Juventude Conservadora da UnB |
Posted: 31 Aug 2012 06:04 AM PDT Uma das coisas mais interessantes de se notar nos dias de hoje é como os conceitos não significam mais absolutamente nada. As palavras perderam seu sentido original, adquirindo significado e essência com base unicamente no subjetivismo de quem as emprega. Existem alguns exemplos bastante claros disso. O termo "utopia" foi originalmente cunhado para designar uma realidade ideal impraticável por sua absurdidade, mas hoje se refere a uma espécie de mundo idílico que poderíamos construir se nos libertássemos das nossas amarras, destruíssemos o que foi construído até hoje e, dos escombros do passado, reconstruíssemos o presente ao nosso bel-prazer. O mesmo ocorre com o termo "revolução": o que era antes visto como um movimento abrupto de inversão, uma revolta que traz a reboque caos e desordem, hoje é comumente referido como algo necessário, até mesmo inelutável, para a construção de um mundo melhor. Um grande exemplo de como as coisas se misturam numa mixórdia objetivamente ininteligível é um texto que descobri hoje: "Brasil é ouro em intolerância", de André Barcinski. A tese central do texto é a de que integrantes de seleções esportivas nacionais não podem exprimir sua religiosidade livremente em público pois isso feriria a laicidade do Estado e a pluralidade religiosa de suas nações de origem. Diz o autor: Já virou hábito: toda vez que um time ou uma seleção do Brasil ganha um título, os atletas interrompem a comemoração para abrir um círculo e rezar. Sempre diante das câmeras, claro.
Uma coisa curiosíssima presente no texto é a defesa sub-reptícia da desumanização dos atletas. Explico: a partir do momento em que um atleta da seleção brasileira veste o uniforme, ele se torna um objeto a serviço do Estado, uma representação puramente material do poder público que deve ser instrumentalizada com base em todo o cânone do politicamente correto. Sob essa ótica, uma afirmação essencialmente positiva de religiosidade converte-se em uma manifestação impositiva de credo: é como se o mero fato de atletas se reunirem e, embalados pelo espírito de comemoração, unirem-se diante das câmeras para uma ação de graças a Deus fosse, necessariamente, um ato público de repúdio a todas as outras manifestações de religiosidade existentes no país que se representa. Ricardo Yepes, na obra "Fundamentos de Antropologia", explica como essa lógica funciona: A ideologia tolerante, com efeito, é o desenvolvimento lógico do ideal da "escolha" e da visão liberal do homem e da sociedade, arraigada principalmente no mundo anglo-saxão e germânico. Segundo essa visão, a liberdade consiste sobretudo em emancipação, ou seja, independência, autonomia com relação a qualquer autoridade: cada um é a única autoridade legisladora sobre si mesmo; a autoridade civil não passa de um simples arbítrio que organiza os interesses de indivíduos que elegem livremente o que querem. [...] O direito inalienável que toda pessoa possui de exercer livremente sua religiosidade está intimamente vinculado ao próprio conceito de Estado laico. A proposta central presente no texto do Sr. Barcinski não é a defesa do Estado laico em eventos esportivos, mas a supressão de quaisquer condutas religiosas que emanem legitimamente dos indivíduos. Nisso subjaz a tese bastante difundida que, em nome de uma defesa uniforme da sacrossanta tolerância, podemos adotar posturas intolerantes e coercitivas – como é o caso dos trogloditas da UNESP que atacaram S.A.I.R. Dom Bertrand de Orleans e Bragança no começo dessa semana. O mais irônico é que manifestações como essa têm se tornado tão corriqueiras e abundantes que o título do texto do Sr. Barcinski é, no fim das contas, bastante acertado: de fato, o Brasil tem sido medalha de ouro em intolerância. |
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]