energia e tecnologias adequadas que preservem o patrimônio da criação e não causem perigo para o ser humano devem ser prioridades políticas e econômicas . Neste sentido, é necessário rever a nossa abordagem da natureza, que é o lugar onde nasce e interage o ser humano, a sua "casa".
A mudança de mentalidade nesta matéria e as obrigações que isso traz devem permitir alcançar rapidamente uma arte do viver juntos que respeite a aliança entre o ser humano e a natureza, sem a qual a família humana corre o risco de desaparecer. É necessário fazer uma reflexão séria e propor soluções precisas e sustentáveis; reflexões que não devem ser ofuscadas por interesses políticos, econômicos ou ideológicos cegamente partidários, que tendem de modo míope a privilegiar o interesse particular sobre a solidariedade.
É verdade que a técnica dá para a globalização um ritmo especialmente acelerado, mas deve-se reafirmar a primazia do ser humano sobre a técnica, sem a qual corre-se o risco de uma perda existencial e uma perda de senso da vida. O fato de que a tecnologia corra mais rápida do que tudo faz com que as sedimentações dos porquês sejam sistematicamente envolvidas pela urgência do como e não tenham portanto o tempo de solidificar-se.
É, portanto, importante chegar a combinar a técnica com uma forte dimensão ética baseada na dignidade da pessoa humana (cf. Bento XVI, durante a apresentação coletiva da Cartas Credenciais de alguns embaixadores, 09 de junho de 2011).
Nesta perspectiva, convém sublinhar como a dignidade do ser humano está intimamente ligada aos direitos de desenvolvimento, a um ambiente saudável e à paz; estes três direitos destacam as dinâmicas das relações entre as pessoas, a sociedade e o ambiente; Isso estimula a responsabilidade de cada ser humano consigo mesmo, com o próximo, com a criação e, em última instância, com Deus. Responsabilidade que envolve a análise criteriosa do impacto e das consequências das nossas ações, com especial atenção para os mais pobres e para as gerações futuras.
2. A centralidade do ser humano no desenvolvimento sustentável
Portanto, é essencial colocar o fundamento da reflexão da Rio+20 no primeiro princípio da Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, aprovada na Conferência do Rio de Janeiro de junho de 1992, reconhecendo a centralidade do ser humano, afirma que "os seres humanos estão no centro das preocupações relativas ao desenvolvimento sustentável. Eles têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza".
Colocar o bem do ser humano no centro da atenção do desenvolvimento sustentável é, de fato, a forma mais segura para a sua realização, bem como para promover a proteção da criação; assim, como mencionado, estimula-se a responsabilidade de cada um com os outros, com os recursos naturais e com o seu uso criterioso.
Além disso, partir da centralidade do ser humano e da sua dignidade leva a evitar os riscos de adotar uma abordagem reducionista e ineficaz de caráter neo-malthusiano, que vê o ser humano como um obstáculo ao desenvolvimento sustentável.
Não há oposição entre o ser humano e o ambiente, mas há uma aliança estável e inseparável na qual o ambiente condiciona a existência e o desenvolvimento do ser humano, enquanto que este último aperfeiçoa e enobrece o ambiente com a sua atividade criativa, produtiva e responsável. É essa aliança que deve ser reforçada; uma aliança que respeite a dignidade do ser humano desde a concepção; e aqui deve-se ressaltar também que o termo "igualdade de gênero" significa a igual dignidade entre homens e mulheres.
3. Necessidade de uma revisão profunda e de longo alcance
Nas últimas 4 décadas verificaram-se mudanças muito significativas no âmbito da comunidade internacional, é só pensar nos extraordinários progressos nos conhecimentos técnico-científicos que foram aplicados em setores estratégicos para a economia e a sociedade, tais como transportes, energia e comunicações. Progressos extraordinários que chocam-se com as distorções e os dramáticos problemas do desenvolvimento de muitos Países, e com a crise econômico-financeira que a maioria da sociedade está experimentando.
Estas questões interpelam cada vez mais a comunidade internacional para uma nova e profunda reflexão sobre o sentido da economia e dos seus fins, bem como a uma revisão profunda e completa do modelo de desenvolvimento, para corrigir as suas falhas e distorções. Exige-o, na verdade, o estado de saúde ecológica do planeta; acima de tudo o requer a crise cultural e moral do homem, cujos sintomas têm sido evidentes em cada parte do mundo (cf. Bento XVI, Caritas in veritate, n. 32).
Com base nestes pressupostos, a Santa Sé, no contexto do processo da Rio +20, gostaria de concentrar-se especialmente sobre alguns aspectos, que têm claras repercussões éticas e sociais em toda a humanidade.
Um primeiro aspecto diz respeito ao fato de que esta redefinição de um novo modelo de desenvolvimento, que também a Rio +20 quer contribuir, deve ser permeado e ancorado nos princípios que são pilares da efetiva proteção da dignidade humana. Tais princípios sustentam a correta implementação de um desenvolvimento que tenha um foco especial nas pessoas em situações mais vulneráveis e garantam portanto o respeito da centralidade do ser humano. Estes princípios põe em causa:
- A responsabilidade, também no que diz respeito à necessária mudança de padrões de produção e consumo para que sejam reflexo de um apropriado estilo de vida;
- A promoção e a partilha do bem comum;
- O acesso aos bens primários, incluindo aqueles bens essenciais e fundamentais, como a nutrição, a educação, a segurança, a paz, a saúde; neste último caso, deve ser sempre lembrado que o direito à saúde decorre do direito à vida: o aborto e a contracepção são ferramentas que se opõem gravemente à vida e não podem ser consideradas questões de saúde; a saúde corresponde de fato, à cura e não a meros serviços: esta mercantilização dos cuidados sanitários coloca as questões técnicas sobre aquelas humanas;
- Uma solidariedade com dimensão universal, capaz de reconhecer a unidade da família humana;
- O cuidado da criação, por sua vez conectada com a equidade entre gerações; no entanto, a solidariedade intergeracional requer levar em consideração as capacidades das gerações futuras para superar as dificuldades do desenvolvimento;
- A equidade intrageracional, que está intimamente ligada à justiça social;
- O destino universal não somente dos bens mas também dos frutos da atividade humana.
Estes princípios deveriam estar adesivados naquela "visão compartilhada" que ilumina o caminho da Rio +20 e da pós Rio+20. Além disso, Rio +20 poderia dar uma contribuição para a redefinição de um novo modelo de desenvolvimento ainda mais significativo quanto mais o debate que emergir da Conferência tender a construir esse modelo de desenvolvimento nestes princípios.
4. O princípio da subsidiariedade e o papel da família
Outro princípio fundamental é o da subsidiariedade, como reforço daquele governo internacional para o desenvolvimento sustentável, que é um dos principais objetos de discussões da Rio+20. Hoje, o princípio da subsidiariedade, também na Comunidade internacional, é cada vez mais visto como instrumento de regulação das relações sociais e, portanto, contribui para a definição de regras e formas institucionais.
Uma correta subsidiariedade pode permitir às autoridades públicas, a partir do nível local até o nível mais amplo de dimensão mundial, obrarem de modo eficaz para a valorização de cada pessoa, para a preservação dos recursos e para a promoção do bem comum.
No entanto, o princípio de subsidiariedade deve permanecer intimamente ligado ao princípio da solidariedade e vice-versa, porque se a subsidiariedade sem a solidariedade cai no particularismo social, é igualmente verdade que a solidariedade sem a subsidiariedade cai no assistencialismo que humilha o portador de necessidades. (cf. Bento XVI, Caritas in veritate, n. 58).
E isso deve ser ainda mais ressaltado nas reflexões de caráter internacional, como as dea Rio +20, onde a aplicação destes dois princípios deve-se traduzir na adoção de mecanismos voltados para combater as iniquidades existentes entre e dentro dos Estados e, portanto, favorecer: a transferência de tecnologias adequadas a nível local, a promoção de um sistema comercial global mais justo e inclusivo, o respeito dos compromissos assumidos com relação à ajuda ao desenvolvimento, a identificação de novos e inovadores instrumentos financeiros que coloquem no centro da vida econômica a dignidade humana, o bem comum e a salvaguarda da criação.
No campo da aplicação do princípio de subsidiariedade, é importante além do mais reconhecer e valorizar o papel da família, célula fundante da nossa sociedade humana como consagrado pelo Art. 16 da Declaração dos Direitos Humanos. Além do mais, essa é a última linha de defesa do princípio de subsidiariedade contra os totalitarismos.
Com efeito, é na família que começa aquele fundamental processo educativo de crescimento de cada pessoa, no qual tais princípios podem ser assimilados e transmitidos às gerações futuras.
Além disso, é no seio da família que o homem recebe as primeiras e determinantes noções sobre a verdade e o bem, aprende o que quer dizer amar e ser amados e, portanto, o que quer dizer em concreto ser uma pessoa (cf. João Paulo II, Centesimus Annus, 39).
A discussão sobre o "quadro internacional para o desenvolvimento sustentável" deveria ser portanto ancorada a um princípio de subsidiariedade, que valorize plenamente o papel da família, unido ao da solidariedade, tendo como elementos fundamentais o respeito pela dignidade humana e a centralidade do ser humano.
5. O desenvolvimento sustentável como parte do desenvolvimento humano integral
Um terceiro aspecto que visa promover a Santa Sé, no quadro do processo da Rio +20 é a conexão entre o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento humano integral. Ao lado do bem estar material e social devem ser considerados os valores éticos e espirituais que orientam e dão significado às escolhas econômicas e portanto ao progresso tecnológico, dado que cada decisão econômica tem uma consequência de caráter moral. A esfera técnico-econômica não é nem eticamente neutra nem desumana e anti-social por natureza. Pertence à atividade humana e, porque humana, deve ser estruturada e regida eticamente (cf. Bento XVI, Caritas in veritate, nn. 36 e 37).
Claro, esse é um desafio complexo, mas, além disso, deve-se apoiar a importância de passar de um desenvolvimento meramente econômico a um desenvolvimento integralmente humano nas suas dimensões: econômica, social e ambiental (cf. Angelus de João Paulo II do 25 de Agosto de 2002, no domingo anterior ao início da Cúpula de Johannesburg) que parte da dignidade de cada pessoa.
Isso significa ancorar sempre mais os três pilares do desenvolvimento sustentável em uma dimensão ética baseada, precisamente, sobre a dignidade humana. Tal desafio pode ser concretamente enfrentado no início daquele processo dirigido à identificação de uma série de “Objetivos do desenvolvimento sustentável” – Sustainable Development Goals, promovendo um trabalho de inovação sobre a modulação de velhos e novos indicadores do desenvolvimento no breve e no longo período; indicadores capazes de individualizar de modo eficaz a melhoria ou não nos aspectos não somente econômicos, sociais ou ambientais do desenvolvimento sustentável, mas também naqueles éticos, pondo em causa necessidades e recursos, e também o acesso a bens e serviços, tanto materiais quanto imateriais.
6. A economia verde e o desenvolvimento humano integral
Uma quarta área de interesse para a Santa Sé diz respeito à economia verde. Conforme destacado pelo debate realizado durante as reuniões preparatórias da Rio +20, não faltam preocupações sobre a transição para uma "economia verde". Este conceito, que demora para encontrar uma clara definição, potencialmente poderia dar uma importante contribuição às causas da paz e da solidariedade internacionais.
No entanto, é importante que seja aplicado de forma inclusiva, orientando-o claramente à promoção do bem comum e à erradicação local da pobreza, elemento essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável. Deve-se também evitar com cuidado que a economia verde dê lugar a novas formas de "condicionamentos" do comércio e da assistência internacional, tornando-se uma forma escondida de "protecionismo verde".
Mas é igualmente importante que a economia verde tenha como foco principal o desenvolvimento humano integral. Nesta perspectiva, e tendo em vista a identificação de modelos de consumo e de produção apropriados, a economia verde pode se tornar um instrumento importante para promover um trabalho decente, capaz de favorecer um crescimento econômico que respeite não apenas o ambiente, mas também a dignidade do ser humano.
É desejo da Santa Sé que tudo que emerja da Rio +20 seja considerado não somente um bom resultado mas também e acima de tudo um resultado inovador e capaz de olhar para o futuro, contribuindo para o bem estar material e espiritual de todas as pessoas, das suas famílias e comunidades.
[Tradução do original italiano por Thácio Siqueira]
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O Papa em audiência com o presidente da 66ª Assembléia Geral da ONU
Ao centro do diálogo: o papel da ONU nas resoluções dos conflitos no mundo, especialmente na África e no Oriente Médio
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 15 de junho de 2012(ZENIT.org) – Esta manhã o Santo Padre recebeu em Audiência o Sr. Nassir Abdulaziz Al-Nasser, presidente da 60ª Assembléia Geral da ONU -Organização das Nações Unidas.
Após o encontro com o Santo Padre, o senhor Al-Nasser encontrou o Secretário de Estado, sua eminência Card. Tarcisio Bertone, acompanhado de Dom Dominique Mamberti, Secretário das Relações com os Estados.
