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- FSSPX > EVANGELII GAUDIUM – DOLOR FIDELIUM – “A ALEGRIA DO EVANGELHO”, A DOR DOS FIÉIS
- REVISTA GAY ELEGE O PAPA COMO "PESSOA MAIS INFLUENTE DE 2013"
- Um estudo revela que pessoas criadas por gays têm mais problemas
- Famoso ator homossexual é ameaçado de morte por sua oposição à adoção gay
Posted: 19 Dec 2013 10:25 AM PST
Para concluir o ano da Fé, o Santo Padre, o papa Francisco, publicou a Exortação apostólica Evangelii gaudium sobre a pregação do Evangelho no mundo de hoje. Por sua extensão – 289 pontos -, este documento demanda um grande esforço ao leitor e ao teólogo, se eles quiserem estudá-lo corretamente. Teria-se podido dizer mais em menos palavras. As linhas que seguem vão tentar oferecer um primeiro resumo dela, certamente incompleto.
I
A causa deste documento é o Sínodo dos bispos que aconteceu de 7 a 28 de outubro do ano passado, e que fora consagrado ao tema da nova evangelização: "Com prazer, aceitei o convite dos Padres sinodais para redigir a presente Exortação" (nº16). Ao mesmo tempo, este documento foi apresentado pelo novo pontífice como um tipo de diretório. Esta dupla finalidade e a prolixidade do papa têm por consequência que este documento não apresenta estruturas claras. Falta precisão, rigor e clareza. Assim, por exemplo, uma longa passagem é consagrada à situação econômica do mundo contemporâneo, e um pouco mais adiante é exposta a importância da pregação, até dando os detalhes de sua preparação. Repetidamente, aborda-se a questão da decentralização da Igreja; e as questões ecumênicas e inter-religiosas são tratadas sob todos os aspectos. Ademais, este documento não está isento de contradições: assim o papa vai precisar que não se trata de uma encíclica social, mas, ulteriormente, as condições econômicas são tratadas de acordo com um modelo parecido ao das encíclicas dos papas anteriores.
O papa Francisco fala da Igreja como se, até hoje, ela não tivesse transmitido o Evangelho ou o tivesse feito de modo imperfeito. Ele lamenta uma atitude indiferente, letárgica e fechada. Esta reprimenda constante nos incomoda desagradavelmente. Têm-se s impressão que, até o presente, poucas coisas foram feitas pela transmissão da fé e do Evangelho. Seus comentários são acompanhados sempre por uma referência à sua própria pessoa. O pronome pessoal eu não aparece menos de 184 vezes no documento, e não contamos os "meu" e os "mim". A palavra de Deus no Apocalipse se impõe quase que automaticamente ao nosso espírito: "Ecce nova facio omnia: eis que faço novas todas as coisas". (Apoc. 21, 5)
Sem dúvidas o documento contém considerações positivas, que não podem passar em silêncio. Indiquemos algumas delas ao longo do texto:
No nº 7, é dito: "a sociedade técnica teve a possibilidade de multiplicar as ocasiões de prazer; no entanto ela encontra dificuldades grandes no engendrar também a alegria". Quanta justeza nesta constatação!
No nº 22, lê-se: "A Palavra possui, em si mesma, uma tal potencialidade, que não a podemos prever. O Evangelho fala da semente que, uma vez lançada à terra, cresce por si mesma, inclusive quando o agricultor dorme (cf. Mc 4, 26-29)". A ação da graça ultrapassa efetivamente qualquer cálculo humano.
No nº 25, é recordado que "não nos serve uma "simples administração"". Se os bispos e os padres levassem essa palavra a sério e virassem as costas às comissões, aos comitês, aos fóruns, ao vasto burocratismo para agir como verdadeiros teólogos e pastores!
