É de aconselhar que se leia primeiro toda a Liturgia da Palavra.
24º DOMINGO COMUM - ANO B !
Quem dizem os homens que Eu sou ?
A Liturgia da Palavra deste 24º Domingo Comum – B, fala-nos do Messias Sofredor, um tema que explica mais claramente a necessidade de o Salvador passar pelo sofrimento e pela morte para realizar o seu desígnio de salvação.
A libertação do pecado flui, naturalmente, do arrependimento, a que se segue o perdão.
Só perdoando, o homem é perdoado.
Perdão e amor são as máximas que Jesus nos deixou e Ele entregou-Se em holocausto por aqueles que O odiaram e perseguiram até à morte.
A 1ª Leitura, do Livro do profeta Isaías, diz que o «Servo do Senhor» é desprezado e perseguido por todos.
- "Apresentei as costas àqueles que me batiam e as faces aos que me arrancavam a barba, e não furtei o rosto aos insultos e aos escarros".(1ª Leitura).
No cumprimento da sua missão, ele sujeita-se às humilhações e ao sofrimento, mantendo sempre uma firmeza inabalável e uma serena e alegre confiança em Deus.
Esta misteriosa figura, que aparece com muita frequência no Livro de Isaías, anuncia Cristo na Sua Paixão abandonado pelos discípulos, mas sempre fiel à Sua missão redentora, consciente como estava de que a salvação passa pela Cruz.
E assim caminha segundo a vontade de Deus como canta o Salmo Responsorial :
- "Caminharei na terra dos vivos na presença do Senhor".
Na 2ª Leitura, S. Tiago lembra-nos que ter fé, ou seja crer, não é só, nem principalmente, admitir um determinado credo.
É essencialmente, estar em atitude de acolhimento à inspiração e à graça de Deus.
- "De que serve alguém dizer que tem fé, se não praticar as obras que lhe correspondem ?"(2ª Leitura).
É que uma fé de palavras é muito fácil, mas aceitar as duras exigências da fé que se apregoa, é muito mais difícil e, por isso, muito mais meritório, porque custa, porque exige sofrimento.
Aceitar o compromisso vital da fé é corresponder ao amor de Deus, realizado no amor ao próximo.
-"Mostra-me a tua fé sem obras, que eu, pelas obras, te mostrarei a minha fé". (2ª Leitura).
O Evangelho, é de S. Marcos e diz-nos que Jesus se apresenta pela primeira vez aos seus discípulos como o Mestre-sofredor, que vai morrer pela libertação total do povo.
Esta concepção do Messias-sofredor não é conhecida deles.
Não era isso que eles esperavam.
Depois de perguntar o que diziam d'Ele e depois da confissão de Pedro, Jesus começou a anunciar o seu sofrimento e a sua morte, com a incompreensão dos seus discípulos a quem disse, por fim :
- "Se alguém quiser seguir-Me, renegue-se a si mesmo, pegue na sua cruz e siga-Me. Pois quem quiser salvar a própria vida há-de perdê-la ; mas quem perder a vida por causa de Mim e da Boa-Nova há-de salvá-la".(Evangelho).
Não era bem isto que os discípulos e todo o povo esperavam, mas sim a libertação do poder romano.
A palavra Messias é uma forma grega da palavra aramaica que significa " O Ungido".
Aparece seis vezes no Novo Testamento :
- "Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na Sua glória?" (Lc.24,26)
- "Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos ao terceiro dia..." (Lc.24,46)
- "Ele confessou e não negou : "Eu não sou o Messias". Quem és então ?" (Jo.1,20)
- "Porque é então que baptizas se não és o Messias, nem Elias nem o Profeta..."(Jo.1,25).
- "Sei que o Messias (que se chama Cristo), está para vir, e que, quando vier tudo nos dará a conhecer"...(Jo 4,25).
- "Vinde ver um homem que me disse tudo quanto fiz. Não será Ele o Messias?" (Jo.4,29).
Para entender Cristo como Messias, é preciso observar cuidadosamente o Antigo Testamento para saber o que é que os Israelitas esperavam, e depois examinar então atentamente o Novo Testamento para confirmar como é que Cristo, de muitas maneiras cumpriu as promessas que Lhe diziam respeito.
