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Nova publicação em Luciano Ayan
by lucianohenrique
O maior problema de discutirmos com esquerdistas é que muitos da direita não percebem que o oponente tem valores distorcidos. A partir do momento em que conseguirmos conscientizar a maior parte de direitistas dessa distorção de valores que a esquerda possui, as possibilidades de ridicularização do discurso adversário tornam-se múltiplas.
Por exemplo, vejam o caso do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que tenta arrumar desculpinhas para o fato de ter emprestado R$ 10,4 bilhões a Eike Batista, do grupo EBX. Detalhe: agora o total de dívidas do grupo EBX alcança 26 bilhões de dólares, e o risco de calote é alto.
Veja como Coutinho se defende: "Foi uma expectativa compartilhada por todo o mercado em um conjunto de projetos – a maioria meritórios e consistentes".
Quem olha somente para os resultados das políticas, mas não para os erros morais inerentes a elas, irá automaticamente questionar a parte onde Coutinho define que a maioria dos projetos de Eike era "meritórios e consistentes", certo? Ok, nada de errado em refutar isso, até por que devemos refutar toda alegação esquerdista injustificada.
Mas para mim o vital é refutar o momento onde Coutinho diz que os erros do BNDES estão justificados por que "foi uma expectativa compartilhada por todo o mercado em um conjunto de projetos".
Aqui nós já temos um problema seríssimo de valores, e, como já disse, no caso da esquerda eles são distorcidos, tanto que o energúmeno nem percebe que não tem o direito moral de justificar um erro do governo com o erro do mercado.
Para início de conversa, o mercado não atua usando coerção para obter sua renda. Ao contrário, o mercado trabalha oferecendo produtos e serviços, e o consumidor tem a liberdade para escolher alocar seus recursos nos produtos e serviços conforme sua vontade. Enquanto isso, o estado não dá liberdade alguma ao cidadão, e obtem sua renda a partir de uma ação imoral e coercitiva.
Vamos comparar onde estão estado e mercado nessa equação.
Vejamos o caso do médico de um hospital particular que atende uma paciente vítima de uma agressão. No dia seguinte, ela está salva e fora de perigo, por causa da ação do médico. Agora veja o caso de um estuprador, que sequestra uma garota, e decide estuprá-la durante toda noite. Ele aponta um revólver para a cara dela, mas, em um lapso de empatia, não aperta o gatilho. Ele vai embora e a deixa viva.
Só uma mente transtornada, e praticamente psicopática, poderia dizer que o ato do estuprador é tão moral quanto o do médico. (Aliás, a metáfora do estupro é uma das mais mais perfeitas para avaliarmos a ação do estado, pois temos uma ação criminosa, coercitiva e violenta, amoral sob todos os aspectos, que ofende a liberdade e a dignidade das pessoas mentalmente sadias)
O médico de um hospital particular não tem a obrigação de salvar a vida de ninguém. Ele deve tentar. Se ele fizer o seu melhor, já temos um ato moralmente aceitável. Mas o estuprador tem a obrigação moral de, já que cometeu o estupro, ao menos que não mate sua vítima. O fato é que um crime abjeto e odioso ele já cometeu. Ele não tem o direito moral de esperar uma medalha por "salvar uma vida inocente". Ao contrário, no máximo ele pode esperar uma pena menor.
A ação do estado na coerção dos cidadãos para a obtenção de altíssimos impostos é um crime moral, não muito diferente da ação de um estuprador.
Quando o mercado erra com Eike, este é um problema deles. O mercado não funciona com base no roubo e coerção para obtenção de sua renda. A não ser o mercado do crime organizado, mas este não é um mercado "formal". O dinheiro que os empresários perderam ao investir em Eike não é meu. É deles. Eles não tem que pedir desculpas para mim pelo que fizeram.
Quando o estado erra com Eike, este é um problema nosso. O estado só funciona com base na coerção de cidadãos indefesos para obter sua renda. Toda a ação do estado atual é moralmente abjeta sob todos os sentidos. O dinheiro que eles perderam ao investir em Eike foi obtido a partir desta coerção. Moralmente, não é nem um dinheiro deles. Quem é do governo deveria viver o dia todo de cabeça baixa perante o cidadão dizendo "desculpe-nos pelo nosso crime moral". E em relação ao dinheiro perdido com Eike, deviam pedir desculpas dobradas, e olhar para a gente com o mesmo olhar constrangido de um estuprador ou assaltante pego pela polícia.
Se avaliarmos todo o discurso de Luciano Coutinho, por uma questão de princípios, avaliamos que o sujeito precisa ser moralmente esculhambado por ter a cara de pau de comparar o ato livre do mercado com uma ação moralmente criminosa do governo. Não, o BNDES não tem desculpa nenhuma para "errar com Eike", até por que para começar dinheiro público não deveria ser usado para lobby. E se lembrarmos bem, Eike investiu 1 milhão de reais no filme "Lula, o Filho do Brasil". Troca de favores?
Enfim, temos um caso moralmente seríssimo na declaração de Luciano Coutinho. Justificar qualquer erro do BNDES com "erros do mercado" é uma ofensa à inteligência e a dignidade dos cidadãos. Ele não pode ser perdoado por nos ofender desta forma.
lucianohenrique | 14 de julho de 2013 às 1:56 am | Tags: BNDES, coerção, esquerdismo, estado inchado, estupro, inchaço estatal, luciano coutinho, petralhas, PT | Categorias: Outros | URL: http://wp.me/pUgsw-6Oy
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]