Um belíssimo parágrafo nos é dado no nº 37, com uma longa citação da Suma teológica de São Tomás de Aquino. Não podemos nos impedir de citar completamente este ponto: "São Tomás de Aquino ensinava que, também na mensagem moral da Igreja, há uma hierarquia nas virtudes e ações que delas procedem (S. Th. I-II, q. 66, a. 4-6). Aqui o que conta é, antes de mais nada, «a fé que atua pelo amor» (Gal 5, 6). As obras de amor ao próximo são a manifestação externa mais perfeita da graça interior do Espírito: «O elemento principal da Nova Lei é a graça do Espírito Santo, que se manifesta através da fé que opera pelo amor» (S. Th. I-II, q. 108, a. 1). Por isso afirma que, relativamente ao agir exterior, a misericórdia é a maior de todas as virtudes: «Em si mesma, a misericórdia é a maior das virtudes; na realidade, compete-lhe debruçar-se sobre os outros e – o que mais conta – remediar as misérias alheias. Ora, isto é tarefa especialmente de quem é superior; é por isso que se diz que é próprio de Deus usar de misericórdia e é, sobretudo nisto, que se manifesta a sua omnipotência (S. Th. II-II, q. 30, a. 4.; cf. ibid. q. 40, a.4, ad 1.).
No nº 42, o papa insiste sobre o fato de que a pregação deve antes de tudo tocar os corações: "Por isso, é preciso recordar-se de que cada ensinamento da doutrina deve situar-se na atitude evangelizadora que desperte a adesão do coração com a proximidade, o amor e o testemunho".
Do nº 52 ao nº 76, ele trata dos aspectos econômicos e evidencia uns pontos interessantes. O capitalismo desenfreado, que é apenas o "resultado de uma reação diante da sociedade de consumo, materialista, individualista" (nº 63) é condenado violentamente. "O individualismo pós-moderno e globalizado favorece um estilo de vida que debilita o desenvolvimento e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas e distorce os vínculos familiares" (nº 67). E o papa conclui no nº 69 que é imperativo "evangelizar as culturas para inculturar o Evangelho", ou seja, que o Evangelho deve ser enraizado na sociedade e na vida dos povos. Mas por que ele não fala aqui, como seus predecessores o tinham feito antes do concílio Vaticano II, do Estado católico e da sociedade cristã, que eram apresentadas como frutos da fé católico, e também, por uma consequência lógica, como uma proteção para esta fé? Provavelmente, ter-se-ia podido esperar que com estas recriminações legítimas sobre a economia atual, ele se referisse à Quadragesimo anno do papa Pio XI, para demonstrar os princípios que conduzem à condições econômicas justas?
O nº 66 aborda o tema da família, porém ele deixa de recordar que o casamento é a união indissolúvel de um homem e de uma mulher, em uma hora onde o modo atual das uniões livres e a reivindicação da comunhão para os divorciados recasados o teriam exigido. Além disso, ter-se-ia podido esperar que uma atenção maior fosse dada à família cristã no documento papal, visto que é por ela que se faz a primeira transmissão da fé, de geração em geração.
Nos nº 78 e 79, o papa descreve lucidamente a vida espiritual dos anos pós-conciliares: "Hoje nota-se em muitos agentes pastorais, mesmo pessoas consagradas, uma preocupação exacerbada pelos espaços pessoais de autonomia e relaxamento, que leva a viver os próprios deveres como mero apêndice da vida, como se não fizessem parte da própria identidade.[...] Assim, é possível notar em muitos agentes evangelizadores – não obstante rezem– uma acentuação do individualismo, uma crise de identidade e um declínio do fervor. São três males que se alimentam entre si. A cultura mediática e alguns ambientes intelectuais transmitem, às vezes, uma acentuada desconfiança quanto à mensagem da Igreja, e um certo desencanto. Em consequência disso, embora rezando, muitos agentes pastorais desenvolvem uma espécie de complexo de inferioridade que os leva a relativizar ou esconder a sua identidade cristã e as suas convicções". Como os servos da Igreja deveriam pegar as armas do Espírito e acreditar na eficácia e na fecundidade de todos os meios que Cristo colocou nas mãos de sua Igreja: a oração, a pregação integral da fé, a administração dos sacramentos, a celebração do santo Sacrifício da Missa, a adoração do Santíssimo Sacramento do altar! No lugar disso, eles sucumbem à "sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre. Ninguém pode empreender uma luta, se de antemão não está plenamente confiado no triunfo. Quem começa sem confiança, perdeu de antemão metade da batalha e enterra os seus talentos. Embora com a dolorosa consciência das próprias fraquezas, há que seguir em frente, sem se dar por vencido, e recordar o que disse o Senhor a São Paulo: «Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza » (2 Cor 12, 9). O triunfo cristão é sempre uma cruz, mas cruz que é, simultaneamente, estandarte de vitória, que se empunha com ternura batalhadora contra as investidas do mal". (nº 85)
O nº 104 se reveste de uma importância particular, visto que ele afirma que o sacerdócio, como sinal do Cristo-Esposo, é reservado aos homens: "O sacerdócio reservado aos homens, como sinal de Cristo Esposo que Se entrega na Eucaristia, é uma questão que não se põe em discussão".
