NOSSA SENHORA DAS DORES
Havia duas festas das Dores de Maria.
1ª *- Uma que foi instituída em Colónia, durante o século XV, por um piedoso arcebispo, Tierri de Meurs, a fim de reparar os ultrajes praticados pelos Hussitas contra as imagens da Santíssima Virgem, e era celebrada na Sexta-Feira da semana a Paixão.
Mais tarde, o papa Bento XIII (1724-1730) decretou que ela fosse inscrita no catálogo das festas litúrgicas, para todo o mundo católico, sob o título de Festa das Sete Dores.
Porém, esta festa tem raízes muito mais antigas ; vem de muito mais longe.
Conta a antiga tradição que na terrível manhã de Sexta-Feira Santa, Maria, afastada de seu divino Filho por causa do tumulto da cidade, O voltara a encontrar na encosta do Calvário, coberto de sangue e pó, com a fronte coroada de espinhos e acabrunhado ao peso da Cruz, infame instrumento do Seu suplício.
Ao vê-Lo em tão lastimoso estado, o coração da Virgem Mãe, partiu-se de dor; desfaleceu como Jesus no Jardim das Oliveiras e caiu por terra, num profundo e terrível desmaio, do qual se libertou para ir ao Calvário dizer generosamente como o Salvador :
Levantai-vos e vamo-nos daqui, Surgite, eamos hinc.
Este facto da vida de Nossa Senhora foi honrado e celebrado como festa, sob diversos nomes : Nossa Senhora da Piedade, Compaixão de Nossa Senhora, e, porventura, outros.
Depois, sobretudo com o decreto de Bento XIII ficou como Nossa Senhora das Dores.
Esta última designação deriva do facto de nesta solenidade se comemorar, não só a aflição particular a que nos vimos referindo, mas também a todos os sofrimentos de Maria que é costume enumerar como sete :
- Profecia de Simeão :
- "Este Menino está aqui para queda e resurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição". (Lc.2/34).
- A Fuga para o Egipto :
- "Levanta-te, toma o Menino e Sua Mãe, e foge para o Egipto e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procura o Menino para O matar". (Mt. 2/13).
- A perda de Jesus o Templo :
- "Volvidos três dias, encontraram-n'O no Templo, sentado entre os doutores a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas". (Lc. 2/46).
- Jesus a caminho do Calvário :
- "E carregando às costas a Cruz, saiu para o chamado lugar do Crânio, que em hebraico se diz Gólgota". (Jo. 19/17).
- A crucifixão :
- "Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-n'O, a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda". (Lc. 2 3/33).
- A descida da cruz :
- E. descendo-O da Cruz, envolveu-O num lençol.( Lc.23/53).
- A sepultura :
- "Em seguida depositou-O num sepulcro cavado na rocha e rolou uma pedra contra a porta do sepulcro". (Mc.15/46).
Fundou-se uma Ordem religiosa, a das Servas de Maria que teve por fim primacial honrar as Dores desta divina Mãe.
Os seus fundadores tomaram sobre si este encargo, honrando cada um uma das dores em especial; e para tornar mais sensível a sua devoção, representaram a Virgem na atitude de dor, tendo o coração trespassado por sete espadas.
2ª *- A segunda festa da compaixão ou das Dores de Maria tem origem mais recente. Instituiu-a Pio VII (1800-1823) em 1814; fixou-a no 3° Domingo de Setembro.
Estabeleceu esta festa em memória das dores imensas em que estivera submersa a sua alma, quando, numa perseguição sem exemplo nos anais eclesiásticos, fora arrancado de Roma, sua capital, pelo poderoso imperador Napoleão, internado em Fontainebleau e separado de algum modo da Igreja que já não podia governar livremente.
Se a autorização eclesiástica excita os nossos espíritos e corações a venerar as Dores de Nossa Senhora, é que esta devoção é gratíssima a Maria, seguríssima nas suas bases, e fecundíssima nos seus frutos de salvação.
Com efeito, segundo um célebre panegirista das glórias de Maria, Marchère, Nosso Senhor prometera à Santíssima Virgem, segundo uma revelação feita por S. João Evangelista, para aqueles que desejarem compartilhar as Dores de sua Mãe :
*- Uma contrição perfeita dos seus pecados antes de morrer;
*- Uma protecção especial na hora precisa do trespasse;
*- A assistência particular da Rainha dos Céus nos seus derradeiros instantes.
Santa Brígida conta nas suas revelações que numa visão, havida em Santa Maria Maior, em Roma, lhe foi mostrado quão grande apreço o Céu ligava à meditação das Dores de Maria.
Gianius, na história dos Servos, narra que o papa Inocêncio IV ( 1243-1254), tendo qualquer desconfiança acerca da nova Ordem dos Servos, encarregou S. Pedro, o Mártir, de inquirir se eles possuíam perfeita integridade de fé.
Nossa Senhora apareceu ao religioso numa visão.
S. Pedro viu um monte elevado, coberto de flores e iluminado por viva luz.
No cume, estava Maria sentada sobre um trono de glória; e os anjos traziam-lhe grinaldas de flores.
Apresentaram-lhe em seguida sete açucenas, que ela colocou por momentos sobre o coração, e em seguida teceu-as em forma de diadema sobre a sua cabeça.
As sete açucenas, segundo a explicação que a Virgem deu a Pedro, eram os sete fundadores dos Servos, aos quais ela mesma inspirara o pensamento de instituir uma nova Ordem, em honra dos sofrimentos que suportara na paixão e morte de Jesus.
Apesar de não serem muitas as Paróquias que têm N. Senhora das Dores como orago, talvez não haja muitas que não tenham uma imagem de N. Senhora das Dores, e o mesmo se diga das capelas.
Assim, na arquidiocese de Braga, há, pelo menos 497 imagens em 293 altares e 18 capelas a N. Senhora das Dores.
Nas Dioceses de Guarda e Viseu há outras invocações de Nossa Senhora em referência aos seus sofrimentos especialmente N. Senhora Dolorosa.
Esta festa celebra-se em 15 de Setembro.
Nossa Senhora das Dores é orago das seguintes Paróquias de Portugal :
Praia do Norte Horta Angra do Heroísmo
Criação Velha Madalena Angra do Heroísmo
Assomada Santa Cruz Funchal
Meijinhos Lamego Lamego
Poço do Canto Meda Lamego
Boavista Leiria Leiria-Fátima
N. Senhora das Dores Lisboa(ao Rego) Lisboa
Laveiras-Caxias Oeiras Lisboa
Ortiga Mação Portalegre-C.Branco
Isna Oleiros Portalegre-C.Branco
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]