segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ANÁLISE BÍBLICA E HISTÓRICA DA ORAÇÃO DA AVE MARIA

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ANÁLISE BÍBLICA E HISTÓRICA DA ORAÇÃO DA AVE MARIA




 ÍNDICE:
1- A ORAÇÃO MAIS ANTIGA FEITA A MARIA
2- HISTÓRIA DA AVE MARIA
3- ANÁLISE BÍBLICA DA AVE MARIA
4- VENERAÇÃO E NÃO ADORAÇÃO
5- TEXTOS DA AVE MARIA AO LONGO DA HISTÓRIA



1- A ORAÇÃO MAIS ANTIGA FEITA A MARIA:

“À vossa proteção recorremos Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas Em nossas necessidades, Mas livrai-nos sempre de todos os perigos, Ó Virgem gloriosa e bendita!”. 

 




A oração “Sub tuum praesidium” (À vossa proteção) é a mais antiga oração a Nossa Senhora que se conhece. 


 Encontrada num fragmento de papiro, em 1927, no Egito, remonta ao século III. 






Tem uma excepcional importância histórica pela explícita referência ao tempo de perseguições dos cristãos (Estamos na provação e Livrai-nos de todo perigo) e uma particular importância teológica por recorrer à intercessão de Maria invocada com o título de Theotókos (Mãe de Deus).
 Este título é o mais importante e belo da Virgem Santíssima. 
Já no século II era dirigido a Maria e foi objeto de definição conciliar em Éfeso em 431. 
O texto primitivo do qual derivam as diversas variações litúrgicas (copta, grega, ambrosiana e romana) é o seguinte: 
Sob a asa da vossa misericórdia nós nos refugiamos, Theotókos; não recuse os nossos pedidos na necessidade e salva-nos do perigo: somente pura, somente bendita.
2- HISTÓRIA DA AVE MARIA:
 “A Ave-Maria traz em si a marca de muitos séculos e de muitas mãos que a compuseram um pouco por vez. 
A Igreja ousa repetir o texto evangélico, completando-o ou modificando-o, e imediatamente depois ( na parte da Santa Maria) manifesta a necessidade de apoiar-se em Maria nas dificuldades que encontra para ser fiel a Cristo:
 a figura de Maria nas catacumbas de Priscila (fim do século II) e na igreja de Santa Maria Antiqua (ambas em Roma), e a invocação gravada no muro da casa de Maria em Nazaré mostram como, desde o princípio de sua história, a Igreja aprendeu a buscar Maria ao lado de Cristo” .
 
Somente em 1568, portanto quinze séculos após o advento do Cristianismo, a Ave-Maria foi oficialmente aprovada pela Igreja, mas o culto e a oração a Maria existe desde os primeiros séculos e foi crescendo gradativamente, como vemos no registro encontrado nesse papiro do séc III.
Na verdade, desde 1568, quase nada mudou no texto oficial da oração da Ave Maria. 
As alterações, portanto, aconteceram principalmente antes desse reconhecimento. 

A Ave-Maria se impôs ao Cristianismo como a porta de acesso à Virgem Maria, a suprema intercessora dos cristãos. 
 
O primeiro documento escrito em que aparece o uso da saudação do anjo é a Homilia de um certo Theodoto Ancyrani, falecido antes do ano 446. 
Nela é explicitamente afirmado que, impelidos pelas palavras do anjo, dizemos: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo”.
Quanto à saudação de Santa Isabel, aparece ela unida à do anjo por volta do século V. 
As duas saudações conjugadas já se encontram nas liturgias orientais de São Tiago (em uso na Igreja de Jerusalém), de São Marcos (na Igreja Copta) e de São João Crisóstomo (na Igreja de Constantinopla).
 