No nº 112, a gratuidade da graça e da obra da Redenção são evidenciadas: "A salvação, que Deus nos oferece, é obra da sua misericórdia. Não há ação humana, por melhor que seja, que nos faça merecer tão grande dom. Por pura graça, Deus atrai-nos para nos unir a Si". No ponto seguinte, é recordado de modo completamente justo que a salvação não é uma questão individual: "Ninguém se salva sozinho, isto é, nem como indivíduo isolado, nem por suas próprias forças". (nº 113) O homem se salva, portanto, na Igreja e pela Igreja, ou ele não se salva.
No nº 134, a importância das universidades e das escolas católicas para a pregação da fé e do Evangelho é sublinhada. Todavia, pode-se lamentar as poucas linhas consagradas a estas obras. O nº 214 se opõe ao assassinato da criança por nascer, ainda vivendo no seio de sua mãe. Infelizmente o papa não se refere de modo algum à injustiça cometida contra Deus, e, assim, portanto, nem à ordem natural nem aos mandamentos, mas somente ao valor da pessoa humana.
No nº 235, são enumerados uns princípios sãos para lutar contra o individualismo: "O todo é mais do que a parte, sendo também mais do que a simples soma delas". Todo o parágrafo é colocado sob o título: "O todo é superior à parte". Desenvolver o tema do bem comum certamente teria podido fazer muito bem neste lugar.
Infelizmente, falta isso. O entusiasmo missionário e a atividade apostólica são magnificamente descritas no nº 267: "Unidos a Jesus, procuramos o que Ele procura, amamos o que Ele ama. Em última instância, o que procuramos é a glória do Pai, vivemos e agimos «para que seja prestado louvor à glória da sua graça» (Ef 1, 6). Se queremos entregar-nos a sério e com perseverança, esta motivação deve superar toda e qualquer outra. O movente definitivo, o mais profundo, o maior, a razão e o sentido último de tudo o resto é este: a glória do Pai que Jesus procurou durante toda a sua existência".
II
Bonum ex integra causa, malum ex quocumque defectu, nos diz o princípio clássico da moral. O bem provém de uma integridade, mas, por outro lado, se uma parte essencial de uma coisa é má, o conjunto é mau. As belas partes do documento papal, que regojizamos, não podem nos impedir de constatar a firme vontade de realizar o concílio Vaticano II, não somente de acordo com a letra, mas também segundo o espírito. A trilogia Liberdade religiosa – Colegialidade – Ecumenismo, que, de acordo com as palavras de Dom Lefebvre, corresponde à divisa da Revolução francesa: Liberdade – Igualdade – Fraternidade, é desenvolvida de modo sistemático.
