Closet Full - Por uma Sexualidade sem Culpa
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Carta de uma Vítima de Abuso Sexual
Brasília, 10 de março de 2009Descobri nesta manhã o e-mail do miserável que abusou de mim quando eu era um inocente menino de sete anos,
Acabei de digitar umas palavras.
Não são bem as palavras de perdão que se poderia esperar de um cristão. Não consegui.
Antes, são o reflexo de anos de inquietação, de raiva que não pode ser direcionada ou extravasada através de um soco na cara, pois não sei onde encontrá-lo.
Eis o que acabei de mandar pra ele:
Já era praticamente um homem – dezesseis ou dezessete anos.
Sua mente já estava contaminada com a impureza. Possivelmente suas obscuras e mal trabalhadas tendências homoeróticas inquietavam sua mente. Ou então se julgava muito machão.
Como um sombrio predador avançou sobre a inocência branquinha e alegre de sete anos que desavisadamente passou por sua área de alcance.
“Há um chocolate no meu bolso, pegue pra você!”
Toda a indefesa sensibilidade, mesclada com curiosidade e desamparo infantil personificadas, passaram a ser vitimizadas, nem sei por quanto tempo. Julgando-se alvo de especial predileção, além de pretender estar usufruindo de algum anelado aconchego, e até mesmo pela aventura do proibido, deixou-se o pequeno quedar-se sob um temido domínio ameaçador, maior, extremamente inescrupuloso e mau.
O temor de represálias familiares violentas alimentou e contribuiu para a continuidade da situação, até que se tornasse insuportável.
Do fundo do coraçãozinho oprimido um grito abafado de resistência finalmente surgiu. A possibilidade de pontuar de maneira final a situação foi enxergada. E a recusa em compartilhar de tais momentos desonrosos foi estabelecida.
Feliz criança, que por si decidiu livrar-se do predador inclemente, do viciado sujo, que ousou um dia tocar-lhe nas partes mais íntimas, proporcionando-lhe um prazer incômodo e indesejado; desvirginando-lhe a mente com atos para os quais ele definitivamente não estava preparado.
Mas ele, elezinho mesmo deu um basta.
Motivado principalmente pelo horror de ser levado a explorar digitalmente as profundezas de um reto imundo, asqueroso, e que ansiava receber maiores dotes do que um mero menino poderia lhe dar. Motivado pelo sufoco de ser masturbado quando nem uma gota de nada havia para expelir, que viesse a proporcionar algum alívio, aquela coisa sem fim, causando um profundo incômodo e semeando um nefasto hábito precocemente. Motivado talvez até pelo medo de vir a ser descoberto, ele um dia não quis mais saber daquilo.
Os assobios infames não seriam mais atendidos. Mesmo tendo no coração o receio de que tudo fosse propalado, mesmo sob o risco de que seus “enormes” pecados infantis fossem descobertos, aquela alma que tinha algo de grandioso decidiu que não se submeteria mais aos abusos. Alçou a bandeira da libertação!
Não sabia naquela ocasião que a consciência futura do que havia sofrido, que o significado social daqueles atos, seriam motivo de muitos tormentos pessoais, de uma sombra no sorriso, de mazelas emocionais que a muito custo seriam debeladas.
Pervertido do inferno!
Quanto ansiei durante anos, após ter consciência do que aconteceu, dar-lhe um enorme soco no meio da venta! Deixá-lo em estado de geléia, aspirando o próprio sangue provavelmente hoje HIV positivo!
Sei que o peso do seu homoerotismo enrustido, que arrasta qual um corpo morto atado a si, é uma praga.
Ainda que não tenha sido por mim imposto, desejo que lhe corroa a alma!
Pois é. Mesmo julgando-lhe uma criatura miserável, não consigo ainda dar-lhe a graça do perdão. Com certeza poderá obtê-lo da Eterna Misericórdia.
Desconheço se estas palavras lhe soarão como um sino distante, sem significado, sem motivar reação. Ou se serão mais um capítulo ressurgido numa mente oprimida pela culpa. De qualquer maneira foram ditas. Um papelzinho bem enrolado e escondido foi aberto.
A mim trouxe grande alívio.
Até nunca!
Viver as consequências de um abuso sexual não é papel apenas da vítima.
Palavras ao agressor
(Dan B. Allender em "Lágrimas Secretas")
A graça de Deus se estende a todo pecador, incluindo aquele que viola o corpo e a alma de uma criança pequena ou de um adolescente. O caminho para retomar um relacionamento correto com Deus não é fácil. Não é uma questão de dizer que sente muito, derramar lágrimas, pedir perdão e depois voltar para aquilo que você considera uma vida normal. Esta exortação de nosso Senhor deveria ressoar em nossos ouvidos:
Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.
Mt 18:6
Restituição não cura feridas. Curvar sua cabeça em autocomiseração somente adiciona mais peso à carga da vítima. O único caminho para a restauração é através do quebrantamento. Arrependimento e quebrantamento vão mos-trar seu desejo de se submeter ao processo de mudança através de disciplina da igreja, aconselhamento, interação com outros agressores, busca de sabedoria e providências para o processo de recuperação da vítima. Isto pode incluir oferecer-se para pagar tratamento médico e psicológico e na reavaliação do modo de vida.
Essencialmente, você deve lidar com as lembranças do abuso presentes em sua mente, com as falhas nos relacionamentos atuais e com as interferências em potencial do abuso do passado em sua vida hoje. Não permita que a vergonha e a crítica atrapalhem o processo de mudança em sua vida. Apóie o processo da vítima do abuso, sem exigir ou até mesmo esperar carinho, proximidade ou gratidão. Dê à vítima tempo e espaço, de modo que ela possa passar pelo processo seguindo seu próprio ritmo.
Com o tempo, sua alegria será mais profunda à medida que você caminha pela trilha da honestidade, arrependimento e amor intenso. A profunda tristeza em macular a beleza de uma alma humana nunca será erradicada nesta vida, mas o profundo alívio do quebrantamento criará um desejo apaixonado de ver o dia em que todo dano será corrigido. Sua atitude de lidar com o dano é o tiro de misericórdia em nosso Adversário, o leão devorador.
http://closetfullbr.blogspot.com.br/2012/07/carta-de-uma-vitima-de-abuso-sexual.html
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Marcadores: Abuso Sexual, Restauração
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]