EUCARISTIA SACRAMENTO...
-"Sim, o odor de meu filho é como o odor de um campo abençoado pelo Senhor". (Gn.27,27).
Em consideração da terceira parte da História da Salvação, o tempo da Igreja em que todos nós vivemos, a Eucaristia está presente nela como Sacramento, nos sinais do pão e do vinho, instituída por Cristo na Última Ceia, por estas palavras :
- "Fazei isto em memória de Mim".
Nós devemos entender claramente a diferença entre o acontecimento ou facto que já descrevemos, e o Sacramento, diferença entre a História e a Liturgia.
Cristo morreu uma só vez por nós, o justo pelos pecadores, o Senhor pelo seu povo.
Nós sabemos com toda a certeza que isto aconteceu uma só vez por todas; e agora, o Sacramento renovado constantemente sobre o Altar é como se o que a históra proclama que aconteceu uma vez, se vai repetindo de novo muitas vezes.
Mas o facto e o Sacramento não estão em contradição, como se o Sacramento fosse falso e o facto fosse verdadeiro.
Com efeito, o Sacramento muitas vezes renova no coração dos fiéis a celebração do que história afirma que acontceu uma só vez.
A História revela o que aconteceu uma só vez e como aconteceu.
A Liturgia apresenta o passado para que não seja esquecido; não no mesmo sentido de que o facto do passado aconteça de novo, mas no sentido que ele seja celebrado.(Non faciendo sed celebrando). (St.Agostinho).
É um assunto extremamente delicado para definir a ligação ou relação que existe entre o único sacrifício da Cruz e a Missa, e isto tem sido sempre um dos maiores pontos de dissensão entre Católicos e Protestantes.
Como diz Santo Agostinho, renovar e celebrar são palavras em que uma está na luz da outra : a Missa renova o acontecimento da Cruz, celebrando-o (não repetindo-o), e celebra-o reovando-o (não apenas invocando-o).
A palavra que melhor significa o consenso ecuménico de hoje é, talvez, o verbo representa (usado também por Paulo VI na sua encíclica "Misterium fidei"), tomando o seu mais forte sentido de re-presenta, ou torna presente de novo.
Segundo a História, portanto, só houve apenas uma Eucaristia, realizada por Jesus com a sua vida e morte.
Segundo a Liturgia, por sua vez e graças ao sacramento instituído por Jesus na Última Ceia, há tantas Eucaristias quantas vezas ela for celebrada até ao fim dos tempos.
O Facto ou acontecimento teve lugar uma só vez (semel), o Sacramento terá lugar "todas as vezes que"(quotiescumque).
É devido ao Sacramento da Eucaristia que nós misteriosamente nos tornamos contemporâneos do facto ; o facto é presente para nós e nós estamos presentes no facto.
Na Liturgia da Páscoa (Passagem), os Judeus do tempo de Jesus, costumavam dizer :
- "Em todas as gerações deixai que cada um se veja a si próprio, como se cada um estivesse a sair do Egipto naquela noite".
Aplicado a nós Cristãos, este texto diz-nos que em todas as gerações, cada um se deve ver a si próprio como se estivesse ao pé da Cruz naquele dia, com Maria e João.
O Sacramento da Eucaristia não torna presente o facto da Cruz apenas em nós; isso seria muito pouco; ele torna-o presente, acima de tudo, no Pai.
Em todo o "partir do pão", quando o sacerdote parte a hóstia, é como se o vaso de alabastro da humanidade de Cristo se quebrasse de novo, que foi o que aconteceu na Cruz, e como se o perfume da sua obediência tocasse de novo o coração do Pai.
É tal com Isaac, sentindo o odor das roupas de Jacob e o abençoasse e dizendo :
"Sim, o odor de meu filho é como o odor de um campo abençoado pelo Senhor.(Gn.27,27).
Na verdade, perante todo este mistério da Eucaristia, como facto histórico e como celebração litúrgica, todos nós devíamos sentir o desejo de a receber dignamente, como condição essencial da nossa própria santificação, porque ela exige o estado de graça, e é só em estado de graça que a nossa santificação é possível.
Nascimento
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]