1. Inicialmente, nos nº 94 e 95, os fiéis ligados à Tradição são repreendidos e mesmo acusados de neo-pelagianismo: "É uma suposta segurança doutrinal ou disciplinar que dá lugar a um elitismo narcisista e autoritário, onde, em vez de evangelizar, se analisam e classificam os demais e, em vez de facilitar o acesso à graça, consomem-se as energias a controlar… nem Jesus Cristo nem os outros interessam verdadeiramente… Nalguns, há um cuidado exibicionista da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, mas não se preocupam que o Evangelho adquira uma real inserção no povo fiel de Deus e nas necessidades concretas da história". Como o papa pode acreditar nisso? Não é justamente o dinamismo dos fiéis católicos enraizados na fé que demonstra o contrário? Para não falar de nossa Fraternidade, não há os Franciscanos da Imaculada, uma jovem congregação missionária florescente, que agora se encontra gravemente mutilada, senão destruída, pela intervenção brutal do Vaticano? O documento acrescenta na sequência: "Assim, a vida da Igreja transforma-se numa peça de museu ou numa possessão de poucos".
Como já invocamos, as escolas católicas, instrumentos importantes de recristianização, se beneficiam de uma simples menção, em uma única frase. Para nós, estes estabelecimentos são precisamente um meio de transmitir o Evangelho. Em nossa Fraternidade, nós temos a alegria de ver todos os anos novas escolas abrirem suas portas.
2. Realmente falta o sentido da realidade neste documento; o que dá a ilusão de que a verdade vencerá por si mesma o erro. Esta perspectiva se apóia sobre a parábola do trigo e do joio, no nº 225: ela "consiste em mostrar como o inimigo pode ocupar o espaço do Reino e causar dano com o joio, mas é vencido pela bondade do trigo que se manifesta com o tempo". Tal interpretação é um contrassenso sobre a parábola e uma falsificação do Evangelho.
A falta de realismo é visível também no nº 44, onde os padres são exortados a não fazer do confessionário "uma sala de tortura". Ainda que ao longo da história da Igreja tais excessos tenham efetivamente existido aqui ou acolá, onde isto ainda existe de fato hoje? Não teria sido melhor acrescentar um capítulo sobre a confissão, sob seus aspectos de liberação do pecado, de libertação da culpabilidade e de reconciliação com Deus, como ponto culminante da nova evangelização e da renovação interior das almas?
Esta ingenuidade, que é mais ainda uma contestação do pecado original, ou, ao menos, de suas consequências nas almas e na sociedade, se manifesta também no nº 84, onde é citado o discurso de abertura do concílio Vaticano II, discurso cheio de ilusões do papa João XXIII: "parece-nos que devemos discordar desses profetas de desgraças, que anunciam acontecimentos sempre infaustos, como se estivesse iminente o fim do mundo… Na situação atual da sociedade, não vêem senão prevaricações e ruínas". Infelizmente os anos pós-conciliares deram razão aos "profetas de desgraças".
3. Extremamente estranha é a observação feita no nº 129, a saber, que não é preciso crer "que o anúncio evangélico tenha de ser transmitido sempre com determinadas fórmulas pré-estabelecidas ou com palavras concretas que exprimam um conteúdo absolutamente invariável". Isso nos recorda inevitavelmente a doutrina da evolução dos dogmas, tal como os modernistas a defendem e tal como ela foi expressamente condenada pelo papa São Pio X, no juramento anti-modernista.
Esta atitude evolucionista também se mostra acerca da Igreja e de suas estruturas. A primeira parte do capítulo 1 do documento traz como título a transformação missionária da Igreja. E o concílio Vaticano II é apresentado como o fiador da abertura da Igreja a uma reforma permanente, visto que há "estruturas eclesiais que podem chegar a condicionar um dinamismo evangelizador".(26)
4. O nº 255 fala da liberdade religiosa como um direito fundamental do homem. O papa cita aqui Bento XVI, seu predecessor sobre a cátedra de Pedro, com estas palavras: "a liberdade de escolher a religião que se crê ser verdadeira e de manifestar publicamente a própria crença". Tal declaração é diretamente oposta à 15ª proposição do Syllabus do papa Pio IX, onde é condenada esta afirmação: "É livre a qualquer um abraçar e professar aquela religião que ele, guiado pela luz da razão, julgar verdadeira". A continuação deste nº255 contradiz a doutrina dos papas desde a Revolução francesa até Pio XII. O papa aí fala de um "são pluralismo". Tal pluralismo é compatível com o conhecimento de que o Verbo, segunda Pessoa do único verdadeiro Deus trinitário, veio ao mundo para redimi-lo, que Ele é a fonte de todas as graças, e que somente Nele se encontra a salvação?
