Aconteceu algo de realmente espantoso nesta segunda-feira. Eis uma das razões por que continuamos a ter um país rico com um povo pobre. Leiam com atenção o que segue. Volto depois.
Na Folha Online:
A Justiça Federal em Brasília condenou o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda pela violação do painel do Senado, quando ele era senador, em 2000. A sentença, da qual cabe recurso, condenou Arruda a pagar uma multa, que pode passar de R$ 2,5 milhões. Esse valor deverá ser bloqueado dos bens do ex-senador para garantir o pagamento. Além da multa, o juiz cassou por cinco anos os direitos políticos de Arruda –que negocia sair candidato à Câmara em 2014.
A violação do painel do Senado ocorreu durante o processo de cassação de outro senador, Luiz Estevão, então adversário político do grupo do ex-governador do DF. Com o escândalo, Arruda renunciou ao mandato. À época, ele negou ter participado da violação, mas admitiu ter consultado a lista de votação. "Evidencia-se que Arruda buscou por vontade própria, deliberada e conscientemente, atuar, determinando providências que resultaram na violação do painel do Senado, violação esta consubstanciada no conhecimento dos votos", afirmou o juiz federal Alexandre Vidigal.
A defesa do ex-senador afirma que vai recorrer da decisão e que os cinco anos de direitos políticos cassados só começam a valer após a decisão definitiva da Justiça. Ou seja, mesmo com essa sentença, Arruda poderia disputar as eleições em 2014. "A multa e a cassação só têm validade após o trânsito em julgado [decisão definitiva]. A decisão da primeira instância demorou 11 anos. Arruda é o mais interessado em ser julgado e inocentando logo", disse seu advogado Cláudio Bonato Fruet.
(…)
Voltei
Vocês entenderam direito: Arruda está sendo condenado em 2012 por um evento acontecido em 2000, há longuíssimos 12 anos. Mas calma aí, pessoal! Ainda cabe recurso!!! Escrevo lá no título que os fatos, no país, vão a jato, e as decisões da justiça, de liteira. Liteira, leitor, era aquela cadeira, geralmente fechada, sustentada sobre duas varas, nas quais quatro escravos conduziam os nhonhôs.
Vejam que coisa! Por conta da violação do painel, Arruda teve de renunciar no dia 24 de maio de 2001, caiu em desgraça, conseguiu se reerguer e se elegeu governador do Distrito Federal no primeiro turno em outubro de 2006. Fazia uma gestão aprovada pela maioria da população e certamente teria sido reeleito não fosse o fato de que havia se metido em grossas bandalheiras, o que lhe custou o mandato em 2010. Antes, então, que a Justiça o punisse pelo crime da violação do painel (aquele lá atrás) — e ainda não se tem sentença definitiva —, ele teve tempo de voltar ao topo.
Outro protagonista daquele evento, imaginem vocês, era o então ainda todo-poderoso senador Antônio Carlos Magalhães, do PFL da Bahia. No dia 30 de maio de 2001, também teve de renunciar — ou teria sido cassado. Reelegeu-se para o Senado no ano seguinte e foi empossado em 2003. Vejamos. ACM morreu em 2007. O PFL, ainda um dos maiores partidos do país, não existe mais. Seu sucedâneo, o DEM, foi quase extinto pelo escândalo que colheu Arruda e pela criação do PSD. O chamado "carlismo" na Bahia entrou em decadência e assistiu à ascensão do PT local. Já se passou tanto tempo que o próprio petismo pode ter entrado em parafuso. ACM Neto, do DEM, lidera as intenções de voto para a Prefeitura de Salvador. Segundo pesquisa Ibope, tem o apoio de 40% do eleitorado, contra 13% do petista Nelson Pellegrino. Seria eleito no primeiro turno se a eleição fosse hoje.
Vocês estão se dando conta do absurdo? Arruda foi condenado 12 anos depois, ainda não de modo definitivo. Desde aquele crime, já mergulhou no abismo, subiu ao céu e despencou de novo. ACM também foi nocauteado, levantou-se, mas encontrou o irrecorrível. O partido a que ele pertencia acabou, e sua herança política se fragmentou. A Bahia avermelhou-se com o petismo e pode, agora, estar mudando de rota, ao menos em Salvador… Nesse tempo, dez anos de petismo no poder redefiniram de maneira dramática os alinhamentos partidários, ideológicos etc.
Infelizmente, muito pouco se fez e se faz para mudar essa realidade. Os fatos vão a jato. A Justiça, de liteira. É… Dá para entender quando alguns reclamam da suposta "celeridade" (parece piada!) do processo do mensalão. Só sete anos, né:, desde que o escândalo veio à tona. A gente está acostumado a pelo menos 12 — podendo recorrer, é claro!
Por Reinaldo Azevedo
Tags: José Roberto Arruda, Justiça
Share on Tumblr
NENHUM COMENTÁRIO
20/08/2012 às 21:13
Greves: Polícia Rodoviária Federal anuncia paralisação
Por Tai Nalon, na VEJA Online:
Os policiais rodoviários federais iniciaram nesta segunda-feira paralisação de pelo menos cinco dias para pressionar o governo por reajuste salarial, mudanças em plano de carreira, entre outros benefícios. A greve terá adesão progressiva ao longo da semana, segundo a FenaPRF (Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais).
De acordo com a entidade, 24 sindicatos estaduais ficarão paralisados até um dia depois de reunião com o Ministério do Planejamento, marcada para quinta-feira. O governo tem oferecido aos grevistas um teto de 15,8% de aumento salarial escalonado em três anos, mas a categoria, além de reajuste, tem como pauta principal uma reforma no plano de carreira.
"Se o governo, na próxima quinta-feira, nos oferecer os mesmos 15,8% que já ofereceu, vamos permanecer paralisados", disse Fabiano Viana, diretor de comunicação da FenaPRF.
Até o momento, apenas policiais de três estados cruzaram os braços: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os demais sindicatos aguardam trâmites burocráticos para iniciar a greve. A ideia é que até o dia 23 todas as entidades estejam paralisadas.
Emergência
Segundo o comando de greve, agentes da polícia rodoviária atenderão somente a casos de emergência, como acidentes com vítimas, obstrução de vias e crimes com flagrantes. Fiscalizações de fronteira, controle de tráfego e outras atribuições da função serão temporariamente suspensas.
Na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) proibiu as operações-padrão da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. O ministro Napoleão Nunes Maia Filho determinou uma multa diária de 200.000 reais às entidades sindicais das categorias que desrespeitarem a decisão.
Segundo informações do STJ, o ministro manifestou em sua decisão que as operações padrão são uma tática que provoca perturbações no desempenho das atividades administrativas. Mesmo considerando legítimas as reivindicações da categoria, Maia Filho ressaltou que a condição de servidor público "agrega responsabilidades adicionais".
Por Reinaldo Azevedo
Tags: greve de servidores federais, servidores federais
Share on Tumblr
7 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 21:10
A CPI e o laranjal de R$ 500 milhões que os governistas não querem investigar
Por Tai Nalon, na VEJA Online:
Incomodados com a resistência da ala governista da CPI do Cachoeira em investigar a influência da Delta nos estados, parlamentares prepararam um estudo que indica a existência de mais tentáculos da empresa com laranjas. Conforme o levantamento, os repasses da Delta para empresas de fachada ultrapassam 400 milhões de reais – e podem, segundo os congressistas, somar mais de 500 milhões em vários estados. A quantia teria sido movimentada a partir de 2008.
Parlamentares da oposição devem usar esses números nesta semana para mais uma vez tentar convencer o presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB-PB), e o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), a mudarem o foco das investigações. Desgastada pelo silêncio de testemunhas, a CPI não consegue trazer fatos novos que ajudem a desmontar o esquema gerenciado pelo contraventor. O estudo enumera mais de 40 empresas supostamente de fachada ,cujos sigilos bancários deveriam ser quebrados para, então, rastrear o destino dos repasses.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: CPI do Cachoeira
Share on Tumblr
5 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 19:11
Ao vivo, debate na VEJA.com
Começou o debate na VEJA.com, ao vivo. Você pode mandar perguntas pelo twitter @veja. Assista aqui: http://veja.abril.com.br/ao-vivo/
Por Reinaldo Azevedo
Share on Tumblr
17 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 17:48
Debate na VEJA.com daqui a pouco
Está previsto para as 19h o início do debate na VEJA.com. Augusto Nunes, Marco Antonio Villa, Roberto Podval e eu conversaremos sobre o julgamento e as últimas confusões no Supremo. Vejam depois o link aqui no blog.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Mensalão
Share on Tumblr
13 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 17:46
Britto anuncia que vai tratar de petição de advogados contra voto fatiado depois da leitura do voto de Barbosa
O ministro Ayres Britto, presidente do STF, já anunciou que, tão logo Joaquim Barbosa conclua o seu voto, vai tratar de uma petição entregue por um grupo de advogados, liderado por Márcio Thomaz Bastos, que protesta contra o chamado "voto fatiado" dos ministros. Os defensores afirmam que o devido processo legal está sendo desrespeitado e que o processo assume características de julgamento de exceção.
Vamos ver. Se os senhores ministros não estiverem com os meridianos ajustados, a coisa pode pegar fogo, até porque há alguns ali que realmente pensam assim, notadamente Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio de Mello. O que "causa espécie" — para empregar expressão a que Lewandowski costuma recorrer — é o fato de que o tribunal já se pronunciou a respeito. Por maioria, havia decidido que cada ministro leria seu voto como quisesse, já que o ministro revisor se mostrava irredutível na decisão de ler o seu texto de uma vez. Advertido para o fato de que acabaria falando antes do relator, ele então concedeu em também fatiar o seu voto.
A Suprema Corte falou, causa finita est? Que nada! Lá vai o tribunal perder tempo de novo, obrigado a debater o já debatido. Não há nada no regimento que impeça a divisão dos votos. De modo nenhum está havendo cerceamento do direito de defesa. O país é que está sendo cerceado no seu direito de assistir a um julgamento sem chicanas.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Mensalão
Share on Tumblr
29 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 17:30
Lewandowski só deve começar a o seu voto na quarta-feira
Ricardo Lewandowski não deve começar a ler hoje o seu voto sobre o Item III da denúncia. Na volta do intervalo, Joaquim Barbosa continua com a palavra para concluir o subitem III.3, que trata dos recursos do fundo Visanet transferidos para a agência de Marcos Valério. Nesta semana, estão previstas sessões para quarta e quinta. A coisa vai longe.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Mensalão
Share on Tumblr
4 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 16:20
Dinheiro privado coisa nenhuma!
Joaquim Barbosa acaba de demonstrar que os recursos do fundo Visanet eram, sim, públicos, não privados, como sustentou a defesa. Barbosa acaba de citar trechos do relatório de auditoria interna do Banco do Brasil que demonstra que Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, foi o principal responsável pela transferência de recursos do fundo para a agência DNA, de Marcos Valério.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Henrique Pizzolato, Mensalão
Share on Tumblr
32 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 16:16
Otários roubam um dos restaurantes do coruscante Kakay
Ladrões arrombaram na madrugada desta segunda o restaurante Expand, em Brasília, de que o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, é sócio — ele também é dono do Piantella. No processo do mensalão, Kakay é defensor de Zilmar Fernandes, sócia do publicitário Duda Mendonça. Os ladrões levaram uma TV e bebidas.
Kakay tratou a coisa bom humor e saudou o fato de que a sua adega de 20 mil garrafas permaneceu intacta, onde há vinhos, destacou, que custam mais de R$ 20 mil.
Interessante o estilo coruscante de Kakay, não é mesmo? Ele consegue demonstrar que os bandidos são mesmo uns otários. Mais um pouco, sai em defesa dos meliantes…
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Antônio Carlos de Almeida Castro
Share on Tumblr
47 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 15:35
Barbosa pede a condenação de Pizzolato, do Banco do Brasil, por peculato — e deve acrescentar também corrupção passiva
Recomeçou o julgamento do mensalão. Joaquim Barbosa continua a leitura de seu voto. Ele se concentra no Capítulo III da denúncia, cuja síntese está aqui.
Ele vai ler hoje os itens III.2 e III.3. O primeiro trata da apropriação, pela DNA Propaganda, das chamadas "bonificações de volume" — descontos que eram fornecidos por empresas de comunicação para a veiculação de anúncios do Banco do Brasil. O contrato obrigava a agência a devolver esse dinheiro ao banco, o que não foi feito. O valor é superior a R$ 2,9 milhões. Nesse subitem, são acusados de "peculato" Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Marcos Valério e seus sócios na agência DNA, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz.
O subitem III.3 é o mais importante. Diz respeito aos repasses de R$ 73 milhões do fundo Visanet para a agência DNA. O fundo tinha gestão privada, mas o Banco do Brasil era um dos sócios. O dinheiro foi antecipado à agência de Valério, mas se desconhece o serviço prestado. Nesse caso, Pizzolato é acusado de peculato e corrupção passiva, e Valério e seus sócios, de peculato e corrupção ativa.
Assim que Barbosa concluir o item III.3 — vamos ver a que hora —, o revisor, Ricardo Lewandowski, começa a ser o seu voto.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Henrique Pizzolato, Marcos Valério, Mensalão
Share on Tumblr
21 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 14:31
Economistas projetam PIB ainda menor e aumento da inflação
Na VEJA.com:
Economistas ouvidos pelo Banco Central (BC) para o relatório Focus desta semana rebaixaram sua previsão para o crescimento da economia brasileira este ano para 1,75% (ante 1,81% há uma semana atrás) e, ao mesmo tempo, aumentaram a projeção para a inflação oficial. A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 passou de 1,81% na semana passada para 1,75% agora – terceira revisão para baixo, o que reforça a tese do governo de que é preciso fazer alguns movimentos para driblar o mau tempo. Para 2013 é esperado PIB de 4%, mesma previsão da semana anterior.
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff anunciou o primeiro dos pacotes de melhorias do custo Brasil e estímulo à economia, o PAC das Concessões. O programa contempla investimentos da ordem de 133 bilhões de reais em 25 anos, sendo 79,5 bilhões de reais apenas nos primeiros cinco anos. Entre o quinto e o vigésimo ano serão realizadas inversões no valor restante de 53,5 bilhões de reais.