Na Igreja latina, entretanto, as referidas saudações aparecem pela primeira vez unidas aproximadamente no século VI, em obras de São Gregório Magno.
O nome Maria foi acrescentado às palavras do anjo, no Oriente, por volta do século V, segundo parece, na liturgia de São Basílio; no Ocidente, porém, parece que isto ocorreu aproximadamente no século VI, figurando numa das obras de São Gregório Magno, o Sacramentário Gregoriano.
O nome Jesus foi acrescido às palavras de Santa Isabel provavelmente um século depois, no Oriente, figurando pela primeira vez em certo Manual dos Coptas, talvez no século VII; no Ocidente, todavia, o primeiro documento que registra o nome do Redentor é a Homilia III sobre Maria, mãe virginal, de Santo Amedeo, Bispo de Lausanne (Suíça) (aproximadamente em 1150), discípulo de São Bernardo.
 Nos mencionados documentos, ao nome Jesus encontra-se adicionada a palavra Christus.
A segunda parte da prece (Santa Maria, etc.), a súplica, já era empregada na Ladainha dos Santos. 
Em determinado código do século XIII, da Biblioteca Nacional Florentina, que já pertencera aos Servos de Maria do Convento da Beata Maria Virgem Saudada pelo Anjo, em Florença, lê-se esta oração:
 “Ave dulcíssima e imaculada Virgem Maria, cheia de Graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, mãe da graça e da misericórdia, rogai por nós agora e na hora da morte. Amém."
Nesta fórmula, faltam somente dois vocábulos: [nós] pecadores e nossa [morte].
A fórmula precisa da Ave Maria, como é rezada hoje, encontra-se pela primeira vez no século XV, no poema acróstico do Venerável Gasparini Borro, O.S.M. (+ 1498).
A segunda parte da Ave Maria foi sempre rezada em caráter privado pelos fiéis até o ano de 1568, quando o Papa São Pio V promulgou o novo Breviário Romano, no qual figura a fórmula do referido Venerável Gasparini Borro, sendo estabelecida solenemente sua recitação no início do Ofício Divino, após a recitação do Pai Nosso e prescrita para todos os sacerdotes. 
 Depois de um século a mencionada fórmula, sancionada pelo Sumo Pontífice, difundiu-se, de fato, em toda a Igreja universal.
  
3- ANÁLISE BÍBLICA DA AVE MARIA:
As" Igrejas desenvolveram a oração à santa Mãe de Deus, centrando-a na Pessoa de Cristo manifestada em seus mistérios" como diz o Catecismo da Igreja Católica.








A oração aos santos e a Maria é possível (Apo 8,3-4), pois para os cristãos desde os primeiros séculos da Igreja, aqueles que morrem no Senhor vivem para o Senhor e estão diante dele na glória do céu, "Ora Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos porque todos vivem para Ele” (Lc 20, 37-38) (Fl 1, 21, 23) (Lc 9, 28 ss), (LC 23, 42-43) e estão aguardando o desfecho final da história da humanidade (Apo 6,9-11) .



Diante de Deus, os seus santos são como os anjos no céu (Mt 22, 30), intercedendo pelos homens sem cessar (Apc 7,13-15) , por meio do único mediador da salvação, Jesus.

Até na parábola do rico avarento, Jesus nos mostrou a possibilidade dessa intercessão (Lc 16, 19 e ss).

A mediação de Maria e dos santos é possível, assim como é possível que oremos por nossos irmãos na terra (Tgo 5, 16), (I Tm 2, 1-5) .  

No antigo Testamento, já vemos sinais dessa possibilidade, só completa com a redençao de Cristo e sua entrada no céu:



 

"E o Senhor disse-me: ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, a minha alma não se inclinaria para este povo; tira-os da minha face e retirem-se" (Jer 15, 1 ss).

 
(Dt 5, 5): "Eu fui naquele tempo intérprete e mediador entre o Senhor e vós".
 
"Tomai sete touros... e ide a meu servo Job... o meu servo Job... orará por vós e admitirei propício a sua face" (Job 42, 8)


Onias (…) estava com as mãos estendidas, INTERCEDENDO por toda a comunidade dos judeus.
 
Apareceu a seguir um homem notável (…) Esse é aquele que MUITO ORA pelo povo e por toda cidade santa, é Jeremias, o Profeta de Deus.”
(2Mac 15,12-14) 

Assim, sendo respalda na tradição e na Bíblia, a oração a Maria encontrou uma expressão privilegiada na oração da Ave-Maria:

Oração privilegiada por ser em parte bíblica e em parte fruto da tradição, assim uniu os dois pilares da nossa Igreja, com a aprovação do magistério (Papa e bispos em concílio), outro pilar.

