-
- lucianohenrique publicou: " O ceticismo político defende a priorização do questionamento às alegações de acordo com o grau de benefício político que ela oferece aos seus adversários. Note que ele é um complemento ao ceticismo tradicional, no qual nós questionamos a nós mesmos. E"
Responda a esta publicação respondendo acima desta linha
Nova publicação em Luciano Ayan
O ceticismo político defende a priorização do questionamento às alegações de acordo com o grau de benefício político que ela oferece aos seus adversários. Note que ele é um complemento ao ceticismo tradicional, no qual nós questionamos a nós mesmos. Entretanto, questionarmos a nós mesmos, e esquecer de questionarmos os nossos oponentes, é um ato injustificável e extremamente ingênuo.
Em política, temos várias categorias de alegações, mas uma, em especial, é a mais relevante neste contexto: o foco das alegações. Partindo de um oponente político seu, uma alegação pode ser ad hominem ou ad rem, em relação ao foco.
Alegações ad rem falam de assuntos do mundo, enquanto as alegações ad rem falam dos indivíduos envolvidos no debate. Assim, afirmações como "essa proposta é a melhor para a criminalidade" ou "devemos aumentar o tamanho do estado" são alegações ad rem, enquanto "eu sou progressista" ou "eu sou liberal" são alegações ad hominem.
A dinâmica social nos mostra que as alegações ad hominem são mais devastadoras, pois, se aceitas, servem como um "guarda-chuva", protegendo uma série de alegações ad rem. Alguém que convence a patuléia de ser um "representante da ciência" ou "defensor dos pobres" (alegações ad hominem) automaticamente "desliga" o cérebro de grande parte da platéia, e, a partir daí, consegue inserir uma série de idéias absurdas que lhe trarão benefício. Todo o jogo de rótulos é, portanto, a prática de alegações ad hominem.
Rótulos como "reacionário" e "conservador" causam muito benefício aos esquerdistas, e, ingenuamente, muitos da direita caíram no jogo e passaram a aceitar esses rótulos como se fossem verdadeiros. Muitos autores da direita passaram a criar racionalizações para explicar um aspecto positivo do que é ser "reacionário" ou "conservador". Explicações estas que serão absorvidas por menos de 10% do público.
Só que se o ceticismo político investiga todas as alegações políticas, e dá especial atenção às alegações ad hominem, então alegações como "esquerdistas são progressistas" e "direitistas são conservadores", além de "esquerdistas são agentes de mudança" e "direitistas são reacionários" são alegações a serem testadas, e nada mais que isso. Aceitar à partida essas alegações como verdadeiras seria uma ingenuidade inaceitável.
Pois bem, vamos testar a alegação de "conservadorismo" como se fosse um atributo da direita, já que "conservador é quem conserva". Em um debate racional, temos que reconhecer o fato de que muitos conservadores são cristãos (embora existam direitistas que não sejam conservadores, e alguns conservadores que não são teístas). Alguns poderiam argumentar que os valores a serem conservados por essa direita datam da época em que Jesus Cristo viveu, portanto são valores "antigos".
O problema é que a crença em um Deus-estado, direcionada ao regime político de Akhenaton, é muito mais antiga que o cristianismo. E esses são os valores que os esquerdistas querem "conservar". Lembremos que, de acordo com o ceticismo político, frases como "eu sou progressista" são apenas alegações a serem testadas, e não passam no crivo cético. Não adianta chamar algo de "progressista", se estamos diante de algo muito mais conservador que o conservadorismo cristão.
Sendo o conservadorismo inerente a boa parte da direita, e à totalidade da esquerda, qual conservadorismo data de valores mais ultrapassados? Obviamente, o conservadorismo de esquerda, pois o culto ao estado depende de uma ingenuidade inaceitável e cuja crença já foi provada falsa diversas vezes. Enquanto isso, a crença cristã em coisas como a ressurreição de Cristo carece de evidências. Mas carecer de evidências é diferente de ter evidências em contrário, e por isso a crença esquerdista com certeza é mais obsoleta.
Vejamos também outro rótulo: "reacionário". Se "reacionário é quem reage" às propostas de mudanças, então o esquerdista com certeza é muito mais reacionário. É o esquerdista que defende a submissão a estados fortes, como no tempo das monarquias, ou no tempo de Akhenaton. A grande revolução de nossos tempos foi a revolução capitalista, que nos libertou das amarras de tiranos. As idéias esquerdistas, por outro lado, tem feito a alegria de tiranos ao redor do mundo.
O capitalismo foi a grande mudança que atingiu o status quo. Foi a partir do capitalismo que terminamos a escravidão e inserimos as minorias no mercado de trabalho, transformando-as em consumidoras. As mulheres passaram a lutar por igualdade por que queriam trabalhar e consumir. Isso vale para todas as minorias.
Testemos também o rótulo "reacionário" em relação às solicitações de mudança feitas pela direita. Basta que solicitemos a redução da maioridade penal ou dos impostos, que eles batem o pé e fazem birrinha. Não aceitam discutir essas questões e passam a manifestar todo seu fascismo contra o oponente de direita. É claro que aquele que mais reage às mudanças é o esquerdista.
Ao fugir dos dogmas do tempo de Akhenaton, que os esquerdistas lutam para conservar, a direita se torna agente de mudança para nos ajudar em nossa caminhada em direção à liberdade. Para isso, precisamos lutar contra o conservadorismo e o reacionarismo quase patológico da esquerda.
lucianohenrique | 18 de agosto de 2013 às 6:37 pm | Tags: ad hominem, ad rem, akhenaton, alegação, ceticismo, ceticismo político, cristianismo, deus-estado, esquerdismo, religião política | Categorias: Outros | URL: http://wp.me/pUgsw-6Zt
Cancele a assinatura ou altere configurações de email em Gerenciar Assinaturas.
Problemas ao clicar? Copie e cola esta URL em seu navegador:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]