Outros pacotes ainda estão por vir e englobam desoneração de mais setores da economia e redução de encargos para o setor elétrico.
Inflação
A média das expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 5,15% nesta semana contra 5,11% há sete dias e 4,92% há um mês. Esta é a sexta vez consecutiva que os analistas ouvidos pelo BC aumentam suas projeções. Para próximo ano a expectativa para o IPCA continua na casa de 5,5%. A meta da inflação oficial é de 4,5% ao ano.
A Selic, taxa de juros referencial brasileira, ainda é esperada para terminar o ano em 7,25% e subir para 8,38% no ano que vem. Há uma semana, a previsão para a Selic em 2013 era de 8,5%.
No dia 15 de agosto, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, disse que a autoridade monetária trabalha com a perspectiva de convergência da inflação para a meta. "Os acadêmicos focam mais no longo prazo e nós focamos no curto prazo", disse o diretor, acrescentando que para o curto prazo o BC vê a inflação convergindo para a meta.
Indústria e câmbio
A produção industrial é uma das mais cotadas a ser o peso negativo no PIB brasileiro este ano. Os economistas ouvidos pelo BC projetaram pela 12ª semana consecutiva mais baixas para a indústria, que sofre com a crise internacional e a queda da demanda externa. Agora, a expectativa é queda de 1,20% na produção industrial neste ano contra ano passado. Na semana passada a previsão era de -1% e, há um mês, de -0,04%.
A projeção para o câmbio, porém, permanece em 2 reais para este ano e 2013.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: crescimento, economia
Share on Tumblr
31 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 6:27
"O País dos Petralhas II – O inimigo agora é o mesmo" já está chegando
Começa a chegar às livrarias no dia 28 de setembro "O País dos Petralhas II – O inimigo agora é o mesmo" (Editora Record), quarto livro deste escriba. Os outros são "Contra o Consenso", "O País dos Petralhas" e "Máximas de Um País Mínimo".
Trata-se, como já disse tantas vezes, de um livro escrito em coautoria com os leitores do blog. Afinal, nessa profissão, a gente escreve mesmo é para ser lido. É evidente que os temas vão surgindo no diálogo diário que mantenho com vocês. Neste fim de ano e início do próximo, faremos lançamentos em algumas cidades Brasil afora, mais uma oportunidade de manter contato com os leitores, o que é sempre muito agradável.
Para mim, é sempre um momento muito especial. Quando lancei este blog, no dia 24 de junho de 2006, os petralhas vieram pra cima: "Não vai durar dois meses! Quem está interessado em ler o que você escreve?". Pois é… "O País dos Petralhas II" é o terceiro livro publicado sob os auspícios desta página. Ah, sim: milhares de pessoas renovam seu interesse pelo blog todos os dias!
Mais livros
Já publiquei um post a respeito no sábado e volto a recomendar: leiam "A Queda – As Memórias de Um Pai em 424 Passos", de Diogo Mainardi. É um livro estupendo! Ainda falarei mais a respeito. Há muito tempo uma obra não me mobilizava tanto. Diogo, aliás, é o entrevistado de hoje no programa "Roda Viva", da TV Cultura.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Diogo Mainardi, O País dos Petralhas II, Reinaldo Azevedo
Share on Tumblr
113 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 6:21
Uma questão para Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski. Ou: Chamando quatro ministros na chincha
Tio Rei gosta de lógica. É viciado em Hollywood e em lógica. Ele lastima o primeiro vício e se orgulha do segundo. Curiosamente, os dois são alvos de segregação hoje em dia. "Vá fumar lá fora!" Tá bom, vou, sei que não faz bem. Os fumantes passivos podem ser muito ativos nessas horas. Mas é sempre constrangedor quando alguém diz: "Vá pensar lá fora! Não venha contaminar o ambiente das pessoas saudáveis". Não vou, não! Vou ficar aqui mesmo. E quero bater um papo com três ministros do Supremo em particular: Carmen Lúcia, Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello. Por que os três? Porque eles são também membros do Tribunal Superior Eleitoral, que é a nossa corte suprema para assuntos que dizem respeito às eleições. E eu terei de chamar os três na chincha — no Sul, se diz "cincha".
Do que está a falar este Reinaldo Azevedo? Está a falar dos fatos!
Vocês acompanharam as defesas dos réus dos mensalão. Todos os advogados dos acusados tentaram provar por A mais B que aquela lambança não passou de caixa dois de campanha, "mero" crime eleitoral. Destaque-se uma obviedade já comentada aqui e nos debates online que temos feito na VEJA.com, a saber: ainda que todo o dinheiro amealhado houvesse mesmo sido usado em caixa dois de campanha, em que isso muda a realidade? Só a torna tudo mais grave. De que dinheiro estamos falando? Daquele do fundo Visanet, por exemplo? Aquilo era grana pública! Roubalheira mesmo! O nome no Código Penal é "peculato".
Mas digamos que os ministros estejam dispostos a flertar com essa hipótese. É nessa hora que me ajeito aqui na cadeira, em sinal de respeito, envergo a beca para falar com aqueles três brasileiros de toga: Carmen Lúcia, Dias Toffoli e Marco Aurélio.
Começarei com algumas considerações gerais, e acho que os preclaros não terão como discordar. Digamos (a tese é falsa, reitero!) que tudo não tivesse passado de crime eleitoral e já tivesse sido prescrito. O crime prescrito ainda assim é um crime praticado, certo? Há alguém no vasto mundo do direito que diria que estou errado? O que é a prescrição? É só a perda do poder de ação do Estado em razão da inércia processual. Afinal, esse Estado não pode ter indefinidamente um denunciado na geladeira à espera de uma providência. Assim, um crime prescrito jamais deixará de ser, na ordem dos fatos, um crime. Apenas não haverá mais tempo para que o "agente do fato típico" seja alcançado pela mão forte do Estado, o único autorizado a definir e a executar as punições de seus cidadãos. Com a prescrição, é bom notar, quem acaba punido pela inércia é o Estado — e, pois, os indivíduos.
"Sim, Reinaldo, quer chegar aonde?"
Na parte lida de seu voto, Joaquim Barbosa já começou a desmontar de maneira que me parece inquestionável a tese do caixa dois. Mas, reitero, ainda que ela fosse sustentável, aqueles três ministros — na verdade, quatro (já explico) — estão legal e moralmente obrigados a repudiá-la. Carmen Lúcia, Dias Toffoli e Marco Aurélio, ministros do TSE, estão no topo do funcionalismo e devem servir de exemplos à administração pública, cujos princípios basilares podem ser sintetizados por uma sigla: "LIMPE" — vale dizer, Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Se aceitarem que aquela roubalheira toda foi "crime eleitoral", estarão, então, a dizer que o crime compensa quando ganha roupagem eleitoral.
O crime compensa ou deve compensar, ministra Carmen Lúcia?
O crime compensa ou deve compensar, ministro Dias Toffoli?
O crime compensa ou deve compensar, ministro Marco Aurélio?
Entendo que os três ministros do Supremo que integram o TSE estão moral e eticamente impedidos de aderir à tese do crime eleitoral, ainda que ela fosse juridicamente defensável (não acho que seja).
Vai aqui uma reflexão para Carmen Lúcia, ministra do Supremo e presidente do TSE — será ela a presidir as eleições —, e também para dois outros membros do STF que estão no Tribunal Superior Eleitoral: Dias Toffoli e Marco Aurélio. Afinal, o que fazem por lá? Será que punem os tolos, os malandros malsucedidos, os distraídos, para, no STF, incensar os "espertos"? Carmen Lúcia vai presidir o processo eleitoral deste ano. Com que espírito? "Ah, o crime eleitoral é coisa pequena, é coisa menor…" Não eles! Ainda que a mentira fosse verdadeira, seria, então, a verdade a cobrar dos ministros uma providência; sendo as coisas como são, é a mentira que tem de ser coibida.
Ricardo Lewandowski, que lê hoje parte do seu voto, era ministro do TSE até outro dia. Também a ele se deve perguntar que tipo de país deseja.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Carmen Lúcia, José Antônio Dias Toffoli, Marco Aurélio Mello, Mensalão
Share on Tumblr
68 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 6:19
Márcio Thomaz Bastos tenta, de novo, melar o jogo
Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça quando estourou o caso do mensalão, é advogado de um dos réus. Só isso já renderia pano pra manga, não é mesmo? Até hoje não encontrei um só operador do direito, pouco importa a sua ideologia ou o que pensa do processo, que ache isso normal e corriqueiro. Não é um qualquer. Bastos é visto como um organizador da defesa, embora ele próprio tenha exibido um raciocínio um tanto confuso e desorganizado quando lhe foi dada a chance de defender José Roberto Salgado, um dos diretores do Banco Rural.
Como todos vimos, a questão de ordem que apresentou no começo do julgamento ocupou todo o primeiro dia, atrasando o cronograma. O tribunal se viu na circunstância ridícula, então, de votar matéria já decidida. "Deus" — como é chamado por alguns de seus pares — queria desmembrar o processo, enviando para a primeira instância os réus sem prerrogativa de foro. Não vou me estender sobre esse particular agora (já escrevi muito a respeito), mas que se saliente outra vez: a decisão tomada pelo Supremo é legal. Ponto.
Informa o Estadão na edição desta segunda que o doutor organizou boa parte dos advogados de defesa para se insurgir contra outra decisão tomada pelo STF: o chamado voto fatiado. Leiam o que informam Fausto Macedo e Felipe Recondo. Volto em seguida.
"Os advogados dos réus do mensalão insurgiram-se contra o fatiamento do julgamento no Supremo Tribunal Federal. Em petição que será protocolada hoje no gabinete do presidente da Corte, Ayres Britto, os principais criminalistas constituídos pela defesa sustentam que a fragmentação — proposta pelo ministro relator, Joaquim Barbosa — seria uma 'aberração' e configuraria 'julgamento de exceção'.
É a mais pesada reação dos bacharéis contra a decisão do Supremo de dividir o julgamento da ação por capítulos, personagens e crimes, em vez de cada ministro ler seu voto sobre o processo de uma só vez. Os advogados chamam de 'obscura' a ordem estabelecida, 'que afronta o postulado do devido processo legal, bem como os dispositivos do Regimento Interno do STF'.
Os advogados reivindicam esclarecimentos sobre o rito a ser adotado nas próximas sessões plenárias, o roteiro de votação e o cálculo de penas, no caso de condenações. 'Reiterando sua preocupação com a realização de um julgamento de exceção, pedem deferimento', diz o texto. A ofensiva dos advogados, sem paralelo na história da Corte, vai provocar impacto na cúpula do Supremo, pois coincide com a posição de parte dos ministros. A exemplo dos defensores, esses integrantes do STF se declaram confusos com os rumos do julgamento. 'Nem sei quando vou poder votar', admitiu o ministro Marco Aurélio Mello. Cópias da petição também serão entregues a alguns ministros, além do protocolo no gabinete de Ayres Britto. A estratégia é que um dos magistrados se manifeste na sessão de hoje sobre a manifestação dos advogados.
Autoria A petição foi pensada e redigida pelo criminalista Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça no governo Lula, defensor do executivo José Roberto Salgado, do Banco Rural. Com 53 anos de experiência, Thomaz Bastos declara 'respeito e apreço' a todos os ministros. O texto contém argumentos técnicos e trata a Corte com reverência. Subscrevem o manifesto cerca de 20 advogados, como José Luís Oliveira Lima (que defende o ex-ministro José Dirceu), Luiz Fernando Pacheco (José Genoino, ex-presidente do PT), Arnaldo Malheiros Filho (Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT) e Antônio Cláudio Mariz de Oliveira (Ayanna Tenório, ex-dirigente do Rural). (…)
Voltei
É claro que se trata de uma pressão para emperrar o julgamento e para inviabilizar o voto do ministro Cezar Peluso. Ele se aposenta no dia 3 de setembro. Vamos ver que encaminhamento o ministro Ayres Britto dará ao documento. Está em curso o esforço para pespegar no STF a pecha de tribunal de exceção, já anunciei aqui.
O fatiamento não é antirregimental coisa nenhuma! Barbosa não surpreendeu ninguém. Ele segue os passos do recebimento da denúncia. Então por que a braveza e essa conversa mole? Porque o voto do relator, do modo como decidiu proferi-lo, recupera a atuação das personagens, rememora circunstâncias, estabelece os devidos liames entre as várias atuações. Ora, os ministros que discordam são livres para dizer o que pensam. O que está pegando, então? A firme disposição de melar o jogo. Mais uma vez!
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Marcio Thomaz Bastos, Mensalão
Share on Tumblr
69 COMENTÁRIOS
20/08/2012 às 6:15
STF chega a ponto crucial do julgamento do mensalão
Por Flávio Tabak, no Globo:
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta segunda-feira o julgamento do mensalão já se preparando para um embate que envolve uma das questões centrais da acusação do Ministério Público: atestar se o esquema operado por Marcos Valério desviou recursos públicos para corromper parlamentares. O tema vai à votação logo após o plenário decidir se confirma a condenação do deputado João Paulo Cunha (PT), ex-presidente da Câmara, por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, como defendeu o relator, ministro Joaquim Barbosa.
A acusação contra Cunha está no item 3.1 da denúncia. Os itens 3.2 e 3.3 serão os próximos a serem submetidos à Corte pelo relator, que prometeu seguir a ordem do recebimento da denúncia pelo STF em 2007. Nos dois itens, estão as denúncias de desvio de recursos do Banco do Brasil no fundo Visanet para a agência DNA Propaganda, de Valério. Em agosto de 2007, quando aceitaram a denúncia, alguns ministros disseram, em plenário, que havia indícios fortes sobre o uso de dinheiro público. A defesa dos réus sustenta, porém, que o dinheiro é privado. Alega que o fundo Visanet é integrado por várias instituições financeiras, entre elas o BB.
O ministro Carlos Ayres Britto, hoje presidente do STF, disse à época que o dinheiro da Visanet era público. Cinco anos depois, com o decorrer da ação penal, Britto pode mudar de opinião, como qualquer ministro. Mas sua argumentação era clara: "Do que se trata aqui? De uma aplicação do Banco do Brasil no fundo Visanet. (…) Esse dinheiro, para fins penais, oriundo de uma economia mista, é público, inclusive para efeito de controle. E o dinheiro público não se despubliciza, não se metamorfoseia em privado pelo fato de ser injetado numa pessoa jurídica totalmente privada, como é a Visanet. O dinheiro continua público a despeito de sua movimentação por uma empresa privada".