O cordial encontro teve como tema central o papel da Organização das Nações Unidas, particularmente a Assembléia Geral, nas resoluções dos conflitos, sobretudo na África e no Oriente Médio, e as graves situações de emergência humanitária que ali se seguem.
Em seguida destacou-se a importante contribuição da Igreja Católica para a paz e o desenvolvimento, bem como a importância para a cooperação entre as religioes e culturas.
MEM
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Santa Sé erige ordinariato pessoal de Nossa Senhora do Cruzeiro do Sul
Gesto é voltado aos anglicanos da Austrália que entraram em comunhão com Roma
CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 15 de junho de 2012 (ZENIT.org) - A Congregação para a Doutrina da Fé, como indicado na Constituição Apostólica Anglicanorum coetibus, erigiu o Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora do Cruzeiro do Sul, no território da Conferência Episcopal Australiana. Bento XVI também nomeou como primeiro superior do ordinariato o reverendo Harry Entwistle.
O reverendo, nascido em 1940 em Chorley, na Inglaterra, foi batizado como anglicano. Depois de estudar no Colégio St. Chad, na Universidade de Durham, foi ordenado sacerdote anglicano em 1964 pela diocese de Blackburn. Exerceu o ministério em Fleetwood, Hardwick, Weedon, Aston Abbots e Cubligton e foi capelão em presídios entre 1974 e 1981, quando passou a trabalhar como capelão militar superior no presídio de Wansworth, até 1988.
Naquele mesmo ano, emigrou para a Austrália como capelão do departamento de serviços corretivos da diocese de Perth. De 1992 a 1999 foi arcediago e vigário de Northam, e, de 1999 a 2006, pároco em Mt. Lawley. Em 2006, entrou na tradicional Comunhão Anglicana e foi nomeado bispo para a região ocidental e pároco em Maylands, Perth.
Depois de ser recebido em plena comunhão com a Igreja católica e ser ordenado diácono, o reverendo Entwistle foi ordenado sacerdote na catedral de Perth no dia de hoje, 15 de junho de 2012.
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Os lefrevrianos abertos ao diálogo
A Fraternidade São Pio X deseja uma solução para o bem das almas
ROMA, sexta-feira, 15 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Com os lefevrianos ainda não há acordo, mas as negociações continuam e permanece a boa vontade de ambas as partes. Segundo relatos da Fraternidade São Pio X, o superior geral, monsenhor Bernard Fellay “compreendeu as explicações” fornecidas a ele pelo cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, que ontem recebeu a delegação lefevriana no Vaticano.
Durante o encontro, monsenhor Fellay, espôs a Levada “as dificuldades doutrinais que colocam o Concílio Vaticano II e a Novus Ordo Missae". A fraternidade garante, no entanto, que "a vontade de esclarecimentos adicionais poderiam conduzir a uma nova fase da discussão."
No final do colóquio, durado mais de duas horas, Fellay recebeu um projeto de proposta para uma prelatura pessoal, no caso de um eventual reconhecimento canônico da Fraternidade. Segundo o referido pelo comunicado dos lefevrianos, “não se discutiu a situação dos outros três bispos da Fraternidade”, que, como especificado pelo Porta voz vaticano, padre Federico Lombardi, será objeto de outro futuro encontro. O objetivo comum é agora aquele de “continuar o diálogo para permitir encontrar uma solução para o bem das almas”.
A hipótese da realização de uma prelazia foi comentada positivamente pelo Opus Dei, que tem o
mesmo estatuto jurídico-canônico. Trata-se de um quadro “muito amplo, que permite enquadrar realidades diversas” e “não supreende – comenta uma nota do Opus Dei – que se tenha pensado esta solução para unir os fiéis que seguem a Fraternidade de São Pio X.”
Em qualquer caso, a proposta de transformar a fraternidade lefevriana em prelatura, "será um motivo de gratidão a Deus e ao esforço de unidade que está fazendo o Santo Padre”.
Trad. TS
50º Congresso Eucarístico Internacional
A sua verdade é Amor. O Amor de Cristo é a verdade
A videomensagem de Bento XVI pelo encerramento do 50° Congresso Eucarístico Internacional
CIDADADE DO VATICANO, domingo, 17 de junho de 2012(ZENIT.org) - Apresentamos a seguir o texto da videomensagem enviada pelo Santo Padre Bento XVI por ocasião do encerramento do 50° Congresso Eucarístico Internacional.
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Amados Irmãos e Irmãs,
Com grande afecto no Senhor, saúdo a todos vós que estais reunidos no 50º Congresso Eucarístico Internacional em Dublin, nomeadamente o Cardeal Brady, o Arcebispo Martin, o clero, os religiosos e os fiéis leigos da Irlanda, e todos vós que viestes de longe para sustentar a Igreja da Irlanda com a vossa presença e as vossas orações. O tema do Congresso – Comunhão com Cristo e entre nós – leva-nos a reflectir sobre a Igreja como mistério de comunhão com o Senhor e com todos os membros do seu Corpo.
Desde os primeiros tempos da Igreja, a noção de koinonia ou communio esteve no centro da compreensão que ela tem de si mesma, no centro da sua relação com Cristo, seu fundador, e dos sacramentos que celebra, sobretudo a Eucaristia. Através do Baptismo, somos inseridos na morte de Cristo e renascemos na grande família dos irmãos e irmãs de Jesus Cristo; pela Confirmação, recebemos o sigilo do Espírito Santo; e, pela nossa participação na Eucaristia, entramos em comunhão com Cristo e entre nós, de maneira visível, aqui na terra e recebemos também a promessa da vida eterna que virá.
O Congresso realiza-se também num período em que a Igreja se prepara, em todo o mundo, para celebrar o Ano da Fé, que assinalará o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, um evento que lançou a mais extensa renovação que o Rito Romano já conheceu.
Com base numa apreciação cada vez mais profunda das fontes da Liturgia, o Concílio promoveu a participação plena e activa dos fiéis no Sacrifício Eucarístico. Hoje, olhando os desejos então expressos pelos Padres Conciliares sobre a renovação litúrgica à luz da experiência da Igreja universal no período transcorrido, é claro que uma grande parte foi alcançada; mas vê-semas vê-se igualmente que houve muitos equívocos e irregularidades. A renovação das formas externas, desejada pelos Padres Conciliares, visava tornar mais fácil a penetração na profundidade íntima do mistério; o seu verdadeiro objectivo era levar as pessoas a um encontro pessoal com o Senhor presente na Eucaristia, e portanto com o Deus vivo, de modo que, através deste contacto com o amor de Cristo, o amor mútuo dos seus irmãos e irmãs também pudesse crescer.
Todavia, não raro, a revisão das formas litúrgicas manteve-se a um nível exterior e a «participação activa» foi confundida com o agitar-se externamente. Por isso, ainda há muito a fazer na senda duma real renovação litúrgica. Num mundo em mudança, obcecado cada vez mais com as coisas materiais, precisamos de aprender a reconhecer de novo a presença misteriosa do Senhor Ressuscitado, o único que pode dar respiração e profundidade à nossa vida.
A Eucaristia é o culto da Igreja inteira, mas requer também pleno empenho de cada cristão na missão da Igreja; encerra um apelo a sermos o povo santo de Deus, mas chama também cada um à santidade individual; deve ser celebrada com grande alegria e simplicidade, mas também de forma quanto possível digna e reverente; convida-nos a arrepender dos nossos pecados, mas também a perdoar aos nossos irmãos e irmãs; une-nos a todos no Espírito, mas também nos ordena, no mesmo Espírito, de levar a boa nova da salvação aos outros.
Além disso, a Eucaristia é o memorial do sacrifício de Cristo na Cruz, o seu Corpo e Sangue oferecidos na nova e eterna aliança pela remissão dos pecados e a transformação do mundo. A Irlanda foi plasmada, ao nível mais profundo, por séculos e séculos de celebração da Santa Missa; e, pelo seu poder e graça, gerações de monges, mártires e missionários viveram heroicamente a fé na pátria e espalharam a Boa Nova do amor e perdão de Deus muito para além das suas praias. Vós sois os herdeiros duma Igreja que foi uma poderosa força de bem no mundo, e que transmitiu a muitos e muitos outros um amor profundo e duradouro a Cristo e à sua Mãe Santíssima. Os vossos antepassados na Igreja da Irlanda souberam como lutar pela santidade e a coerência na vida pessoal, como proclamar a alegria que vem do Evangelho, como promover a importância de pertencer à Igreja universal em comunhão com a Sé de Pedro, e como transmitir às gerações seguintes o amor pela fé e as virtudes cristãs.
A nossa fé católica, imbuída dum sentido profundo da presença de Deus, maravilhada pela beleza da criação que nos rodeia, e purificada pela penitência pessoal e a certeza do perdão de Deus, é uma herança que seguramente se aperfeiçoa e alimenta quando regularmente é colocada sobre o altar do Senhor no Sacrifício da Missa. A gratidão e a alegria por uma história tão grande de fé e amor foram recentemente abaladas de maneira horrível pela revelação de pecados cometidos por sacerdotes e consagrados contra pessoas confiadas aos seus cuidados. Em vez de lhes mostrar o caminho para Cristo, para Deus, em vez de dar testemunho da sua bondade, abusaram delas e minaram a credibilidade da mensagem da Igreja. Como se pode explicar o facto de pessoas, que regularmente receberam o Corpo do Senhor e confessaram os seus pecados no sacramento da Penitência, terem incorrido em tais transgressões? Continua um mistério. Evidentemente, porém, o seu cristianismo já não era alimentado pelo encontro jubiloso com Jesus Cristo: tornara-se meramente uma questão de hábito.
A obra do Concílio tinha realmente a intenção de superar esta forma de cristianismo e redescobrir a fé como uma profunda relação pessoal com a bondade de Jesus Cristo. O Congresso Eucarístico tem um objectivo semelhante. Nele desejamos encontrar o Senhor ressuscitado. Peçamos-Lhe para nos tocar profundamente. Ele que, na tarde de Páscoa, soprou sobre os Apóstolos, comunicando-lhes o seu Espírito, possa de igual modo conceder-nos também nós o seu sopro, a força do Espírito Santo, ajudando-nos assim a tornar-nos verdadeiras testemunhas de seu amor, testemunhas da sua verdade. A sua verdade é amor. O amor de Cristo é verdade.
Amados irmãos e irmãs, rezo para que o Congresso possa ser para cada um de vós uma frutuosa experiência espiritual de comunhão com Cristo e com a sua Igreja. Ao mesmo tempo, desejo convidar-vos a implorar comigo a bênção de Deus para o próximo Congresso Eucarístico Internacional, que terá lugar em 2016 na cidade de Cebu! Ao povo das Filipinas, envio calorosas saudações e a certeza da minha proximidade na oração, durante o período de preparação para este grande encontro eclesial. Estou certo de que vai trazer duradoura renovação espiritual não apenas para eles, mas também para todos os participantes que lá acorrerem de todo o mundo.
Entretanto, recomendo todos e cada um dos que tomam parte no actual Congresso à protecção amorosa de Maria, Mãe de Deus, e a São Patrício, o grande padroeiro da Irlanda; e, como penhor de alegria e paz no Senhor, de coração concedo a Bênção Apostólica.
BENEDICTUS PP. XVI
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Congresso Eucarístico Internacional traz o mundo para Dublin
Milhares de pessoas reunidas para comemorar e apreciar a Eucaristia
Por Junno Arocho
DUBLIN, segunda-feira, 11 de junho de 2012 (Zenit.org) - Um dia incomum ensolarado animou a atmosfera em Dublin com participantes de todo o mundo unidos para o 50 º Congresso Eucarístico Internacional. A alegria podia ser sentida enquanto se percorria as diferentes exposições, vendo jovens caminhando e cantando lado a lado.
A mensagem que muitos percebiam aqui é uma só: a graça que vem da Igreja e do sacramento da Eucaristia pode constituir uma verdadeira comunhão, mesmo em um encontro tão diversificado e grandioso como este.
Entrando no principal estádio da RDS (Royal Dublin Society), havia um grupo de 52 peregrinos da diocese de Vancouver, no Canadá, liderados pela guia Sabiniana Banares. O grupo faz parte de um número estimado de 900 peregrinos do Canadá.
A Sra Banares, que participou anteriormente de dois Congressos Eucarísticos, vê uma oportunidade de enriquecimento espiritual e de ação de graças. "Este é o melhor momento para agradecer a Deus por todas as suas bençãos", disse ela. "Meu coração está cheio de alegria, apesar da dificuldade para organizar o grupo, pois acho que estou colhendo os frutos. E este é o melhor momento para dizer ‘Senhor, muito obrigada por tudo’ ”.
