LIBERDADE RELIGIOSA VATICANO II
DECLARAÇÃO
Vamos continuar a celebrar o Ano da Fé, com a apresentação da Declaração do Concílio Vaticano II Dignitatis Humanæ.
DOUTRINA GERAL ACERCA DA LIBERDADE RELIGIOSA
(08).-A LIBERDADE RELIGIOSA EM CRISTO E NOS APÓSTOLOS !
11).- Deus chama realmente os homens a servi-l'O em espírito e verdade; eles ficam, por esse facto, moralmente obrigados, mas não coagidos.
Pois Deus tem em conta a dignidade da pessoa humana, por Ele mesmo criada, a qual deve guiar-se pelo próprio juízo e agir com liberdade.
Isto apareceu no mais alto grau em Jesus Cristo, no qual Deus Se manifestou perfeitamente, e deu a conhecer os seus desígnios.
Com efeito, Cristo, nosso Mestre e Senhor, manso e humilde de coração, atraiu e convidou com muita paciência os seus discípulos.
Apoiou e confirmou, sem dúvida, com milagres, a sua pregação; mas para despertar e confirmar a fé dos ouvintes, e não para exercer sobre eles qualquer coacção.
Censurou, é verdade, a incredulidade dos ouvintes, mas reservando para Deus o castigo, no dia de juízo.
Ao enviar os Apóstolos pelo mundo, disse-lhes :
-"Ide pelo mundo inteiro a anunciar a Boa Nova a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo, mas quem não acreditar será condenados".(Mc.16,15-16).
Mas Ele próprio, sabendo que a cizânia tinha sido semeada juntamente com o trigo, mandou deixar que ambos crescessem até à ceifa que terá lugar no fim dos tempos.
Não querendo ser um Messias politico e dominador pela força, preferia chamar-se Filho do Homem que veio "para servir e dar a sua vida pela redenção do mundo".(Mc.10,45).
Apresentou-se como o perfeito Servo de Deus, que "não quebra a cana rachada nem apaga a mecha fumegante". (Mt.12,20).
Reconheceu a autoridade civil e seus direitos, mandar dar o tributo a César, mas lembrando claramente que se devem observar os direitos superiores de Deus :
-"Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".(Mt.22,21).
Finalmente, realizando na Cruz a obra da Redenção, com a qual alcançava para os homens a salvação e verdadeira liberdade, completou a sua revelação.
Pois deu testemunho da verdade, mas não a quis impor pela força aos seus contraditores.
O seu reino não se defende pela violência, mas implanta-se pelo testemunho e pela audição da verdade, e cresce pelo amor com que Cristo, elevado na Cruz, a Si atrai todos os homens.
Os Apóstolos, ensinados pela palavra e exemplo de Cristo, seguiram o mesmo caminho.
Desde os começos da Igreja, os discípulos de Cristo esforçaram-se por converter os homens a Cristo Senhor, não com a coacção ou com artifícios indignos do Evangelho, mas primeiro que tudo com a força da palavra de Deus.
A todos anunciavam com fortaleza e vontade de Deus Salvador "o qual quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade".(1 Tim.2,4), ao mesmo tempo, respeitavam os fracos, mesmo que estivessem no erro, mostrando assim como "cada um de nós dará conta de si a Deus".(Rom.14,12), e, nessa medida, tem obrigação de obedecer à própria consciência.
Como Cristo, os Apóstolos sempre se dedicaram a dar testemunho da verdade de Deus, ousando proclamar diante do povo e dos chefes "com desassombro, a palavra de Deus".(Act.4,31.
Pois acreditamos firmemente que o Evangelho é a força de Deus para a salvação de todo o que a credita.
E assim é que, desprezando todas as "armas carnais", segundo o exemplo de mansidão e humildade de Cristo, pregaram a palavra de Deus com plena confiança na sua força para destruir os poderes opostos a Deus e para trazer os homens à fé e obediência a Cristo.
Como o Mestre, também os Apóstolos reconheceram a legítima autoridade civil :
-"Não há nenhum poder que não venha de Deus", ensina o Apóstolo, que depois manda : "cada um se submeta às autoridades constituídas; …quem resiste à autoridade, rebela-se contra a ordem estabelecida por Deus".(Rom.13,1-2).
Ao mesmo tempo, não temeram contradizer o poder público que se opunha à vontade sagrada de Deus : "deve-se obedecer antes a Deus do que aos homens".(Act.5,29).
Inúmeros mártires e fiéis seguiram, no decorrer dos séculos e por toda a terra, este mesmo caminho.
Nascimento
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]