Relator perguntou sobre origem da verba
Britto terminou sua fala com um comentário sobre o mau uso do dinheiro público: "Concluo, sem querer adiantar juízo de mérito, absolutamente, mas impressionado com a facilidade com que são movimentados, aqui no Brasil, tantos recursos públicos e sem contrato, sem comprovação".
Não à toa, o assunto foi o único escolhido por Barbosa para questionar um advogado durante as sustentações orais da defesa na primeira parte do julgamento este mês. Marthius Sávio Cavalcanti Lobato, defensor de Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, teve que responder, surpreso, sobre a origem dos recursos do Visanet destinados à DNA e depois repassados a políticos ligados ao governo.
Em seu voto, ao receber a denúncia há cinco anos, Barbosa disse que os recursos do Visanet têm raiz pública: "Provinham do Banco do Brasil, que tem natureza de sociedade de economia mista, a qual, não obstante seja pessoa jurídica de direito privado, integra a administração indireta, opera com dinheiro público e está submetida ao controle do Tribunal de Contas da União".
Gilmar Mendes foi outro ministro que, antes da instrução processual, disse crer que os recursos eram públicos. Ao votar sobre o recebimento do item 3.2, disse: "Tive dúvidas porque, na defesa, falava-se inicialmente sobre os recursos da Visanet e o seu caráter estritamente privado. Mas, ainda e, nessa condição, seriam recursos públicos. Acompanho o relator".
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Mensalão
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/no-brasil-os-fatos-vao-a-jato-e-as-decisoes-da-justica-de-liteira-ai-e-a-vida-de-boa-parte-dos-brasileiros-que-emperra/
Share on Tumblr
9 COMENTÁRIOS
19/08/2012 às 6:17
LEIAM ABAIXO
— Enfim, um diagnóstico lúcido sobre o desastre do ensino público fundamental e médio no Brasil. Ou: Reformando o ensino com parede cor-de-rosa, teatro e tablets… Funciona? É claro que não!;
— Cotas – Flagrado no erro, Gaspari faz o quê? Ora, sai ofendendo quem acertou! Faz sentido!;
— Documentos oficiais liberados provam que Dirceu sempre estava no controle de tudo – até das pessoas investigadas;
— Uma queda para o alto – Um livro para comprar hoje, agora!;
— Caio Blinder, Diogo Mainardi e eu, hoje, na Hebraica, com transmissão pela Internet;
— A minha versão do filme "2012": Os mensaleiros, essa conspiração de honrados, têm de ter lugar reservado na Arca que vai salvar a humanidade;
— Marco Aurélio Mello perde de vez o pudor e volta a atacar seus colegas de tribunal: o alvo da hora é Ayres Britto, presidente do Supremo;
— A Rússia é aqui – PF quer punir delegado que investigou mensalão e que afirmou que Dirceu liderou esquema de lavagem de dinheiro. Cuidado, bandas de rock! Dirceu é nosso Putin!;
— Empresa do "Ronaldinho" de Lula deve R$ 6,1 milhões e enfrenta situação difícil;
— O homem que tinha acesso irrestrito ao Palácio do Planalto, quando Lula era presidente, "em qualquer tempo e qualquer circunstância";
— Ministro da Saúde é acusado de improbidade administrativa;
— Marcos Coimbra, o homem do Vox Populi, deveria é ser réu do mensalão, em vez de estar por aí "pousando" de pensador;
— Greve: País é refém das divisões internas do PT e dos braços cruzados de Lula
Por Reinaldo Azevedo
Share on Tumblr
19/08/2012 às 6:07
Enfim, um diagnóstico lúcido sobre o desastre do ensino público fundamental e médio no Brasil. Ou: Reformando o ensino com parede cor-de-rosa, teatro e tablets… Funciona? É claro que não!
O governo divulgou na semana passada o resultado do Ideb, que avalia o ensino fundamental e médio. Comentei o desastre aqui em alguns posts. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, no entanto, comemorou. Compreendo.
A presidente Dilma Rousseff, como sabem, está prestes a endossar uma lei verdadeiramente criminosa aprovada pelo Congresso: a reserva de 50% das vagas das universidades federais para alunos egressos da escola pública, segundo a cor da pele dos estudantes. Pesquisa recente demonstra que nada menos de 4% dos universitários brasileiros são semialfabetizados, e escandalosos 38% não são plenamente alfabetizados. É a tragédia da escola pública fundamental e média se alastrando célere no terceiro grau. Sancionada a lei — Dilma e Mercadante a aprovam —, a universidade pública estará condenada a funcionar como curso supletivo, destinado a suprir as deficiências do ensino nas etapas anteriores. Pior: diminuirá enormemente a pressão em favor da melhoria da escola pública.
Muito bem! As Páginas Amarelas de VEJA desta semana trazem uma entrevista com João Batista Araújo de Oliveira, especialista em educação que põe os pontos no "is". Voltarei a este assunto (espero que Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio de Mello não abusem excessivamente da nossa paciência) para discutir por que, afinal de contas, o Brasil tem feito tudo errado nessa área. Destaco algumas frases de Oliveira:
Qualidade do professor:
"Desde a década de 60 há um rebaixamento do nível do pessoal, e a qualidade do ensino depende essencialmente do professor."
Palavrório pedagógico
"As escolas têm um punhado de papéis reunidos sob o nome de 'proposta político-pedagógica', seja lá o que isso queira dizer: começa com uma frase do Paulo Freire e termina citando Rubem Alves."
Programa de ensino
"É preciso ter um programa de ensino: afinal, se você não sabe o que ensinar, como vai saber o que avaliar?"
Premiar e punir
"É preciso premiar quem faz direito e punir quem não faz. Hoje, o único punido no sistema de ensino brasileiro é o aluno reprovado. Isso é covardia."
Pedagogos demais, gestores de menos
"O problema é que as escolas e as secretarias de Educação estão povoadas de pedagogos, e não de gestores."
Idiotia deslumbrada
"Porque no Brasil o que importa é acessório. O legal é colocar xadrez na escola, é ensinar teatro. O brasileiro vai à Finlândia e acha que o sucesso da educação daquele país se deve ao fato de que as paredes das escolas são pintadas de rosa."
Enem
"Ficamos com esse troço que ninguém sabe o que é. O Enem não tem a menor importância."
Tablets nas escolas
"Nenhum país conseguiu melhorar a educação a partir do uso da tecnologia. (…) Não adianta colocar ingredientes certos na receita errada."
Verba para educação
"Desde 1995, o salário do professor quintuplicou no Brasil, mas não houve avanço no desempenho do ensino. Então, aumentar uma variável só não vai mexer no resultado."
Educação em 2021
"Estaremos no mesmo patamar. Não há nenhuma razão para pensar que será diferente."
Leiam trechos da entrevista. A íntegra está na revista. Por Nathalia Goulart:
Há décadas governos estaduais, municipais e federal se vangloriam de suas escolas-modelo, unidades que recebem toda a atenção da administração de plantão e que, por isso, se destacam dos demais colégios públicos pela excelência. Os governantes deveriam, na verdade, se envergonhar da situação, afirma o educador João Batista Araújo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, ONG dedicada à educação. O argumento do especialista é simples: "As escolas-modelo são exceções. A regra, como sabemos, são as demais escolas do Brasil". Para incentivar governos a corrigir a distorção. Oliveira criou, em parceria com a Gávea Investimentos e a Fundação Lemann, o Prêmio Prefeito Nota 10, que vai dar 200 mil reais a administradores municipais cuja rede de ensino fundamental obtenha a melhor avaliação na Prova Brasil, exame federal que mede a qualidade do ensino público no ciclo básico. Escola-modelo, portanto, não conta. "Não adianta o prefeito falar que tem duas escolas excepcionais se as demais não acompanham esse nível. Queremos premiar o conjunto." Confira a seguir a entrevista que ele concedeu a VEJA.
O MEC divulgou nesta semana os resultados da Prova Brasil, que mostra o nível de aprendizado das crianças no ciclo fundamental das escolas públicas. Como o senhor avalia os resultados?
Eles foram divulgados com grande fanfarra, mas não há nenhuma justificativa para isso. Se você analisa a questão no tempo, percebe que existe estagnação. Há um ponto fora da curva, os resultados divulgados em 2010. Mas eles não foram corroborados neste novo exame, e já esperávamos isso. Estamos onde estávamos em 1995. Há uma melhora bem pequena nos anos iniciais da escola, e pouquíssima variação nas séries finais e no ensino médio. Os gastos em educação aumentaram — e muito — e foram criados muitos programas, mas isso não tem consistência suficiente para melhorar a qualidade do ensino. Então, temos duas hipóteses para a estagnação: ou os programas criados são bons, mas não foram bem executados, ou são desnecessários e não trouxeram benefício algum.
Especialistas, entre os quais o senhor, pregam que uma reforma educacional eficaz se faz com receitas consagradas — ou seja, sem invencionices. Quais são os ingredientes para o avanço?
O primeiro é uma política para atrair pessoas de bom nível ao magistério. Desde a década de 60 há um rebaixamento do nível do pessoal, e a qualidade do ensino depende essencialmente do professor. O segundo ingrediente é a gestão do sistema. Uma boa gestão produz equidade: todas as escolas de uma mesma rede funcionam segundo o mesmo padrão. Hoje, unidades de uma mesma rede estadual ou municipal apresentam desempenhos díspares. O terceiro é a existência de um programa de ensino estruturado, que falta ao Brasil. As escolas têm um punhado de papéis reunidos sob o nome de "proposta político-pedagógica", seja lá o que isso queira dizer: começa com uma frase do Paulo Freire e termina citando Rubem Alves. Os governos de todos os níveis abriram mão de manter uma proposta de ensino, detalhando o que os alunos devem aprender em cada série. O quarto ingrediente é um sistema de avaliação que possa medir a evolução do aprendizado. Para isso, porém, é preciso ter um programa de ensino: afinal, se você não sabe o que ensinar, como vai saber o que avaliar? De posse de bons profissionais, gestão, programa de ensino e métodos de avaliação, acrescenta-se o último ingrediente, um sistema de premiação e punição. Algumas redes começam a pensar em um sistema de premiação, mas não adianta só dar incentivo. É preciso premiar quem faz direito e punir quem não faz. Hoje, o único punido no sistema de ensino brasileiro é o aluno reprovado. Isso é covardia. Nada acontece com professor, diretor, secretário de Educação, prefeito ou governador quando eles falham.
(…)
Por que é tão difícil levar a qualidade das escolas-modelo para toda a rede de ensino?
Porque no Brasil o que importa é acessório. O legal é colocar xadrez na escola, é ensinar teatro. O brasileiro vai à Finlândia e acha que o sucesso da educação daquele país se deve ao fato de que as paredes das escolas são pintadas de rosa. Na volta ao Brasil, ele quer pintar todas as escolas daquela cor. Depois, ele vai à Franca, onde vê um livro que julga importante e decide introduzi-lo nas escolas daqui… Em vez de olharmos o que os sistemas de ensino daqueles países têm em comum, olhamos exatamente para o que há de diferente neles, como se isso fosse a bala de prata da educação. Por isso gestão é tão importante: é preciso focar o DNA da escola e deixar de lado o que é periférico. O problema é que as escolas e as secretarias de Educação estão povoadas de pedagogos, e não de gestores. Não conheço uma Secretaria de Educação no Brasil que tenha um especialista em demografia, que saiba quantas crianças vão nascer nos próximos anos e, portanto, quantas escolas precisam ser abertas ou fechadas.
Há alguns meses, o MEC anunciou a aquisição de milhares de tablets para professores. O senhor vê isso com bons olhos?
É mais confete. O bom professor vai se beneficiar; o mau, não. E nem o benefício ao bom professor justifica o custo. Quando a tecnologia está atrelada ao professor, ele, o ser humano, vai ser sempre o fator limitante. Nenhum país conseguiu melhorar a educação a partir do uso da tecnologia. Não estou dizendo que a tecnologia seja ruim. Ela tem potencial, desde que seja usada no contexto apropriado. Não adianta colocar ingredientes certos na receita errada.
A sensação generalizada é que o ensino público nacional é um desastre. É uma visão errada?
É uma visão correta. Sobretudo para as crianças pobres, que teriam na escola a única chance de ascensão social. A escola é um desastre quando analisada pela ótica das avaliações internacionais, e um desastre também do ponto de vista pessoal, individual. A única chance que um cidadão tem de melhorar de vida no Brasil é' por meio da educação de qualidade. E ela não tem qualidade para a maioria das pessoas. O número de jovens que chegam ao ensino médio é baixíssimo, e, entre estes, a evasão é uma calamidade. E o governo é incapaz de entender que há um modelo errado ali, que penaliza jovens justamente quando eles atravessam uma fase de afirmação.
O Enem foi criado como ferramenta de avaliação e aprimoramento do ensino médio. Porém, vem sofrendo mudanças para atender a outro fim: a seleção de estudantes para universidades públicas. Qual a avaliação do senhor a respeito?
Ninguém consegue servir a dois senhores. O Enem nasceu com um formato, mas transformou-se em outra coisa. Ele nasceu para ser uma prova de avaliação das competências dos jovens, mas não deu certo. Em seguida, tentou-se vender a ideia de que é uma prova seletiva, um vestibular barato. E ficamos com esse troço que ninguém sabe o que é. O Enem não tem a menor importância. A ideia de ter uma forma simplificada de ingresso à universidade é bem-vinda, mas isso não serve para todos os estudantes do ensino médio.
(…)
Tramita no Congresso o Plano Nacional de Educação, que prevê aumentar o porcentual do PIB destinado à área de 5% para 10%. A falta de dinheiro é a razão de crianças não saberem ler ou operar conceitos fundamentais de matemática?