Junto com o grupo estava o Pe Amador Abundo, o diretor espiritual, que vê o Congresso Eucarístico como uma oportunidade para chamar aqueles que estavam afastados da fé. "Estamos agora fazendo uma campanha para trazer de volta os nossos irmãos e irmãs, especialmente os católicos, de volta à fé. A Eucaristia pode com certeza ajudar-nos a trazê-los de volta para a igreja. Na minha paróquia, temos a Adoração Eucarística perpétua, e estou sempre ‘em campanha’ para que as pessoas participem e rezem diante de nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. É a única maneira de pedir-lhes para retornar à fé", disse ele.
Sein Soto Rosa, que junto com Rosa Santos, veio da Diocese de Fajardo em Porto Rico, pertence a um grupo chamado "Verano Misionero" (Verão Missionário). O grupo prepara e envia missionários católicos para diferentes partes da América Latina.
O Sr. Rosa falou à ZENIT sobre o que ele esperava levar de volta para a ilha caribenha. "Nós esperamos receber mais graças para a ilha de Porto Rico, que está precisando. Meu desejo é que, através do dom da Eucaristia, seja possível uma comunhão fraterna entre todos os porto-riquenhos”.
O congresso não conta apenas com a participação de leigos que buscam enriquecer as suas vidas espirituais, mas também de religiosos e consagrados como a Irmã Mary Dolora e outras quatro freiras das Irmãs Religiosas da Misericórdia, de Washington, DC. Ela vê o Congresso como uma oportunidade de rezar para que o amor à Eucaristia "cresça e que a nossa fé na Igreja e na Eucaristia seja aprofundada porque é fonte e ápice de toda a nossa vida”.
"Minha oração é para que se aprofunde a nossa fé, para realmente conhecer e recordar os dons que nos foram dados na vida sacramental da Igreja: no batismo, no sacramento da Santa Eucaristia, no sacramento da Penitência”, acrescentou.
(Tradução:MEM)
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Congresso Eucarístico Internacional começa em Dublin
12.500 pessoas assistem à missa celebrada pelo cardeal Ouellet
Por Ann Schneible
DUBLIN, segunda-feira, 11 de junho de 2012 (ZENIT.org) -. O 50° Congresso Eucarístico Internacional começou oficialmente no domingo, em Dublin, Irlanda, com a cerimônia de abertura e a celebração da Santa Missa;12.500 peregrinos de todo o mundo se reuniram para a cerimônia de abertura e Missa do Corpus Domini na Arena do Royal Dublin Society (RDS).
Um dos destaques centrais da cerimônia de abertura, antes da missa, foi a inauguração do “Healing Stone”(Pedra da Cura), sobre a qual está inscrita uma oração escrita por uma pessoa que sofreu abuso por parte do clero. O arcebispo Diarmuid Martin da arquidiocese de Dublin abençoou a pedra, enquanto uma jovem mulher, representando as vítimas de abuso clerical, lia em voz alta a oração:
Senhor, sentimos muito
pelo que alguns de nós fizemos às Tuas crianças,
tratando-as de forma tão cruel,
especialmente quando elas mais estavam necessitadas.
Deixamo-las com um grande sofrimento na vida,
isso não era Teu plano para elas ou para nós.
Ajude-nos a ajudá-las,
guia-nos, oh Senhor.
Amém.
A pedra, que foi originalmente apresentada na Liturgia da Lamentação, realizada durante o Dublin Pro-Catedral em 2011, foi escolhida como um símbolo para este Congresso Eucarístico Internacional.
Às cerimônias de abertura procedeu a Santa Missa. Acompanhou o celebrante, Legado Pontifício para o Congresso Eucarístico Internacional, cardeal Marc Ouellet, o arcebispo Diarmuid Martin, presidente da comissão pontifícia; o arcebispo de Dublin, Piero Marini; o arcebispo Robert LeGall de Toulouse; o cardeal de Toronto, Collins; o arcebispo Charles Brown, núncio apostólico para a Irlanda; e o cardeal Timothy Dolan, de Nova York.
O arcebispo Martin dirigiu o discurso de abertura, no início da Missa, aos peregrinos reunidos na Arena principal. "Hoje, a Igreja na Irlanda regozija-se", disse ele. Regozija-se "não em triunfalismo ou festividades externas. Regozija-se com a dádiva deste Congresso Eucarístico, que foi atentamente preparado” e prosseguiu, “através de uma refletida oração sobre o grande Mistério da nossa Fé: o sacrifício de morte e vida doada na ressurreição de Jesus, presente na Igreja onde quer que a Eucaristia seja celebrada e adorada”.
"Acima de tudo", continuou o arcebispo, "a Igreja na Irlanda regozija-se com o dom da Eucaristia, com a presença de Jesus Cristo entre nós, nosso Salvador, entregue por nós, derramado por nós, em um sacrifício de amor”.
A homilia da Missa foi realizada pelo Cardeal Oullet, representante oficial do Papa Bento XVI no Congresso Eucarístico. "Nós viemos aqui", disse ele, "como família de Deus, chamados por Ele para ouvir a Sua Santa Palavra, para lembrar quem somos à luz da história da salvação, e para responder a Deus através da maior e mais sublime oração conhecida pelo mundo: a Sagrada Eucaristia”.
O Cardeal lembrou aos presentes na celebração da Solenidade do Corpus Domini, provenientes de todo o mundo, que "o nosso encontro é um ato de fé na Sagrada Eucaristia, o tesouro da Igreja, que é essencial para sua vida e para a nossa comunhão como irmãos e irmãsem Cristo. A Igrejavive da Eucaristia, ela recebe a sua própria identidade a partir do dom do próprio Corpo de Cristo. Em comunhão com Seu Corpo, a Igreja torna-se o que ela recebe: ela se torna um só corpo com Ele no Espírito da nova e eterna aliança. Que grande e maravilhoso mistério! Um mistério de amor!”.
"Que o nosso próprio testemunho”, concluiu o Cardeal Oullet, "de amor mútuo e a serviço dos nossos irmãos e irmãs seja uma humilde proclamação da boa nova da Sagrada Eucaristia”.
(Tradução:MEM)
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Casamento e família na pauta do Congresso Eucarístico
Palestrantes debatem sobre o papel da Eucarístia para os jovens e as famílias
DUBLIN, terça-feira, 12 de junho de 2012(ZENIT.org) - "Comunhão no Casamento e na Família" foi o tema para as sessões de terça-feira do 50° Congresso Eucarístico Internacional - IEC 2012, que está sendo realizado de 10 a17 de junho, em Dublin.
O Bispo Mark Davies da diocese de Shrewsbury, Inglaterra, e a Sra. Breda O'Brien dirigiram a coletiva de imprensa durante o International Eucharistic Congress - IEC 2012; o secretário geral, Pe Kevin Doran, falou sobre a família, a juventude, e a renovação do sacerdócio.
Dom Davies que na noite de segunda-feira, dirigiu uma catequese para uma multidão de cerca de 1.000 jovens, falou sobre a experiência. "Foi especialmente impressionante ver a resposta dos jovens”, disse ele. “Centenas de jovens encontraram seu caminho para o espaço jovem e se engajaram neste evento com grande entusiasmo e compromisso evidente".
Em resposta a uma pergunta sobre as relíquias de São João Maria Vianney, que estão vindo para a Inglaterra, o bispo falou sobre a importância dos santos para ajudar a renovar o sacerdócio e a Igreja. "Para a renovação do sacerdócio", disse ele, é essencial "olhar para os santos, pois é nos santos que vemos a Igreja sempre verdadeira, e mais autêntica, face. Vemos a vida cristã vivida em plenitude ;. vemos o sacerdócio vivido em plenitude, através dos santos ", e prosseguiu, a crise que tem “assolado o sacerdócio será resolvida através dos santos. Através dos santos todas as crises na Igreja foram resolvidas; na nossa história , onde vemos um colapso, também vemos um grande avanço, e o avanço vem através dos santos”.
Breda O'Brien, uma professora que escreve para o Irish Times e para o Irish Catholic, deu um testemunho pessoal no Congresso sobre o matrimônio e a família. Ela falou sobre a situação da catequese na Irlanda, especialmente para adultos. "Eu sou absolutamente a favor da idéia da catequese católica para adultos", disse ela. "Eu acho que é muito importante pois a maioria das pessoas, quando estão interessados em algo, não deixam a sua educação para trás quando deixam a escola aos 17 ou 18 anos. Infelizmente, porque a catequese de adultos não tem sido forte na Irlanda, há uma tendência em fazer isso. Eu acho que seria realmente bom para as paróquias se existissem oportunidades a nível paroquial para que as pessoas pudessem apenas discutir algumas questões ".
Finalmente, continuando o tema das sessões de terça-feira, o Secretário Geral do Congresso Kevin Doran falou sobre a instituição do casamento e da sexualidade no contexto da Eucaristia. "É extremamente importante para nós", disse, "fazer a conexão entre o casamento e a Eucaristia; ambos são primordiais no dom de si para o outro. De uma forma muito particular, a doação de Jesus na Eucaristia é. refletido na doação que as pessoas casadas fazem um ao outro e aos seus filhos ... marido e mulher se dão totalmente um ao outro”.
"A linguagem da Eucaristia," continuou Pe Doran, "conhecida por todos nós -" Este é o meu Corpo,que é dado por vós"- obviamente não se refere apenas ao corpo físico, mas ao dom gratuito total de si. Quase da mesma forma, a linguagem da sexualidade humana, no dom do casamento, não é apenas sobre o corpo, mas sobre o dom total gratuito de si mesmo. Isto está no cerne da doutrina da Igreja sobre a sexualidade”.
(Tradução:MEM)
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A comunhão através do batismo: conhecer e celebrar
Dublin acolhe o segundo dia do Congresso Eucarístico Internacional
Ann Schneible
DUBLIN, terça-feira, 12 de junho de 2012 (ZENIT.org) - O 50º Congresso Eucarístico Internacional aprofundou ontem (11) os temas do batismo e do ecumenismo, com os discursos de líderes católicos e anglicanos. O congresso, que termina no próximo domingo, foi dedicado ao tema Conhecer e celebrar a nossa comunhão através do batismo.
Dois dos principais palestrantes do dia foram o arcebispo católico de Dublin, dom Diarmuid Martin, e seu homólogo anglicano, o arcebispo Michael Jackson, que analisaram o batismo no contexto da cooperação ecumênica para a paz e para a renovação da Igreja.
Durante uma conferência de imprensa, o arcebispo Jackson explicou que "um dos temas que surge com muita força é a peregrinação. Eu acredito que o número de pessoas que vieram de tantas partes do mundo e da Irlanda, como participantes e como voluntários, é algo que está nos levando a uma situação nova e nos manterá nela".
"A oportunidade foi aberta através desta conferência, com o envolvimento, a participação e a contribuição de pessoas além das tradições da Igreja Católica Romana. Acho que existe algo de muito enriquecedor para todos nós que fomos convidados a fazer parte deste grande evento".
Dom Diarmuid Martin aprofundou as declarações do arcebispo Jackson, falando da importância da união em prol de um propósito comum. "A Igreja da Irlanda e a Igreja Católica Romana, assim como as outras principais igrejas cristãs na Irlanda, estão enfrentando os mesmos desafios naquilo que chamamos de 'evangelizar', de levar a mensagem de Jesus Cristo para os jovens. Estamos todos conscientes de que precisamos encontrar novas estruturas, novos métodos para esta evangelização".
"Eu acho que é uma verdadeira tentação para as pessoas", prosseguiu Martin, "diante da rapidez das mudanças, com todas as desculpas que as pessoas tentar dar, simplesmente dizer que não há nada que se possa fazer, e deixar as coisas seguirem o seu curso sem intervir. Mas nós estamos numa situação em que não podemos reconstruir ou renovar a Igreja apenas deixando as coisas seguirem adiante".
(Tradução:ZENIT)
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Legado papal pede perdão às vítimas de abusos clericais na Irlanda
Cardeal Ouellet conversou com grupo de vítimas durante duas horas
Junno Arocho
DUBLIN, quinta-feira, 14 de junho de 2012 (ZENIT.org) - O cardeal Marc Ouellet, legado papal para o 50º Congresso Eucarístico Internacional, participou de uma peregrinação de dois dias a Lough Derg, onde se reuniu com um grupo representante de vítimas de abusos cometidos contra menores no seio da Igreja. Entre os representantes havia vítimas de abuso clerical e institucional de várias partes da ilha. Cada um teve a oportunidade de contar a própria experiência e o impacto que ela teve na sua vida. A reunião durou duas horas.
O legado papal celebrou a missa na basílica de São Patrício com uma centena de peregrinos irlandeses e estrangeiros, participantes no congresso eucarístico.
Na homilia, Ouellet afirmou que foi enviado a Lough Derg pelo papa Bento XVI para pedir perdão a Deus pelos abusos sexuais do clero, não só da Irlanda, mas de toda a Igreja. "Em nome da Igreja, eu pedi perdão mais uma vez às vítimas, depois de me reunir com algumas delas em Lough Derg".
