sábado, 7 de setembro de 2013

Sublime comunhão de trapaceiros, vestíbulo do Anticristo











-





















Contra Impugnantes



Espaço destinado a combater a insidiosa e multiforme cultura liberal, que tem entre as suas raízes mais daninhas: uma falaciosa noção de liberdade humana; a idolatria — implícita ou explícita — da consciência individual; a separação entre natureza e moral; a contraposição entre Estado e indivíduo; a dissolução da Religião em categorias morais sem fundamento metafísico; a perda da noção de bem comum político.































terça-feira, 3 de setembro de 2013




  • Sidney Silveira

A civilização pós-cristã contemporânea sepultou a idéia de virtude, seja no plano individual ou coletivo. Após as violentas assertivas de Nietzsche, Freud e Marx — e, posteriormente, a de seus epígonos filosóficos e ventríloquos universitários ao longo do século XX —, o bom caráter acabou por tornar-se uma espécie de impossibilidade sociológica, cultural. Os parâmetros estabelecidos à luz da obra desses mestres da prestidigitação lógica, e também da de alguns dos seus antepassados, como Hobbes e Maquiavel, passaram a ser sobretudo três: o insaciável império da vontade, o governo tirânico e libidinoso do inconsciente e a luta entre grupos vetorizados pelo critério material. De maneira decisiva e em nível até então inimaginável, a arte perdeu o vínculo com o belo e a política com o bem, dois transcendentais do ser.


Tornamo-nos sociedades de tarados impacientes, pessoas que exigem sem demora o cumprimento estrito de absolutamente todos os seus caprichos, pondo a culpa de qualquer infortúnio pessoal ou desejo insatisfeito nas injustiças sócio-políticas, nas desavenças de classe e no “preconceito”, palavrinha mágica hoje capaz de auferir benesses estatais vultosíssimas em favor de quem a souber manipular — sempre a título do pagamento de dívidas atávicas que podem remontar ao paraíso adâmico. A máxima sartreana erigiu-se em norma pétrea: o inferno são os outros, mas numa conformação em que a tolerância à adversidade é zero. Em síntese, não apenas desacreditamos da virtude, mas lhe pusemos gigantescos obstáculos políticos, impedindo que aflore no tecido social, com as cada vez mais honrosas e miraculosas exceções.


Criamos uma cultura patógena, ou seja, fomentadora de enfermidades psíquicas em larga escala, como costuma afirmar o filósofo tomista Martín Echavarría, prolífico autor contemporâneo de importantes estudos na área da psicologia. Por sua vez, o espírito liberal engendrou no Ocidente um cenário no qual a norma é aprovar leis multiplicadoras dos confrontos entre grupos e indivíduos, na prática um fomento legislativo à inimizade, à divisão das sociedades em minorias cada vez mais numerosas que se odeiam com monolítica reciprocidade.


Como não poderia deixar de ser à vista do acima exposto, o homem contemporâneo é tribal, precisa afirmar-se nalgum agressivo grupo identitário excludente de todos os demais, com o luxuoso apoio do Estado. A um só tempo, ele é espiritualmente emasculado, moralmente tíbio e fisicamente violento. Sobretudo o homem da geração neta do “é proibido proibir”, expressão parida, formulada, concebida na nunca assaz incensada anarquia do Maio de 68. A propósito deste evento de falsas intenções libertárias, dizia Raymond Aron que o seu propósito era, acima de tudo, criar uma máquina de guerra para destruir as universidades como centros de ensino e atacar a ordem social inteira. Um radicalismo itinerante que hoje reencarna no Brasil, na pele dos grupos de “manifestantes” financiados indiretamente pelo governo federal para galvanizar toda a política e evitar o nascimento de qualquer verdadeira oposição.


Ora, retirado do sofrimento humano o seu sentido transcendente, que o cristianismo tão benevolamente trouxera ao mundo, não restam senão desespero e agonia, cupidez e desordem, maldade e desonra. Extirpada do horizonte social a noção de culpa, assim como as virtudes teologais — fé, esperança e caridade —, substituídas pela revolucionária tríade fraternidade-igualdade-liberdade, as pessoas tendem a criar mecanismos de autocomiseração e desculpar-se previamente a si próprias, arrolando estapafúrdias justificativas para os mais hediondos atos, sempre tendo à mão algum intelectual, jurista ou parlamentar para lhes dar suporte.


Em verdade, a marcha da insanidade é, na acepção do termo,política: o Estado transformou-se no difusor maior da maldade, na medida em que ele próprio se pretende normatizador do certo e do errado moral, bem ao modo hegeliano. Ele é babá de caprichos e taras potencialmente multiplicáveis ao infinito, garantidor do fundamental direito de jogar todos contra todos e indomável inimigo dos resquícios de cristianismo — principalmente do cristianismo católico tradicional, aquele que defende dogmas bimilenares e a exclusividade salvífica da Igreja.


Na Nova Ordem Mundial, só um arremedo de religião ecumênica poderá ter lugar, e a própria Igreja pós-Vaticano II ajudou a erigir o presente estado de coisas, com gravíssimas omissões políticas e um neomagistério dialogado feito de encomenda para não ferir susceptibilidades. Mas se — como diz Santo Tomás de Aquino no clássico De Malo — um pecado é tanto mais grave quanto maior é o bem a que se opõe, quão enorme culpa têm essas autoridades eclesiásticas prevaricadoras do seu múnus espiritual! Descumpridoras da norma segundo a qual, como dizia Leão XIII, o Estado sem a Igreja é um corpo sem alma. Ou, noutras palavras: a matéria sem um espírito que a vivifique é decomponível de per si.


Se a política é hoje esta sublime comunhão de trapaceiros cujo objetivo é manter-se no poder a qualquer custo, tenhamos em vista que a natureza não dá saltos e que para chegarmos a este padrão de degradação foi preciso transformar a política em algo com princípio e fim em si mesma. Desvinculá-la de quaisquer pilares espirituais.



Coisa inédita desde a Antiguidade mais remota.

Postado por Adm. às 23:02










Instituto Angelicum



Seguidores




Arquivo do blog

2013 (78)
Setembro (3)
Agosto (9)
Julho (16)
Maio (6)
Abril (9)
Março (12)
Fevereiro (6)
Janeiro (17)
2012 (156)
2011 (198)
2010 (174)
2009 (225)
2008 (164)



Google














Modelo Simple. Tecnologia do Blogger.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]