O documento também condena o proselitismo. Em nossos dias, este termo se tornou ambíguo. Se o entendermos como recrutamento para a verdadeira religião com meios impróprios, ele certamente deve ser rejeitado. Porém, para a maioria dos nossos contemporâneos, não somente toda atividade missionária, mas também qualquer tipo de recrutamento ou de argumentação em favor da verdadeira religião é considerada como já sendo proselitismo.
5. O conceito de colegialidade desenvolvido pelo papa ainda será muito mais funesto para o futuro da Igreja. De fato, precisaríamos ler o nº 32 por completo: "dado que sou chamado a viver aquilo que peço aos outros, devo pensar também numa conversão do papado". O soberano pontífice cita então a encíclica Ut unum sint, do papa João Paulo II, onde este pede ajuda para encontrar uma "forma de exercício do primado que, sem renunciar de modo algum ao que é essencial da sua missão, se abra a uma situação nova". E o papa Francisco conclui: "Pouco temos avançado neste sentido". Ele também está decidido a avançar sobre este ponto? Porém qual é sua visão? Ele a diz claramente: "Mas este desejo não se realizou plenamente, porque ainda não foi suficientemente explicitado um estatuto das conferências episcopais que as considere como sujeitos de atribuições concretas, incluindo alguma autêntica autoridade doutrinal". De acordo com nossa modesta opinião, uma conferência episcopal jamais pode ser o sujeito de uma autoridade doutrinal autêntica, visto que ela não é de instituição divina, mas somente uma instituição completamente humana, do tipo organizacional. O papado em si é de instituição divina, assim como todos os bispos espalhados pelo mundo em união com Pedro, mas não a conferência episcopal. Se continuarem sobre este caminho fatal, a Igreja muito rapidamente vai se desagregar em Igrejas nacionais.
Lemos no nº 16: "Penso, aliás, que não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre todas as questões que dizem respeito à Igreja e ao mundo". Naturalmente não podemos esperar que a Igreja se posicione sobre todas as questões, mas os papas do passado sempre deram os princípios de ação para a conduta tanto dos indivíduos quanto da sociedade, e é isso o que deveríamos esperar também hoje do ensino papal. Cristo instituiu Pedro afim que ele apascente o rebanho.
6. Chegamos finalmente ao ecumenismo, ao diálogo ecumênico e inter-religioso. O nº 246 fala da hierarquia das verdades. Este termo ambíguo já foi utilizado pelo concílio Vaticano II em seu decreto sobre o ecumenismo Unitatis redintegratio, no nº 11. Na sequência, tentou-se colocar de lado a verdade católica e dissimular o que poderia ser uma pedra de tropeço para nossos "irmãos separados". Em 1982, a Congregação da Fé interveio e declarou que o termo de hierarquia das verdades não quer dizer que uma verdade é menos importante que outra, mas que existe verdades das quais resultam outras verdades parciais. Só podemos ser gratos por este esclarecimento. A fé católica, virtude teologal, reclama a aceitação da Revelação integral, devido a Deus que se revela. Este esclarecimento dá, além disso, um exemplo do modo com o qual se poderia retificar as ambiguidades dos textos do concílio Vaticano II, exceto os pontos abertamente errôneos. O fim deste mesmo nº 246 nos convida, nós católicos, a aprender com os ortodoxos o significado da colegialidade episcopal e da experiência da sinodalidade.
