- O DILÚVIO E A ALIANÇA.
A Liturgia da Palavra de hoje 15 de Novembro C, faz-nos uma evocação de uma Aliança que Deus fez com Noé a respeito do Dilúvio, sobre as leis da natureza :
- "A seguir, Deus disse a Noé e a seus filhos : "Vou estabelecer uma Aliança convosco, com a vossa descendência e com os demais seres vivos que vos rodeiam(...) Estabeleço convosco esta aliança; não mais criatura alguna será esterminada pelas águas do dilúvio e não haverá jamais outro dilúvio para destruir a terra" (Gn. 9/8-9).
Isto disse e fez Deus depois do Dilúvio Universal, que representa o castigo de Deus para com a primeira comunidade humana que ainda vivia depois da Criação, que não quis obedecer à vontade de Deus e que o Livro do Génesis, numa força de expressão conta assim ::
- "O Senhor reconheceu que a maldade dos homens era grande na terra, que todos os seus pensamentos e desejos tendiam sempre e unicamente para o mal. O Senhor arrependeu-Se de ter criado o homem sobre a terra, e o Seu coração sofreu amargamente. E o Senhor disse : "Eliminarei da face da terra o homem que Eu criei, e, juntamente com o homem, os animais domésticos, os répteis e as aves dos céus, pois estou arrependido de os ter feito". Noé, porém achou graça aos olhos do Senhor. (Gn. 6/5-8). Pois vou lançar um Dilúvio, que tudo inundando, eliminará debaixo do céu todo o ser animal, com sopro de vida". (Gn.6/17).
A história do Dilúvio representa essencialmente o julgamento de Deus a respeito da humanidade e do seu comportamento e a decisão do seu castigo, e depois a vontade de Deus em salvar Noé e a sua família em ordem a uma nova humanidade.
A história do Dilúvio está relacionada, não apenas com a salvação que se há-de realizar depois do cataclismo, mas também com a lei moral.
O Senhor resolve nunca mais destruir todos os seres humanos da mesma maneira :
- "De futuro não amaldiçoarei mais a terra por causa do homem, dado que as tendências do coração humano são más, desde a juventude, e não voltarei a castigar os seres vivos, como fiz".(Gn.8/21-22).
Na verdade, na concatenação da História da Salvação, a Bíblia recolhe uma lenda antiga, comum aos sumérios e aos romanos : o Dilúvio.
Essa lenda mesopotâmica deve ter tido a sua origem em alguma inundação famosa verificada nos seus rios : o Tigre e o Eufrates.
Nas Mitologias antigas, o dilúvio é pintado como um castigo dos deuses.
A Bíblia utiliza essa velha crença popular adaptando-a ao Deus vivo.
Outras histórias catastróficas do Dilúvio se encontram, portanto, fora do Antigo Testamento em que há certas analogias entre si e entre elas e o Génesis.
Entre estas está o épico Gilgamesh da Mesopotâmia e o épico Atrahasis da Babilónia.
Apesar de algumas analogias, a narração Bíblica tem importantes diferenças das narrativas dos épicos do Próximo Oriente.
A perspectiva politeísta dos épicos contrasta flagrantemente com a perspectiva monoteísta do Dilúvio Bíblico, o qual representa um grande esforço no sentido de fugir à corrente mitológica.
Por exemplo, enquanto o Dilúvio de Atrahasis representa um castigo, no Génesis é apenas um julgamento divino contra a fraqueza humana.
Depois, o Novo Testamento faz referenda ao Dilúvio, como simbolismo de regeneração baptismal :
- "Esta água era uma figura do Baptismo, que agora vos salva, não pela purificação das impurezas da carne, mas justificando a consciência". (1 Pe.3/21).
O Catecismo da Igreja Católica, em referência ao Dilúvio diz o seguinte :
56. - (... ) A aliança com Noé, a seguir ao Dilúvio, exprime o princípio da economia divina em relação às "gentes" ou nações, quer dizer, em relação aos homens reagrupados "segundo os seus países, cada qual segundo a sua língua e os seus clãs.
1094. - (...) Assim, o Dilúvio e a arca de Noé prefiguravam a salvação pelo Baptismo (
).
1219. - A Igreja viu na arca de Noé uma prefiguração da salvação pelo Baptismo. Com efeito, graças a ela, "um pequeno grupo, ao todo oito pessoas, foram salvas pelas águas", (l Pe.3/20).
Tanto o castigo do dilúvio como a lepra, de que já falámos, são um símbolo do pecado, por isso não nos devemos admirar se Deus, no sentido de uma regeneração nos quiser mostrar o seu poder e o seu amor, para que procuremos fazer sempre a Sua vontade.
John
Nascimento
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]