- DOM DE DEUS QUE NOS HABITA!
Na Liturgia da Palavra de hoje 14 de Fevereiro A é apresentada a Multiplicação dos pães, um milagre de Jesus para Ele depois poder apresentar a sua Promessa da Eucaristia, uma verdadeira novidade para aquele tempo e que precisava de um esclarecimento a longo prazo, cuja realidade estava reservada para a Última Ceia.
Passa pelas nossas mãos o pão que Deus multiplica para saciar todas as fomes.
Somos nós que o trazemos, mas é Deus que o multiplica e nos manda que o distribuamos e o façamos com magnanimidade e solicitude.
Abençoado e multiplicado por Deus esse pão é uma força de vida que neutraliza todas as ameaças de morte.
Se a morte ainda continua na ordem do dia e a desconcertar a nossa auto-suficiência ou a nossa alienação, isso não passa de um acidente, num percurso em que cada morte se transforma apenas numa fronteira que nos dá acesso a outras formas de vida.
Tal itinerário nós o fazemos contando sempre com a companhia daquele que hoje, mais uma vez, nos dirige a palavra nestes termos :
- "Prestai-me atenção e vinde a Mim; escutai e a vossa alma viverá; firmarei convosco uma aliança eterna".
Tudo na existência cristã começa por uma iniciativa de Deus que nos convoca com palavras de amizade.
Deus solicita a nossa atenção e escuta, para que possamos aderir de bom grado à aliança definitiva que Ele se propõe estabelecer connosco.
Uma aliança para a vida que nos habita o espírito como garantia duma plenitude inesgotável a que ficamos vinculados por laços de gratidão filial.
Ora a gratidão supõe e encerra o agradecimento.
Agradecer as coisas é tomar-lhes o peso, reconhecendo o seu valor e testemunhando essa admiração.
Agradecer as coisas é ponderar a sua importância e ser capaz de responder por elas.
Mais do que expressão duma subjectividade sentimental a gratidão é fruto duma consciência objectiva do dom e manifestação exterior dessa objectividade interiorizada.
Por isso, aquele que alimenta sentimentos de gratidão, é necessariamente uma pessoa atenta, consciente e responsável.
Por isso também, aquele que é grato é igualmente feliz, porque nele conta mais a noção do dom do que o sentimento da carência.
Cada coisa, cada acontecimento e sobretudo cada pessoa, surgem-lhe como um desafio a esse acolhimento grato que gera nele a alegria da gratificação.
Desdobrado de si mesmo e voltado para fora, tudo lhe aparece como um apelo à comunhão e um desafio ao discernimento que gera a gratidão.
A Multiplicação dos pães tem sido sempre apresentada como uma preparação de Jesus para poder falar da promessa da Eucaristia.
Depois da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus foi outra vez a Cafarnaum e entrou na Sinagoga, que estava cheia de pessoas, algumas das quais tinham comido dos cinco pães.
Estas pessoas queriam que Jesus as alimentasse outra vez da mesma maneira, mas Jesus disse-lhes,
- "Vós procurais-me não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará, pois a Este é que o Pai, o próprio Deus, marcou com o Seu selo". (Jo. 6,26-27).
E depois de dialogar com os presentes e de lhes falar do maná, que seus pais tinham comido no deserto e morreram, Jesus continuou :
- "Eu sou o Pão da Vida ; o que vem a Mim jamais terá fome e o que acredita em Mim jamais terá sede. Eu já vos disse : Vós vedes-Me e não Me acreditais. Tudo o que o Pai Me dá virá a Mim ; e não repelirei aquele que vem a Mim, porque desci do Céu, não para fazer a Minha vontade, mas a d'Aquele que Me enviou".(Jo.6,35-38).
Esta linguagem era muito estranha para os que ouviam Jesus e todos começaram a murmurar, de modo que Jesus falou assim :
- "Eu sou o Pão vivo que desceu do Céu. Se alguém comer deste Pão viverá eternamente ; e o Pão que Eu hei-de dar é a Minha carne para a vida do Mundo".(Jo.6,51).
Mais se acendeu a discussão entre todos, porque não podiam compreender como é que podiam comer a Sua carne, e Jesus voltou a dizer com mais insistência :
- "Em verdade, em verdade vos digo : Se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o Seu sangue, não tereis a vida em vós.. Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Porque a Minha carne é, em verdade, uma comida e o Meu sangue é, em verdade, uma bebida. Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue fica em Mim e Eu nele".(Jo.6,53-56).
Como todos se afastavam por "acharem duras estas palavras", Jesus perguntou aos seus discípulos :
- "Também vós quereis retirar-vos ? Pedro respondeu : Senhor, para quem havemos nós de ir ? Tu tens palavras de vida eterna".(Jo-6,67-68).
Estava assim prometida a Eucaristia, que Jesus viria a instituir na Última Ceia.
No caso da multiplicação dos pães, a multidão voltou de novo, não por gratidão mas sim pelo alimento que tinham recebido de modo diferente e que por razões óbvias ainda podiam compreender que Jesus lhes queria falar dum outro alimento, aquele que nutre a alma e se destina ao cumprimento do Plano da História da Salvação.
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]