sexta-feira, 27 de julho de 2012

Os Papas do Século XIII – O Brilho Imortal da Igreja de Jesus




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Os Papas do Século XIII – O Brilho Imortal da Igreja de Jesus

Por Paulo Ricardo em 27/07/2012


E vamos que vamos!

Continuando a saga dos Papas, falaremos agora dos últimos Papas do século XIII. Começando por:

papa_joao_XXIJoão XXI – Era uma casa portuguesa com certeza, com certeza era uma casa portuguesa. João XXI (Pedro Julião) foi o primeiro e único Papa a vir da terrinha.

Era um homem extremamente espiritualizado, não dando a mínima para assunto administrativos, os quais deixou a cargo de Giovanni Gaetano, membro da família Orsini que veio a ser o seu sucessor, com o título de Nicolau III. Falaremos dele em seguida. Voltamos então ao nosso Papa que gostava de toucinho-do-céu.

Pedro Julião também era conhecido como Pedro Hispano, tendo sido um famoso médico, professor e matemático.

Querem ver o curriculum desse hômi? Segura só:

  • começou a estudar na Catedral de Lisboa, de lá passou para Paris para estudar com as maiores mentes da época (ouso dizer que eram as maiores mentes de todos os tempos);
  • um dos seus mestres foi São Alberto Magno, também conhecido na época como “The Man”;
  • seus coleguinhas de classe eram “só″ São Boaventura e São Tomás “The Mind” de Aquino;
  • tornou-se Médico e Teólogo (é gente, naquela época não era proibido ser gênio);
  • Pedrão era um genial palestrante, tendo grande domínio nos campos da lógica e da dialética e, para complementar, profundo conhecedor da física e metafísica de Aristóteles.

Um célebre tratado chamado Summulæ Logicales é de sua autoria. Para quem não sabe, por mais de 300 anos, quando se queria falar de lógica aristotélica, primeiro tinha que ter um desse na prateleira. O livro teve mais de 260 edições e foi publicado em várias línguas.

Como médico, Pedro Julião dedicou-se ao estudo dos zôio, tendo uma obra fabulosa, chamada De oculo. Indiretamente, é graças ao De oculo que temos os maravilhosos afrescos da Capela Sistina, já que, quando Mica, o popular Michelângelo, teve probreminha nos zôio (pudera: pintava deitado com tinta pingando na cara o tempo todo e com iluminação deficitária), foi graças aos livro do Papa João XXI que encontrou-se uma cura. Pra terminar, temos ainda um dos maiores livros de medicina já escritos, praticamente um precursor dessa como ciência, o Thesaurus Pauperum (Tesouro dos Pobres), em que trata todo tipo de ziquezira da choldra.

João XXI era um gênio, deu pra perceber. Mas além disso, era um homem muito bom, tanto que é citado até por Dante na Divina Comédia como sendo uma alma que está no Paraíso . Politicamente, tentou uma aproximação de Carlos D’Anjou com o Rei Rodolfo da Alemanha, a fim de coroar este último como imperador.

Sua morte é, provavelmente, a mais bizarra da história do papado – isso com certeza não é pouca coisa. Ocorreu que, com o clima sufocante de Roma, era comum os Papas procurarem um lugar mais confortável para passar o verão. João XXI retirou-se para Viterbo com o intuito de melhorar sua saúde. Estava despachando em seu escritório tranquilamente, no dia 20 de maio de 1277, quando o teto caiu na sua cabeça. Putz! Essa é ou não é de lascar? Papa de 1276 a 1277.
tumulo_papa_joao_XXI_2

Túmulo de João XXI em Viterbo.

Nicolau III - Foi o primeiro Papa a fazer de sua morada oficial o Palácio do Vaticano. Serviu a oito papas antes de ser eleito como sucessor de Pedro. Nobre italiano, decretou que os senadores romanos só podiam ser nomeados mediante autorização do Papa. Por meio do casamento do filho de Rodolfo e da neta do Rei Carlos, forjou a paz entre os Habsburgos e os Anjou, garantindo a posse de territórios para os Estados Pontifícios.

Morreu de derrame em 1280. Está sepultado na capela dos Orsini de São Nicolau, que ele mesmo mandou construir. Papa de 1277 a 1280.

Martinho IV - Brie é uma região francesa onde se originou uma queijo maravilhoso, muito bom pra fazer pastel. Não se pode dizer o mesmo a respeito do Papa que veio de lá. Martinho IV tinha como nome de pia Simão de Brie. Martinho IV, com perdão da expressão, era um lambão (ão, ão, ão, o Simão é um lambão!).

Durante o conclave que elegeria o sucessor de Nicolau III, interveio o Rei Carlos, prendendo dois cardeais que não estavam permitindo o Sr. Queijo se tornar Papa. Sem os dois, Brie ganhou o damasco, quer dizer, o trono de Pedro. Sua política foi um desastre total, destruindo tudo que foi construído pelos oito papas que o antecederam. O Papa virou bonequinho de Carlos e dele dependia até para ter licença pra ir ao banheiro.

Martinho IV anulou a união com a Igreja Grega de 1274. Morreu em Perugia em março de 1285, pouco tempo após a morte do Rei Carlos D’Anjou… deve ter sido saudade. Papa de 1281 a 1285. Dante foi bonzinho com ele e o colocou no purgatório.