O país deve investir em educação, mas colocar dinheiro na equação atual é jogá-lo fora. O problema mais importante é a gestão. Não adianta pôr mais dinheiro no sistema atual porque ele vai ser malgasto. É como pagar dois professores que não sabem ensinar: melhor é pagar somente um bom mestre. Temos problemas estruturais muito graves: se eles não forem resolvidos, não haverá financiamento que baste. Desde 1995, o salário do professor quintuplicou no Brasil, mas não houve avanço no desempenho do ensino. Então, aumentar uma variável só não vai mexer no resultado. A equação é mais complexa. Além disso, 10% é uma cifra descabida do ponto de vista da macroeconomia.
O país estabeleceu metas para o ensino básico até 2021. Como estará o Brasil, do ponto de vista da educação, às vésperas do bicentenário da Independência?
Estaremos no mesmo patamar. Não há nenhuma razão para pensar que será diferente. Não se muda a educação, estabelecendo metas, mas a partir de instituições. Não há milagre. Uma vez que não existe investimento nas políticas corretas, não há por que achar que teremos uma situação melhor no futuro.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Educação
Share on Tumblr
133 COMENTÁRIOS
19/08/2012 às 5:57
Cotas – Flagrado no erro, Gaspari faz o quê? Ora, sai ofendendo quem acertou! Faz sentido!
Elio Gaspari deve ter escrito o texto mais, como posso dizer?, oco de sua carreira. O curioso é que lhe deu o seguinte título: "Uma ideia para as cotas nas universidades". Eu o reproduzo abaixo. Se vocês encontrarem "a ideia", tenham a bondade de alertar os demais leitores.
O colunista, como se sabe, é um defensor entusiasmado das cotas. Como não consegue debatê-las no mérito porque não dispõe de argumentos razoáveis, então opta pela categorização dos adversários: quem é contra é "demofóbico". É o truque mais baixo — até me ocorreu adjetivo mais sujo, mas serei moderado — a que pode recorrer um debatedor: acuse aquele que diverge de não ser tão bom e humanista quanto você! Pronto! Por esse critério, até a matemática pode ser chamada de "fascista", né?
Depois que a aliada de Gaspari na causa, a deputada Eunice Lobão (PSD-MA), mulher do marido Lobão, conseguiu aprovar a lei que reserva 50% das vagas das universidades federais para alunos das escolas públicas, distribuídas segundo a cor da pele dos estudantes, este "amigo do povo" estava calado. Aí decidiu dizer o que segue em vermelho. Eu comento em azul.
Passada uma década de debate, a demofobia mobilizada contra a instituição de cotas nas universidades públicas foi derrotada. Primeiro no Supremo Tribunal Federal, que, por unanimidade, julgou-as constitucionais. Recentemente, pelo Senado, que ampliou a política de cotas com apenas uma voz contra.
Truque: diz que o Senado "ampliou a política de cotas", mas omite o que se aprovou lá. Entende-se que a única voz que resistiu ao absurdo, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), foi, então, demofóbico. Por óbvio, o senhor Elio Gaspari está a dizer que já temos um Senado Federal com 80 "demofílicos" (amigos do povo). Que bom! O Brasil está salvo! Se, segundo os critérios de Gaspari, Aloysio é um mau senador diante de 80 respeitáveis, isso diz muito de… Gaspari!
Enquanto durou o debate, as cotas eram apresentadas como prenúncio do fim do mundo. As pesquisas indicam que os cotistas tiveram desempenhos iguais ou até superiores aos dos demais.
Gaspari pode escrever o que bem entender (Artigos 5º e 220 da Constituição). Ele só não consegue mudar os fatos. As pesquisas a que se refere são capengas. Mas isso ainda é o de menos. As vagas que estavam sendo ocupadas por cotistas, e isto é apenas um fato, estavam concentradas em cursos das chamadas "humanidades", aqueles movidos a opinião, cuspe e giz. Se Dilma sancionar, como parece que o fará, a lei aprovada pelos "amigos do povo", 50% das vagas de Medicina da Unifesp (Faculdade Paulista de Medicina), por exemplo, terão de ser ocupadas, obrigatoriamente, por alunos da escola pública — metade delas (25% do total) por estudantes oriundos de famílias cuja renda per capita seja de, no máximo, 1,5 mínimo (e segundo a cor da pele, registre-se sempre). Onde está esse aluno? Como a universidade vai asseverar a verdade da informação? Onde o estudante da escola pública adquiriu os conhecimentos necessários de biologia e química, por exemplo, para acompanhar as aulas? Há as exceções? Há! Mas a lei manda a regra pra dentro das universidades. E a regra do ensino médio no Brasil foi retratada no resultado recente do Ideb.
A expansão da política de cotas poderia abrir um debate: qual a distância razoável entre a nota do aluno beneficiado e a daquele que perderá a vaga que ganharia pelo seu desempenho no vestibular. É bom que se diga: na sua essência, as cotas dão a um estudante que tirou nota mais baixa o lugar que iria para outro, que teve nota melhor. Alguma diferença tem que haver, senão a política seria inócua.
Huuuummm… Gaspari acusa os outros de "demofóbicos" porque se considera um "demofílico", um amigo do povo. "O Amigo do Povo" era justamente o nome do jornalzinho de um tarado cortador de cabeças da Revolução Francesa, Marat. Era capaz de dizer as maiores barbaridades em nome do que entendia ser a justiça. Um dia foi vítima dos próprios métodos — e a vingança chegou pelas mãos de uma mocinha… Vejam com que sem-cerimônia escreve Gaspari: "É bom que se diga: na sua essência, as cotas dão a um estudante que tirou nota mais baixa o lugar que iria para outro, que teve nota melhor. Alguma diferença tem que haver, senão a política seria inócua." Entenderam? O estudante que teve "nota melhor" se torna, então, o responsável pela parte prática da suposta justiça social. A exemplo de Marat, ele não gosta de detalhes: teria de explicar, por exemplo, por que o branco pobre que teve uma nota melhor há de ser preterido pelo negro ou mestiço pobres que tiveram nota pior. A resposta é uma só: "porque é branco, não porque é pobre, já que pobres todos são". O racismo sai da pele e vai para a veia!
Há poucas pesquisas acerca desse tema. De uma maneira geral, acredita-se que a maior distância entre a nota do não cotista barrado e a do cotista beneficiado chega a ser 1,5 ponto ou 2 pontos. Pode acontecer que um estudante tirou oito e perdeu a vaga para outro que tirou seis.
Lamento! Isso é chute! Quero saber quais são as fontes. Registro, desde sempre, que, ainda que a diferença fosse de 0,1, haveria aí uma injustiça estúpida. Gaspari deve saber que entre Zero e 0,1 existem infinitos números, não é mesmo? Esse negócio de "de uma maneira geral, acredita-se" não é nem jornalismo de opinião. É só enrolação.
Quem acha que as cotas não devem existir pode permanecer nessa posição, mesmo sabendo que elas vieram para ficar.
Huuummm… Gaspari venceu! Ao vencedor, os 38% de quase alfabetizados das universidades brasileiras e os 4% de quase analfabetos! Parabéns! Agora, um tanto preocupado, ele vai nos convidar a remediar o leite derramado. Prestem atenção!
Quem é a favor, pode se perguntar qual é a diferença razoável. Já houve caso em que ela foi de 3,4 pontos. É razoável que alguém que tirou 7,5 perca a vaga para quem tirou 4,1?
Uai! Responda aí, valente! Que tipo de opinião é essa que tenta se revelar por interrogações! Eu acho injusto! Quando alguém que tirou 7,1 perde par alguém que tirou 7, eu vejo injustiça. Curioso o percurso argumentativo deste senhor. "Demofóbico" é todo aquele que não aceita a cota. Entendi. Logo, quem aceita é "demofílico". Mas parece que a demofilia de Gaspari tem número: até 2!!! Acima disso, ele aceita, então, ser um demofóbico também. Ou, na sua sede de categorização, passa a chamar quem discorda dele de "demagogo". O homem que, ao pensar segundo o "andar de baixo e o andar de cima", fundiu a luta de classes com a construção civil, quer agora dar um critério aritmético para a injustiça que faz justiça.
Partindo-se da premissa segundo a qual o objetivo das cotas é colocar nas universidades da Viúva alunos de escolas públicas, afrodescendentes e índios, dispensa-se o renascimento da demofobia, disfarçada na defesa de uma diferença que, ao final, barre aqueles a quem se pretende beneficiar. Com números na mesa, esse debate poderá evitar que uma política que busca a justiça social produza injustiças absurdas.
Flagrado com calças curtas, incapaz de defender a lei absurda aprovada no Senado, também não quer dar o braço a torcer. Daí esse texto nem-nem. Segundo se entende, ele acha que é preciso estabelecer, sim, uma diferença aceitável. Mas qual? Ele também não sabe. Como sempre, Marat está aí apenas para mandar cortar a cabeça daqueles que discordam dele. Ocorre que, às vezes, como é o caso, discordar de quê?
Que vexame!
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Educação, Elio Gaspari
Share on Tumblr
141 COMENTÁRIOS
19/08/2012 às 5:55
Documentos oficiais liberados provam que Dirceu sempre estava no controle de tudo – até das pessoas investigadas
Por Alana Rizzo, no Estadão:
Documentos oficiais obtidos pelo Estado – entre correspondências confidenciais, bilhetes manuscritos e ofícios – revelam os bastidores da atuação de José Dirceu no comando da Casa Civil, entre janeiro de 2003 e junho de 2005. Liberados com base na Lei de Acesso à Informação, os papéis enviados e recebidos pelo homem forte do governo Luiz Inácio Lula da Silva explicitam troca de favores entre governo e partidos aliados, intervenções para que empresários fossem recebidos em audiências e controle sobre investigações envolvendo nomes importantes da máquina pública.
Dirceu deixou o governo em meio ao escândalo do mensalão, acusado de comandar uma "quadrilha" disposta a manter o PT no poder via compra de votos no Congresso – ele é um dos 37 réus do julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal. Desde a saída do governo, mantém atuação partidária e presta serviços de consultoria a empresas privadas no Brasil e no exterior.
Uma centena de ofícios dos primeiros anos do governo Lula agora tornados públicos trata quase exclusivamente da ocupação dos cargos públicos por partidos aliados. Sob a "incumbência" de Dirceu, Marcelo Sereno, seu chefe de gabinete e braço direito, despachava indicações de bancadas, nomeações e currículos para os mais variados cargos federais.
A troca de ofícios com o então presidente do PL (hoje PR), deputado Valdemar Costa Neto, não esconde os interesses de cada um. O assunto é a negociação de cargos-chave na Radiobrás. Em ofício arquivado na Presidência com o número 345/Gab-C.Civil/PR, Valdemar indica nomes à estatal federal de comunicação e acrescenta: "Certo de que V.Exa. poderá contar com apoio integral desta Presidência e da Bancada do Partido Liberal no Congresso." Em 27 de fevereiro de 2003, Dirceu ordena que a demanda seja encaminhada ao então presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci. Valdemar viria a ser denunciado mais tarde sob a acusação de integrar a "quadrilha" do mensalão por ter recebido dinheiro do valerioduto. Hoje deputado pelo PR, o parlamentar também aguarda a sentença do STF.
(…)
Empresa
A documentação liberada revela uma ordem da Casa Civil a favor de uma empresa. Em 13 de março de 2003, a pedido de Dirceu, Marcelo Sereno intermedeia pedido de audiência de representantes da Ondrepsb Limpeza e Serviços Ltda. no Ministério da Justiça. Naquele ano, a empresa de Santa Catarina recebeu R$ 2,9 milhões do governo federal. Em 2004, ganhou R$ 3,9 milhões. Segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), a média de pagamentos dos três anos posteriores ao ofício foi 100% maior em comparação ao mesmo período que antecedeu a intervenção.
Controle
Os registros mostram ainda que Dirceu mantinha uma rede de informações que extrapolava os órgãos federais de investigação. O serviço era tocado pela Secretaria de Controle Interno. Vinculado à Casa Civil, comandado à época por José Aparecido Nunes Pires, celebrizado em 2008 por ter sido apontado como um dos autores do dossiê com dados sigilosos sobre os gastos com cartões corporativos no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os documentos indicam, por exemplo, que Dirceu teve acesso – antes do ministro da Justiça da época, Márcio Thomaz Bastos – às gravações de um encontro entre o assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no Aeroporto Internacional de Brasília. Fitas e documentos relacionados ao assunto chegaram ao ex-ministro pelo então chefe da Polícia Civil do Distrito Federal, Laerte Bessa.
As imagens foram gravadas pela segurança da Infraero atendendo a uma solicitação da polícia de Brasília, em uma investigação sigilosa. Só após passar pelo crivo de Dirceu é que a investigação foi remetida a Thomaz Bastos, hoje advogado de um dos réus do mensalão, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, e ex-defensor de Cachoeira. Questionada pela reportagem, a Casa Civil confirmou que dois agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) faziam na época parte da estrutura da Casa Civil e estavam subordinados ao então ministro.
Nota
Em outro caso, conforme os documentos, a atual presidente da Petrobrás, Graça Foster, foi alvo de investigações tocadas pela estrutura de Dirceu. Na época, ela ocupava o cargo de secretária de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia. Adversária do grupo político do então ministro, Graça foi questionada sobre contratos da empresa do marido, Colin Foster, com a Petrobrás.
A nota técnica 23/2004, encaminhada para a então ministra da pasta, Dilma Rousseff, levanta detalhes da atuação da empresa, contratos e considera "prudente" que Dilma, hoje no comando do País, tomasse conhecimento das denúncias. O documento com timbre de "urgente" ressalta que Graça Foster participava, inclusive, do Grupo de Trabalho, instituído pela Casa Civil, encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade de utilização do biodiesel como fonte alternativa de energia.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: José Dirceu
Share on Tumblr
41 COMENTÁRIOS
19/08/2012 às 5:53
Uma queda para o alto – Um livro para comprar hoje, agora!
Diogo Mainardi está no Brasil. Participamos, diga-se, de um evento no Clube Hebraica, em São Paulo, neste domingo (veja post a respeito). Acaba de chegar às livrarias A Queda – Memórias de Um Pai em 424 Passos, publicado pela Editora Record. É o melhor livro de Diogo, um grande, um estupendo escritor! É o melhor porque é obra vivida? Sim, a gente poderia sustentar isso. E também é o melhor porque é invenção rigorosa — mas aí há um porém que põe esse livro num grupo muito restrito: sem o que Diogo viveu e vive, esse texto jamais teria sido escrito. Ainda voltarei a ele.
