Sic dixit Franciscvs

Frei Clemente Rojão

Ortodoxia Católica sem Frescuras!

A misericórdia é grande, mas a penitência é braba!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Sic dixit Franciscvs

No Angelus do dia 20 de julho, antes de embarcar para o Brasil:

"A oração que não gera uma ação concreta em ajuda de nossos irmãos pobres, doentes, carentes, que precisam de nós, é uma oração estéril e incompleta. Por outro lado, quando no serviço eclesial se presta mais atenção no 'fazer', dando mais importância às funções e estruturas, corre-se o risco de servir apenas a sim mesmo e não a Deus, presente no irmão necessitado".

Fico grato em ouvir isto. Quando me queixo de que as ordens religiosas, aqui e aqui, fazem muito blá blá blá e pouca ação, fico feliz em ver constatar que ecoo o Santo Padre. Como disse, ajudar o pobre é bom, falar de pobre é ruim. Um sopão vale mais que painéis temáticos. Um batismo vale mais que todas as coletas recicláveis do mundo. E se seria mal os padres gastarem o tempo dele falando sem cessar da Santíssima Trindade sem caridade, ainda mais hoje, que gastam tempo sem cessar falando dos "tais oprimidos" sem dar um pão com manteiga ou uma calça velha para quem precisa.

O cristianismo se espalhou na velha Roma não debatendo com os sofistas a estrutura de classes entre patrícios e plebeus, entre cidadãos romanos, provincianos e bárbaros, nem falando do imperador ou do Senado. O cristianismo se espalhou dando comida aos pobres, protegendo as mulheres do divórcio, do espancamento e do aborto forçado pelos maridos, igualando escravos e senhores diante de Deus (ainda que permanecessem escravos e senhores no mundo), dando acolhida aos doentes. Blá blá blá os filósofos e artistas da antiguidade faziam muito bem. Martírio, os hereges se martirizavam até mais que os católicos. O que fez a Igreja vencer foi fazer caridade, não falar de caridade. Deus fez o primeiro papa ser um rude pescador analfabeto, porque queria peixes, não sermões. Mais tarde, quando precisou de sermões chamou Paulo, que é famoso por ter sido um grande missionário, não um grande prosador, haja vista a linguagem as vezes críptica de suas cartas.

Quanto a segunda frase, rapidamente algum libertasto de padre modernoso pode achar que é sobre a liturgia. Não senhor. É sobre a carreira eclesiástica mesmo. É um belo chute no traseiro de monsenhores, padres de passeata, padres-cantores, vigários, cônegos, porta-vozes, bispos, superiores e abades - e porque não papabilis - que olham muito o cargo eclesiástico. Quando vc começa a pensar "ai, o que Dom Fulano vai pensar de mim", parabéns, você é um carreirista. Por isto que nossos bispos - a maioria deles - são grandes poltrões covardes ao denunciar o aborto. Porque tem medo do que a CNBB, a Folha de São Paulo e o PT vão pensar. Ou temerão sofrer o martírio branco de Dom Sobrinho, linchado pelos espadachins da reputação alheia em praça pública.

Postado por Frei Clemente Rojão OAAO