Lemos no nº 247 que a aliança do povo judeu com Deus nunca foi suprimida. Esta aliança não fora instituída por Deus a fim de preparar sua Encarnação salvífica na pessoa de Jesus Cristo? Ela não era uma sombra e um modelo que deveria dar lugar à realidade: umbram fugat veritas? Não foi a nova e eterna Aliança concluída no santo Sacrifício de Cristo sobre o Calvário que substituiu a antiga? O véu do templo não se partiu de cima à baixo no momento do sacrifício do Gólgota? Se, de acordo com a declaração de São Paulo, no capítulo XI da epístola aos Romanos, uma grande parte ou mesmo a totalidade dos judeus se converterão no fim dos tempos, isso se dará somente pelo reconhecimento de Cristo, único salvador de todos e de cada um dos indivíduos, e pela integração na Igreja, que é composta por pagãos e judeus convertidos. Fora de Cristo não há caminho de salvação para os judeus. Ademais, a Igreja já há muito tempo assimilou os valores do judaísmo do Antigo Testamento. Pensemos especialmente na oração dos salmos e nos livros do Antigo Testamento. Não podemos mais falar de uma "rica complementaridade" com o judaísmo contemporâneo.
Os nº 250 a 253 são consagrados ao Islã, e aí lemos que o diálogo inter-religioso "é uma condição necessária para a paz no mundo". O nº 252, na linha do nº 16 da Lumen Gentium do concílio Vaticano II, afirma que os muçulmanos "professam ter a fé de Abraão, adoram conosco o Deus único". Porém os muçulmanos não rejeitam expressamente o mistério da Santíssima Trindade, e não nos incriminam por isso por sermos politeístas? O papa diz, além disso, que eles têm uma profunda veneração por Jesus Cristo e Maria, utilizando as palavras de Nostra aetate (nº3). Mas eles veneram realmente Cristo como o Filho de Deus, igual a Ele em sua essência? Isso parece ser um detalhe quase sem importância (ndt: no documento romano).
No ponto seguinte, o papa chega a conclusões concretas: "Nós, cristãos, deveríamos acolher com afeto e respeito os imigrantes do Islã que chegam aos nossos países, do mesmo modo que esperamos e pedimos para ser acolhidos e respeitados nos países de tradição islâmica". Este número acaba pela falsa afirmação escandalosa: "Frente a episódios de fundamentalismo violento que nos preocupam, o afeto pelos verdadeiros crentes do Islão deve levar-nos a evitar odiosas generalizações, porque o verdadeiro Islão e uma interpretação adequada do Alcorão opõem-se a toda a violência". O Santo Padre nunca leu o Corão?
No nº 254, aborda-se o tema dos não-cristãos em geral, e o fato de que seus sinais e ritos "podem ser canais que o próprio Espírito suscita para libertar os não-cristãos do imanentismo ateu ou de experiências religiosas meramente individuais". Isso não quer dizer que o Espírito Santo opera em todas as religiões não-cristãs e que todas elas são caminhos de salvação? A fé do Islã em um único Deus é certamente – falando de modo abstrato – superior ao politeísmo dos pagãos. Contudo, pedagogicamente e psicologicamente, é muito mais fácil converter um pagão que converter um muçulmano, pois este está integrado a um sistema sócio-religioso: sair deste sistema coloca sua vida em perigo. Porém as religiões não-cristãs não são de forma alguma caminhos neutros de veneração de Deus, pois muito frequentemente elas estão mescladas por elementos demoníacos que impedem o homem de alcançar a graça de Cristo, de se fazer batizar e, assim, de salvar sua alma.
Nos últimos cinquenta anos nada causou mais danos à proteção e à transmissão da fé que este ecumenismo excessivo que nada mais é que a "ditadura do relativismo" religioso (cardeal Ratzinger). Esse mal fez desaparecer a definição da Igreja como Corpo místico de Cristo, única esposa do Cordeiro sacrificado e único caminho de salvação. É justamente este ecumenismo que transformou a Igreja missionária em uma comunidade "dialogante" ecumênica entre outras comunidades religiosas.