"A tragédia dos abusos sexuais contra menores, perpetrados por cristãos, especialmente quando são obra de membros do clero, é uma fonte de grande vergonha e de enorme escândalo. É um pecado que o próprio Jesus Cristo fustigou dizendo: 'Melhor seria ter atada ao pescoço uma pedra de moinho e ser lançado ao mar do que ser ocasião de escândalo para um só destes pequeninos' (Lc 17,2).
O prelado canadense reafirmou o compromisso da Igreja católica de proporcionar um ambiente seguro às crianças, no qual "uma nova cultura de respeito, integridade e amor como o de Cristo prevaleça em meio a nós e permeie a sociedade inteira".
A respeito da reunião com as vítimas de abusos, o cardeal disse que estava profundamente comovido e que entregaria um informe do encontro ao Santo Padre.
Ouellet e sua delegação, que incluiu o arcebispo Charles Brown, foram recebidos por dom Liam MacDaid, bispo de Clogher, cidade onde passaram a noite. Durante a estada na diocese, jejuaram e participaram de outros exercícios penitenciais junto com os peregrinos da ilha.
(Tradução:ZENIT)
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Sugeri à presidência a criação da editora CNBB, disse o Pe. Valdeir
Entrevista com diretor geral, Pe. Valdeir dos Santos Goulart
Por Thácio Siqueira
BRASILIA, segunda-feira, 11 de junho de 2012 (ZENIT.org) – As edições CNBB é a editora que serve integralmente a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. ZENIT, há um mês atrás entrevistou o diretor editorial, Mons. Jamil Alves de Souza (Confira a entrevista clicando aqui).
Dessa vez, ZENIT teve a oportunidade de entrevistar o Diretor Geral das Edições CNBB, Pe. Valdeir dos Santos Goulart.
Publicamos a entrevista a seguir:
ZENIT: Qual é a missão principal da Editora da CNBB?
PE. VALDEIR: A Edições CNBB é da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tem a seguinte missão: “contribuir, como pastores, de forma relevante na propagação da fé católica e na edificação de uma sociedade justa e solidária, num esforço permanente de responder às necessidades da evangelização nos diversos contextos, de forma inovadora e acessível a todos”. Os bispos vislumbram que a editora deva “ser a editora de referência na língua portuguesa dos documentos, livros litúrgicos, subsídios e produtos da SANTA SÉ, CELAM, CNBB e outras instâncias da Igreja, consolidando presença marcante no mercado editorial”.
ZENIT: Está-se conseguindo realizar essa missão?
PE. VALDEIR:Acredito que sim. Estamos há sete anos no mercado e já publicamos mais de 220 obras, sem contar os periódicos. Já vendemos mais de um milhão de Bíblias, tradução da CNBB; milhões de Novena de Natal; centenas de milhares do livro “Sou Católico – Vivo minha Fé”. Mas ainda temos muito pela frente.
ZENIT: Quais são os principais obstáculos a serem superados?
PE. VALDEIR: Olhando pelo lado comercial, os obstáculos de toda empresa são conseguir ocupar um espaço no mercado; manter um crescimento sustentável e, o maior de todos a logística da distribuição.
ZENIT: A missão das Edições CNBB é somente dentro do âmbito católico ou existem também obras destinadas ao público que está fora do círculo católico e até mesmo religioso?
PE. VALDEIR: Nós, membros da diretoria das Edições CNBB, tivemos a oportunidade de apresentar aos bispos do Brasil, na 50ª Assembleia Geral realizada no mês de abril em Aparecida, um projeto de evangelização de crianças de 02 a 08 anos, denominado “Anjinhos do Brasil”. Este projeto vem ao encontro da necessidade de passar, para as crianças e seus pais, princípios, valores humanos e cristãos, portanto, as Edições CNBB não atuam somente no religioso. No dia 26 de junho, teremos a oportunidade de apresentar este projeto junto à mídia, seja ela católica ou não. O evento acontecerá no Museu de Arte Sacra de São Paulo.
ZENIT: Como é que as Edições CNBB buscam responder às necessidades de evangelização, seja das grandes cidades, das pessoas com muitos meios materiais, seja das pequenas cidades e dos mais pobres?
PE. VALDEIR: As pessoas tanto da metrópole como das pequenas cidades buscam um material que seja de qualidade, que tenha um bom conteúdo e preço acessível; é nesses quesitos que as Edições CNBB têm se aplicado.
ZENIT: As Edições CNBB visam ser referência na língua portuguesa dos documentos, livros litúrgicos, subsídios, da Santa Sé, do CELAM, da CNBB e de outras instâncias da Igreja. Isso é somente no Brasil ou a editora atende também a outros países?
PE. VALDEIR: No momento estamos atendendo somente o Brasil, mas em breve começaremos a enviar nossas obras para as Conferências Episcopais de países de língua portuguesa.
ZENIT: Antes de o senhor ser diretor geral das Edições, esteve anos como diretor executivo? Como encontrou e como estão as Edições CNBB agora?
PE. VALDEIR: Durante meus 26 anos de padre, apenas os 4 primeiros anos trabalhei diretamente na paróquia, os outros foram à frente de Seminários, em São João da Boa Vista (SP) ou em Goiânia (GO). No final do ano de 2003, fui convidado por Dom Odilo Pedro Scherer, então Secretário Geral da CNBB, para coordenar o Projeto de Evangelização “Queremos ver Jesus, Caminho, Verdade e Vida”. Na coordenação do projeto percebi a necessidade de a CNBB ter sua própria editora. Foi então que sugeri à presidência a criação da editora; a sugestão foi acatada e, em dezembro de 2005, por um Decreto da Presidência da CNBB, o então Cardeal Geraldo Majella Agnelo criou as Edições CNBB, sendo aprovada, por unanimidade pelo episcopado na Assembleia Geral de 2006.
ZENIT: Os católicos brasileiros conhecem as edições CNBB? Ela pode ser
considerada uma referência?
PE. VALDEIR: Infelizmente poucos católicos conhecem as Edições CNBB. Não temos a preocupação de abrir lojas por todo lado e nosso povo não está acostumado, na leitura, observar quem publicou. Os documentos mais populares na Igreja, como por exemplo, o Catecismo e o Compêndio da Igreja Católica, que estão na mão de nosso povo, são anteriores à criação das Edições CNBB. Devagar, ela está se tornando uma referência para aqueles que estão à frente das nossas comunidades, como os párocos ou os coordenadores. Logo chegará a todos os fiéis.
ZENIT: Que é que motiva mais no seu trabalho?
PE. VALDEIR: Eu gosto de discutir assuntos referentes à evangelização; procurar soluções para as diversas necessidades da Igreja; estar atento às necessidades da evangelização. É uma alegria você chegar aos lugares mais distantes do nosso país e encontrar naquela comunidade o cartaz que você trabalhou, o texto da Novena de Natal, o texto da Campanha da Fraternidade sendo usado, estudado por aqueles irmãos. Longe de mim a arrogância e a prepotência, mas o que mais me motiva é o meu amor pela Igreja.
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Por que o amor é tão importante em sua vida?
Ação das Edições CNBB promove Campanha enfatizando o valor do amor
Thacio Siqueira
BRASILIA, quarta-feira, 13 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Desde o dia 5 até 18 de junho as Edições CNBB promove em www.facebook.com/cnbbedicoes uma Campanha enfatizando o valor do amor.
Para participar é só entrar na página da Editora no Facebook, compartilhar em seu mural a imagem do banner respondendo: “Por que o amor é tão importante em sua vida?”. As três melhores frases ganharão um DVD do filme “Bella” e um exemplar da Carta Encíclica “Deus Caritas est” (sobre o amor cristão) do Papa Bento XVI, para crescer na compreensão do verdadeiro amor.
"É uma campanha aberta a qualquer público com acesso às nossas redes sociais, com o objetivo de apoiar a reflexão sobre a vida”, disse a ZENIT a Coordenadora de Marketing das Edições, Carolina Garcia.
A mesma escolha do filme “Bella” é porque “é um filme que fala do amor à vida, do amor mais puro que existe”, continou, pois “conta a história de uma jovem camareira solteira, moradora da cidade Nova York; que ao engravidar perde o emprego e luta contra a decisão de conservar ou não a vida do bebê. Enquanto isso, conhece um chef de cozinha latino , que sofreu uma tragédia no passado, e ele é a única pessoa em sua vida que realmente se preocupa com ela. Durante o desenvolver do filme a tomada de decisão (abortar ou não) mudará a vida de ambos”.
O segundo prêmio será uma encíclica do Papa, Deus Caritas Est. Ao ser perguntada por ZENIT o motivo da escolha desse prêmio Carolina Garcia respondeu: “Porque nesta primeira encíclica do papa Bento XVI, os temas ‘Deus’, ‘Cristo’ e ‘Amor’ se fundem, como guia central da fé cristã”.
A responsável de Marketing disse que as Edições CNBB viram que essa encíclica “quer mostrar a humanidade da fé, da qual faz parte o “eros”, o “sim” do homem, a sua corporeidade criada por Deus, um “sim” que no matrimônio indissolúvel entre o homem e a mulher encontra sua raiz na criação”, e continuou dizendo que nesse homem “O ‘eros’ transforma-se em ‘ágape’, o amor pelo outro que já não busca a si mesmo, mas que se converte em preocupação com o outro, disponibilidade a sacrificar-se por ele e abertura ao dom de uma nova vida humana”.
Carolina concluiu falando que “O ‘ágape’ cristão, o amor pelo próximo no seguimento de Cristo não é algo alheio, posto de um lado ou que inclusive vá contra o ‘eros’; pelo contrário, com o sacrifício que Cristo fez de si mesmo pelo homem, ofereceu uma nova dimensão que, na história da entrega caritativa dos cristãos aos pobres e aos que sofrem, foi-se desenvolvendo cada vez mais”.
Maiores informações: www.facebook.com/cnbbedicoes
Comunicar a fé hoje
Para alguém ser missionário precisa cultivar a mística da missão.
Entrevista com o diretor das Pontifícias Obras Missionárias no Brasil, Pe. Camilo Pauletti
Por Thácio Siqueira
BRASILIA, quinta-feira, 14 de junho de 2012 (ZENIT.org) – No próximo mês, do 12 ao 15 de Julho, acontecerá em Tocantins o 3º Congresso Missionário Nacional, organizado e promovido pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM).
Nesse contexto evangelizador missionário ZENIT esteve na sede da POM em Brasília e entrevistou o Pe. Camilo Pauletti, diretor no Brasil das Pontifícias Obras Missionárias.
Publicamos a entrevista a seguir:
***
ZENIT: O que tem significado para o senhor ser o diretor Nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM)?
PE. CAMILO: Ser diretor das POM, é uma grande responsabilidade. Primeiro achei que não era digno, sem este perfil, mas depois refleti que é um chamado a servir e que deveria atender.
ZENIT: O senhor tem tido experiência direta com a missão em outro país?
PE. CAMILO: Minha experiência ad gentes foi em Moçambique na África, nos anos de 1999 a 2004.
ZENIT: O Brasil tem contribuído para a missão Ad Gentes? Temos missionários fora do Brasil?
PE. CAMILO: O Brasil já tem contribuído com a missão ad gentes, mas tem potencial para contribuir mais. Ainda temos dificuldades para olhar além da nossa realidade.
ZENIT: Como é que acontece a preparação de um católico brasileiro para ir de missão Ad Gentes?
PE. CAMILO: A preparação acontece primeiro em nossa casa, isto é, manifestando atitude de serviço em sua comunidade. Depois deve preparar-se para ir ao encontro de outra cultura e ser hóspede na casa do outro. Disposição para escutar e aprender antes de querer evangelizar. Participar de curso para missão ad gentes.
ZENIT: Qualquer um pode ser missionário, ou somente aqueles que forem enviados pelo Bispo, ou pelo Movimento que participa...?
PE. CAMILO: Qualquer um pode ir a missão, mas não deve ir isolado por conta própria, deve ir em nome de uma Igreja ou comunidade que o envia.
ZENIT: Quais são as estruturas missionárias da POM no Brasil?
PE. CAMILO: As POM no Brasil tem uma sede própria em Brasília. Além do diretor, tem quatro secretários nacionais, um de cada Obra Missionária Pontifícia: Propagação da Fé; Infância e Adolescência Missionária; São Pedro Apóstolo e União Missionária. Temos ainda 17 funcionários leigos que atuam na sede. Mas a grande força são os milhares de grupos missionários espalhados pelo país.
ZENIT: O Brasil ainda recebe missionários estrangeiros? Principalmente de quais países?
PE. CAMILO: O Brasil ainda recebe missionários da Europa, América, África e principalmente da Ásia.
ZENIT- O que um católico (jovem, adolescente, criança, adulto, idoso..), com desejos de ser missionário, deveria fazer para seguir essa vocação missionária? Precisa ser padre e freira para ser missionário? Ou um leigo pode ser missionário?
