-
Christo Nihil Praeponere
Pesquisa
/Blog
04/10/2013 12:04 | Categoria: Igreja Católica
As chaves que foram entregues a Pedro lembram que é por vontade do próprio Jesus que a Igreja possui um governo hierárquico.
Além de ser sucessor do apóstolo Pedro, o Papa "é o Vigário de Jesus Cristo porque ele O representa na terra, e faz as suas vezes no governo da Igreja", preleciona o Catecismo de São Pio X.
Após a Sua ascensão aos céus, a fim de assentar-se à direita de Deus, como diz o Credo, Cristo não abandonou a humanidade à própria sorte. Após a máxima intervenção do Senhor na história humana, com a encarnação do Seu próprio Filho, fica para os homens como que uma continuidade desta presença de Jesus – e ela se manifesta concretamente na Igreja.
Quando se fala de Igreja, é claro que não se fala simplesmente do clero, dos ministros ordenados que estão configurados de modo mais perfeito a Cristo sacerdote. Está a se falar de todo o conjunto dos fiéis "que respondem à Palavra de Deus e se tornam membros do Corpo de Cristo"01. E, no entanto, todo católico confessa sua fé na Igreja apostólica, isto é, na Igreja construída "sobre o fundamento dos apóstolos" (Ef 2, 20). Foi a partir dos doze primeiros discípulos escolhidos por Jesus que cresceu toda a comunidade cristã, hoje tão numerosa quanto as estrelas do céu (cf. Gn 15, 5).
De fato, muitas são as passagens na Escritura indicando esta predileção de Jesus pelos apóstolos. Ultimamente, muitas pessoas – teólogos, inclusive – têm questionado a existência da hierarquia na Igreja, chegando mesmo a dizer que esta é uma instituição humana, concebida unicamente para "oprimir" ou "empoderar" grupos específicos de pessoas. Mas, será isso mesmo? Quem lança um olhar sincero para os Evangelhos é obrigado a admitir que o desejo de constituir uma ordem hierárquica não partiu de ninguém menos que o próprio Jesus. Como ensina o Servo de Deus, o Papa Paulo VI:
"O fato de Jesus Cristo ter querido que a sua Igreja fosse governada com espírito de serviço não significa que a Igreja não deva ter um poder de governo hierárquico: as chaves que foram entregues a Pedro dizem alguma coisa, dizem muito; como a frase de Jesus que comunica aos Apóstolos a Sua divina autoridade, quase como se quisesse identificar-se com eles: 'Quem vos ouve é a Mim que ouve, e quem vos rejeita é a Mim que rejeita', (Lc 10, 16), mostra-nos o poder, sempre pastoral e destinado ao bem da Igreja, mas forte e eficaz, de que estão revestidos aqueles que representam a Cristo, não por eleição da base, ou por encargo da comunidade, mas por transmissão apostólica, através do Sacramento da sagrada Ordem"02.
Se é verdade que o Senhor transmitiu aos apóstolos um encargo particular, distinto dos demais cristãos, concedeu a São Pedro, de quem o Papa é sucessor, uma missão ainda maior. Como ensina São Leão Magno, "a um só apóstolo está confiado o que a todos os apóstolos é comunicado"03.
Confiando-lhe as chaves do Reino dos céus, Jesus deu a Pedro o poder de ligar e desligar, e tudo o que por ele fosse sancionado aqui na terra seria também estabelecido no Céu (cf. Mt 16, 19). Se não fosse o próprio Deus a fazê-lo, seria muito acertado considerar tal coisa um disparate. Afinal, como pode ser dado a um homem alterar as coisas de tal modo que o Céu não apenas o escute, mas fique obrigado a aprovar suas disposições? E, no entanto, Jesus estabeleceu as coisas deste modo, não deixando margem para interpretações distorcidas, como são as que predominam em ambientes protestantes.
Como já visto, isto não significa que o poder do Papa seja ilimitado, e nem que a sua infalibilidade – proclamada como dogma pelo Concílio Vaticano I – seja exercida todas as vezes em que ele se pronuncia. De modo bem didático, explica o Catecismo de São Pio X que "o Papa é infalível só quando, na sua qualidade de Pastor e Mestre de todos os cristãos, em virtude de sua suprema autoridade apostólica, define uma doutrina relativa à fé e aos costumes, que deve ser seguida por toda a Igreja" (n. 198). Porém, mesmo quando não emite um parecer definitivo sobre as coisas da fé, "todo o católico deve reconhecer o Papa como Pai, Pastor e Mestre universal, e estar unido a ele de espírito e coração" (n. 203).
