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Dize-me o que fazer com o Estado sionista que te direi quem és
FÁBIO JOSÉ C. DE QUEIROZ
de Fortaleza (CE)
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• Fechou-se um ciclo, mas não o processo de enfrentamento dos
palestinos contra o Estado sionista, racista e terrorista de Israel. O
PSTU se orgulha de se posicionar frontalmente pela destruição de um
Estado gendarme cuja vocação histórica tem sido a de servir aos
interesses imperialistas, ainda que à custa de uma política genocida
que atinge principalmente crianças, mulheres e idosos, como vimos nos
acontecimentos sangrentos de fins de dezembro último e mais da metade
do primeiro mês de 2009. Assim como não havia meio termo no embate
frente ao nazi-fascismo, não há possibilidade de posição
contemporizadora no que toca esse problema que não é do Oriente Médio,
mas diz respeito a toda humanidade.
Isso pareceria um ponto pacífico, em particular depois da última
investida criminosa do Estado de Israel. O fato produziu mobilizações
no mundo inteiro, inclusive com manifestações em diversas cidades do
Brasil. Não é, contudo, bem assim. Vimos nas praças e ruas, militantes
do PCdoB, PT, PSOL, PCB, PSTU, dentre outros, em atividades unitárias
contra os massacres levados a cabo pelas tropas do exército
israelense. A unidade decorrente da condenação uníssona da política de
terra arrasada dos sionistas não representou, decerto, um acordo
estratégico sobre questão, mas um compromisso tático, quer dizer, um
acerto concreto e bem delimitado. Isso se deu assim por uma questão
bem simples: há diferentes apreciações das quais decorrem programas e
estratégias fundamentalmente distintos.
Um estado que surgiu expelindo sangue e lama por todos os poros
O falecido intelectual palestino, Edward Said, sempre insistiu na
necessidade de se examinar a origem do Estado sionista, quando "os
palestinos nativos foram expulsos à força, suas vilas destruídas, sua
terra, roubada; sua sociedade, erradicada". Nessa mesma direção, Ralph
Schoenman desmontou os mitos que servem de arrimo para os ideólogos do
Estado racista, em especial o primeiro desses mitos, "o de uma terra
sem povo para um povo sem terra". Havia um povo e sua terra foi
expropriada.
Na raiz das disputas atuais, há um crime original: a violenta
expropriação dos palestinos que foi sendo ampliada ao longo do tempo.
Reconhecer o Estado de Israel é reconhecer a usurpação do território
da Palestina. De fato, a população roubada nunca aceitou o saque das
suas terras, casas e demais riquezas. Por isso, depois da criação do
Estado de Israel, por política dos EUA e das potências européias, sob
o beneplácito de Stálin, no final dos anos 1940, diversos ciclos de
luta colocaram em trincheiras opostas um povo expropriado e um enclave
imperialista armado até os dentes.
Esse elemento está, portanto, assentado num aspecto histórico: a
formação de uma máquina estatal artificial, militarista e
confessadamente racista. Imaginar que é possível solucionar a grave
questão palestina ignorando esse aspecto essencial é atirar às
calendas gregas uma real solução para um drama que se arrasta deixando
finíssimas partículas de sangue coaguladas pelo chão.
Nunca é demasiado lembrar: os sionistas que estiveram na base do banho
de sangue com que se adubou a terra roubada dos palestinos não são os
herdeiros das vítimas dos fornos crematórios nazistas, mas,
inversamente, não deixaram de colaborar com os carrascos hitleristas,
como enfatizou Schoenman (vide A história oculta do sionismo). Nesse
sentido, não nos parece de todo correta a bela expressão de Said de
que os palestinos são as "vítimas das vítimas". Assim sendo, derrotar
os sionistas é a única condição para se alcançar uma solução justa e
adequada para a problemática palestina. Isso é assim, inclusive,
porque o programa de massacres não terminou com a formação do Estado
de Israel, como nos lembra Schoenman, mas se manteve e se aprofundou
como testemunham as mais de 1.300 vítimas dos recentes morticínios.
Desse modo, há probabilidade de um desfecho favorável aos expropriados
de ontem e de hoje sem desbaratar o Estado militarista, racista e
assassino encravado no coração do Oriente Médio? A história tem
demonstrado, em última análise, que essa probabilidade é de zero para
um milhão. Essa é a base para definição programática de qualquer
corrente política cuja linha de ação para região se proponha a ser
consequentemente revolucionária. Eis o cerne da polêmica, que não é
tática, mas estratégica, programática.
Dize-me o que fazer...
O PT saiu com uma nota, assinada pelo presidente nacional e o
secretário de relações internacionais, condenando o ataque do Estado
judeu e se solidarizando com os palestinos. De pronto, a nota foi
atacada por uma nata de dirigentes petistas, como Mercadante, Marta
Suplicy, Paul Singer e outros, numa lista de 36 cardeais. O centro dos
postulados do "grupo dos 36" estava num pleito que os imperialismos
europeus, em especial, sempre reivindicaram: a defesa da "coexistência
pacífica de um Estado Palestino viável e próspero e de um Estado de
Israel definitivamente seguro". Esse pleito é, antes de tudo, dos
sionistas, que querem a sua segurança que, a preço de ontem e de hoje,
significa a multiplicação de cadáveres palestinos ou a paz silenciosa
de escravos natimortos. Significa igualmente o reconhecimento da
expropriação palestina, isto é, admitir a legitimidade das
carnificinas do passado e do presente.