Chamar a Igreja, no âmbito deste ecumenismo, à alegria do Evangelho e querer transformá-la em uma Igreja missionária, não é pouco tragicômico. Como ela pode pensar e agir de modo missionário, quando ela não acredita em sua própria identidade e em sua missão?
Conclusão
Ainda que a Exortação apostólica Evangelli Gaudium possa conter aspectos justos, como na semente dispersa, no conjunto ela é nada mais que um desenvolvimento consecutivo ao concílio Vaticano II, em suas conclusões mais inaceitáveis. Não vemos nesse último "caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos" (nº1), mas sim outro passo funesto para o declínio da Igreja, a decomposição de sua doutrina, a dissolução de suas estruturas, e mesmo para a extinção de seu espírito missionário, que é, todavia, invocado em vários momentos (na exortação). Assim, a Evangelii gaudium se torna Dolor fidelium, uma aflição e uma dor para os fiéis.
Os católicos ligados à Tradição da Igreja devem seguir a divisa do pontificado de São Pio X: Instaurare omnia in Christo, renovar todas as coisas em Cristo. É isso que vemos como o único caminho, a única via "para o percurso da Igreja nos próximos anos" (nº1). Outrossim, pelo rosário diário, refugiemo-nos junto Daquela que venceu todas as heresias no mundo.
Abbé Franz Schmidberger
Diretor do Seminário Herz Jesu de Zaitzkofen - FSSPX
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Posted: 19 Dec 2013 10:02 AM PST
A revista de direitos gays The Advocate, publicação mais antiga do gênero nos Estados Unidos, elegeu o papa Francisco como a "pessoa mais influente de 2013, único na vida das pessoas LGBT". É a primeira vez que uma personalidade da Igreja Católica recebe tal indicação. "Enquanto 2013 será lembrado pelo trabalho de centenas de pessoas na promoção da igualdade de casamento, também será lembrado pelo exemplo de um homem", escreveu a revista on-line, ao anunciar a escolha. O pontífice havia falado este ano sobre o tema. Francisco afirmou não ser "juiz" de homossexuais. De acordo com a publicação, as declarações "tornaram-se um sinal para os católicos e para o mundo de que o novo papa não é como o antigo".
Posted: 19 Dec 2013 09:56 AM PST
O estudo de um perito da Universidade do Texas (Estados Unidos) demonstrou que ascrianças criadas por casais homossexuais enfrentam maiores dificuldades quando se tornam adultos, que aqueles criados por uma família estável constituída por um homem e uma mulher.
O autor do trabalho científico, Mark Regnerus, disse ao grupo ACI, no dia 12 de junho, que a sua pesquisa revela "diferenças estatísticas significativas entre adultos que foram criados na sua infância com uma mãe que teve uma relação homossexual e aqueles que disseram que sua mãe e seu pai biológico estavam, e ainda estão, casados".
O estudo do Regnerus, que mediu as diferenças em 40 indicadores sociais e pessoais entre 3.000 americanos de idades entre 18 e 39 anos, criados em oito tipos diferentes de lares, foi publicado na edição de julho da revista Social Science Research.
De acordo com o documento, as crianças criadas em lares homossexuais têm em média níveis mais baixos de ingressos econômicos quando são adultos, e padecem mais problemas de saúde física e mental, assim como maior instabilidade em suas relações de casal.
O estudo revelou que os menores criados neste tipo de ambiente mostraram maiores níveis de desemprego, tabaquismo, necessidade de assistência pública e participação em crimes. Para Regnerus, a instabilidade no lar é "uma marca" entre os lares cujos pais estiveram envolvidos em relações sentimentais homossexuais, já seja que esses lares estivessem "dirigidos por uma mãe ou um pai".
As descobertas do cientista americano desafiam, entre outros, à informação difundida em 2005 pela Associação Americana de Psicologia, que assegurou que "nenhum estudo descobriu que crianças de pais gays ou lésbicas sejam desfavorecidos em nenhum aspecto significativo com respeito a crianças de pais heterossexuais".
