FÉ SEM OBRAS
A EUCARISTIA E A ESCATOLOGIA!(22)
As últimas coisas hão-de acontecer antes que o Senhor venha com toda a Sua Glória !.
O Reino que há-de vir é também chamado a eschata (as últimas coisas).
Os Evangelhos, bem como os escritos de S.Paulo, de S. Pedro e do Apocalipse, falam do fim do mundo, das últimas coisas que hão-de acontecer antes de Cristo vir na sua glória, e dizem que está iminente.
Foi muito apreciado e divulgado o poder desta verdade na primitiva Igreja.
Para os discípulos imediatos de Cristo, a segunda vinda parecia iminente.
S. Paulo escreveu :
- "Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do Céu e os que morreram em Cristo, ressurgirão primeiro..." (1 Tes.4,16).
Vários textos do Novo Testamento foram escritos para clarificar que só o Pai conhece o dia e a hora.
A Liturgia do Advento é toda uma preparação para a "vinda do Senhor", para a qual devemos estar preparados, porque ela está iminente porque para Deus, mil anos são como um só dia, e um dia é como mil anos, como escrveu S. Pedro :
- "Mas existe uma coisa, caríssimos, que não deveis ignorar : Um dia diante do Senhor é como mil anos, e mil anos como um só dia".(2 Pe 3,8).
Esta pespectiva escatológica determina muito bem como cada um de nós deve viver.
Para quem não tem fé na vinda do Senhor não existe o amanhã com as suas consequências; mas se a Parusia é tão certa como o dia e a noite, então todos devemos viver na expectativa de que o Senhor virá para julgar o mundo.
A escatologia é o estudo das "últimas coisas" (céu, inferno, julgamento, etc).
Seja qual for a natureza exacta da expectação dos escritores do Novo Testamento, eles estavam obviamente confusos quanto ao facto de a escatologia estar iminente.
À medida que o tempo foi correndo, o Cristianismo foi dando menos importância e menos atenção a esta mensagem da Escatologia, mas apenas a Liturgia do Advento a invoca num sentido de uma preparação para o facto de que a vinda do Senhor é incerta para cada um e o Senhor pode vir de surpresa.
Teologicamente, todavia, a necessidade da descoberta da Escatologia é um tema e uma norma de vida da maior importância.
Embora nós não saibamos "o dia nem a hora", e talvez por isso mesmo, a ideia das "ultimas coisas", é uma perspectiva de toda a nossa vda.
Tendo bem presente que é preciso estarmos preparados para o momento do último dia, é um "alerta" para que para nós o Senhor não nos apanhe despercebidos e mal preparados, segundo este aviso de S. Pedro :
- "Sede sóbrios e vigiai! O Diabo, vosso adversário, anda em redor de vós, como um leão que ruge, buscando a quem devorar".(1 Pe.5,8).
Os teólogos modernos têm alertado a nossa consciência para a importância vital da perspectiva da Escatologia.
A nossa ideia sobre "um fim" dá consistência à nossa determinação de nos prepararmos para ele constantemente.
O nosso conhecimento da relação entre a primeira e a última vinda do Senhor nos ajudará a fazer tudo para que vivamos sempre bem preparados em ordem aos últimos dias.
Com relação à Eucaristia S. Paulo recomenda :
- "Portanto, sempre que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha".(1 Cor,11,26).
A Eucaristia tem, portanto uma dimensão essencial que nos deve manter preparados até que Ele venha.
Quando nós celebramos a Eucaristia, somos essencialmente movidos pelo Espírito Santo a juntarmo-nos em Cristo ao eterno cântico de toda a Criação, aos Anjos e Santos, em Acção de Graças a Deus pelo que Ele fez por nós e para nós.
A Eucaristia é o símbolo do banquete celeste, cantado pelo salmo :
- "Saboreai e vede como é bom o Senhor; fez o homem que n'Ele se abriga".(Sl.34,9).
A nossa recompensa ultrapassa tudo quanto possamos imaginar, como o descreve ainda S. Paulo :
- "Mas, como está escrito, são coisas que "nem o olho viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam". (1 Cor.2,9).
São, todavia, coisas que não comprenderemos pelos nossos sentidos, mas que devemos receber, aceitar e cumprir segundo a fé :
- "Hoje vemos como por um espelho, de maneira confusa, mas então veremos face a face. Hoje conheço de maneira imperfeita; então, conhecerei exactamente, como também sou conhecido". (1 Cor.13,12).
E S. João dá mais um complemento :
- "Caríssimos, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos como Ele é".(1 Jo.3,2).
E assim, a Eucaristia é o principiar da nossa experiência do "mistério" de Cristo, que Ele é a promessa de Deus e o seu cumprimento.
Na Eucaristia nós tocamos e saboreamos o pão e o vinho transformados e sabemos que partilhamos uma comunhão com Deus.
O Espírito Santo é o Amor de Deus, a Santidade de Deus em nós, o nosso divino Hóspede.
Ignorar tudo isto, viver alheio a tudo isto é viver sem ter fé ou ter uma fé sem obras, que o mesmo é dizer que se vive na escuridão, com as velas apagadas.
Nascimento
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