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Mulher eis o teu filho (Jo 19,26)
Junto à cruz de Jesus encontrava-se sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria mulher de Cléofas, e Maria Madalena. E ao ver a sua mãe e o discípulo predilecto, também ali presente, Jesus disse a sua mãe: Mulher eis o teu filho.
Podemos imaginar, ou nem tanto, a dor da Virgem Maria diante destas palavras de Jesus, uma dor dupla porque inevitavelmente obrigava a olhar para o estado em que o filho se encontrava e para aquele que lhe era entregue como filho.
Maria vê o seu filho querido preso na cruz, abandonado por todos, exposto ao sofrimento e à eminência da morte, e ao mesmo tempo um jovem que lhe é entregue como se fosse possível uma substituição. Como é possível substituir no coração de uma mãe um filho perdido?
No coração trespassado pela dor, como se uma espada o ferisse, Maria aceita a troca, aceita a oferta feita pelo filho, sabendo que não se tratava de uma substituição mas de um convite ao acolhimento, a um novo “fiat” da sua parte, ao alargamento do seu coração a outros filhos.
O jovem João é uma nova maternidade, uma maternidade para além do sangue e da carne, da carga genética, é uma maternidade fundada no acolhimento do outro enquanto filho e enquanto irmão naquele mesmo Jesus que regressa ao seio do Pai.
O novo filho entregue a Maria é assim a abertura à herança, a possibilidade do desaparecimento do sentimento de orfandade para os seus discípulos. Jesus já lhes tinha dito que não os deixaria sós, que lhes enviaria o Paráclito, mas ao entregar o discípulo predilecto a sua mãe torna visível esse desejo de não abandono.
Jesus entrega através de João todos os discípulos, e portanto a Igreja, ao cuidado da sua mãe, à atenção e ao amor daquela que sempre soube estar ao seu lado, que soube esperar, que acreditou apesar da incerteza.
Para cada um de nós fica o conforto, a confiança da protecção e do olhar materno de Maria, mas também o convite e o desafio a olhar para além das perdas e da morte, a acolher a novidade que se possibilita ao largo e ao lado do vazio do perdido.
Ilustração: “Crucifixão”, de Evgraf Semenovich Sorokin, Russia.
Publicada por Frei José Carlos Lopes Almeida, OP em 18:05
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Etiquetas: Meditação Diária
1 comentário:
Mizé15 de Setembro de 2012 23:42
Frei José Carlos,
A abordagem que faz das palavras de Jesus segundo o Evangelho de S.João é particularmente interessante. E passo a citá-lo ...” No coração trespassado pela dor, como se uma espada o ferisse, Maria aceita a troca, aceita a oferta feita pelo filho, sabendo que não se tratava de uma substituição mas de um convite ao acolhimento, a um novo “fiat” da sua parte, ao alargamento do seu coração a outros filhos. (…)
Jesus entrega através de João todos os discípulos, e portanto a Igreja, ao cuidado da sua mãe, à atenção e ao amor daquela que sempre soube estar ao seu lado, que soube esperar, que acreditou apesar da incerteza.”…
Como nos salienta ... “Para cada um de nós fica o conforto, a confiança da protecção e do olhar materno de Maria, mas também o convite e o desafio a olhar para além das perdas e da morte, a acolher a novidade que se possibilita ao largo e ao lado do vazio do perdido.” …
Grata, Frei José Carlos, pela espiritualidade e pelo conforto das palavras partilhas e que Deus nos dê a sabedoria para seguir o exemplo de Maria no nosso peregrinar, o seguimento de Jesus Cristo nos nossos recomeços.
Que o Senhor o ilumine, o abençoe e o guarde. Votos de um bom domingo com paz interior, confiança e alegria.
Um abraço fraterno,
Maria José Silva
P.S. Permita-me, Frei José Carlos, que partilhe um poema do Frei José Augusto Mourão, OP.
Senhora das Dores
Senhora das nossas dores/que não conhece o mundo,
amargas,//Senhora das sete espadas/
cobrindo a eira toda//
que vês os fogos varrer os montes/e estremecer as bouças,//
sê nosso transporte/para a fala livre, emancipada/a água que regue os votos semeados,//
Senhora das minhas dores/do Cristo sofrente/dos amores magoados,//
que o Pai nos socorra/e console o Espírito/nesta hora e sempre//
(In, “O nome e a Forma”, Pedra Angular, 2009)
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[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]