A primeira profecia em que o Messianismo como tal mostra que a expectativa era de uma "Dinastia Real" está na história de Israel :
- "Suscitarei depois de ti um filho teu, que nascerá de ti e consolidará o seu reino. Ele me construirá um templo, e afirmarei para sempre o seu régio trono". (2 Sam.7,12-13).
- "Eu o estabelecerei na Minha casa e no Meu reino para sempre, e o seu trono será firme por todos os séculos".(1 Paral.17,14).
O futuro rei, tal como os Israelitas o viram em expectativa, deveria cumprir o ideal universal do seu futuro, e o Messias Real deveria continuar presente na antiga Aliança. (O Salmo 2 diz que Deus é o seu Ungido, e o Salmo 72 fala da Oração pelo Rei ideal).
- "Porque Ele fez comigo uma Aliança eterna, Aliança firme e imutável..." (2 Sam.23,5).
O sinal de um rei deificado deveria aparecer como uma "estrela" :
- "Uma estrela sai de Jacob e um ceptro flamejante surge no seio de Israel". (Num.24,17).
Cristo, tal como foi profetizado no Antigo Testamento deveria ser inteiramente diferente de um rei.
* Seria um Messias sofredor, muito diferente do Messias apresentado no Livro do Eclesiástico, deveria nascer de uma Virgem e o seu nome seria Emanuel, isto é Deus connosco :
- "Eis que uma virgem concebeu e dará à luz um filho, e o chama Emanuel".(Os.7,14).
* Seria o sucessor ideal de David, um Príncipe de Paz :
-"O Seu império será grande e a Sua paz não terá fim sobre o trono de David e sobre o seu reino. Ele estabelecê-lo-á e mantê-lo-á pelo direito da justiça, desde agora e para sempre". (Is.9,7).
* Deveria nascer em Belém :
- "Mas tu, Belém de Efrata, tão pequena para seres contada entre as famílias de Judá. É de ti que Me há-de sair Aquele que governará em Israel". (Miq.5,1).
* Seria um sacerdote eterno :
- "Tu és sacerdote para sempre segundo a Ordem de Melquisedec".(Sal. 110,4).
O Novo Testamento proclama o cumprimento das Profecias do Antigo Testamento pelo próprio Cristo aos Apóstolos no caminho de Emaús:
- "Ó homens sem inteligência e lentos de espírito em crer em tudo quanto os profetas anunciaram..." (Lc. 24,25).
Cristo quereria exercer o Seu Messianismo, enviando o Espírito Santo e ser glorificado por Seu Pai :
- "Foi este Jesus que Deus ressuscitou, do que nós somos testemunhas. Tendo sido elevado pela direita de Deus, recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e derramou o que vedes e ouvis". (Act. 2,32)
- "Quando o Filho do Homem vier na Sua glória, acompanhado por todos os Seus anjos, sentar-Se-á, então, no Seu trono de glória". (Mt.25,31).
A libertação pela Cruz tem outra dimensão, que supõe uma entrega total à custa do sofrimento e da morte, para o cumprimento do plano da História da Salvação.
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Diz o Catecismo da Igreja Católica :
440. – Jesus aceitou a profissão de fé de Pedro, que O reconhecia como Messias, anunciando a paixão próxima do Filho do Homem. Revelou o conteúdo autêntico da sua realeza messiânica, ao mesmo tempo na identidade transcendente do Filho do Homem «que desceu do Céu»(Jo.3,13; cf.Jo.6,62; Dan.7,13) e na sua missão redentora como Servo sofredor : «O Filho do Homem (...) não veio para ser servido, veio para servir e dar a vida como resgate pela multidão(Mt.20,28). Foi por isso que o verdadeiro sentido da sua realeza só se manifestou no alto da cruz. E só depois da Ressurreição a sua realeza messiânica poderá ser proclamada por Pedro perante o povo de Deus : «Saiba com absoluta certeza, toda a casa de Israel, que Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós crucificastes»(Act.2,36).
Se alguém que ser Meu discípulo.... Tome a sua cruz e siga-Me....
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]