Segundo Regnerus, alguns destes influentes estudos foram feitos em poucas ou não representativas mostras de população, enfocando-se em casais homossexuais brancos, com alto nível de educação, para obter conclusões gerais sobre paternidade homossexual. "A maioria das conclusões sobre paternidade homossexual foram obtidas de pequenas e convenientes mostras e ao azar", disse Regnerus num comunicado publicado pela Universidade do Texas, no dia 11 de junho.
Regnerus disse que "os resultados desse enfoque levaram frequentemente aos estudiosos da família a concluir que não há diferenças entre crianças criadas em lares homossexuais e aquelas criadas em outros tipos de famílias. Mas esses estudos anteriores esconderam inadvertidamente a real diversidade entre as experiências de pais gays e lésbicas nos Estados Unidos".
O pesquisador disse ao grupo ACI que ele enfocou o projeto "sem ter ideia sobre as coisas que revelariam os dados".
Sobre a análise, Regnerus disse que "revelou uma instabilidade muito maior nos lares com pais que tiveram relações homossexuais".
Ao anunciar seu estudo, no último dia 10 de junho, Regnerus disse que a sua descoberta mais significativa "é, sem dúvida, que as crianças se mostram mais aptas para ter êxito como adultos quando passam sua infância completa com o pai e a mãe casados, e especialmente quando seus pais permanecem casados até a atualidade".
O sociólogo reconheceu que seu estudo já agitou uma "intensa e frequente" crítica, que ele considera como "desproporcionada em relação às limitações do estudo".
O documento foi atacado pelo Family Equality Council, Human Rights Campaign, Freedom to Marry, e a Aliança Gay e Lésbica contra a Difamação.
Regnerus descreveu o ataque como "desafortunado" que seu próprio estudo "é de alta qualidade e está sendo difamado".
O perito assinalou finalmente que seus resultados devem simplesmente sujeitar-se às normas da "ciência normal", que "exibe desacordos entre os pesquisadores a respeito de como medir isto ou aquilo".
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Agradecemos a indicação do Sr Ruy fernandez
Posted: 19 Dec 2013 09:41 AM PST
LONDRES, 20 Nov. 12 / 01:41 pm (ACI/EWTN Noticias).- O inglês Rupert Everett, um ator abertamente homossexual, denunciou que recebeu mensagens de ódio e inclusive ameaças de morte desde que se opôs publicamente à adoção gay em setembro deste ano, assegurando que não pode "pensar em nada pior do que ser criado por dois pais gays".
Everett, de 53 anos e famoso por filmes como "Shakespeare apaixonado" e por emprestar sua voz ao personagem do Príncipe Encantado nas animações de Shrek denunciou recentemente que, como resultado de sua oposição à paternidade homossexual, "tenho recebido todos estas correspondências de ódio e também ameaças de morte".
Em declarações recolhidas pelo jornal britânico The Daily Telegraph, Everett assinalou que seus comentários críticos sobre a paternidade homossexual o converteram no "inimigo público número um" do lobby gay.
"Todas as rainhas (gays) lá fora me querem fazer mal. Sou odiado por eles. Tive que tomar medidas evasivas", assegurou o ator britânico.
Um estudo apresentado em junho deste ano pelo Professor Mark Regnerus, da Universidade do Texas (Estados Unidos), respalda o que foi afirmado por Rupert Everett, ao assegurar estatisticamente que as crianças criadas por casais homossexuais enfrentam maiores dificuldades em sua idade adulta, que aquelas criadas por umafamília estável constituída sobre um homem e uma mulher.
O relatório científico evidenciou que crianças criadas em lares homossexuais apresentam uma média mais baixa em níveis de lucros econômicos quando se tornam adultos, e sofrem mais problemas de saúde física e mental, assim como maior instabilidade em suas relações de casal.
O estudo revelou que os menores criados neste tipo de ambiente mostraram maiores níveis de desemprego, tabagismo, necessidade de assistência pública e envolvimento em crimes.
Agradecemos indicação do Sr. Ruy Fernandes
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]