(04)-MUDANÇA NA ORDEM SOCIAL !
6. – Pelo mesmo facto, verificam-se cada dia maiores transformações nas comunidades locais tradicionais, como são as famílias patriarcais, as clãs, as tribos, aldeias e outros diferentes grupos, e nas relações da conveniência social.
Difunde-se progressivamente a sociedade de tipo industrial, levando algumas nações à opulência económica e transformando radicalmente as concepções e as condições de vida social vigentes desde há séculos.
Aumentam também a preferência e a busca da vida urbana, quer pelo aumento das cidades e do número dos seus habitantes, quer pela difusão do género de vida urbana entre os camponeses.
Novos e mais perfeitos meios de comunicação social permitem o conhecimento dos acontecimentos e a rápida e vasta difusão dos modos de pensar e de sentir; o que, por sua vez, dá origem a numerosas repercussões.
Nem se deve minimizar o facto de muitos homens, levados por diversos motivos a emigrar, mudarem com isso o próprio modo de viver.
Multiplicam-se assim sem cessar as relações do homem com os seus semelhantes, ao mesmo tempo que a própria socialização introduz novas ligações, sem no entanto favorecer em todos os casos uma conveniente maturação das pessoas e relações verdadeiramente pessoais ("personalização").
É verdade que tal evolução aparece mais claramente nas nações que beneficiam já das vantagens do progresso económico e técnico, mas nota-se também entre os povos ainda em vias de desenvolvimento, que desejam alcançar para os seus países os benefícios da industrialização e da urbanização.
Esses povos, sobretudo os que estão ligados a tradições mais antigas, sentem ao mesmo tempo a exigência dum exercício cada vez mais pessoal da liberdade.
7. – A transformação de mentalidade e de estruturas põe muitas vezes em questão os valores admitidos, sobretudo no caso dos jovens.
Tornam-se frequentemente impacientes e mesmo, com a inquietação, rebeldes; conscientes da própria importância na vida social, aspiram a participar nela o mais depressa possível.
Por este motivo, os pais e educadores encontram não raro crescentes dificuldades no desempenho da sua missão.
Por sua vez, as instituições, as leis e a maneira de pensar e de sentir herdadas do passado nem sempre parecem adaptadas à situação social; e daqui provém uma grave perturbação no comportamento e até nas próprias normas de acção.
Por fim, as novas circunstâncias afectam a própria vida religiosa.
Por um lado, um sentido crítico mais apurado purifica-a duma concepção mágica do mundo e de certas sobrevivências supersticiosas, e exige cada dia mais a adesão a uma fé pessoal e operante; desta maneira, muitos chegam a um mais vivo sentido de Deus.
Mas, por outro lado, grandes massas afastam-se praticamente da religião.
Ao contrário do que sucedia em tempos passados, negar Deus ou a religião, ou prescindir deles já não é um facto individual e insólito : hoje, com efeito, isso é muitas vezes apresentado como exigência do progresso científico ou dum novo tipo de humanismo.
Em muitas regiões, tudo isto não é apenas afirmado no meio filosófico, mas invade em larga escala a literatura, a arte, a interpretação das ciências do homem e da história e até as prórpas leis civis; o que provoca a desorientação de muitos.
Nota. Como podemos ver, a Igreja, por meio dos Padres conciliares, dá-se conta das transformações psicológicas, morais e religiosas, que vão acontecendo no mundo, especialmente nas camadas mais jovens em que eles, numa auto justificação para os seus actos e para o seu pensamento, vão dizendo que "agora isto é assim".
Realmente, na prática vai-se vendo que "agora isto é assim", e pretende-se deste modo que a Igreja Católica assuma esta realidade, permitindo toda a espécie de anormalidades morais, sem um mínimo de responsabilidade.
Mas a doutrina e a moral da Igreja são imutáveis na sua essência e, como tal, não podem aceitar estilos de vida e procedimentos contraditórios.
Tem que haver uma certa disciplina, dentro do seu rigor pragmático, para que, tanto na família, como nas escolas não sejam permitidas atitudes que favoreçam estas péssiams mudanças na ordem social, para que no futuro se não caia em desequilíbrios pessoais, familiares e sociais.
Nascimento
catolicosacaminho-unsubscribe@yahoogroups.com
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]