Reproduzo abaixo trechos da resenha escrita por Mario Sabino na VEJA desta semana. Acreditem: há muitos anos não se publica no país um livro com tal força, com tal qualidade, com tal… dureza! Volto para encerrar.
*
Um dos desenhos mais célebres do mundo faz pane do acervo da Accademia de Veneza. Trata-se do Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, em que a única figura humana é retratada em duas posições, como se houvesse fotogramas sobrepostos — dentro de um círculo (com os braços esticados à altura da cabeça e as pernas afastadas) e dentro de um quadrado (com os braços abertos na altura dos ombros e as pernas juntas), círculo e quadrado porque tidos como as formas geométricas perfeitas. O "Homem Vitruviano" parece fazer um polichinelo, aquele exercício físico banido da ginástica escolar depois de arrebentar os joelhos das gerações com mais de 40 anos. Da Vinci concebeu o desenho em tomo de 1490, a partir das considerações do arquiteto romano Vitrúvio. Um milênio e meio antes, em seu tratado De Architectura, Vitrúvio estabelecera quais seriam as proporções exatas do corpo humano, por meio de uma série de correspondências matemáticas entre as suas diversas partes.
O desenho de Da Vinci é acompanhado, na parte superior e inferior, de explicações sobre tais correspondências, a demonstrar com mais ênfase a intenção do artista de apresentar o modelo de harmonia que deveria servir de base a pintores, escultores e arquitetos. O Homem Vitruviano é raramente exposto. A última vez foi em 2009. Já sua antítese está em exposição permanente pelas vias e pontes de Veneza: Tito Mainardi, hoje com quase 12 anos, primogênito de Diogo Mainardi. Portador de paralisia cerebral, é como uma espécie de "Menino Antivitruviano" que ele protagoniza A Queda — As Memórias de um Pai em 424 Passos (Record: 152 páginas; 29,90 reais), de autoria do ex-colunista de VEJA. O livro, que chega às livrarias com uma tiragem inicial de 20.000 exemplares, é comovente pelo tema, extraordinário na forma e esplêndido como reflexão sobre a arrogância humana.
Tito é personagem conhecido dos leitores que acompanhavam semanalmente a coluna de Diogo, a mais lida da revista de 1999 a 2010, quando o escritor e jornalista resolveu encerrar espontaneamente a sua colaboração. Ele começou a pensar em escrever o livro sobre a paralisia cerebral de seu primogênito em 2008, ainda no Rio de Janeiro, para onde se mudara quatro anos antes, a conselho de médicos americanos. O veneziano Tito deveria viver num ambiente quente, onde pudesse exercitar mais as pernas. As areias de Ipanema foram seu primeiro — e ideal para quedas — campo de provas, complementadas pelas garagens térreas dos prédios da orla, nas quais o menino se esbaldava com seu andador, observado do carrinho por Nico, seu irmão carioca, hoje com 7 anos. Depois que Tito, em férias na cidade natal, alcançou 359 passos sozinho, Diogo decidiu concretizar seu projeto. Diz ele: "Só consegui, contudo, dedicar-me seriamente ao livro a partir de setembro de 2010, na volta definitiva a Veneza. Tive de renunciar à coluna em VEJA, por causa da minha cabeça limitada: sou incapaz de pensar num José Dirceu e, ao mesmo tempo, num Tintoretto. O José Dirceu emporcalha o Tintoretto". Uma das glórias de Veneza, o pintor é um dos artistas abordados por Diogo em A Queda.
A paralisia cerebral de Tito foi causada por uma obstetra que apressou o parto de maneira desastrada. O dia em que ele veio à luz — 30 de setembro de 2000 — caiu num sábado, e a médica encarregada do procedimento queria terminar seu turno de trabalho mais rápido. Para tanto, decidiu estourar a bolsa com líquido amniótico que protege o bebê. Só que, ao fazê-lo, contrariando todos os manuais de obstetrícia, Tito teve o cordão umbilical esmagado e ficou sem oxigênio. A saída, nesse caso, era realizar uma cesárea de urgência. A obstetra outra vez errou ao demorar demais para abrir o ventre de Anna, mulher de Diogo, e Tito permaneceu asfixiado por 45 minutos. O resultado foi uma lesão no cérebro que o impede de falar, andar e pegar objetos com as mãos como se faz normalmente. A lesão é tão pequena que é invisível aos exames de imagem mais modernos. Assim, não comprometeu a capacidade intelectual de Tito (…)
Em torno da paralisia cerebral de seu filho, orbitam duas narrativas que se imbricam uma na outra: a do drama familiar e a da história das ideias e de seu corolário, a arte que se quer expressão da Verdade — com "v" maiúsculo —, seja filosófica, religiosa ou ideológica.
(…)
Diogo só poderia escrever esse livro em Veneza, ainda que José Dirceu não emporcalhasse Tintoretto. Foi nessa cidade sem paralelo, que coroa a vaidade do pensamento e da arte, que Diogo se refugiou para escrever seus quatro romances. Foi nessa cidade diferente de todas as outras que ele conheceu a sua queda particular — e, nela, reconheceu as nossas aspirações evanescentes que insistem em sobreviver em quaisquer latitudes. No livro, Veneza continua a ser extraordinária, como na época de Goldoni, mas não como um tributo ao engenho humano, e sim à sua prepotência, da qual Diogo se despiu existencialmente. Diz ele a VEJA: "O nascimento de Tito me fez deixar os romances de lado porque mudou o narrador. Em meus romances, eu era o narrador onisciente, que comandava o destino de um bando de personagens idiotas. Depois de Tito, eu me tornei o personagem idiota, e meu destino passou a ser narrado por um menininho de pernas tortas que nem sabia falar. Morreu a minha soberba autoral e, sem ela, era impensável continuar a escrever romances. Dito de outra maneira: eu sempre imaginei que saberia manter um razoável controle sobre os fatos de minha vida. Tito me mostrou, porém, que eu nunca controlei porcaria nenhuma, e que a única possibilidade de livre-arbítrio ao meu alcance estava na leitura dos fatos, e não nos fatos em si".
(…)
Voltei
Caros, encerro por aqui a transcrição de trechos da resenha de Sabino. Leiam a íntegra na revista. Transcrevo o passo 82 e assim encerro este post.
Passei o dia na UTI.
Acariciei o rosto de Tito. Ele permaneceu morto. Acariciei o peito de Tito. Ele permaneceu morto. Acariciei a perna de Tito. Ele permaneceu morto. Acariciei as costas de Tito. No momento em que acariciei suas costas, deu-se o inesperado. Subitamente, ele contorceu o corpo e arqueou a coluna.
Tito ressuscitou.
Chorei por meia hora. Depois de ter chorado por meia hora, chorei por uma hora. Depois de ter chorado por uma hora, chorei por duas horas.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Diogo Mainardi, Tito Mainardi
Share on Tumblr
79 COMENTÁRIOS
« Anteriores
Últimas notícias
Descobridor do buraco na camada de ozônio diz que eventos climáticos extremos são causados pelo homem
◄ ● ● ● ● ● ►
+ Lidas
1"A crença no sobrenatural é perigosa", diz psicólogo
2Diretor de 'Top Gun' comete suicídio ao pular de ponte
3O novo EcoSport: tudo novo mesmo, e bem melhor
4Novo livro de Diogo Mainardi: uma queda para o alto
5Acompanhe o 12º dia de julgamento do mensalão
Blogs e colunistas
Radar on-line
Lauro Jardim
Política
Maquiavel
◄ ● ● ● ● ● ● ● ● ►
Seções
Avesso do Avesso
Documentos
Reinaldo Azevedo
reinaldoazevedo
reinaldoazevedo #VEJA No Brasil, os fatos vão a jato, e as decisões da Justiça, de liteira; aí é a vida de boa parte dos brasile... bit.ly/PPuQZ0
2 hours ago · reply · retweet · favorite
reinaldoazevedo #VEJA Greves: Polícia Rodoviária Federal anuncia paralisação: Por Tai Nalon, na VEJA Online:Os policiais rodoviá... bit.ly/PPi5xy
3 hours ago · reply · retweet · favorite
reinaldoazevedo #VEJA A CPI e o laranjal de R$ 500 milhões que os governistas não querem investigar: Por Tai Nalon, na VEJA Onli... bit.ly/PPi5xs
3 hours ago · reply · retweet · favorite
reinaldoazevedo #VEJA Ao vivo, debate na VEJA.com: Começou o debate na VEJA.com, ao vivo. Você pode mandar... bit.ly/NYmPvH
5 hours ago · reply · retweet · favorite
Join the conversation
Artigos em VEJA
Alternância de poder e Constituição neles! - 07/10/2009
Que Goffredo não descanse em paz - 08/07/2009
A bíblia da esquerda herbívora - 29/4/2009
Um homem sem (certas) qualidades - 11/2/2009
Que Deus é este? - 24/12/2008
Graciliano, o grande - 10/12/2008
O muro caiu, mas a amoralidade da esquerda sobrevive - 5/11/2008
O mal-estar dos "progressistas" - 24/9/2008
O DIREITO SÓ PODE SER ACHADO NA LEI - 27/8/2008
A bolacha na telinha e a nossa liberdade - 30/7/2008
As ONGs do fim do mundo - 18/6/2008
O que eles querem é imprensa nenhuma - 7/5/2008
Que falta faz um Voltaire - 2/4/2008
Fidel e o golpe da revolução operada por outros meios - 27/2/2008
O Foro de São Paulo não é uma fantasia - 30/1/2008
O pastor e o pensador - 12/12/2007
A crença na "cultura da periferia" é coisa de gente com miolo mole - 5/12/2007
Capitão Nascimento bate no Bonde do Foucault - 10/10/2007
Restaurar é preciso; reformar não é preciso - 12/9/2007
O Movimento dos Sem-Bolsa - 8/8/2007
A Al Qaeda eletrônica - 20/6/2007
Gramsci, o parasita do amarelão ideológico - 16/5/2007
Crime e castigo dentro de nós - 28/03/2007
O politeísmo de um Deus só - 28/02/2007
A seita anticapitalista e a tristeza do Jeca - 07/02/2007
Sou "doente" mas sou feliz - 27/12/2006
É preciso civilizar os bárbaros do PT - 1º/11/2006
Governante bom é governante chato - 11/10/2006
E o feio se tornou bonito... - 13/09/2006
Urna não é tribunal. Não absolve ninguém - 06/09/2006
Arquivo
OK
S T Q Q S S D
« jul
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18 19
20 21 22 23 24 25 26
27 28 29 30 31
Links Patrocinados
Advogados Desaposentação
Previdenciário Desaposentação (21)2253-9595 (21)7898-7678
www.geovanisantos.adv.br
Inove Arq&Construção
restauração e limpeza de fachadas pintura e reformas em geral
www.inovearquitetura.com
Rastreador com Seguro
Proteção em Dobro Ituran a partir de R$ 79,90/mês. Rastreador Grátis.
Ituran.com.br/Rastreador
Manchetes de VEJA
Justiça
Barbosa: repasses do BB abasteceram valerioduto
Ministro vota pela condenação do ex-diretor de marketing do banco estatal Henrique...
Corpo de Tony Scott passará por autópsia
'Guerra dos Sexos': a arte de refazer novelas
+ Lidas
1"A crença no sobrenatural é perigosa", diz psicólogo
2Diretor de 'Top Gun' comete suicídio ao pular de ponte
3O novo EcoSport: tudo novo mesmo, e bem melhor
O que foi destaque
20/0820:19
Barbosa condena Pizzolato por desvios do BB
20/0819:08
AO VIVO: acompanhe debate sobre o julgamento
20/0814:32
STF retoma julgamento hoje com voto do revisor
Publicidade
20/0812:05
Economistas projetam PIB ainda menor para 2012
20/0809:31
Planalto teme deslizes de ministros na campanha
20/0807:20
Condenada à morte, Gu Kailai tem pena suspensa
Publicidade
Serviços
TabletAndroidFacebookOrkutFoursquareTwitterGoogle+RSSNewsletterAnuncieTempoCotações
Assinaturas
Clique e saiba tudo sobre sua assinatura!
O clube que conhece e reconhece você.
Assine Veja e ganhe meses a mais!
Assine VEJA Digital e ganhe até 12 meses grátis!
Assine SUPER versão digital!
Assine CARAS por 2 anos e ganhe a coleção Petites Casseroles!
Assine EXAME e ganhe meses a mais!
Assine por 1 ano e receba
+ 6 meses grátis!Nome Nascimento E-mail CEP
Apenas 10x R$ 51,48
Notícias
Brasil
Economia
Internacional
Celebridades
Esporte
Vida Digital
Educação
Ciência
Saúde
RSS
Infográficos
Saber +
Na História
Em profundidade
Perguntas e Respostas
Conheça o país
Cronologia
Quem é Quem
Testes
Vídeos e Fotos
Vídeos
Galerias de fotos
Galerias de vídeos
Revistas
VEJA
Os livros mais vendidos
Destaques da semana
Edições especiais
Expediente
VEJA São Paulo
VEJA Rio
Comer e Beber
VEJA na Sala de Aula
Temas
Reportagens, vídeos,
infográficos e cronologia
de assuntos em
destaque no noticiário
Blogs e colunistas
Antonio Ribeiro, de Paris
Augusto Nunes, coluna
Caio Blinder, de Nova York
Fernanda Furquim, séries de TV
Isabela Boscov, cinema
Lauro Jardim, Radar on-line
Lucia Mandel, dermatologia
Mayana Zatz, genética
Patrícia Villalba, Quanto Drama!