PE. CAMILO: Para alguém ser missionário precisa cultivar a mística da missão. Ter consciência do que significa ir em missão. Profundo respeito pelo diferente. Senso de gratuidade e solidariedade. Saber dialogar e disposição para viver experiência que exige entrega e doação.
ZENIT- Agora em Julho está para acontecer o 3 Congresso Missionário Nacional. Está destinado a quem? Qualquer um pode participar?
PE. CAMILO: O 3º Congresso Missionário Nacional, é um momento de unir as forças missionárias do Brasil. Participam delegados escolhidos por cada Diocese e pelos Conselhos Missionários dos Regionais. Também os representantes das Congregações e Organismos missionários.
Para maiores informações acesse: http://www.pom.org.br/
Homens e Mulheres de Fé
"Não posso ficar em silêncio. Podem me matar amanhã"
Asma Jahangir: quando os extremistas temem os direitos humanos
*Valentina Colombo
ROMA, sexta-feira, 15 de junho de 2012(ZENIT.org) - "Eu não posso ficar em silêncio. Eles poderiam me matar amanhã [...] Um assassinato assim não é projetado nos níveis baixos, mas nos níveis mais altos do poder".
Quem fala é a paquistanesa Asma Jahangir, a primeira mulher a dirigir a Associação de Advogados da Corte Suprema do Paquistão. Ela já se mostrou muitas vezes contrária à ordem hudud, que é o direito penal islâmico, e contra a lei da blasfêmia.
Jahangir é uma das mulheres mais corajosas e diretas do mundo islâmico. Educada em escolas católicas, é conhecida por defender os direitos das minorias. Este compromisso lhe rendeu infindáveis ameaças de morte de extremistas islâmicos, que a consideram apóstata.
De 2004 a 2010, foi relatora especial da ONU sobre questões de liberdade religiosa, é uma das fundadoras da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão e sempre combateu a discriminação e a violência contra as mulheres.
As posições de Jahangir são claras e não dão espaço para dúvidas. Em março de 2010, durante um encontro sobre mulheres e religião nas Nações Unidas, em Genebra, ela afirmou que "quando se trata de direitos das mulheres, não podemos usar ‘se’ e ‘mas’, em nome de religião nenhuma, porque estamos falando de direitos humanos universais".
Não é uma afirmação banal para uma paquistanesa. É um desafio ao governo que durante meio século se manteve ao lado do radicalismo islâmico. Desde 1977, o Paquistão tem assistido a um processo de islamização que redundou em uma legislação discriminatória contra as mulheres.
A chamada ordem hudud, que é o sistema penal islâmico, assim como a lei da prova judicial, segundo a qual o testemunho de uma mulher vale a metade do testemunho de um homem, são uma pequena mostra dessa discriminação. E em caso de violência sexual, se não houver testemunhas, a mulher é que é condenada por adultério.
Embora o Paquistão tenha assinado em 1996 a CEDAW (Convenção sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher), o governo manteve reservas quanto aos pontos em conflito com a sharia. Em outras palavras, manteve a discriminação contra as mulheres tal como ela é prevista na lei islâmica.
Num contexto como esse, uma ativista como Asma Jahangir está evidentemente em situação bastante desconfortável. Mesmo nunca tendo renunciado à sua fé, Jahangir é um alvo do extremismo islâmico local que a vê como uma apóstata. Sua batalha contra a lei da blasfêmia, ao lado do governador do Punjab, Salman Taseer, certamente não melhorou estas condições.
Justamente por causa do assassinato de Taseer, em janeiro de 2011, Jahangir aproveitou a oportunidade para lançar um premente apelo e para acusar o governo do Paquistão de conivência com os extremistas islâmicos. “Não só mataram Salman Taseer, como ainda por cima foram justificar o assassinato na televisão”.
O próprio ministro paquistanês do Interior afirmou que, se alguém blasfemasse em sua presença, ele mesmo o mataria. Mas Salman Taseer nunca disse nada de blasfemo. Ele simplesmente afirmou que a lei devia ser revista.
Esta é uma acusação muito específica contra um governo que não consegue se distanciar do radicalismo islâmico, que não tem a coragem de transportar o país para a modernidade.
Diante fatos assim, não é nenhuma coincidência que a mais recente ameaça contra Jahangir tenha vindo dos serviços de inteligência paquistaneses, que sempre mantiveram uma relação no mínimo ambígua com os ambientes islâmicos mais radicais. Enquanto os extremistas islâmicos a difamam como apóstata, a imprensa pró-governo a acusa de ser uma traidora filo-indiana.
É óbvio que a vida da corajosa advogada corre grave perigo. O apelo para sensibilizar a opinião pública e as instituições internacionais é, portanto, essencial, a fim de que o governo paquistanês não seja apenas obrigado a prestar contas de qualquer ação violenta contra Jahangir, mas também se comprometa com um processo de reforma interna, começando pelo sistema educativo das madrassas, objetivando melhorar o status da mulher em particular e das minorias em geral.
Se o mundo quer que vozes como a de Asma Jahangir continuem denunciando as violações dos direitos humanos, precisa se lembrar todos os dias de que estas vozes só irão sobreviver se forem conhecidas e protegidas internacionalmente.
*Valentina Colombo (Cameri, Novara, 1964) é professora de Cultura e Geopolítica do Islã na Universidade Européia de Roma e membro sênior da Fundação Européia para a Democracia (Bruxelas). É presidente da "Vencer o medo" para a liberdade religiosa e a liberdade de expressão. Escreveu vários artigos e textos sobre o mundo árabe-islâmico e é o tradutora do Prêmio Nobel de Literatura, Naguib Mahfouz e de muitos outros autores árabes, clássicos (Jahiz e Hamadhani) e contemporâneos (Bayyati, Qabbani, Adonis). Sua pesquisa se concentra especialmente nos intelectuais liberais árabes e o papel das mulheres nos processos de democratização no Oriente Médio.
(Tradução:ZENIT)
Familia e Vida
O Trabalho dos Agentes da Pastoral Familiar é indispensável
Entrevista com Mons. Vitaliano sobre a Pastoral Familiar
Por Thácio Siqueira e Tarcisio Siqueira
CRATO, terça-feira, 12 de junho de 2012 (ZENIT.org) – A realidade da Pastoral familiar, a experiência sacerdotal, a realidade da formação das famílias católicas no Brasil, os melhores subsídios para os Agentes de Pastoral..., esses e outros sãos os temas que Mons. Vitaliano, nosso colaborador habitual, nos brinda numa entrevista a ZENIT.
Publicamos a entrevista a seguir:
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ZENIT: A quanto tempo que senhor têm como apostolado a preparação dos noivos? A sua família influenciou na escolha deste apostolado? Pode nos contar um pouco como era sua família?
MONS. VITALIANO - O Senhor deu-me a alegria de passar maior parte de todo o tempo da minha atividade pastoral no meio dos jovens, dos noivos e dos casais. Foram 12 anos numa paróquia de Roma, diretor do Curso de noivos. Na verdade a minha família não me influenciou muito nesta sensibilidade. A partir dos 10 anos comecei a viver fora da família. Nesta idade o meu pai morreu. Logo depois entrei no Seminário Menor de Roma. Éramos 4 filhos. Nossa mãe era muito jovem, mas nunca se casou de novo. Certa vez lhe perguntamos o motivo (havia por aí alguns pretendentes). Ela respondeu que não poderíamos chamar pai, quem não era o nosso pai. Mas, além desta resposta, nos demos conta de que ela continuava a amar o papai. Este exemplo sensibilizou-me sobre os problemas da família.
ZENIT - O Senhor poderia contar-nos um pouco da forma como eram ministrados os cursos de preparação para noivos sob sua responsabilidade na Itália? e também como o Senhor chegou a este formato? Testou outras formas antes de chegar a este formato? Poderia nos contar algumas histórias que fortalecem o formato do curso em encontros semanais?
MONS. VITALIANO – Na Itália os cursos começaram depois do Concílio. Na paróquia onde colaborava, o pároco, eleito depois arcebispo, começou a atuar esta pastoral de forma restrita. Eram as primeiras experiências. Quando não tinha tempo delegava para mim. Quando, em seguida, foi-me confiado este encargo, fazendo tesouro do trabalho realizado pelo pároco e analizando também a pastoral das paróquias vizinhas, reestruturei o Curso de forma mais orgânica, fazendo-o consistir em 10 encontros, sobre diversos argumentos e com a colaboração de uma equipe bem formada. O caminho era duplo: apresentar a sacramentalidade do matrimônio, mas especialmente insistia muito na formação humana. Quando falta o homem, a graça não pode construir. Foram anos muito bonitos que lembro com saudades.
A minha formação remota deriva da especialização sobre moral e direito matrimonial. Também frequentei Cursos de atualização apresentados pela Diocese de Roma para formar pessoas especializadas para este tipo de pastoral. Gosto de lembrar do Padre Luciano Cupia que em Roma foi um dos pioneiros. Os seus conselhos foram-me muito úteis.
ZENIT - A experiência de dividir a formação dos noivos em encontros semanais não é novidade para o Senhor, e nem para muitas paróquias no Brasil. No entanto, o conteúdo dos encontros tem sido deixado de lado em detrimento de encontros puramente pautados em testemunhos. O Senhor acha que o livro oferece a oportunidade das paroquias terem um bom material para complementarem esses encontros semanais? Para o Senhor qual capítulo do Livro "Preparação para o Matrimônio – Curso para agentes" é o que não pode faltar em um curso de noivos? E porque?
MONS. VITALIANO - Dom Fernando Panico, que me acolheu, me pediu para colaborar na Pastoral Familiar da Diocese com o Padre José Cláudio da Silva que está desenvolvendo um trabalho maravilhoso. Aqui tem tanta boa vontade e estão realizando muitos esforços para fazer os Cursos sempre mais eficazes. É importante apresentar experiências, mas ainda mais importante é apresentar a doutrina da Igreja na sua integridade e com os esclarecimentos necessários. Notei que nos jovens há um grande desejo de conhecer, de saber, de aprofundar; especialmente querem aprender o ensinamento da Igreja sobre o matrimônio e as razões de algumas de suas posições. Isto é muito encorajador; mas é vital fazer uma boa reestruturação para não deixar estes jovens sem respostas convincentes. Se está tentando formar um bom grupo de leigos bem preparados que possam colaborar.
Graças à uma apresentação de ZENIT conheci o livro “Preparação para o Matrimônio”. O comprei e o achei muito interessante. Parece-me um ótimo subsídio para dar uma estrutura mais sólida aos Cursos para noivos.
A impostação geral é boa, aplicável às várias situações pastorais. É positivo que no final de cada capítulo haja um apêndice: Texto complementar, que oferece sugestões para estudos posteriores.
Formato de 11 capítulos, está dividido praticamente em duas áreas: os capítulos 2-8 referem-se mais à dimensão humana: amor conjugal, o conhecimento de si mesmo e do outro, o diálogo, sobre a sexualidade humana e o planejamento familiar. Fiquei muito feliz por este espaço mais amplo oferecido para o amadurecimento humano. Nas minha experiência normalmente não tenho visto casais que se separem por motivos religiosos mas por falta de formação humana. Quando os noivos se casam imaturos, é quase certo que o seu matrimônio não durará. Os capítulos 9 e 10 apresentam o sacramento e a liturgia matrimonial. São temas extremamente interessantes e indispensáveis para a maturação dos noivos. Por isso o Curso deve ser programado com muita antecedência; fazê-lo uma semana antes do casamento, praticamente não serve.
Destes argumentos, o que me parece hoje de maior importância, porque está mais em crise, é o diálogo no casal. Infelizmente falta, ou não se quer encontrar, o tempo para conversar. No casal, muitas vezes, reina o silêncio. Fala-se de tudo, mas não se senta para falar do casal.
Infelizmente, nestes dois anos de vida no Brasil não tive a possibilidade de encontrar subsídios válidos. Só em pensar que para encontrar uma livraria digna do nome deve-se ir à Fortaliza (distante 560 Km!). No entanto, parece-me fundamental aquele preparado pela CNBB: "Diretório da Pastoral Familiar" (2009) e da CNPF: "Guia de Preparação para a vida matrimonial” (2009) e "Pastoral Familiar Setor Pré-Matrimonial" (2009).
Permito-me dizer aos Agentes da Pastoral Familiar que o seu trabalho é indispensável hoje para salvar a família das muitas tentativas de destruí-la. Destruída a Família destrói-se o Homem e a mesma sociedade. Por isso: bom trabalho a todos.