Honório IV – Foi o quinto membro de sua família a tornar-se Papa; os anteriores foram Benedito II, Gregório II, Honório III e Gregório IX. Foi coroado, consagrado e eleito senador vitalício.

Era um cara meio esnobe: achava que o Palácio do Vaticano não era muito nobre e construiu uma casitcha na colina de Aventino muito mais luxuosa. Para dar uma puxada na Igreja Grega, promoveu o estudo de línguas orientais na Universidade de Paris.

Faleceu em Roma em 1287 e teve seus restos mortais levado para Chiesa dell’Aracoeli, a fim de serem colocados ao lado dos de sua mãe, pelo Papa Paulo III.

Nicolau IV - Foi o primeiro Papa franciscano. Foi durante seu pontificado que o catolicismo foi instituído na China (chegamos longe). Não conseguiu seu intento de convocar uma nova cruzada para tomar os lugares santos da Palestina. Também falhou em suas pretensões com relação a Sicília.

Era conhecido como “Papa missionário”: enviou representantes para os Balcãs, Pérsia, Etiópia e Oriente Próximo. Com relação à sua eleição, deu-se após um ano de sede vacante, em virtude de um surto de peste negra na Itália – ainda não era a grande peste, só uma amostrinha. Em 1289, com o caos instalado nas terras da Igreja, consignou metade das rendas da Santa Sé ao colégio cardinalício, bem como parte da administração. Papa de 1288 a 1292.
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São Celestino V

São Celestino V – Fazia tempo que a gente não falava de um Papa canonizado. Eis que surge São Celestino, oriundo da Ordem Beneditina. Havia dois anos que Roma não tinha um Papa. Carlos II, Rei da Sicília e Nápoles, cansou, depois exigiu um novo pontífice. Às voltas com a peste e com a guerra interna entre os Orsini e os Colonna, o Rei Carlos foi até Morrone resgatar essa lenda da cristandade. São Celestino, que vivia como eremita numa caverna, foi colocado em cima de um burro e levado a Roma (nunca estivera na cidade antes).

São Celestino era um homem bom, todos sabiam, mas não tão bom era o Rei Carlos II, que usou e abusou da bondade de São Celestino. Seu caráter passivo fez com que se deixasse levar para Sicília, onde o Rei pintou e bordou. Iluminado que era, conversou com o advogado Benedetto Caetani, solicitando uma forma de abdicar (essa vida não era pra ele). Em 13 de setembro de 1294, despojou-se das insígnias papais e exortou os cardeis a elegerem seu sucessor. Retirou-se para onde seu coração mandou e faleceu dois anos mais tarde. Foi canonizado por Clemente V em 1313. Papa em 1294.

Bonifácio VIII - Taí o Caetani de novo, gente. Não é que o cara conseguiu ser Papa? Suas primeiras atitudes versam sobre as anulações dos privilégios concedidos por São Celestino, exortado pelo Rei Carlos II. Voltou à corte papal para seu lugar de direito, Roma.

Em 1303, fundou uma Universidade em Roma chamada Sapienza. Era um tanto quanto vaidoso, adorava encomendar estátuas de si mesmo. Mas não foi um mau Papa. Sua importância para o Direito Canônico se faz sentir ainda nos dias de hoje.

É aqui que a presença de um dos reis mais importantes e menos considerados da história ocidental se faz sentir. Surge no horizonte a figura de Felipe IV, o Belo, também conhecido como “O Rei de Ferro”. Falaremos dele em um post à parte.
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Bonifacio VIII levando uma bofetada de um dos Colonna

É marcante durante o pontificado de Bonifácio VIII a atuação de Felipe. Nas disputas internas de Roma entre os Colonna e os Orsini, que duravam há décadas, Felipe ficou do lado dos Colonna. Enquanto estava em seu retiro em Anagni, foi surpreendido pelos Colonna e por Nogaret, ministro de Felipe IV. O Rei e os Colonna exigiram que o Papa renunciasse; Bonifácio, porém, respondeu que prefereria morrer. Reza a lenda que, em resposta, nessa altura um membro da família Colonna deu-lhe um tapa, que ainda é lembrado no folclore local de Anagni.

Bonifácio foi espancado até quase a morte, mas foi libertado da prisão após três dias por intervenção dos habitantes locais. De volta a Roma, protegido pelos Orsini, veio a falecer em outubro de 1303. Foi o último Papa antes do exílio em Avignon. Ao abrirem seu túmulo em 1605, mais de 300 anos depois, seu corpo estava incorrupto. Papa de 1295 a 1303.

*****
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A seguir… vocês já sabem. Os Papas do século XIV, a grande peste e o papado de Avignon.
Leia também:

Os Papas do Século XIII – Tempos de Espiritualidade Renovada
Papas do Séc. X (parte IV) – Brincando de ioiô
Os Papas do Séc. IX – Na Mira de Intrigas e Assassinatos
Os Papas do Século XII (Parte II) – Tempos de Cruzadas e de um Certo Barbarossa
Os Papas do Séc. VII – O Lombo Exposto aos Lombardos

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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]