Paula Neiva, celebridades
Reinaldo Azevedo, blog
Renato Dutra, atividade física
Ricardo Setti, coluna
Sérgio Rodrigues,
livros e escritores
Tony Bellotto, crônicas
Parceiros
Contas Abertas
Blogs da redação
Imposto de Renda 2012
VEJA nas Olimpíadas
Maquiavel, política
VEJA Acompanha
VEJA Meus Livros,
literatura
Dez Mais, variedades
Vida em Rede, internet
Acervo Digital, história
Diz o Estudo, ciência
+ Tech, tecnologia
Sobre palavras,
Sérgio Rodrigues
Enquetes, opinião
Ponto de vista
Sobre Imagens, fotografia
Imperdível, variedades
Conversa em Rede, internet
Testes, conhecimentos gerais
Serviços
Assine VEJA
Busca
RSS
Twitter
Facebook
Orkut
iPhone
Celular
Newsletter VEJA
Fale conosco
Para anunciar
Abril SAC
Aponte erros
Tempo
Cotações
Redes Sociais
Termo de uso
Política de
Privacidade
Editora AbrilCopyright © Editora Abril S.A. - Todos os direitos reservados
Barbosa: repasses do BB abasteceram valerioduto Corpo de Tony Scott passará por autópsia 'Guerra dos Sexos': a arte de refazer novelas
1. Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus
discípulos aproximaram-se dele.
2. Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
3. Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino
dos céus!
4. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
5. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão
saciados!
7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
8. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
9. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
10. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque
deles é o Reino dos céus!
11. Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem
e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
12. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos
céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
Share on Tumblr
9 COMENTÁRIOS
19/08/2012 às 6:17
LEIAM ABAIXO
— Enfim, um diagnóstico lúcido sobre o desastre do ensino público fundamental e médio no Brasil. Ou: Reformando o ensino com parede cor-de-rosa, teatro e tablets… Funciona? É claro que não!;
— Cotas – Flagrado no erro, Gaspari faz o quê? Ora, sai ofendendo quem acertou! Faz sentido!;
— Documentos oficiais liberados provam que Dirceu sempre estava no controle de tudo – até das pessoas investigadas;
— Uma queda para o alto – Um livro para comprar hoje, agora!;
— Caio Blinder, Diogo Mainardi e eu, hoje, na Hebraica, com transmissão pela Internet;
— A minha versão do filme "2012": Os mensaleiros, essa conspiração de honrados, têm de ter lugar reservado na Arca que vai salvar a humanidade;
— Marco Aurélio Mello perde de vez o pudor e volta a atacar seus colegas de tribunal: o alvo da hora é Ayres Britto, presidente do Supremo;
— A Rússia é aqui – PF quer punir delegado que investigou mensalão e que afirmou que Dirceu liderou esquema de lavagem de dinheiro. Cuidado, bandas de rock! Dirceu é nosso Putin!;
— Empresa do "Ronaldinho" de Lula deve R$ 6,1 milhões e enfrenta situação difícil;
— O homem que tinha acesso irrestrito ao Palácio do Planalto, quando Lula era presidente, "em qualquer tempo e qualquer circunstância";
— Ministro da Saúde é acusado de improbidade administrativa;
— Marcos Coimbra, o homem do Vox Populi, deveria é ser réu do mensalão, em vez de estar por aí "pousando" de pensador;
— Greve: País é refém das divisões internas do PT e dos braços cruzados de Lula
Por Reinaldo Azevedo
Share on Tumblr
19/08/2012 às 6:07
Enfim, um diagnóstico lúcido sobre o desastre do ensino público fundamental e médio no Brasil. Ou: Reformando o ensino com parede cor-de-rosa, teatro e tablets… Funciona? É claro que não!
O governo divulgou na semana passada o resultado do Ideb, que avalia o ensino fundamental e médio. Comentei o desastre aqui em alguns posts. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, no entanto, comemorou. Compreendo.
A presidente Dilma Rousseff, como sabem, está prestes a endossar uma lei verdadeiramente criminosa aprovada pelo Congresso: a reserva de 50% das vagas das universidades federais para alunos egressos da escola pública, segundo a cor da pele dos estudantes. Pesquisa recente demonstra que nada menos de 4% dos universitários brasileiros são semialfabetizados, e escandalosos 38% não são plenamente alfabetizados. É a tragédia da escola pública fundamental e média se alastrando célere no terceiro grau. Sancionada a lei — Dilma e Mercadante a aprovam —, a universidade pública estará condenada a funcionar como curso supletivo, destinado a suprir as deficiências do ensino nas etapas anteriores. Pior: diminuirá enormemente a pressão em favor da melhoria da escola pública.
Muito bem! As Páginas Amarelas de VEJA desta semana trazem uma entrevista com João Batista Araújo de Oliveira, especialista em educação que põe os pontos no "is". Voltarei a este assunto (espero que Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio de Mello não abusem excessivamente da nossa paciência) para discutir por que, afinal de contas, o Brasil tem feito tudo errado nessa área. Destaco algumas frases de Oliveira:
Qualidade do professor:
"Desde a década de 60 há um rebaixamento do nível do pessoal, e a qualidade do ensino depende essencialmente do professor."
Palavrório pedagógico
"As escolas têm um punhado de papéis reunidos sob o nome de 'proposta político-pedagógica', seja lá o que isso queira dizer: começa com uma frase do Paulo Freire e termina citando Rubem Alves."
Programa de ensino
"É preciso ter um programa de ensino: afinal, se você não sabe o que ensinar, como vai saber o que avaliar?"
Premiar e punir
"É preciso premiar quem faz direito e punir quem não faz. Hoje, o único punido no sistema de ensino brasileiro é o aluno reprovado. Isso é covardia."
Pedagogos demais, gestores de menos
"O problema é que as escolas e as secretarias de Educação estão povoadas de pedagogos, e não de gestores."
Idiotia deslumbrada
"Porque no Brasil o que importa é acessório. O legal é colocar xadrez na escola, é ensinar teatro. O brasileiro vai à Finlândia e acha que o sucesso da educação daquele país se deve ao fato de que as paredes das escolas são pintadas de rosa."
Enem
"Ficamos com esse troço que ninguém sabe o que é. O Enem não tem a menor importância."
Tablets nas escolas
"Nenhum país conseguiu melhorar a educação a partir do uso da tecnologia. (…) Não adianta colocar ingredientes certos na receita errada."
Verba para educação
"Desde 1995, o salário do professor quintuplicou no Brasil, mas não houve avanço no desempenho do ensino. Então, aumentar uma variável só não vai mexer no resultado."
Educação em 2021
"Estaremos no mesmo patamar. Não há nenhuma razão para pensar que será diferente."
Leiam trechos da entrevista. A íntegra está na revista. Por Nathalia Goulart:
Há décadas governos estaduais, municipais e federal se vangloriam de suas escolas-modelo, unidades que recebem toda a atenção da administração de plantão e que, por isso, se destacam dos demais colégios públicos pela excelência. Os governantes deveriam, na verdade, se envergonhar da situação, afirma o educador João Batista Araújo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, ONG dedicada à educação. O argumento do especialista é simples: "As escolas-modelo são exceções. A regra, como sabemos, são as demais escolas do Brasil". Para incentivar governos a corrigir a distorção. Oliveira criou, em parceria com a Gávea Investimentos e a Fundação Lemann, o Prêmio Prefeito Nota 10, que vai dar 200 mil reais a administradores municipais cuja rede de ensino fundamental obtenha a melhor avaliação na Prova Brasil, exame federal que mede a qualidade do ensino público no ciclo básico. Escola-modelo, portanto, não conta. "Não adianta o prefeito falar que tem duas escolas excepcionais se as demais não acompanham esse nível. Queremos premiar o conjunto." Confira a seguir a entrevista que ele concedeu a VEJA.
O MEC divulgou nesta semana os resultados da Prova Brasil, que mostra o nível de aprendizado das crianças no ciclo fundamental das escolas públicas. Como o senhor avalia os resultados?
Eles foram divulgados com grande fanfarra, mas não há nenhuma justificativa para isso. Se você analisa a questão no tempo, percebe que existe estagnação. Há um ponto fora da curva, os resultados divulgados em 2010. Mas eles não foram corroborados neste novo exame, e já esperávamos isso. Estamos onde estávamos em 1995. Há uma melhora bem pequena nos anos iniciais da escola, e pouquíssima variação nas séries finais e no ensino médio. Os gastos em educação aumentaram — e muito — e foram criados muitos programas, mas isso não tem consistência suficiente para melhorar a qualidade do ensino. Então, temos duas hipóteses para a estagnação: ou os programas criados são bons, mas não foram bem executados, ou são desnecessários e não trouxeram benefício algum.
Especialistas, entre os quais o senhor, pregam que uma reforma educacional eficaz se faz com receitas consagradas — ou seja, sem invencionices. Quais são os ingredientes para o avanço?
O primeiro é uma política para atrair pessoas de bom nível ao magistério. Desde a década de 60 há um rebaixamento do nível do pessoal, e a qualidade do ensino depende essencialmente do professor. O segundo ingrediente é a gestão do sistema. Uma boa gestão produz equidade: todas as escolas de uma mesma rede funcionam segundo o mesmo padrão. Hoje, unidades de uma mesma rede estadual ou municipal apresentam desempenhos díspares. O terceiro é a existência de um programa de ensino estruturado, que falta ao Brasil. As escolas têm um punhado de papéis reunidos sob o nome de "proposta político-pedagógica", seja lá o que isso queira dizer: começa com uma frase do Paulo Freire e termina citando Rubem Alves. Os governos de todos os níveis abriram mão de manter uma proposta de ensino, detalhando o que os alunos devem aprender em cada série. O quarto ingrediente é um sistema de avaliação que possa medir a evolução do aprendizado. Para isso, porém, é preciso ter um programa de ensino: afinal, se você não sabe o que ensinar, como vai saber o que avaliar? De posse de bons profissionais, gestão, programa de ensino e métodos de avaliação, acrescenta-se o último ingrediente, um sistema de premiação e punição. Algumas redes começam a pensar em um sistema de premiação, mas não adianta só dar incentivo. É preciso premiar quem faz direito e punir quem não faz. Hoje, o único punido no sistema de ensino brasileiro é o aluno reprovado. Isso é covardia. Nada acontece com professor, diretor, secretário de Educação, prefeito ou governador quando eles falham.
(…)
Por que é tão difícil levar a qualidade das escolas-modelo para toda a rede de ensino?
Porque no Brasil o que importa é acessório. O legal é colocar xadrez na escola, é ensinar teatro. O brasileiro vai à Finlândia e acha que o sucesso da educação daquele país se deve ao fato de que as paredes das escolas são pintadas de rosa. Na volta ao Brasil, ele quer pintar todas as escolas daquela cor. Depois, ele vai à Franca, onde vê um livro que julga importante e decide introduzi-lo nas escolas daqui… Em vez de olharmos o que os sistemas de ensino daqueles países têm em comum, olhamos exatamente para o que há de diferente neles, como se isso fosse a bala de prata da educação. Por isso gestão é tão importante: é preciso focar o DNA da escola e deixar de lado o que é periférico. O problema é que as escolas e as secretarias de Educação estão povoadas de pedagogos, e não de gestores. Não conheço uma Secretaria de Educação no Brasil que tenha um especialista em demografia, que saiba quantas crianças vão nascer nos próximos anos e, portanto, quantas escolas precisam ser abertas ou fechadas.
Há alguns meses, o MEC anunciou a aquisição de milhares de tablets para professores. O senhor vê isso com bons olhos?
É mais confete. O bom professor vai se beneficiar; o mau, não. E nem o benefício ao bom professor justifica o custo. Quando a tecnologia está atrelada ao professor, ele, o ser humano, vai ser sempre o fator limitante. Nenhum país conseguiu melhorar a educação a partir do uso da tecnologia. Não estou dizendo que a tecnologia seja ruim. Ela tem potencial, desde que seja usada no contexto apropriado. Não adianta colocar ingredientes certos na receita errada.
A sensação generalizada é que o ensino público nacional é um desastre. É uma visão errada?
É uma visão correta. Sobretudo para as crianças pobres, que teriam na escola a única chance de ascensão social. A escola é um desastre quando analisada pela ótica das avaliações internacionais, e um desastre também do ponto de vista pessoal, individual. A única chance que um cidadão tem de melhorar de vida no Brasil é' por meio da educação de qualidade. E ela não tem qualidade para a maioria das pessoas. O número de jovens que chegam ao ensino médio é baixíssimo, e, entre estes, a evasão é uma calamidade. E o governo é incapaz de entender que há um modelo errado ali, que penaliza jovens justamente quando eles atravessam uma fase de afirmação.
O Enem foi criado como ferramenta de avaliação e aprimoramento do ensino médio. Porém, vem sofrendo mudanças para atender a outro fim: a seleção de estudantes para universidades públicas. Qual a avaliação do senhor a respeito?
Ninguém consegue servir a dois senhores. O Enem nasceu com um formato, mas transformou-se em outra coisa. Ele nasceu para ser uma prova de avaliação das competências dos jovens, mas não deu certo. Em seguida, tentou-se vender a ideia de que é uma prova seletiva, um vestibular barato. E ficamos com esse troço que ninguém sabe o que é. O Enem não tem a menor importância. A ideia de ter uma forma simplificada de ingresso à universidade é bem-vinda, mas isso não serve para todos os estudantes do ensino médio.
(…)
Tramita no Congresso o Plano Nacional de Educação, que prevê aumentar o porcentual do PIB destinado à área de 5% para 10%. A falta de dinheiro é a razão de crianças não saberem ler ou operar conceitos fundamentais de matemática?
O país deve investir em educação, mas colocar dinheiro na equação atual é jogá-lo fora. O problema mais importante é a gestão. Não adianta pôr mais dinheiro no sistema atual porque ele vai ser malgasto. É como pagar dois professores que não sabem ensinar: melhor é pagar somente um bom mestre. Temos problemas estruturais muito graves: se eles não forem resolvidos, não haverá financiamento que baste. Desde 1995, o salário do professor quintuplicou no Brasil, mas não houve avanço no desempenho do ensino. Então, aumentar uma variável só não vai mexer no resultado. A equação é mais complexa. Além disso, 10% é uma cifra descabida do ponto de vista da macroeconomia.
O país estabeleceu metas para o ensino básico até 2021. Como estará o Brasil, do ponto de vista da educação, às vésperas do bicentenário da Independência?
Estaremos no mesmo patamar. Não há nenhuma razão para pensar que será diferente. Não se muda a educação, estabelecendo metas, mas a partir de instituições. Não há milagre. Uma vez que não existe investimento nas políticas corretas, não há por que achar que teremos uma situação melhor no futuro.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Educação
Share on Tumblr
133 COMENTÁRIOS
19/08/2012 às 5:57
Cotas – Flagrado no erro, Gaspari faz o quê? Ora, sai ofendendo quem acertou! Faz sentido!