A maneira mais concreta de estar unido ao Sumo Pontífice, mais do que ir ao Vaticano e visitá-lo, é permanecer em contínua oração por seu ministério e por seu pastoreio, perseverando na comunhão com o Magistério bimilenar da Igreja universal. Afinal, como diz um adágio antigo, ubi Petrus, ibi Ecclesia – onde está Pedro, aí está a Igreja.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências
Catecismo da Igreja Católica, n. 790
- Tags: Papa, Fidelidade ao Papa, São Pedro
Atenção: Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica será prontamente banida. Todos os comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam, de maneira alguma, a posição do site padrepauloricardo.org. Reservamo-nos o direito de excluir qualquer comentário que julgarmos inoportuno ou que não esteja de acordo com a política do site.
Categorias
+ comentadas
Arquivos
Selecione para abrir
TagsAborto Vida Dom Luiz Bergonzini PT Pe. Paulo Ricardo ComunicadoCatolicismo SacerdócioTradição Concílio Vaticano IIPapa Bento XVIBatina Igreja CatólicaPolítica Mensagem PlataformaCursos Suporte Virgem Maria Bispo Devoção à Santíssima Virgem MariaAssinatura Dilma Pró VidaFidelidade ao Papa GovernoMartírio Eventos Livro Seguir a Cristo Nova Ordem MundialIdeologia Gay Liberdade de expressão Evangelizar Crise no sacerdócio Eucaristia LiturgiaCatecismo PapaComunicação Redes SociaisEducação Rosário CanonizaçãoSantos Intercessão dos SantosSantificação PerseguiçãoOração Secularismo Padre Raniero CantalamessaSacrifício Sacramentos AteuNovo Testamento NatalNascimento de CristoRelativismo Renuncia AmorConversão Paz Ética moralFecundação In VitroEcumenismo GayzismoAlexandre Padilha Cultura da Morte Ministério da SaúdeMatrimônio Dom Celso Marchiori JMJ JuventudeCultura da Vida VaticanoFamília Sociedade Dom Vincenzo Paglia Estado MídiaRenúncia do PapadoCrítica Leonardo BoffConclave Santo Afonso Maria de Ligório MarxismoLiberdade Religiosa Cardeal Odilo Pedro Scherer Magistério da Igreja Teologia da libertação Hans Küng HistóriaGuarda Suíça Colégio dos Cardeais Cardeal Teólogos Liberais Hans Urs von BalthasarFeminismo Papa Francisco Padre Paulo Ricardo Cruz Discurso Corpo Diplomático Direção Espiritualdoenças espirituaisCasamento Gay Papa João Paulo II Filmes BatismoTestemunho Ideologias MilagreConsagra-te Infanticídio Clínica de Aborto Crime Vocação Sim a Deus Estatuto do Nascituro LeisCatequese Audiência GeralAbortismo Perseguição Religiosa Santa MissaFulton J. Sheen Calvário Lei Natural Jovens ApostasiaMiséria Papa Pio X ApostoladoAtivismo Religioso Dom Jean-Baptiste Chautard Olavo de Carvalho Mundo Cultura Dr. Kermit Gosnell ReligiosasAdoção Direitos InalienáveisPadres Bispos ExorcismoCNBB Satanás ConfissãoMasturbação CastidadePornografia ExortaçãoAdoração Eucarística ONUMoral Cristã Vigilantes Papa Leão XIII Seminário Obras de caridade PaganismoHomossexual Conselho Federal de Psicologia ComunismoProtesto Misericórdia São Mateus Comissão de Direitos Humanos Congresso NacionalFé Projeto de Lei PLC 03/2013Padre Luiz Carlos Lodi da CruzProtestantismo São Pedro Papa Pio XII Segunda Guerra MundialHeresia Fidelidade SexualidadeCardeal Raymond Leo BurkeMatrimônio em crise Cultura do provisório Missionário Amor de Deus Amizade Politicamente Correto Respeito HumanoAteísmo Egito Igreja CoptaPecado Mortal Dom Héctor Aguer Crise de Fé AnjosDemônios Dogmas VirtudesSão Josemaria Escrivá SíriaSofrimento Esperança Friedrich Nietzsche G.K. ChestertonGustavo Corção Reforma litúrgica Laicismo Guerra Pe. Gabriele Amorth MaterialismoCombate Espiritual CelibatoTerrorismo Islamismo Luta contra o pecado Estigmas
Newsletter
Seu nome
Seu email
Receba as últimas novidades! Informações sobre novas aulas, notícias e programas (ex: A Resposta Católica, Parresía, Testemunho de fé) em seu e-mail.
CHRISTO NIHIL PRAEPONERE
Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos - Mt 10,16
Todos os direitos resevados a padrepauloricardo.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]