1- "Ave, Maria (alegra-te, Maria)." (Lc1,28)



 

A saudação do anjo Gabriel abre a oração da Ave-Maria.

 É o próprio Deus que, por intermédio de seu anjo, saúda Maria. 







Nossa oração ousa retomar a saudação de Maria com o olhar que Deus lançou sobre sua humilde serva, alegrando-nos com a mesma alegria que Deus encontra nela.

Alguns usam Salve Maria em muitas orações, pois acham errado dizer Ave, pois era uma saudação romana, mas  quando a Bíblia foi traduzida para o latim, São Jerônimo utilizou a forma romana.

Dizer Ave ou Salve, hoje , para nós não há muita diferença, já que são saudações que caíram em desuso, porém por séculos a oração ficou conhecida como Ave Maria.
2- "Cheia de graça, o Senhor é convosco." (Lc1,28)

As duas palavras de saudação do anjo se esclarecem mutuamente. 
Maria é cheia de graça porque o Senhor está com ela. 

 A graça com que ela é cumulada é a presença daquele que é a fonte de toda graça.
 "Alegra-te, filha de Jerusalém... o Senhor está no meio de ti" (Sf 3,14.17a). 
Maria, em quem vem habitar o próprio Senhor, é em pessoa a filha de Sião, a Arca da Aliança, o lugar onde reside a glória do Senhor: ela é "a morada de Deus entre os homens" (Ap 21,3).
 "Cheia de graça", e toda dedicada àquele que nela vem habitar e que ela vai dar ao mundo.



3- "Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus." (Lc1,41)
Depois da saudação do anjo, tornamos nossa a palavra de Isabel. 
"Repleta do Espírito Santo" (Lc 1,41), Isabel é a primeira na longa série das gerações que declaram Maria bem-aventurada': "Feliz aquela que creu..." (Lc 1,45): 
Maria é "bendita entre as mulheres" porque acreditou na realização da palavra do Senhor. 
Abraão, por sua fé, se tomou uma bênção para "todas as nações da terra" (Gn 12,3). 
Por sua fé, Maria se tomou a mãe dos que crêem (Apo12,17) (Jo 19, 26-27), porque, graças a ela, todas as nações da terra recebem Aquele que é a própria bênção de Deus: "Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus".



4-  "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós..." 
Com Isabel também nós nos admiramos: "Donde me vem que a mãe de meu Senhor me visite?" (Lc 1,43). 
Porque nos dá Jesus, seu filho, Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe; podemos lhe confiar todos os nossos cuidados e pedidos: ela reza por nós como rezou por si mesma: 
"Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). 
Confiando-nos à sua oração, abandonamo-nos com ela à vontade de Deus: "Seja feita a vossa vontade".
 Maria é Mãe de Deus, pois foi de Maria que nasceu Jesus (Mt 1, 16) (Gal 4,4) , o nosso Senhor (Lc1,43), Filho de Deus (Lc1,35) e Deus (Jo 1,1), (Jo 5,18) com o Pai e o Espírito Santo (Mt 28,19).

Maria é Mãe de Deus, pois Jesus não é metade homem e metade Deus, Ele é Deus e homem ao mesmo tempo.

Maria é Mãe no sentido de ter gerado em seu ventre e em seu coração Jesus, nosso Senhor e Deus. 


5- "Rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte." 


Já foi explicado mais acima a intercessão dos santos na Bíliba.

Assim, pedindo a Maria que reze por nós, reconhecemo-nos como pobres pecadores e nos dirigimos à "Mãe de misericórdia"  ( Jo 2,3),  à Toda Santa (Lc 1,28).
 Entregamo-nos a ela "agora", no hoje de nossas vidas. 