Elio Gaspari deve ter escrito o texto mais, como posso dizer?, oco de sua carreira. O curioso é que lhe deu o seguinte título: "Uma ideia para as cotas nas universidades". Eu o reproduzo abaixo. Se vocês encontrarem "a ideia", tenham a bondade de alertar os demais leitores.
O colunista, como se sabe, é um defensor entusiasmado das cotas. Como não consegue debatê-las no mérito porque não dispõe de argumentos razoáveis, então opta pela categorização dos adversários: quem é contra é "demofóbico". É o truque mais baixo — até me ocorreu adjetivo mais sujo, mas serei moderado — a que pode recorrer um debatedor: acuse aquele que diverge de não ser tão bom e humanista quanto você! Pronto! Por esse critério, até a matemática pode ser chamada de "fascista", né?
Depois que a aliada de Gaspari na causa, a deputada Eunice Lobão (PSD-MA), mulher do marido Lobão, conseguiu aprovar a lei que reserva 50% das vagas das universidades federais para alunos das escolas públicas, distribuídas segundo a cor da pele dos estudantes, este "amigo do povo" estava calado. Aí decidiu dizer o que segue em vermelho. Eu comento em azul.
Passada uma década de debate, a demofobia mobilizada contra a instituição de cotas nas universidades públicas foi derrotada. Primeiro no Supremo Tribunal Federal, que, por unanimidade, julgou-as constitucionais. Recentemente, pelo Senado, que ampliou a política de cotas com apenas uma voz contra.
Truque: diz que o Senado "ampliou a política de cotas", mas omite o que se aprovou lá. Entende-se que a única voz que resistiu ao absurdo, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), foi, então, demofóbico. Por óbvio, o senhor Elio Gaspari está a dizer que já temos um Senado Federal com 80 "demofílicos" (amigos do povo). Que bom! O Brasil está salvo! Se, segundo os critérios de Gaspari, Aloysio é um mau senador diante de 80 respeitáveis, isso diz muito de… Gaspari!
Enquanto durou o debate, as cotas eram apresentadas como prenúncio do fim do mundo. As pesquisas indicam que os cotistas tiveram desempenhos iguais ou até superiores aos dos demais.
Gaspari pode escrever o que bem entender (Artigos 5º e 220 da Constituição). Ele só não consegue mudar os fatos. As pesquisas a que se refere são capengas. Mas isso ainda é o de menos. As vagas que estavam sendo ocupadas por cotistas, e isto é apenas um fato, estavam concentradas em cursos das chamadas "humanidades", aqueles movidos a opinião, cuspe e giz. Se Dilma sancionar, como parece que o fará, a lei aprovada pelos "amigos do povo", 50% das vagas de Medicina da Unifesp (Faculdade Paulista de Medicina), por exemplo, terão de ser ocupadas, obrigatoriamente, por alunos da escola pública — metade delas (25% do total) por estudantes oriundos de famílias cuja renda per capita seja de, no máximo, 1,5 mínimo (e segundo a cor da pele, registre-se sempre). Onde está esse aluno? Como a universidade vai asseverar a verdade da informação? Onde o estudante da escola pública adquiriu os conhecimentos necessários de biologia e química, por exemplo, para acompanhar as aulas? Há as exceções? Há! Mas a lei manda a regra pra dentro das universidades. E a regra do ensino médio no Brasil foi retratada no resultado recente do Ideb.
A expansão da política de cotas poderia abrir um debate: qual a distância razoável entre a nota do aluno beneficiado e a daquele que perderá a vaga que ganharia pelo seu desempenho no vestibular. É bom que se diga: na sua essência, as cotas dão a um estudante que tirou nota mais baixa o lugar que iria para outro, que teve nota melhor. Alguma diferença tem que haver, senão a política seria inócua.
Huuuummm… Gaspari acusa os outros de "demofóbicos" porque se considera um "demofílico", um amigo do povo. "O Amigo do Povo" era justamente o nome do jornalzinho de um tarado cortador de cabeças da Revolução Francesa, Marat. Era capaz de dizer as maiores barbaridades em nome do que entendia ser a justiça. Um dia foi vítima dos próprios métodos — e a vingança chegou pelas mãos de uma mocinha… Vejam com que sem-cerimônia escreve Gaspari: "É bom que se diga: na sua essência, as cotas dão a um estudante que tirou nota mais baixa o lugar que iria para outro, que teve nota melhor. Alguma diferença tem que haver, senão a política seria inócua." Entenderam? O estudante que teve "nota melhor" se torna, então, o responsável pela parte prática da suposta justiça social. A exemplo de Marat, ele não gosta de detalhes: teria de explicar, por exemplo, por que o branco pobre que teve uma nota melhor há de ser preterido pelo negro ou mestiço pobres que tiveram nota pior. A resposta é uma só: "porque é branco, não porque é pobre, já que pobres todos são". O racismo sai da pele e vai para a veia!
Há poucas pesquisas acerca desse tema. De uma maneira geral, acredita-se que a maior distância entre a nota do não cotista barrado e a do cotista beneficiado chega a ser 1,5 ponto ou 2 pontos. Pode acontecer que um estudante tirou oito e perdeu a vaga para outro que tirou seis.
Lamento! Isso é chute! Quero saber quais são as fontes. Registro, desde sempre, que, ainda que a diferença fosse de 0,1, haveria aí uma injustiça estúpida. Gaspari deve saber que entre Zero e 0,1 existem infinitos números, não é mesmo? Esse negócio de "de uma maneira geral, acredita-se" não é nem jornalismo de opinião. É só enrolação.
Quem acha que as cotas não devem existir pode permanecer nessa posição, mesmo sabendo que elas vieram para ficar.
Huuummm… Gaspari venceu! Ao vencedor, os 38% de quase alfabetizados das universidades brasileiras e os 4% de quase analfabetos! Parabéns! Agora, um tanto preocupado, ele vai nos convidar a remediar o leite derramado. Prestem atenção!
Quem é a favor, pode se perguntar qual é a diferença razoável. Já houve caso em que ela foi de 3,4 pontos. É razoável que alguém que tirou 7,5 perca a vaga para quem tirou 4,1?
Uai! Responda aí, valente! Que tipo de opinião é essa que tenta se revelar por interrogações! Eu acho injusto! Quando alguém que tirou 7,1 perde par alguém que tirou 7, eu vejo injustiça. Curioso o percurso argumentativo deste senhor. "Demofóbico" é todo aquele que não aceita a cota. Entendi. Logo, quem aceita é "demofílico". Mas parece que a demofilia de Gaspari tem número: até 2!!! Acima disso, ele aceita, então, ser um demofóbico também. Ou, na sua sede de categorização, passa a chamar quem discorda dele de "demagogo". O homem que, ao pensar segundo o "andar de baixo e o andar de cima", fundiu a luta de classes com a construção civil, quer agora dar um critério aritmético para a injustiça que faz justiça.
Partindo-se da premissa segundo a qual o objetivo das cotas é colocar nas universidades da Viúva alunos de escolas públicas, afrodescendentes e índios, dispensa-se o renascimento da demofobia, disfarçada na defesa de uma diferença que, ao final, barre aqueles a quem se pretende beneficiar. Com números na mesa, esse debate poderá evitar que uma política que busca a justiça social produza injustiças absurdas.
Flagrado com calças curtas, incapaz de defender a lei absurda aprovada no Senado, também não quer dar o braço a torcer. Daí esse texto nem-nem. Segundo se entende, ele acha que é preciso estabelecer, sim, uma diferença aceitável. Mas qual? Ele também não sabe. Como sempre, Marat está aí apenas para mandar cortar a cabeça daqueles que discordam dele. Ocorre que, às vezes, como é o caso, discordar de quê?
Que vexame!
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Educação, Elio Gaspari
Share on Tumblr
141 COMENTÁRIOS
19/08/2012 às 5:55
Documentos oficiais liberados provam que Dirceu sempre estava no controle de tudo – até das pessoas investigadas
Por Alana Rizzo, no Estadão:
Documentos oficiais obtidos pelo Estado – entre correspondências confidenciais, bilhetes manuscritos e ofícios – revelam os bastidores da atuação de José Dirceu no comando da Casa Civil, entre janeiro de 2003 e junho de 2005. Liberados com base na Lei de Acesso à Informação, os papéis enviados e recebidos pelo homem forte do governo Luiz Inácio Lula da Silva explicitam troca de favores entre governo e partidos aliados, intervenções para que empresários fossem recebidos em audiências e controle sobre investigações envolvendo nomes importantes da máquina pública.
Dirceu deixou o governo em meio ao escândalo do mensalão, acusado de comandar uma "quadrilha" disposta a manter o PT no poder via compra de votos no Congresso – ele é um dos 37 réus do julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal. Desde a saída do governo, mantém atuação partidária e presta serviços de consultoria a empresas privadas no Brasil e no exterior.
Uma centena de ofícios dos primeiros anos do governo Lula agora tornados públicos trata quase exclusivamente da ocupação dos cargos públicos por partidos aliados. Sob a "incumbência" de Dirceu, Marcelo Sereno, seu chefe de gabinete e braço direito, despachava indicações de bancadas, nomeações e currículos para os mais variados cargos federais.
A troca de ofícios com o então presidente do PL (hoje PR), deputado Valdemar Costa Neto, não esconde os interesses de cada um. O assunto é a negociação de cargos-chave na Radiobrás. Em ofício arquivado na Presidência com o número 345/Gab-C.Civil/PR, Valdemar indica nomes à estatal federal de comunicação e acrescenta: "Certo de que V.Exa. poderá contar com apoio integral desta Presidência e da Bancada do Partido Liberal no Congresso." Em 27 de fevereiro de 2003, Dirceu ordena que a demanda seja encaminhada ao então presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci. Valdemar viria a ser denunciado mais tarde sob a acusação de integrar a "quadrilha" do mensalão por ter recebido dinheiro do valerioduto. Hoje deputado pelo PR, o parlamentar também aguarda a sentença do STF.
(…)
Empresa
A documentação liberada revela uma ordem da Casa Civil a favor de uma empresa. Em 13 de março de 2003, a pedido de Dirceu, Marcelo Sereno intermedeia pedido de audiência de representantes da Ondrepsb Limpeza e Serviços Ltda. no Ministério da Justiça. Naquele ano, a empresa de Santa Catarina recebeu R$ 2,9 milhões do governo federal. Em 2004, ganhou R$ 3,9 milhões. Segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), a média de pagamentos dos três anos posteriores ao ofício foi 100% maior em comparação ao mesmo período que antecedeu a intervenção.
Controle
Os registros mostram ainda que Dirceu mantinha uma rede de informações que extrapolava os órgãos federais de investigação. O serviço era tocado pela Secretaria de Controle Interno. Vinculado à Casa Civil, comandado à época por José Aparecido Nunes Pires, celebrizado em 2008 por ter sido apontado como um dos autores do dossiê com dados sigilosos sobre os gastos com cartões corporativos no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Os documentos indicam, por exemplo, que Dirceu teve acesso – antes do ministro da Justiça da época, Márcio Thomaz Bastos – às gravações de um encontro entre o assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no Aeroporto Internacional de Brasília. Fitas e documentos relacionados ao assunto chegaram ao ex-ministro pelo então chefe da Polícia Civil do Distrito Federal, Laerte Bessa.
As imagens foram gravadas pela segurança da Infraero atendendo a uma solicitação da polícia de Brasília, em uma investigação sigilosa. Só após passar pelo crivo de Dirceu é que a investigação foi remetida a Thomaz Bastos, hoje advogado de um dos réus do mensalão, o ex-diretor do Banco Rural José Roberto Salgado, e ex-defensor de Cachoeira. Questionada pela reportagem, a Casa Civil confirmou que dois agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) faziam na época parte da estrutura da Casa Civil e estavam subordinados ao então ministro.
Nota
Em outro caso, conforme os documentos, a atual presidente da Petrobrás, Graça Foster, foi alvo de investigações tocadas pela estrutura de Dirceu. Na época, ela ocupava o cargo de secretária de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia. Adversária do grupo político do então ministro, Graça foi questionada sobre contratos da empresa do marido, Colin Foster, com a Petrobrás.
A nota técnica 23/2004, encaminhada para a então ministra da pasta, Dilma Rousseff, levanta detalhes da atuação da empresa, contratos e considera "prudente" que Dilma, hoje no comando do País, tomasse conhecimento das denúncias. O documento com timbre de "urgente" ressalta que Graça Foster participava, inclusive, do Grupo de Trabalho, instituído pela Casa Civil, encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade de utilização do biodiesel como fonte alternativa de energia.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: José Dirceu
Share on Tumblr
41 COMENTÁRIOS
19/08/2012 às 5:53
Uma queda para o alto – Um livro para comprar hoje, agora!
Diogo Mainardi está no Brasil. Participamos, diga-se, de um evento no Clube Hebraica, em São Paulo, neste domingo (veja post a respeito). Acaba de chegar às livrarias A Queda – Memórias de Um Pai em 424 Passos, publicado pela Editora Record. É o melhor livro de Diogo, um grande, um estupendo escritor! É o melhor porque é obra vivida? Sim, a gente poderia sustentar isso. E também é o melhor porque é invenção rigorosa — mas aí há um porém que põe esse livro num grupo muito restrito: sem o que Diogo viveu e vive, esse texto jamais teria sido escrito. Ainda voltarei a ele.
Reproduzo abaixo trechos da resenha escrita por Mario Sabino na VEJA desta semana. Acreditem: há muitos anos não se publica no país um livro com tal força, com tal qualidade, com tal… dureza! Volto para encerrar.
*
Um dos desenhos mais célebres do mundo faz pane do acervo da Accademia de Veneza. Trata-se do Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, em que a única figura humana é retratada em duas posições, como se houvesse fotogramas sobrepostos — dentro de um círculo (com os braços esticados à altura da cabeça e as pernas afastadas) e dentro de um quadrado (com os braços abertos na altura dos ombros e as pernas juntas), círculo e quadrado porque tidos como as formas geométricas perfeitas. O "Homem Vitruviano" parece fazer um polichinelo, aquele exercício físico banido da ginástica escolar depois de arrebentar os joelhos das gerações com mais de 40 anos. Da Vinci concebeu o desenho em tomo de 1490, a partir das considerações do arquiteto romano Vitrúvio. Um milênio e meio antes, em seu tratado De Architectura, Vitrúvio estabelecera quais seriam as proporções exatas do corpo humano, por meio de uma série de correspondências matemáticas entre as suas diversas partes.