Para adquirir: os subsídios da CNPF acesse o site: www.cnpf.org.br, ou ligue para: (61) 3443 2900;
Para adquirir “Preparação para o Matrimônio - Cursos para Agentes”, envie um email para: quero.reservar.um.livro@gmail.com
Espírito da Liturgia
Quando celebrar?/4: A Liturgia das Horas (CIC, 1174-1178)
Rubrica de teologia litúrgica aos cuidados do Pe. Mauro Gagliardi
Mauro Gagliardi*
ROMA, quarta-feira, 13 de junho de 2012 (ZENIT.org) - A seção litúrgica do Catecismo da Igreja Católica (CIC), dentro do parágrafo dedicado ao «Quando celebrar?», dedica algum espaço para o «Ofício divino», hoje chamado «Liturgia das Horas» (LdH). A LdH é parte integrante do Culto divino da Igreja, não um mero apêndice dos sacramentos. É sagrada Liturgia no sentido verdadeiro e próprio. Na LdH, como naquela sacramental (especialmente a Liturgia Eucarística, da qual o Ofício é como que uma extensão), cruzam-se duas dinâmicas: «do alto» e «do baixo».
Considerada «do alto», a LdH foi trazida à terra pelo Verbo, quando encarnou-se para redimir-nos. Por isso o Ofício divino define-se como «o hino que se canta no Céu por toda a eternidade», introduzido «no exílio terreno» pelo Verbo encarnado (cf. Pio XII, Mediator Dei: EE 6/565; também: Concílio Vaticano II, Sacrosanctum Concilium [SC], n. 83). Podemos cantar os louvores de Deus porque Deus mesmo nos habilita a isso e nos ensina como fazê-lo. Neste primeiro significado, a LdH representa a reprodução, obrada pela Igreja peregrina e militante, do canto dos espíritos celestes e dos beatos, que formam a Igreja gloriosa do Céu. É por esta razão que o lugar onde os monges, os frades e os cónegos se reúnem para rezar o Ofício tomou o nome de «coro»: ele quer reproduzir visivelmente as ordens angelicais e os coros dos santos, que constantemente louvam a majestade de Deus (cf. Is 6,1-4; Ap 5,6-14). Portanto, o coro está estruturado de forma circular não para facilitar o olhar-se mutuamente enquanto se celebra a LdH, mas para representar «o Céu que desce à terra» (Bento XVI, Sacramentum Caritatis, n. 35), que ocorre quando se celebra o Culto divino.
Em segundo lugar, a LdH reflete uma dinâmica que «de baixo» vai em direção «ao alto»: é um movimento com o qual a Igreja terrena louva, adora, agradece o seu Senhor e lhe pede favores, ao longo de todo o período do dia. A cada momento recebemos benefícios do Senhor, por isso é justo que agradeçamos por eles a cada hora do dia. É por isso que Santo Tomás de Aquino concebe a oração como um ato que, pertencendo à virtude da religião, está relacionada à virtude da justiça (cf. S. Th. II-II, 80, 1, 83, 3). Com o «Prefácio» da S. Missa, podemos dizer que «na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação» louvar o Senhor a cada momento do dia.
Primeiramente Cristo deu o exemplo de incessante oração, dia e noite (cf. Mt 14,23; Mc 1,35; Hb 5,7). O Senhor também recomendou orar sempre, sem nunca se cansar (cf. Lc 18,1). Fiel às palavras e ao exemplo do seu Fundador (cf. 1 Ts 5,17; Ef 6,18), desde a época apostólica a Igreja desenvolveu a própria oração cotidiana segundo um ritmo ordenado que cobrisse toda a jornada, assumindo de forma nova as práticas litúrgicas do templo de Jerusalém. É certo que as duas horas canônicas principais (Laudes e Vésperas) surgiram também com relação aos dois sacrifícios cotidianos do templo: o matutino e o vespertino. Também as orações da Terceira, Sexta e Nona correspondem a tantos outros momentos de orações da praxi judaica. No dia de Pentecostes, os apóstolos estavam reunidos em oração na Hora Terceira (At 2,15). São Pedro teve a visão da toalha de mesa que descia do céu, enquanto estava em oração sobre um terraço pela Hora Sexta (cf. At 10,9). Em outra ocasião, Pedro e João subiam ao templo para rezar na Hora Nona (cf. At 3,1). E não esqueçamos que Paulo e Silas, fechados numa prisão, oravam cantando hinos a Deus por volta da meia-noite (cf. At 16,25).
Não é de admirar, então, que já no final do I século, o Papa são Clemente conseguisse recordar: «Temos que fazer com ordem tudo aquilo que o Senhor nos ordenou fazer durante os períodos especificados. Ele nos prescreveu fazer as ofertas e as liturgias e não de forma aleatória ou sem ordem, mas nas circunstâncias e horários estabelecidos» (Aos Coríntios, XL, 1-2). A Didaquê (cf. VIII, 2) recomenda recitar o Pai Nosso três vezes por dia, algo que atualmente a Igreja faz nas Laudes, Vésperas e na S. Missa. Tertuliano interpreta assim tal tradição antiga: «Nós rezamos, no mínimo, pelo menos três vezes por dia, dado que somos devedores dos Três: do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (De oratione, XXV, 5). No Ocidente, o grande ordenador do Ofício divino foi São Bento de Núrsia, que aperfeiçoou o uso anterior da Igreja de Roma.
Do que foi dito, surgem pelo menos duas considerações fundamentais. A primeira é que a LdH, já que essencialmente cristocêntrica, é profundamente eclesial. Isto implica que, como Culto público da Igreja, a LdH está fora da arbitrariedade do indivíduo e é regulada pela hierarquia eclesiástica. Além disso, ela é uma leitura eclesial da Sagrada Escritura, porque os salmos e as leituras bíblicas são interpretadas pelos textos dos Padres, dos Doutores e dos Concílios, como também das orações litúrgicas compostas pela Igreja mesma(cf. CIC, 1177). Como Culto público, a LdH também tem um componente visível e não apenas interno. Ela é a união de oração e gestos. Se é verdade que «a mente tem que concordar com a voz» (cf. CIC, 1176), também é verdade que o Culto não se celebra somente com a mente, mas também com o corpo (cf. S. Th. II-II , 81, 7). Por isso a Liturgia inclui cantos, recitações verbais, gestos, genuflexões, prostrações, inclinações, incensações, paramentos, etc. Isto também se aplica ao Ofício divino. Além disso, o carácter eclesial da LdH é tal que por sua natureza ela «está destinada a se tornar a oração de todo o povo de Deus» (CIC, 1175). Neste sentido, se é verdade que o Ofício pertence especialmente aos ministros sagrados e aos religiosos – e a Igreja particularmente confia-lhes isso – sempre envolve toda a Igreja: os fiéis leigos (tanto quanto lhes seja possível participar), as almas do Purgatório, os beatos e os anjos nos seus diversos grupos. Cantando os louvores de Deus, a Igreja terrena se une àquela celeste e se prepara para alcançá-la. Assim, a LdH «é realmente a voz da mesma Esposa que fala ao Esposo, ainda mais, é a oração de Cristo, com o seu Corpo, ao Pai» (SC, n. 84, cit. no CIC, 1174).
* Don Mauro Gagliardi é Professor titular no Pontifício Ateneu "Regina Apostolorum", Professor convidado na Universidade Europeia de Roma, Consultor do Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice e da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Quem quiser enviar perguntas ou expressar opiniões sobre os temas tocados pela rubrica organizada pelo Padre Mauro Gagliardi pode escrever para: liturgia.zenit@zenit.org
[Tradução Thácio Siqueira]
Mundo
Religiosas Americanas submetidas a avaliação doutrinal
A Santa Sé acompanhará para promover uma visão da Igreja em consonância com o Magistério
CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 12 de junho de 2012(ZENIT.org) – Nesta manhã os Superiores da Congregação para a Doutrina da Fé encontraram o Presidente e o Diretor Executivo da Conferência das Liderenças Religiosas Femininas (LCWR) dos Estados Unidos da América.
Participaram da reunião o Monsenhor Peter J. Sartain, arcebispo de Seatle, e o delegado da Santa Sé para a Avaliação Doutrinal da LCWR.
“O encontro – cita a nota da Sala de Imprensa do Vaticano – ofereceu ocasião para a Congregação e representantes da LCWR discutirem as questões e preocupações sobre a Avaliação Doutrinal em uma atmosfera de abertura e cordialidade”.
Segundo o Direito Canônico, uma Conferência de Superiores Maiores como a LCWR é constituída e permanece sob a suprema direção da Santa Sé para promover o empenho comum entre os Institutos membros individualmente e a cooperação com a Santa Sé e a Conferência Episcopal local. (Cfr.Código de Direito Canônico, cânone 708-709)
“O objetivo da Avaliação Doutrinal, continua o comunicado da Santa Sé, é de acompanhar a LCWR em sua importante missão de promover uma visão de comunhão eclesial fundamentada na fé em Jesus Cristo e nos ensinamentos da Igreja como fielmente ensinado através dos séculos sob a orientação do Magistério”.
(Tradução:MEM)
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Delegação da Santa Sé na Rio +20
Dom Odilo Scherer será o enviado especial
SÃO PAULO, terça-feira, 12 de junho de 2012(ZENIT.org) - O arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, será o enviado especial do papa Bento XVI e chefe da Delegação da Santa Sé na Conferencia das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustenstável (Rio+20).
A Rio +20 será realizada entre os dias 13 e 22 de junho (o arcebispo foi nomeado para os dias20 a22, quando acontece o Segmento de Alto Nível da Conferência, com a presença de diversos chefes de Estado), na cidade do Rio de Janeiro. Dom Odilo foi comunicado da nomeação pelo núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni D'Aniello, por carta datada de 29 de maio.
A carta do Núncio informa, ainda, que "também farão parte da Delegação da Santa Sé o Ex.mo Mons. Francis Chullikatt, Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, o Rev.do Philip J.Bené, o Ver.do Justin Wylie e o Advogado Lucas Swanepoel", informou a secretaria de comunicação da Arquidiocese de São Paulo.
MEM
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Rio+20 e Caritas Internacional
A Caritas Internacional envia carta para a Rio+20
Thacio Siqueira
ROMA, quarta-feira, 13 de junho de 2012 (ZENIT.org) – “Todos com fome de justiça, equidade, sustentabilidade ecológica e co-responsabilidade”, é o tema da carta enviada pela Caritas Internacional para a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, que começou hoje na cidade do Rio de Janeiro e vai até o dia 22 de junho.
“O mundo atravessa, há alguns anos, uma crise sem precedentes”, começou a carta e destacou o “escândalo de 1 bilhão de pessoas que passam fome”. Nesse contexto mundial a Caritas internacional quer também fazer-se ouvir, até mesmo por ser, “uma confederação de 164 organizações solidárias católicas”, que busca em todas as suas obras “uma perspectiva completa, que leva em consideração a interdependência da família humana e seu bem-estar, em suas diferentes dimensões”.
“Respeito e realização dos direitos humanos” é o que a Caritas defende, desejando que haja “uma mudança de paradigma” começada pela cúpula da Rio+20. Só haverá “consciência e responsabilidade social” quando houver verdade, confiança e amor pelor verdadeiro. E para isso existem 5 elementos que não podem ser deixados de fora pela cúpula da Reunião.
Primeiro trata-se de um futuro sem fome. “A única fome que deveríamos sofrer é a fome pela justiça, equidade, sustentabilidade ecológica e co-responsabilidade”, diz a carta.
Em segundo lugar ir atrás de um “um futuro com visão”, mantendo a “visão contida nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e o compromisso dos líderes para aplicá-los”.
Em terceiro lugar “um futuro de cuidados com a nossa casa: A criação”, pois “o ambiente como ‘recurso’ coloca em perigo o ambiente como ‘casa’” trazendo consequência injustas principalmente para os mais pobres e desfavorecidos, que muitas vezes não são sujeitos causadores de práticas arriscadas”, afirma a carta.
Em quarto lugar “um futuro com o novo marco econômico verde”, porém sem deixar de lado o “desenvolvimento humano, integral e sustentável” e que esse “novo marco econômico” sirva para “favorecer o trabalho digno, dando esperança sobre tudo aos milhares de jovens que estão sem trabalho.
E enfim, em quinto lugar deve-se promover “Um futuro que respeite mulheres e homens criados à imagem de Deus: um novo contrato social”, onde haja "um código de conduta para uma cidadania global solidária”, pois “todos e todas somos consumidores dos produtos da criação” e “podemos optar por maneiras de viver que favoreçam o desenvolvimento, cuide do meio ambiente e reduza os efeitos negativos para os mais pobres”. Um modelo econômico que inclua dinâmicas de democracia participativa e promova a dignidade humana.
“Criar uma cultura de respeito e de diálogo” é, por fim, a mensagem que a Caritas Internacional enviou para a Rio+20.
Leia o documento completo clicando aqui
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A participação da Igreja na Rio +20
Chegou ao Rio de Janeiro o Núncio Apostólico: Dom Francis Chullikatt
RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 15 de junho de 2012(ZENIT.org) – Chegou ao Rio de Janeiro o Núncio Apostólico, Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, Dom Francis Chullikatt, para participar da RIO +20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável -, que está sendo realizada de13 a22 de junho
O objetivo da Conferência é a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes
Em entrevista a Web TV Redentor, divulgada pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, o Núncio Apostólico disse ter uma missão importante: destacar a pessoa humana e os problemas ecológico-sociais dos países mais pobres.
