É de aconselhar que se leia primeiro toda a Liturgia da Palavra.
20º DOMINGO COMUM - ANO B !
A Liturgia da Palavra deste 20º Domingo Comum – B, volta a convidar-nos para o Mistério da Eucaristia, em continuação dos Domingos anteriores, mas desta vez como um Banquete em que devemos tomar parte, ou seja a Comunhão como alimento.
O Mistério da Presença Real, consequência de um outro Mistério, que é a Transubstanciação, é a consequência da real vontade de Cristo de dar o Seu Corpo e o Seu Sangue como alimento, na Sagrada Comunhão.
A 1ª Leitura, do Livro dos Provérbios, diz-nos que, a Sabedoria de Deus, personificada numa dona de casa convida os homens a participarem do seu Banquete.
No Antigo Testamento, a Palavra de Deus é frequentemente comparada a um banquete oferecido aos homens, como remédio contra a insensatez e caminho da verdadeira razão :
- «Vinde comer do meu pão e beber do vinho que preparei. Deixai a insensatez e segui o caminho da razão».(1ª Leitura).
A imagem do Banquete assume maior expressão na Eucaristia em que podemos participar pela Comunhão.
O pão e o vinho são tidos como símbolo do alimento que dá a vida em plenitude.
A imagem do banquete assume maior expressão na Eucaristia que nos é dado celebrar e saborear, como proclama o Salmo Responsorial :
- "Saboreai e vede como o Senhor é bom" !
Na 2ª Leitura, S. Paulo diz aos Efésios e repete-o hoje para todos nós, que, não devemos viver na insensatez, mas como homens de senso.
Isto significa que, na vida, devemos fazer uma escolha consciente, tanto quanto possível, para não cairmos no abuso sobre as coisas criadas.
- "Vede bem como procedeis. Não vivais como insensatos, mas como homens de senso".(2ª Leitura).
Deus criou o homem livre e não quer sobrepor-Se a essa liberdade.
Deixa a cada um a possibilidade de fazer as suas acções.
Porém, uma escolha consciente só é possível, tendo presente determinada hierarquia de valores que ajudará a decidir, não apenas acerca do acto, como também do tempo próprio para o realizar
Em tudo devemos procurar a vontade de Deus e dar-lhe graças pelos dons que nos deixou .
Pois, entre outros, está o Seu Corpo e o Seu Sangue como alimento que nos dá força contra o mal e os vícios do mundo.
O Evangelho, é de S. João e volta a apresentar-nos as palavras com que o Senhor Se identificou como alimento para a vida eterna, alimento que é preciso tomar .
- "Tal é o Pão que desceu do Céu ; não é como aquele que nossos pais comeram. Eles morreram ; quem come deste Pão viverá eternamente".(Evangelho).
A ceia pascal judaica estava intimamente ligada à libertação dos homens da escravatura egípcia.
Ao participarem no Banquete da Páscoa, os judeus tinham consciência de serem um povo liberto por Deus.
Deve ser este mesmo o nosso sentimento, ao participarmos devidamente no Banquete da Comunhão.
A assimilação a Cristo, por meio da fé e dos sacramentos, exige a nossa participação no mistério da sua morte que gera a plenitude da vida.
Num banquete exprime-se melhor o acolhimento, a comunicação e a hospitalidade entre as pessoas.
Não foi por acaso que Jesus :
- Comunicou justamente num banquete, o perdão aos pecadores.
- Revelou aos pobres o pão que vem do céu.
- Abriu-Se com uma intimidade muito humana aos seus discípulos.
- Deu a sua própria vida.
É, portanto, um ponto de partida para uma interpretação e uma celebração muito realista e concreta da Eucaristia, o facto de fazer uma referência ou uma comparação a uma refeição humana ou a um banquete.
Os homens, normalmente, num sentimento de partilha ou de convivência, gostam de estar juntos para tomarem os seus alimentos.
Não se trata simplesmente da acção material de comer, de se banquetear, mas de um encontro de pessoas, como que de um rito.
A reunião eucarística é também colocada sob o sinal da lei da caridade ou do serviço mútuo, do encontro comunitário.
O episódio do lava-pés, que no Evangelho de S. João substitui a narrativa da instituição da Eucarstia, mostra claramente que há uma estreita relação entre a refeição eucarística e o sacrifício espiritual da obediência de Cristo até à morte da Cruz por amor de Deus e dos homens.
O primeiro fruto da Eucaristia consiste no estabelecimento de uma comunidade reunida pelo vínculo de uma fraternidade autêntica e universal.
A dimensão comunitária da reunião, é essencial à teologia eucarística; não basta estar bem preparado para a recepção do sacramento; é necessário também estar em comunhão de caridade, de fraternidade e de serviço com os irmãos, porque somos todos membros do mesmo Corpo Místico de Cristo que é a Igreja.
"Só é possível formar-se uma comunidade cristã tendo como raiz e coluna, a celebração da Eucaristia, da qual deve, pois, receber o primeiro impulso qualquer educação que procure formar o espírito de comunidade.
E a celebração eucarística, por sua vez, para ser plena e sincera, deve levar tanto às diversas obras de caridade e auxílio mútuo, como à acção missionária e às várias formas de testemunho cristão".(PO 6).
Naturalmente, esses vínculos de fraternidade estabelecidos pela Eucaristia devem formar uma norma de vida quotidiana; de contrário, seria falsa, ou pelo menos sem autenticidade, a participação na Eucaristia.
Este espírito comunitário e fraternal do banquete eucarístico é absolutamente necessário para o cumprimento do plano da História da Salvação..
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Sobre a Comunhão, diz-nos o Catecismo da Igreja Católica :
1384. – O Senhor dirige-nos um convite insistente a que O recebamos no sacramento da Eucaristia : «Em verdade, em verdade vos digo : se não comerdes a Carne do Filho do Homem e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós»(Jo.6,53).
1385. – Para responder a este convite, devemos preparar-nos para um momento tão grande e santo. São Paulo exorta a um exame de consciência : «Quem comer o pão e beber a taça indignamente será réu do Corpo e Sangue do Senhor. Examine-se, pois, cada qual a si mesmo e então coma desse pão e beba dessa taça ; pois quem come e bebe, se não distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação»(1 Cor.11,27-29).
1386. – Perante a grandeza deste sacramento, o fiel não pode deixar de retomar humildemente, e com ardente fé, a palavra do centurião : «Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa, mas dizei uma só palavra e serei salvo»...
Vossos pais comeram o maná e morreram. Quem comer deste pão viverá...
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]