domingo, 5 de agosto de 2012

Uma discussão sobre os autores neo ateus na perspectiva da dinâmica social da guerra política

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Luciano Ayan


Uma discussão sobre os autores neo ateus na perspectiva da dinâmica social da guerra política




Eu e uma amiga, leitora deste blog, resolvemos sair para tomar um suco em uma lanchonete e falar um pouco a respeito da vida. Não demorou para falarmos um pouco sobre política, neo ateísmo e guerra política, mas em uma perspectiva totalmente diferente da costumeira. Falávamos da dinâmica social envolvendo esse material.

O diálogo foi mais ou menos assim:

  • MARINA: Realmente, Luciano, é como você diz. Esses autores neo ateus são cheios de truques. Eu estava lendo ontem “Deus, um Delírio”, e depois de seu site vejo o material com outra perspectiva. Eu percebi um truque de Dawkins quando ele começa a comparar a crença em Deus com a crença em fadas e depois diz que não existem fadólogos, mas em seguida diz que “na verdade existem”, e cita um amigo que fez um material sobre fadas, em uma alusão a teologia. Esse truque de ao mesmo tempo em que se ridiculariza alguém usar uma simulação de seriedade já foi mapeado por você?
  • LUCIANO: Ainda não, mas é um padrão que você identificou corretamente.
  • MARINA: Dawkins é realmente talentoso em usar um arsenal de truques. Acho que a combinação de simulada seriedade misturada com ironia funciona bem.
  • LUCIANO: Não tenha dúvidas. Mas tem um que acho até mais talentoso. Já leu o Daniel Dennett?
  • MARINA: Ainda não.
  • LUCIANO: Há um truque dele no livro “Quebrando o Encanto” que é muito divertido. Por exemplo, veja este suco SuFresh de abacaxi. Agora visualize eu lhe questionando: “Se eu te der este suco, você larga sua crença? Se eu te comprar uma mariola, você reconsidera? Mariolas tem um gosto saboroso, deve dar uma sensação boa. Se as sensações são boas, mariolas e um suco não são melhores que a sensação causada por tua crença? Deixa eu chegar mais perto de sua crença? Posso ver dentro de sua mente?”. Imagine um tipo de discurso neste naipe, misturando simulação de condescendência, fingimento de interesse e ainda NO MEIO DISSO TUDO a ridicularização, além de obter o benefício da banalização da crença criticada. Este truque sim, é talentoso. Em termos de engenharia social, faz de tudo: (1) ridiculariza o oponente, (2) simula uma seriedade do executor, (3) banaliza a crença do outro. Em relação a este item, comparar toda uma cosmovisão com uma mariola tem um efeito psicológico poderoso.
  • MARINA: (risos). Eu vou ler.
  • LUCIANO: Recomendo. Há truques bem interessantes por lá, embora Dennett se repita demais por quase 100 páginas “justificando” sua pesquisa simulada. Entretanto, até essa justificativa é usada para ele ficar inserindo truques como o que apontei.
  • MARINA: Eu já li o livro do Christopher Hitchens, “Deus não é grande”, e não consigo ver essa inteligência toda nele. Eu acho que ele fica um nível abaixo dos outros “cavaleiros do apocalipse”. Concorda?
  • LUCIANO: Eu concordo com você. Antes eu achava que daquele arbusto saía coelho, mas depois de avaliar pela dinâmica social, vejo que até Sam Harris é mais talentoso.
  • MARINA: Eu já li coisas do Sam Harris na Internet, mas baixei o livro “A Morte da Fé”. Vou ler. Ele também parece ter uns truques interessantes.
  • LUCIANO: Ele usa um truque muito bem sucedido, que o Dennett também usa. Eu chamo este de “Nós devemos aprovar?”, e ainda escreverei algo no site a respeito. É um truque no qual alguém questiona a ideia do outro e em seguida fala não ao leitor, mas a uma plateia imaginária, que ele finge representar, passando a chamar os seus leitores de “nós”, ao invés de “você”. Ou ao invés mesmo de dizer “eu”. Aí ele diz coisas como: “Religiosos acreditam em X, Y e Z. Mas será que devemos dar-lhes o direito de ter essas crenças? Será que devemos mesmo ser tolerantes com isso?”. É um truque bem interessante, que deve causar uma sensação de “poder” e “diretriz” nos que estão ouvindo.
Enfim, este é um tipo de diálogo a respeito do neo ateísmo que demonstra um nível de conscientização a respeito desses autores muito acima da média. Enquanto muitos ainda pensam que os autores neo ateus são “pessoas com argumentos ruins”, estamos avaliando o discurso deles e mapeando os estratagemas lá contidos, e, mais ainda, entendendo que efeitos esses estratagemas geram (essa é a perspectiva da dinâmica social).

A partir deste tipo de conhecimento (que esse blog propõe), de fato não conseguimos mais notar o adversário como fazíamos antes. Desaparece a sensação de vulnerabilidade e estupefação, e em seu lugar assumimos um senso de responsabilidade pelo nosso destino (e do nosso grupo) dentro do contexto da guerra política.

http://lucianoayan.com/2012/08/05/uma-discussao-sobre-os-autores-neo-ateus-na-perspectiva-da-dinamica-social-da-guerra-politica/


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Escrito por lucianohenrique

5 de agosto de 2012 às 1:49 pm

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[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]