Junto com o Núncio Apostólico, chegaram na última terça-feira, 12 de junho, no Rio, três colaboradores: Padre Philip J.Bené, Padre Justin Wylie e o Advogado Lucas Swanepoel, que já estão participando da III Reunião do Comitê Preparatório, no qual se reúnem representantes governamentais para negociações dos documentos a serem adotados na Conferência.
Dom Francis Chullikatt falou sobre o papel da Igreja na Rio+20, destacando os três aspectos do desenvolvimento sustentável: a sustentabilidade econômica, social e ambiental.
A Igreja é muito importante no desenvolvimento destes três aspectos. Relacionado ao aspecto econômico, sabemos que a Igreja Católica sempre se preocupa com os países pobres, por exemplo. Quando falamos do social, sabemos que a Igreja é totalmente envolvida no crescimento da situação social do mundo. O terceiro aspecto, o ecológico, pode-se destacar, aqui no Brasil, a preocupação com a proteção da Amazônia. Nós cuidamos da natureza, porque nós católicos acreditamos na preservação.
Viemos mostrar especialmente aqueles que não têm voz, especialmente o povo dos países pobres. Defendemos a humanidade e as pessoas que têm a vida violentada pelo mundo. Temos que ter essa preocupação para a vida humana ser preservada, acrescentou Dom Chullikatt.
MEM
Audiência de quarta-feira
A união com Deus não afasta do mundo
Catequese de Bento XVI na Audiência Geral de quarta- feira
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 13 de junho de 2012(ZENIT.org) – Apresentamos a seguir a catequese do Papa Bento XVI realizada durante a Audiência Geral desta manhã de quarta-feira, dirigida aos fiéis e peregrinos reunidos na Sala Paulo VI.
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A contemplação e a força da oração (2Cor 12, 1-10)
Queridos irmãos e irmãs,
O encontro cotidiano com o Senhor e a frequência aos Sacramentos permitem abrir nossa mente e o nosso coração para Sua presença, a Sua palavra, a Sua ação. A oração não é somente o respiro da alma, mas para usar uma imagem, é também o oásis de paz no qual podemos tirar a água que alimenta nossa vida espiritual e transforma a nossa existência. E Deus nos atraia para si, nos faz subir o monte da santidade, porque estamos sempre mais próximos a Ele, oferecendo-nos, ao longo do caminho, luzes e consolações. Esta é a experiência pessoal a qual São Paulo faz referência no capítulo 12 da Segunda Carta aos Coríntios, sobre a qual desejo deter-me hoje. Diante de quem contesta a legitimidade do seu apostolado, ele não enumera as diversas comunidades que fundou, os quilômetros que percorreu; não se limita a recordar as dificuldades e as oposições que enfrentou para anunciar o Evangelho, mas indica seu relacionamento com o Senhor, um relacionamento tão intenso caracterizado também por momentos de êxtase e contemplação profunda (cfr 2 Cor 12,1); então ele não se vangloria daquilo que fez, da sua força, das suas atividades e sucessos, mas se vangloria das ações que Deus fez nele e por meio dele.
Com grande pudor, ele conta, de fato, o momento no qual viveu a experiência particular de ser raptado ao Céu de Deus. Ele recorda que quatorze anos antes do envio da Carta “foi arrebatado – assim diz – até o terceiro céu” (v. 2). Com linguagem e modos de quem conta aquilo que não se pode contar, São Paulo fala daquele fato até em terceira pessoa; afirma que um homem foi raptado até o “jardim” de Deus, o paraíso. A contemplação é tão profunda e intensa que o Apóstolo não recorda nem mesmo os conteúdos da revelação recebida, mas tem bem presente a data e as circunstâncias na qual o Senhor o agarrou totalmente, o atraiu para Si, como fez na estrada de Damasco no momento de sua conversão (cfr Fil 3,12).
São Paulo continua dizendo que exatamente para não subir a soberba pela grandeza das revelações recebidas, ele carrega consigo um “espinho”(2 Cor 12,7), um sofrimento, e suplica com força ao Ressuscitado para ser liberto do convite do maligno, deste espinho doloroso na carne. Por três vezes – relata – rezou insistentemente ao Senhor para afastar esta prova. E é nesta situação que, na contemplação profunda de Deus, durante a qual “ouviu palavras afáveis, que não é permitido a nenhum homem repetir” (v. 4), recebe a resposta a sua súplica. O Ressuscitado lhe dirige uma palavra clara e reconfortante: “Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força” (v. 9).
O comentário de Paulo sobre estas palavras pode deixar-nos surpresos, mas revela como ele compreendeu o que significa ser verdadeiramente apóstolo do Evangelho. Exclama, de fato, assim: “Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor a Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte” (vv. 9b-10), isto é não se vangloria das suas ações, mas das atividades de Cristo que age exatamente em suas fraquezas. Detemo-nos, agora, um momento sobre este fato acontecido durante os anosem que São Pauloviveu no silêncio e na contemplação, antes de começar a percorrer o Ocidente para anunciar Cristo; porque esta atitude de profunda humildade e confiança diante das manifestações de Deus é fundamental também para nossa oração e para nossa vida, para nossa relação com Deus e com as nossas fraquezas.
Antes de tudo, de quais fraquezas fala o Apóstolo? O que é este “espinho” na carne? Não sabemos e não nos diz, mas sua atitude faz compreender que cada dificuldade no seguimento de Cristo e no testemunho do Seu Evangelho pode ser superada abrindo-se com confiança às ações do Senhor. São Paulo é bem consciente de ser um “servo inútil” (Lc 17,10) – não foi ele que me fez coisas grandes, foi o Senhor –, um “vaso de barro” (2 Cor 4,7), no qual Deus põe a riqueza e a potência de Sua Graça. Neste momento de intensa oração contemplativa, São Paulo compreende com clareza como enfrentar e viver cada evento, sobretudo o sofrimento, a dificuldade, a perseguição: no momento em que experimenta a própria fraqueza, se manifesta a potência de Deus, que não abandona, não deixa sozinho, mas torna-se sustento e força. Claro, Paulo teria preferido ser liberto deste “espinho”, deste sofrimento; mas Deus diz: “Não, isto é necessário para ti. Terás graça suficiente para resistir e para fazer aquilo que deve ser feito. Isso vale também para nós. O Senhor não nos liberta dos males, mas nos ajuda a amadurecer nos sofrimentos, nas dificuldades, nas perseguições. A fé, então, nos diz que, se permanecemos em Deus “ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se dia após dia, juntamente nas provas” (cfr v. 16). O Apóstolo comunica aos cristãos de Coríntios e também a nós que “a nossa presente tribulação, momentânea e ligeira, nos proporciona um peso eterno de glória incomensurável” (v. 17). Na realidade, humanamente falando, não era pouco o peso das dificuldades, era gravíssimo, mas em contrapartida com o amor de Deus, com a grandeza de ser amado por Deus, parece leve, sabendo que a quantidade da glória será imensurável. Então, na medida em que cresce nossa união com o Senhor, e intensifica-se a nossa oração, também nós caminhamos para o essencial e compreendemos que não é a potência dos nossos meios, das nossas virtudes, das nossas capacidades que realiza o Reino de Deus, mas é Deus que opera maravilhas justamente através da nossa fraqueza, da nossa inadequação à atribuição. Devemos, então, ter a humildade de não confiar simplesmente em nós mesmos, mas de trabalhar, com a ajuda do Senhor, na vinha do Senhor, confiando-nos a Ele como frágeis “vasos de barro”.
São Paulo faz referência a duas particulares revelações que mudaram radicalmente sua vida. A primeira – sabemos – é a pergunta feita sobre a estrada de Damasco: “Saulo, Saulo, porque me persegues? (At 9,4), pergunta que o levou a entender e encontrar Cristo vivo e presente, e a ouvir seu chamado a ser apóstolo do Evangelho. A segunda são palavras que o Senhor lhe dirigiu na experiência da oração contemplativa sobre a qual estamos refletindo “Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força”. Somente a fé, a confiança nas ações de Deus, na bondade de Deus que não nos abandona, é que a garantia de não trabalhar em vão. Assim, a Graça do Senhor foi a força que acompanhou São Paulo nos imensos esforços para difundir o Evangelho e o seu coração entrou no coração de Cristo, tornando capaz de conduzir os outros em direção Àquele que morreu e ressuscitou por nós.
Na oração, nós abrimos, então, a nossa alma ao Senhor a fim que Ele venha habitar em nossa fraqueza, transformando-a em força para o Evangelho. E é rico de significado também do verbo grego com o qual Paulo descreve esta moradia do Senhor em sua frágil humanidade; usa episkenoo, que podemos entender como “montar a própria tenda”. O Senhor continua a montar Sua tenda em nós, em meio a nós: é o Mistério da Encarnação. O mesmo Verbo divino, que veio habitar em nossa humanidade, quer habitar em nós, montarem nós Suatenda, para iluminar e transformar a nossa vida e o mundo.
A intensa contemplação de Deus experimentada por São Paulo faz referência àquela dos discípulos no Monte Tabor, quando vendo Jesus transfigurar-se e resplandecer de luz, Pedro lhe diz: “Mestre, é bom para nós estarmos aqui; faremos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outras para Elias” (Mc 9,5). “Não sabia o que falava, porque estavam sobremaneira atemorizados”, acrescenta São Marcos (v. 6). Contemplar o Senhor é, ao mesmo tempo, fascinante e tremendo: fascinante porque Ele nos atrai para si e rouba nosso coração em direção ao alto, levando-o à sua altura onde experimentamos a paz, a beleza do Seu amor; tremendo porque expõe a nossa fragilidade humana, nossa inadequação, o esforço de vencer o Maligno que ameaça nossas vidas, aquele espinho ainda preso em nossa carne. Na oração, na contemplação cotidiana do Senhor, nós recebemos a força do amor de Deus e sentimos que são verdadeiras as palavras de São Paulo aos cristãos de Roma, onde escreveu: “Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunhaem Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,38-39).
Num mundo em que corremos o risco de confiar somente na eficiência e na potência dos meios humanos, neste mundo somos chamados a redescobrir e testemunhar a potência de Deus comunicada na oração, com a qual crescemos cada dia no conformar a nossa vida àquela de Cristo, o qual – como afirma – “foi crucificado por fraqueza, mas está vivi pelo poder de Deus.Também nós somos fracos nele, mas com ele vivemos, pelo poder de Deus para atuar entre nós” (2 Cor 13,4).
Queridos amigos, no século passado, Albert Schweitzer, teólogo protestante e prêmio Nobel da paz, afirmou que “Paulo é um místico e nada mais que um místico”, isto é um homem realmente apaixonado por Cristo e assim unido a Ele, para poder dizer: Cristo vive em mim. A mística de São Paulo não é fundamentada apenas nos eventos excepcionais por ele vividos, mas também no cotidiano e intenso relacionamento com o Senhor que sempre o sustentou com Sua Graça. A mística não o afastou da realidade, ao contrário, lhe deu força para viver cada dia por Cristo e para construir a Igreja até o fim do mundo daquele tempo. A união com Deus não afasta do mundo, mas nos dá a força para permanecer realmente no mundo, para fazer aquilo que deve ser feito no mundo. Também em nossa vida de oração podemos, então, ter momentos de particular intensidade, talvez, no qual sentimos mais viva a presença do Senhor, mas é importante a constância, a fidelidade no relacionamento com Deus, sobretudo nas situações de aridez, de dificuldade, de sofrimento, de aparente ausência de Deus. Somente se somos apreendidos pelo amor de Cristo, seremos capazes de enfrentar qualquer adversidade, como Paulo, convencidos de que tudo podemos Naquele que nos fortalece (cfr Fil 4,13). Então, quanto mais damos espaço à oração, mais veremos que a nossa vida se transformará e será animada pela força concreta do amor de Deus. Assim aconteceu, por exemplo, com a beata Madre Teresa de Calcutá, que na contemplação de Jesus e mesmo em tempo de longa aridez, encontrava a razão e a força inacreditável para reconhecê-Lo nos pobres e nos abandonados, apesar de sua frágil figura.
A contemplação de Cristo na nossa vida não nos aliena – como já disse – da realidade, mas nos torna ainda mais participantes das questões humanas, porque o Senhor, atraindo-nos para si na oração, nos permite fazer-nos presentes e próximos de cada irmão no seu amor. Obrigado.
O Santo Padre dirigiu a seguinte saudação em português:
Amados peregrinos de língua portuguesa, de coração vos saúdo a todos, em particular ao grupo jovem de voluntariado animado pelos Salesianos de Macau e aos grupos brasileiros de Foz do Iguaçu e de Florianópolis: abri os vossos corações ao Senhor e dedicai as vossas vidas ao reino de Deus, que cresce na terra com o vosso serviço a favor dos mais desfavorecidos. O Senhor vos confirme no bem, com a sua graça! Em penhor da mesma, desça sobre vós, vossas famílias e comunidades cristãs a minha Bênção.