O desenho de Da Vinci é acompanhado, na parte superior e inferior, de explicações sobre tais correspondências, a demonstrar com mais ênfase a intenção do artista de apresentar o modelo de harmonia que deveria servir de base a pintores, escultores e arquitetos. O Homem Vitruviano é raramente exposto. A última vez foi em 2009. Já sua antítese está em exposição permanente pelas vias e pontes de Veneza: Tito Mainardi, hoje com quase 12 anos, primogênito de Diogo Mainardi. Portador de paralisia cerebral, é como uma espécie de "Menino Antivitruviano" que ele protagoniza A Queda — As Memórias de um Pai em 424 Passos (Record: 152 páginas; 29,90 reais), de autoria do ex-colunista de VEJA. O livro, que chega às livrarias com uma tiragem inicial de 20.000 exemplares, é comovente pelo tema, extraordinário na forma e esplêndido como reflexão sobre a arrogância humana.
Tito é personagem conhecido dos leitores que acompanhavam semanalmente a coluna de Diogo, a mais lida da revista de 1999 a 2010, quando o escritor e jornalista resolveu encerrar espontaneamente a sua colaboração. Ele começou a pensar em escrever o livro sobre a paralisia cerebral de seu primogênito em 2008, ainda no Rio de Janeiro, para onde se mudara quatro anos antes, a conselho de médicos americanos. O veneziano Tito deveria viver num ambiente quente, onde pudesse exercitar mais as pernas. As areias de Ipanema foram seu primeiro — e ideal para quedas — campo de provas, complementadas pelas garagens térreas dos prédios da orla, nas quais o menino se esbaldava com seu andador, observado do carrinho por Nico, seu irmão carioca, hoje com 7 anos. Depois que Tito, em férias na cidade natal, alcançou 359 passos sozinho, Diogo decidiu concretizar seu projeto. Diz ele: "Só consegui, contudo, dedicar-me seriamente ao livro a partir de setembro de 2010, na volta definitiva a Veneza. Tive de renunciar à coluna em VEJA, por causa da minha cabeça limitada: sou incapaz de pensar num José Dirceu e, ao mesmo tempo, num Tintoretto. O José Dirceu emporcalha o Tintoretto". Uma das glórias de Veneza, o pintor é um dos artistas abordados por Diogo em A Queda.
A paralisia cerebral de Tito foi causada por uma obstetra que apressou o parto de maneira desastrada. O dia em que ele veio à luz — 30 de setembro de 2000 — caiu num sábado, e a médica encarregada do procedimento queria terminar seu turno de trabalho mais rápido. Para tanto, decidiu estourar a bolsa com líquido amniótico que protege o bebê. Só que, ao fazê-lo, contrariando todos os manuais de obstetrícia, Tito teve o cordão umbilical esmagado e ficou sem oxigênio. A saída, nesse caso, era realizar uma cesárea de urgência. A obstetra outra vez errou ao demorar demais para abrir o ventre de Anna, mulher de Diogo, e Tito permaneceu asfixiado por 45 minutos. O resultado foi uma lesão no cérebro que o impede de falar, andar e pegar objetos com as mãos como se faz normalmente. A lesão é tão pequena que é invisível aos exames de imagem mais modernos. Assim, não comprometeu a capacidade intelectual de Tito (…)
Em torno da paralisia cerebral de seu filho, orbitam duas narrativas que se imbricam uma na outra: a do drama familiar e a da história das ideias e de seu corolário, a arte que se quer expressão da Verdade — com "v" maiúsculo —, seja filosófica, religiosa ou ideológica.
(…)
Diogo só poderia escrever esse livro em Veneza, ainda que José Dirceu não emporcalhasse Tintoretto. Foi nessa cidade sem paralelo, que coroa a vaidade do pensamento e da arte, que Diogo se refugiou para escrever seus quatro romances. Foi nessa cidade diferente de todas as outras que ele conheceu a sua queda particular — e, nela, reconheceu as nossas aspirações evanescentes que insistem em sobreviver em quaisquer latitudes. No livro, Veneza continua a ser extraordinária, como na época de Goldoni, mas não como um tributo ao engenho humano, e sim à sua prepotência, da qual Diogo se despiu existencialmente. Diz ele a VEJA: "O nascimento de Tito me fez deixar os romances de lado porque mudou o narrador. Em meus romances, eu era o narrador onisciente, que comandava o destino de um bando de personagens idiotas. Depois de Tito, eu me tornei o personagem idiota, e meu destino passou a ser narrado por um menininho de pernas tortas que nem sabia falar. Morreu a minha soberba autoral e, sem ela, era impensável continuar a escrever romances. Dito de outra maneira: eu sempre imaginei que saberia manter um razoável controle sobre os fatos de minha vida. Tito me mostrou, porém, que eu nunca controlei porcaria nenhuma, e que a única possibilidade de livre-arbítrio ao meu alcance estava na leitura dos fatos, e não nos fatos em si".
(…)
Voltei
Caros, encerro por aqui a transcrição de trechos da resenha de Sabino. Leiam a íntegra na revista. Transcrevo o passo 82 e assim encerro este post.
Passei o dia na UTI.
Acariciei o rosto de Tito. Ele permaneceu morto. Acariciei o peito de Tito. Ele permaneceu morto. Acariciei a perna de Tito. Ele permaneceu morto. Acariciei as costas de Tito. No momento em que acariciei suas costas, deu-se o inesperado. Subitamente, ele contorceu o corpo e arqueou a coluna.
Tito ressuscitou.
Chorei por meia hora. Depois de ter chorado por meia hora, chorei por uma hora. Depois de ter chorado por uma hora, chorei por duas horas.
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Diogo Mainardi, Tito Mainardi
Share on Tumblr
79 COMENTÁRIOS
« Anteriores
Últimas notícias
Descobridor do buraco na camada de ozônio diz que eventos climáticos extremos são causados pelo homem
◄ ● ● ● ● ● ►
+ Lidas
1"A crença no sobrenatural é perigosa", diz psicólogo
2Diretor de 'Top Gun' comete suicídio ao pular de ponte
3O novo EcoSport: tudo novo mesmo, e bem melhor
4Novo livro de Diogo Mainardi: uma queda para o alto
5Acompanhe o 12º dia de julgamento do mensalão
Blogs e colunistas
Radar on-line
Lauro Jardim
Política
Maquiavel
◄ ● ● ● ● ● ● ● ● ►
Seções
Avesso do Avesso
Documentos
Reinaldo Azevedo
reinaldoazevedo
reinaldoazevedo #VEJA No Brasil, os fatos vão a jato, e as decisões da Justiça, de liteira; aí é a vida de boa parte dos brasile... bit.ly/PPuQZ0
2 hours ago · reply · retweet · favorite
reinaldoazevedo #VEJA Greves: Polícia Rodoviária Federal anuncia paralisação: Por Tai Nalon, na VEJA Online:Os policiais rodoviá... bit.ly/PPi5xy
3 hours ago · reply · retweet · favorite
reinaldoazevedo #VEJA A CPI e o laranjal de R$ 500 milhões que os governistas não querem investigar: Por Tai Nalon, na VEJA Onli... bit.ly/PPi5xs
3 hours ago · reply · retweet · favorite
reinaldoazevedo #VEJA Ao vivo, debate na VEJA.com: Começou o debate na VEJA.com, ao vivo. Você pode mandar... bit.ly/NYmPvH
5 hours ago · reply · retweet · favorite
Join the conversation
Artigos em VEJA
Alternância de poder e Constituição neles! - 07/10/2009
Que Goffredo não descanse em paz - 08/07/2009
A bíblia da esquerda herbívora - 29/4/2009
Um homem sem (certas) qualidades - 11/2/2009
Que Deus é este? - 24/12/2008
Graciliano, o grande - 10/12/2008
O muro caiu, mas a amoralidade da esquerda sobrevive - 5/11/2008
O mal-estar dos "progressistas" - 24/9/2008
O DIREITO SÓ PODE SER ACHADO NA LEI - 27/8/2008
A bolacha na telinha e a nossa liberdade - 30/7/2008
As ONGs do fim do mundo - 18/6/2008
O que eles querem é imprensa nenhuma - 7/5/2008
Que falta faz um Voltaire - 2/4/2008
Fidel e o golpe da revolução operada por outros meios - 27/2/2008
O Foro de São Paulo não é uma fantasia - 30/1/2008
O pastor e o pensador - 12/12/2007
A crença na "cultura da periferia" é coisa de gente com miolo mole - 5/12/2007
Capitão Nascimento bate no Bonde do Foucault - 10/10/2007
Restaurar é preciso; reformar não é preciso - 12/9/2007
O Movimento dos Sem-Bolsa - 8/8/2007
A Al Qaeda eletrônica - 20/6/2007
Gramsci, o parasita do amarelão ideológico - 16/5/2007
Crime e castigo dentro de nós - 28/03/2007
O politeísmo de um Deus só - 28/02/2007
A seita anticapitalista e a tristeza do Jeca - 07/02/2007
Sou "doente" mas sou feliz - 27/12/2006
É preciso civilizar os bárbaros do PT - 1º/11/2006
Governante bom é governante chato - 11/10/2006
E o feio se tornou bonito... - 13/09/2006
Urna não é tribunal. Não absolve ninguém - 06/09/2006
Arquivo
OK
S T Q Q S S D
« jul
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18 19
20 21 22 23 24 25 26
27 28 29 30 31
Links Patrocinados
Advogados Desaposentação
Previdenciário Desaposentação (21)2253-9595 (21)7898-7678
www.geovanisantos.adv.br
Inove Arq&Construção
restauração e limpeza de fachadas pintura e reformas em geral
www.inovearquitetura.com
Rastreador com Seguro
Proteção em Dobro Ituran a partir de R$ 79,90/mês. Rastreador Grátis.
Ituran.com.br/Rastreador
Manchetes de VEJA
Justiça
Barbosa: repasses do BB abasteceram valerioduto
Ministro vota pela condenação do ex-diretor de marketing do banco estatal Henrique...
Corpo de Tony Scott passará por autópsia
'Guerra dos Sexos': a arte de refazer novelas
+ Lidas
1"A crença no sobrenatural é perigosa", diz psicólogo
2Diretor de 'Top Gun' comete suicídio ao pular de ponte
3O novo EcoSport: tudo novo mesmo, e bem melhor
O que foi destaque
20/0820:19
Barbosa condena Pizzolato por desvios do BB
20/0819:08
AO VIVO: acompanhe debate sobre o julgamento
20/0814:32
STF retoma julgamento hoje com voto do revisor
Publicidade
20/0812:05
Economistas projetam PIB ainda menor para 2012
20/0809:31
Planalto teme deslizes de ministros na campanha
20/0807:20
Condenada à morte, Gu Kailai tem pena suspensa
Publicidade
Serviços
TabletAndroidFacebookOrkutFoursquareTwitterGoogle+RSSNewsletterAnuncieTempoCotações
Assinaturas
Clique e saiba tudo sobre sua assinatura!
O clube que conhece e reconhece você.
Assine Veja e ganhe meses a mais!
Assine VEJA Digital e ganhe até 12 meses grátis!
Assine SUPER versão digital!
Assine CARAS por 2 anos e ganhe a coleção Petites Casseroles!
Assine EXAME e ganhe meses a mais!
Assine por 1 ano e receba
+ 6 meses grátis!Nome Nascimento E-mail CEP
Apenas 10x R$ 51,48
Notícias
Brasil
Economia
Internacional
Celebridades
Esporte
Vida Digital
Educação
Ciência
Saúde
RSS
Infográficos
Saber +
Na História
Em profundidade
Perguntas e Respostas
Conheça o país
Cronologia
Quem é Quem
Testes
Vídeos e Fotos
Vídeos
Galerias de fotos
Galerias de vídeos
Revistas
VEJA
Os livros mais vendidos
Destaques da semana
Edições especiais
Expediente
VEJA São Paulo
VEJA Rio
Comer e Beber
VEJA na Sala de Aula
Temas
Reportagens, vídeos,
infográficos e cronologia
de assuntos em
destaque no noticiário
Blogs e colunistas
Antonio Ribeiro, de Paris
Augusto Nunes, coluna
Caio Blinder, de Nova York
Fernanda Furquim, séries de TV
Isabela Boscov, cinema
Lauro Jardim, Radar on-line
Lucia Mandel, dermatologia
Mayana Zatz, genética
Patrícia Villalba, Quanto Drama!
Paula Neiva, celebridades
Reinaldo Azevedo, blog
Renato Dutra, atividade física
Ricardo Setti, coluna
Sérgio Rodrigues,
livros e escritores
Tony Bellotto, crônicas
Parceiros
Contas Abertas
Blogs da redação
Imposto de Renda 2012
VEJA nas Olimpíadas
Maquiavel, política
VEJA Acompanha
VEJA Meus Livros,
literatura
Dez Mais, variedades
Vida em Rede, internet
Acervo Digital, história
Diz o Estudo, ciência
+ Tech, tecnologia
Sobre palavras,
Sérgio Rodrigues
Enquetes, opinião
Ponto de vista
Sobre Imagens, fotografia
Imperdível, variedades
Conversa em Rede, internet
Testes, conhecimentos gerais
Serviços
Assine VEJA
Busca
RSS
Orkut
iPhone
Celular
Newsletter VEJA
Fale conosco
Para anunciar
Abril SAC
Aponte erros
Tempo
Cotações
Redes Sociais
Termo de uso
Política de
Privacidade
Editora AbrilCopyright © Editora Abril S.A. - Todos os direitos reservados
Barbosa: repasses do BB abasteceram valerioduto Corpo de Tony Scott passará por autópsia 'Guerra dos Sexos': a arte de refazer novelas
1. Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus
discípulos aproximaram-se dele.
2. Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:
3. Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino
dos céus!
4. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
5. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão
saciados!
7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
8. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
9. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
10. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque
deles é o Reino dos céus!
11. Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem
e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.
12. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos
céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]