Valter Pomar, o secretário de relações internacionais do PT, responde
ao grupo reacionário petista por meio de uma nova nota intitulada A
nota certa. No texto, ele assinala que a nota de repúdio aos massacres
de Gaza não implicava na negação do programa petista que, não custa
lembrar, parte do pressuposto da política de dois Estados, política
que, queiram ou não, leva água ao moinho da declaração de legitimidade
da expropriação palestina.
Já o PCdoB adotou uma retórica de entono mais radical em relação ao
aniquilamento da população civil de Gaza. Mas no sítio Vermelho, uma
das suas principais lideranças, José Reinaldo Carvalho, secretário de
relações internacionais do partido, se recusa a defender como centro
do programa a luta pela destruição do Estado sionista, embora admita
que este surgiu da usurpação do território Palestino. Toca no
fundamento principal do problema, mas renuncia a retirar daí às
conclusões fundamentais, notadamente à necessidade de restituir aos
palestinos aquilo que lhes foi confiscado, objetivo que não será
alcançado sem ações revolucionárias que levem à demolição da máquina
de sacrifícios humanos do sionismo.
Por fim, o PSOL. Em discursos e textos, os militantes do partido de
Heloísa Helena levantaram a bandeira de uma Palestina Laica,
Democrática e Não Racista, fato que saudamos e com o qual comungamos
ardorosamente. Chamou-nos atenção, todavia, um pequeno, mas decisivo
detalhe. Novamente, a origem do deslize vem de um secretário de
relações exteriores, no caso, Pedro Fuentes. Para ele, o "massacre
sionista questionou globalmente a política de Israel. Mostrou o papel
ineficaz e cúmplice da ONU. Atualizou a demanda da retirada de Israel
dos territórios ocupados em 1967 e, estrategicamente, a consigna de
uma Palestina laica, livre e democrática, sobretudo no território
palestino".
Toda formulação parece-nos, em princípio, lapidarmente justa, salvo
por um pormenor: qual o significado essencial do termo "sobretudo no
território palestino"? Tem o sentido de acolher a possibilidade de
dois Estados, com uma Palestina "laica, livre e democrática" em Gaza e
Cisjordânia, mantendo-se o Estado de Israel no "território histórico"
usurpado aos palestinos no pós-guerra? Ou seja, uma Palestina
circunscrita aos territórios arrebentados por Israel na Guerra dos
Seis Dias, uma espécie de "miniestado"? Seria isso ou tudo não
passaria, afinal, de um mal-entendido? Se tudo se resume a um
mal-entendido, é hora, então, de elucidá-lo!
Que fazer?
A esquerda majoritária está frente uma encruzilhada: ou supera as suas
cartas programáticas ou ignora a realidade. A Organização para a
Libertação da Palestina (OLP) surgiu sem reconhecer o Estado de
Israel. No seu ato de criação, a OLP adotou uma Carta em que
proclamava a luta armada contra o Estado judaico, não reconhecido por
Arafat e seus correligionários. A capitulação dos anos 1990 marcou a
crise da direção histórica dos palestinos, especialmente de Iasser
Arafat. À época, Said se manifestou profeticamente: "A dificuldade
adicional é que todos os seus possíveis sucessores são figuras
menores, que provavelmente tornarão as coisas piores". Sem dúvida, o
papel nefasto e cúmplice cumprido por Mahmoud Abbas, líder do Fatah,
herdeiro político de Arafat, ratifica o prognóstico do intelectual
palestino.
Na base dessa capitulação, encontra-se exatamente a adoção pelas
lideranças históricas do povo expropriado de um programa cujo eixo
ordenador é a política dos dois Estados, ou seja, a consideração ou
legitimação do Estado racista, militarista e teocrático de Israel. O
caráter progressista do Hamas decorre da sua validação do ideário
programático que serviu de suporte ao surgimento e fortalecimento da
antiga OLP. Nada que implique em convalidar o seu projeto estratégico
de permutar um Estado teocrático por outro. Mais do que nunca, é
preciso levantar o velho e insubstituível programa fundado na defesa
de um Estado Palestino laico, democrático e não-racista.
Isso tem um sentido: não corroborar com a expropriação histórica, com
a invasão e a conquista sangrenta levada a termo pelos sionistas
contra os palestinenses. Tem, no entanto, outra acepção: a convivência
de diversos povos, independente das suas crenças e origens énticas.
Obviamente, isso não está separado anos-luz da estratégia socialista,
mas é parte dela, uma parte indissociável.
Assim, para a pergunta "o que fazer com o Estado colonial sionista",
só há uma resposta: a sua destruição. Os atalhos apenas nos levam a um
ponto mais longínquo de uma sociedade definitivamente pós-sionista,
portanto, laica, democrática e não-racista.
Isso não seria somente miragem? Ilusão? A matança em Gaza não é prova
da impossibilidade de pensarmos estrategicamente a questão, exceto
integrando a existência de Israel ao projeto do Estado Palestino?
Pensamos precisamente o oposto. Apesar da máquina bélica israelense, a
resistência palestina se revelou heróica, capaz de se projetar ainda
que sob o cerco de um dos mais poderosos exércitos do planeta.
Num primeiro balanço, é possível rememorar Schoenman: "Apesar da
repressão brutal, a moral palestina nunca esteve tão alta". Quer
dizer, a história ainda não deu a sua última palavra. Preparemo-nos
para os próximos ciclos, afinados na tática, no programa e na
estratégia. Essa é a base para uma política principista ao redor da
Questão Palestina.
[ 5/2/2009 11:42:00 ]
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4. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
5. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão
saciados!
7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
8. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!
9. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
10. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque
deles é o Reino dos céus!
11. Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem
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(Diário de Santa Faustina, n. 1037)
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