Ao final Bento XVI fez o seguinte apelo:
Dirijo agora a minha afetuosa saudação e a minha bênção à Igreja na Irlanda, onde em Dublin, na presença do cardeal Marc Oullet, meu Legado, se realiza o 50 º Congresso Eucarístico Internacional sobre o tema "A Eucaristia: comunhão com Cristo e entre nós”. Muitos bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis leigos provenientes de diferentes continentes estão participando deste importante evento eclesial.
É uma valiosa oportunidade para reafirmar a centralidade da Eucaristia na vida da Igreja. Jesus, realmente presente no Sacramento do Altar, com o supremo Sacrifício de amor da Cruz se doa a nós, se faz alimento para assemelhar-nos a Ele, para fazer-nos entrar em comunhão com Ele. “E através desta comunhão estamos unidos também entre nós, nos tornamos um só Nele, membros uns dos outros”
Gostaria de convidá-los a unirem-se espiritualmente aos cristãos da Irlanda e do mundo, rezando pelas atividades do Congresso, para que a Eucaristia seja sempre o coração que pulsa na vida de toda a Igreja.
(Tradução:MEM)
Documentação
A pequenez da semente e a grandeza do que produz
As palavras do Papa durante o Ângelus
CIDADE DO VATICANO, domingo, 17 de junho de 2012(ZENIT.org)- Apresentamos a seguir as palavras de Bento XVI dirigidas aos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para a tradicional oração do Ângelus.
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A liturgia de hoje oferece-nos duas pequenas parábolas de Jesus: aquela da semente que cresce por conta própria e a da semente de mostarda (cf. Mc 4,26-34). Através de imagens tiradas do mundo da agricultura, o Senhor apresenta o mistério da Palavra e do Reino de Deus, e indica as razões da nossa esperança e do nosso compromisso.
Na primeira parábola, o foco é sobre o dinamismo da semeadura: a semente que é lançada sobre a terra, seja que o agricultor adormeça ou desperte, brota e cresce por si. O homem semeia com a confiança de que seu trabalho não será infrutífero. O que sustenta o agricultor em sua labuta cotidiana é exatamente a crença na força da semente e na bondade do solo. Esta parábola refere-se ao mistério da criação e da redenção, do trabalho fecundo de Deus na história. É Ele o Senhor do Reino, o homem é seu humilde colaborador, que contempla e aprecia a ação criadora de Deus, e espera pacientemente pelos frutos. A colheita final nos faz pensar na intervenção conclusiva de Deus no final dos tempos, quando Ele edificará plenamente o seu Reino. O tempo presente é o tempo da semeadura, e o crescimento das sementes é garantido pelo Senhor. Todo cristão, então, sabe bem que deve fazer todo o possível, mas que o resultado final depende de Deus: este conhecimento sustenta-o no cansaço de cada dia, especialmente em situações difíceis. A este respeito, escreve Santo Inácio de Loyola: "Aja como se tudo dependesse de ti, sabendo bem que, na realidade, tudo depende de Deus" (cf. Pedro de Ribadeneira, Vida de Santo Inácio de Loyola, Milão, 1998).
A segunda parábola utiliza a imagem da semeadura. Aqui, no entanto, se trata de uma semente específica, a mostarda, considerada a menor de todas as sementes. Embora tão pequena, no entanto, ela é cheia de vida; desde sua ruptura nasce um broto capaz de romper o solo, de sair à luz do sol e crescer até se tornar "a maior de todas as plantas do jardim" (cf. Mc 4,32): a fraqueza é a força da semente, sua ruptura é a sua potência. E assim é o Reino de Deus: uma realidade humanamente pequena, composta por quem é pobre de coração, por quem que não confia em suas próprias forças, mas no amor de Deus, por quem não é importante aos olhos do mundo; mas através dele irrompe o poder de Cristo e transforma o que aparentemente é insignificante.
A imagem da semente é particularmente cara a Jesus, porque expressa claramente o mistério do Reino de Deus. Nas duas parábolas de hoje isso representa um "crescimento" e um "contraste": um crescimento que ocorre devido ao dinamismo da própria semente e o contraste existente entre a pequenez da semente e a grandeza do que produz. A mensagem é clara: o Reino de Deus, mesmo que exigindo a nossa colaboração, é antes de tudo dom do Senhor, graça que precede o homem e suas obras. A nossa pequena força, aparentemente impotente diante dos problemas do mundo, se emersa naquela de Deus não teme os obstáculo porque certa é a vitória do Senhor. É o milagre do amor de Deus, que faz germinar e crescer toda semente do bem espalhada sobre a terra. E a experiência deste milagre de amor nos torna otimista, apesar das dificuldades, dos sofrimentos e do mal que nos deparamos. A semente germina e cresce, porque a faz crescer o amor de Deus. A Virgem Maria, que acolheu como "terra boa" a semente da divina Palavra, fortaleça em nós esta fé e esta esperança.
(Após o Ângelus)
Ocorre próxima quarta-feira, 20 Junho, Dia Mundial do Refugiado, promovido pelas Nações Unidas. Esta quer atrair a atenção internacional sobre as condições de muitas pessoas, especialmente as famílias, obrigadas a fugir de suas próprias terras, porque são ameaçadas por conflitos armados e formas graves de violência. Para estes irmãos e irmãs tão provados asseguro a oração e a constante preocupação da Santa Sé, enquanto espero que seus direitos sejam respeitados e que em breve sejam reiterados com os entes queridos.
Hoje, na Irlanda, acontecerá o encerramento do Congresso Eucarístico Internacional, que durante esta semana fez de Dublin a cidade da Eucaristia, onde muitas pessoas se reuniram em oração na presença de Cristo no Sacramento do altar. No mistério da Eucaristia, Jesus quis permanecer conosco, para entrarmos em comunhão com Ele e entre nós. Confiamos a Maria Santíssima os frutos amadurecidos nestes dias de reflexão e oração.
Finalmente, gostaria de lembrar com alegria que nesta tarde, em Nepi, na Diocese de Civita Castellana, será beatificada Cecília Eusepi, que morreu na idade de 18 anos. Esta jovem, que aspirava tornar-se uma freira missionária, foi forçada a deixar o mosteiro por causa de uma doença, que viveu com uma fé inabalável, demonstrando grande capacidade de sacrifício pela salvação das almas. Nos últimos dias de sua vida em profunda união com Cristo crucificado, repetia: "É belo dar-se a Jesus, que deu tudo por nós."
(Tradução:MEM)
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Um vínculo especial entre o Papa e seus colaboradores
Bento XVI em audiência com os superiores e estudantes da Pontifícia Academia Eclesiástica
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 11 de junho de 2012(ZENIT.org) - Às 11h10 desta manhã, na Sala dos Papas do Palácio Apostólico Vaticano, o Santo Padre Bento XVI recebeu em audiência os superiores e os estudantes da Pontifícia AcademiaEclesiástica. Abaixo segue o seu discurso.
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Venerado Irmão no Episcopado,
Amados Sacerdotes,
Agradeço, antes de mais nada, a D. Beniamino Stella as amáveis palavras que me dirigiu em nome de todos os presentes, bem como o precioso serviço que realiza. Com grande afecto, saúdo toda a comunidade da Pontifícia Academia Eclesiástica. Com alegria, vos acolho este ano também, no momento em que terminam os cursos de estudos e, para alguns de vós, se aproxima o dia da partir para o serviço nas Representações Pontifícias espalhadas por todo o mundo. O Papa conta convosco também, para ser assistido no cumprimento do seu ministério universal. Convido-vos a não ter medo, preparando-vos com diligência e solicitude para a missão que vos espera, confiando na fidelidade d’Aquele que desde sempre vos conhece e chamou à comunhão com o seu Filho Jesus Cristo (cf. 1 Cor 1, 9).
A fidelidade de Deus é a chave e a fonte da nossa fidelidade. Hoje queria chamar a vossa atenção precisamente para esta virtude, que bem exprime o vínculo muito especial que se cria entre o Papa e os seus colaboradores imediatos, tanto na Cúria Romana como nas Representações Pontifícias: um vínculo que, para muitos, se radica no carácter sacerdotal de que estão investidos e se especifica depois na missão peculiar, que é confiada a cada um, ao serviço do Sucessor de Pedro.
No contexto bíblico, a fidelidade é primariamente um atributo divino: Deus dá-Se a conhecer como Aquele que é fiel para sempre à aliança concluída com o seu povo, não obstante a infidelidade deste. Fiel como é, Deus garante que levará a cumprimento o seu desígnio de amor, e por isso Ele é também credível e verdadeiro. Este comportamento divino é que cria no homem a possibilidade de, por sua vez, ser fiel. Aplicada ao homem, a virtude da fidelidade está profundamente ligada ao dom sobrenatural da fé, tornando-se expressão daquela solidez própria de quem fundou toda a sua vida em Deus. De facto, a única garantia da nossa estabilidade está na fé (cf. Is 7, 9b), e só a partir dela podemos, por nossa vez, ser verdadeiramente fiéis: primeiro a Deus, depois à sua família, a Igreja, que é mãe e mestra, e nela à nossa vocação, à história na qual o Senhor nos colocou.
Nesta perspectiva, encorajo-vos, queridos amigos, a viver o vínculo pessoal com o Vigário de Cristo como parte da vossa espiritualidade. Trata-se, sem dúvida, de um elemento próprio de todo o católico, e mais ainda de todo o sacerdote. No entanto, para aqueles que trabalham na Santa Sé, este vínculo assume um carácter particular, já que colocam ao serviço do Sucessor de Pedro boa parte das suas energias, do seu tempo e do seu ministério diário. É uma responsabilidade séria, mas também um dom especial, que, com o passar do tempo, vai desenvolvendo um vínculo afectivo com o Papa, feito de íntima confidência, um natural idem sentire, bem expresso precisamente pela palavra «fidelidade».
E da fidelidade a Pedro, que vos envia, deriva também uma fidelidade particular para com aqueles a quem sois enviados: na verdade requer-se dos Representantes do Romano Pontífice e seus colaboradores que se façam intérpretes da sua solicitude por todas as Igrejas, bem como da solidariedade e carinho com que ele segue o caminho de cada povo. Assim, tereis de cultivar uma relação de profunda estima e benevolência, – diria – de verdadeira amizade, para com as Igrejas e as comunidades às quais fordes enviados. Também relativamente a elas, tendes um dever de fidelidade, que se concretiza na perseverante dedicação ao trabalho diário, na presença junto delas nos momentos alegres e tristes, por vezes mesmo dramáticos da sua história, na aquisição de um conhecimento profundo da sua cultura, do caminho eclesial, no saber apreciar aquilo que a graça de Deus tem vindo a operar em cada povo e nação.
Esta é uma preciosa ajuda para o ministério petrino, que o Servo de Deus Paulo VI exprimia assim: «Juntamente com a entrega do poder das chaves ao seu Vigário e com a sua constituição como pedra e fundamento da sua Igreja, o Pastor eterno atribui-lhe ainda o mandato de "confirmar os seus irmãos": realiza isto não só guiando-os e mantendo-os unidos no seu nome, mas também apoiando-os e confortando-os, certamente com a sua palavra, mas de algum modo também com a sua presença» (Carta apostólica Sollicitudo omnium Ecclesiarum, 24 de Junho de 1969: AAS 61 (1969), 473-474).
Desta forma, encorajareis e estimulareis também as Igrejas particulares a crescerem na fidelidade ao Romano Pontífice e a encontrarem no princípio da comunhão com a Igreja universal uma orientação segura para a sua peregrinação na história. E, por último mas não menos importante, ajudareis o próprio Sucessor de Pedro a ser fiel à missão recebida de Cristo, permitindo-lhe conhecer mais de perto o rebanho que lhe está confiado e fazer-lhe chegar mais eficazmente a sua palavra, a sua solidariedade, o seu afecto. Neste momento, penso com gratidão na ajuda que diariamente recebo dos numerosos colaboradores da Cúria Romana e das Representações Pontifícias, bem como no apoio que recebo da oração de inumeráveis irmãos e irmãs de todo o mundo.
Queridos amigos, na medida em que fordes fiéis, sereis também credíveis. Aliás sabemos que a fidelidade que se vive na Igreja e na Santa Sé não é uma lealdade «cega», pois é iluminada pela fé n’Aquele que disse: «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16, 18). Comprometamo-nos todos neste caminho para, um dia, podermos ouvir dirigidas a nós as palavras da parábola evangélica: «Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor» (cf. Mt 25, 21).
Com estes sentimentos, renovo ao Presidente D. Beniamino, aos seus Colaboradores, às Irmãs Franciscanas Missionárias do Menino Jesus e a toda a comunidade da Pontifícia Academia Eclesiástica a minha saudação, enquanto de coração vos abençoo.
© Copyright 2012 - Libreria Editrice Vaticana
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