E nossa confiança aumenta para desde já entregar em suas mãos "a hora de nossa morte", pois nessa hora compareceremos diante de Deus (Hb 9, 27) para sermos julgados.
Que ela esteja então presente, como na morte na Cruz de seu Filho, e que na hora de nossa passagem ela nos acolha como nossa Mãe (Jo 19,27) , para nos conduzir a seu Filho, Jesus, no Paraíso, pois o seu pedido é poderoso (Jo 2, 3ss).





   A piedade medieval do Ocidente desenvolveu a oração do Rosário como alternativa popular à Oração das Horas
No Oriente, a forma litânica da oração "Acatisto" e da Paráclise ficou mais próxima do ofício coral nas Igrejas bizantinas, ao passo que as tradições armênia, copta e siríaca preferiram os hinos e os cânticos populares à Mãe de Deus. 
Mas na Ave-Maria, nos "theotokia", nos hinos de Sto. Efrém ou de S. Gregório de Narek, a tradição da oração é fundamentalmente a mesma.




 Maria é a Orante perfeita, figura da Igreja (Apo 12).
 Quando rezamos a ela, aderimos com ela ao plano do Pai  (Lc 1,38), que envia seu Filho para salvar todos os homens. 
Como o discípulo bem-amado, acolhemos em nossa casa a Mãe de Jesus (Jo 19,27), que se tornou a mãe de todos os vivos, pois se em Eva, somos filhos do pecado ( Gn 3,20), (Rm 5,12), em Cristo, recebemos vida nova ( Rm 5,19) e Maria é a mãe dessa nova geração de redimidos ( Apo 12,17).

Podemos rezar com ela e a ela. 

 A oração da Igreja é acompanhada pela oração de Maria, que lhe está unida na esperança.
4- VENERAÇÃO E NÃO ADORAÇÃO 







§ 971     "Todas as gerações me chamarão bem-aventurada" (Lc 1,48): "A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão". 
A Santíssima Virgem "é legitimamente honrada com um culto especial pela Igreja.
 Com efeito desde remotíssimos tempos, a bem-aventurada Virgem é venerada sob o título de 'Mãe de Deus', sob cuja proteção os fiéis se refugiam suplicantes em todos os seus perigos e necessidades (...) 
Este culto (...) embora inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração que se presta ao Verbo encanado e igualmente ao Pai e ao Espírito Santo, mas o favorece poderosamente";
 este culto encontra sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração Mariana, tal como o Santo Rosário, "resumo de todo o Evangelho"
 
5- TEXTOS DA AVE MARIA AO LONGO DA HISTÓRIA 
Há diversas versões e diversas variações da "Ave Maria", principalmente quando associada à arte multimídia, e mesmo em um contexto religioso formal ela não é única.

Versão Bizantina

É a versão mais antiga conhecida, rementendo a alusões do Novo Testamento.
Θεοτόκε Παρθένε, χαῖρε,
κεχαριτωμένη Μαρία, ὁ Κύριος μετὰ σοῦ.
εὐλογημένη σὺ ἐν γυναιξί,
καὶ εὐλογημένος ὁ καρπὸς τῆς κοιλίας σου,
ὅτι Σωτήρα ἔτεκες τῶν ψυχῶν ἡμῶν.
Theotokos virgem, regozija,
Maria cheia em graça, o Senhor é contigo.
Bendita és entre as mulheres
e bendito é o fruto de teu ventre,
pois portas o Salvador de nossas almas.

Versão Católica pré-Tridentina

É a versão latina predominante antes do Concílio de Trento. É a forma ainda mantida por luteranos e anglicanos.
Ave Maria, gratia plena,
Dominus tecum.
Benedicta tu in muliuribus,
et benedíctus frictus ventris tui, Iésus
Ave Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco.
Bendita sois vós entre as mulheres,
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.

Versão Católico Romana pós-Tridentina

Ave Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco.
Bendita sois vós entre as mulheres,
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte.
Amém.
Em latim
Ave Maria
Gratia plena
Dominus tecum
Benedicta tu
In mulieribus
Et benedictus
Fructus Ventris tui, Jesu
Sancta Maria,
Mater Dei,
Ora pro nobis peccatoribus
Nunc et in hora mortis nostrae
Amen
 FONTES:

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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]