É de aconselhar que se leia primeiro toda a Liturgia da Palavra.
22º DOMINGO COMUM - ANO B !
Eles tomam alimento com as mãos por lavar !
A Liturgia da Palavra deste 22º Domingo Comum – B, coloca-nos perante a Lei e convida-nos ao seu cumprimento para que não fiquemos apenas nas palavras.
Todo o empreendimento humano, pequeno ou grande, supõe, habitualmente, uma entrega e uma doação total, para se realizar alguma coisa útil.
Ao aceitar a Palavra de Deus o homem, no mais íntimo do seu ser, estabelece uma aliança com a pessoa de Jesus Cristo e não apenas com uma ideologia.
O preço da fidelidade a esta aliança é a renúncia a si mesmo.
A Lei de Deus não subjuga o homem, mas liberta-o na medida em que o ajuda a tomar as suas decisões mais correctas.
A 1ª Leitura do Livro do Deuteronómio, diz-nos que Moisés fala ao povo de Israel, dizendo-lhe que a obediência aos preceitos do Senhor fará a sua grandeza e glória.
- «Escutai agora, Israelitas, as leis e os preceitos que hoje vos ensino, a fim de os pordes em prática. Assim podereis viver e entrar na posse da terra que vos dá o Senhor».(1ª Leitura).
Deus, revelando-Se ao povo eleito, aproxima-Se do homem e torna-o conhecedor e participante dos Seus planos de salvação para toda a humanidade.
Daí a necessidade de o homem viver segundo a lei de Deus, como nos sugere o Salmo Responsorial :
- "Quem viverá, Senhor, em Vossa casa !"
Na 2ª Leitura de hoje é S. Tiago que diz aos judeus convertidos ao cristianismo e dispersos pelo vasto império romano, e hoje a todo o povo cristão, que os livros santos, tão religiosamente guardados pelo povo judeu, têm a sua expressão final no Evangelho, que é a Palavra de Cristo Salvador.
- "Tudo o que de bom nos é dado e todo o dom perfeito vêm do alto, descem do Pai, Criador das estrelas".(2ª Leitura).
Por esta razão e, segundo este Evangelho, o homem não pode limitar-se a ouvir, mas deve também acreditar e pôr em prática.
O Evangelho é de S. Marcos, e diz-nos que Jesus, perante a actuação dos seus discípulos e a acusação dos fariseus, aproveita para se referir aos costumes judaicos que não passam de práticas hipócritas, de meras formalidades sem valor porque não correspondem aos seus sentimentos interiores.
- «Bem profetizou Isaías a respeito de vós, os hipócritas : Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está bem longe de Mim».(Evangelho).
A distinção entre puro e impuro só existe na medida em que o homem se deixa conduzir por inspirações que, brotando do íntimo do coração, o afastam dos caminhos de Deus.
O apego à Lei, que deu grande destaque ao judaísmo, e que, em mais de um caso, foi motivo de salvação de Israel, comportava, porém, graves perigos.
Ao colocar no mesmo plano todos os preceitos, religiosos e morais, civis e culturais, entregando-se às subtilezas casuísticas, o culto da Lei terminava por impor um jugo impossível de carregar.
Uma maneira de pensar farisaica tentou bloquear o dinamismo misssionário da Igreja primitiva.
Foi necessária uma rude energia de Paulo e a convocação do Primeiro Concílio de Jerusalém, para que a comunidade primitiva se pudesse libertar das normas que os judaizantes queriam impor.
Ainda hoje pode haver, no seio da Igreja, uma maneira de agir farisaica, ao exagerar e absolutizar a legalidade, o preceito e a exterioridade.
Também se pode viver ainda hoje um cristianismo legalista, exterior, superficial, mais preocupado em obedecer pasivamente às normas recebidas, sem fazder ondas, do que em dar uma resposta pessoal e responsável aos chamamentos de Deus e aos apelos dos nossos irmãos.
Corremos o risco de sermos fariseus também quando não distinguimos o essencial dos factos da história e nos apegamos a aspectos meramente secundários e sem uma interpelação evangelizadora, ao nível do nosso tempo.
Caem sob esta acusação algumas resitências à renovação conciliar, especialmente no campo da Pastoral e nos abusos das práticas litúrgicas.
Uma mal entendida fidelidade à tradição, que se manifesta em oposição a toda a forma de renovação, é índice de esterilidade espiritual.
Pelo contrário, a fidelidade ao Espírito é de um carácter dinâmico, não passiva mas conquistadora, não apologética mas missionária, e não fechada em si mesma.
Os jovens são um elemento activo dessa dinâmica de transformação, de estruturas e de tradições antiquadas.
Eles percebem, em geral, consciente e naturalmente, a possibilidade de abdicação do passado e de abertura razoável para um futuro mais humano; isto é uma profecia para uma sociedade farta e satisfeita consigo mesma; a sua crítica construtiva tem por função libertar continuamente, de um modo evidente, os valores, para aderir em profundidade a eles, sem nunca absolutizar o que já passou.
Eles possuem também fantasia e utopia suficientes para acelerar bastante as mudanças, ou a revisão de inovações precipitadas, de costumes e relações de dependência e de modos de conduzir a comunidade.
A força dos jovens impele uma comunidade para o futro, em busca dos caminhos de Deus que nos conduzem aos planos da História da Salvação.
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O Catecismo da Igreja Católica, toma este texto do Evangelho de S. Marcos para nos dizer :
582. – Indo mais longe, Jesus cumpriu a lei sobre a pureza dos alimentos, tão importante na vida quotidiana judaica, explicando o seu sentido «pedagógico» por uma interpretação divina : «Não há nada fora do homem que, ao entrar nele, o possa tornar impuro(...)- e assim declara puros todos os alimentos(...) O que sai do homem é que o torna impuro. Pois, do interior do coração dos homens, é que saem os pensamentos perversos»(Mc.7,18-219). Proporcionando, com autoridade divina, a interpretação definitiva da Lei, Jesus colocou-Se numa situação de confronto com certos doutores da Lei, que não aceitavam a sua interpretação, muito embora garantida pelos sinais divinos que a acompanhavam. Isto vale sobretudo para a questão do sábado : Jesus lembra, e muitas vezes com argumentos rabínicos, que o repouso sabático não é violado pelo serviço de Deus ou do próximo, que as suas curas realizam.
Este povo Honra-Me com os lábios mas o seu coração está bem longe de Mim
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]