É de aconselhar que se leia primeiro toda a Liturgia da Palavra.
LITURGIA DA PALAVRA
3º DOMINGO DA QUARESMA - ANO A!
A Liturgia da Palavra deste 3º Domingo da Quaresma A, apresenta-nos Cristo como a Água para a nossa sede !
Nas tradições, quer religiosas quer poéticas de todos os povos, especialmente os orientais, a água é tomada como símbolo de vida.
Mas este elemento natural, dado ao homem e não o fruto do seu trabalho, não simboliza apenas o milagre sempre renovado da vida material.
Na verdade, no Novo Testamento, a água exprime, simbolicamente, a salvação, a vida sobrenatural, a participação da própria vida divina, a que Deus «decidiu elevar os homens, que não abandonou, uma vez caídos em Adão».(LG 2).
Esta água brotará de Cristo Redentor, a Rocha viva (1 Cor. 10,4), na «hora» da Sua morte-glorificação.
Ele é o meio de que Deus Se serve, para pôr a vida do homem em comunhão com a Sua própria vida.
Ele é a fonte da «água viva»(Jo.7,37-38).
A 1ª Leitura, do Livro do Êxodo, diz-nos que a resposta de Deus à infidelidade do Seu Povo é uma resposta de amor.
Perante a oração aflita de Moisés, Deus revelou a Sua presença, falou e agiu, contrariando a lógica humana, numa exigência de fé até ao fim.
- «Que posso fazer em favor deste povo ? Um pouco mais e vão apedrejar-me». (...) Tu hás-de fustigar esse rochedo, e dele sairá água, que o povo poderá beber».(1ª Leitura).
Ao povo esquecido da Sua presença viva, actuante e providente e, ao mesmo tempo descrente do Seu plano de libertação, Deus ensina assim que é necessário deixar-se conduzir sempre por Ele, com fé e filial confiança, na certeza de que, no meio das provações, não deixará de revelar os tesouros do Seu amor.
É preciso ouvir a voz do Senhor e segui-la, como proclama o Salmo Responsorial:
- "Se hoje ouvirdes a Voz do Senhor, não fecheis os vossos corações".
Na 2ª leitura, S. Paulo diz aos Romanos, e hoje também aos homens sequiosos da verdade, que todas as promessas que Deus, na Sua vontade de salvação, livre e amorosamente, fez no Antigo Testamento, realizam-se em Jesus Cristo
Pelo Seu sacrifício Redentor, Jesus, substituindo-Se a nós, ofereceu ao Pai a satisfação adequada.
Qual novo Moisés, Jesus fez jorrar do Seu coração trespassado na Cruz(Jo.19,39-31), a água viva do Espírito(Jo.7,37-39), que matará a sede ao Povo da Nova Aliança.
- "Nós fomos justificados pela fé e, por isso, estamos em paz com Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo. Foi por Ele que, na fé, tivemos acesso a esta graça em que nos encontramos, e o nosso orgulho é ter a esperança de participar na glória de Deus". (2ª leitura).
Se o homem quiser ter acesso a essa água viva, sinal do amor divino e fonte da nossa esperança, tem de aderir a Cristo pela fé e de, pelo Baptismo, se configurar à Sua Morte e Ressurreição.
O Evangelho é de S. João e diz-nos que o caminho que a Samaritana percorreu é o mesmo que todo o homem deve seguir, se deseja chegar à fonte da água viva.
Sem se fechar sobre si mesma, mas mostrando admirável receptividade à graça, ela acolhe a palavra de Jesus
Perante esta docilidade, Jesus passa logo do plano material ao espiritual, manifestando-Se-lhe como o dispensador dessa «água viva», que é a vida sobrenatural.
Sucessivamente, revela-Se-lhe como maior do que Jacob, Profeta, Messias, Verbo de Deus e Salvador do mundo.
- «Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede : a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente a jorrar para a vida eterna».(Evangelho).
E a Samaritana que Jesus levara a sentir-se pecadora, abre o coração à fé.
Aceita Jesus, a Sua Palavra e a vida nova, que lhe oferece, respondendo assim à sede profunda daquela que, mesmo sem o saber, andava à procura de Deus.
Com a fé, uma existência nova começa para a Samaritana.
No Novo Testamento, a água exprime simbolicamente o dom do Espírito para a geração de uma humanidade nova.
Cristo sobre quem desceu o Espírito Santo no momento do seu Baptismo, anuncia um renascimento na água e no Espírito, e promete uma abundância de água-Espírito para os que crêem.
A sua pessoa identifica-se, pois, com a Rocha, o novo Templo, a fonte que mata a sede na vida eterna.
João vê o cumprimento do sinal na hora da morte-glorificação de Jesus, quando ele "entrega o Espírito" e do seu lado trespassado correm sangue e água.
A água do Baptismo pode, portanto, lavar os pecados e fazer renascer os filhos de Deus em virtude do sangue de Cristo, fonte de todo o perdão.
Quem confessa que Cristo é o Messias, o enviado de Deus, aceita que a salvção se faça de maneira e no momento querido por Deus; compreende que a sua sede profunda só é saciada pelo dom de Cristo; torna-se, para os que crêem como a mulher samaritana -, revelador da presença que tudo transforma.
No momento do Baptismo, a Igreja, que através da catequese preparou a profissão de fé no Filho de Deus, recapitula na sua oração os acontecimentos salvíficos relacionados com a água e cumpre a ordem de Cristo : baptizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Assim, como disse S. Agostinho, "pela união da palavra (da fé) com o elemento (a água) reliza-se o sacramento", dom de Deus e livre resposta do homem.
A Mensagem da Boa-Nova, vem-nos ensinar onde está a fonte, donde brota a «água viva», sem a qual se não pode entrar no plano da História da Salvação.
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Diz o Catecismo da Igreja Católica :
2560. - «Se conhecesses o dom de Deus». (Jo.4,10). A maravilha da oração revela-se precisamente aí, à beira dos poços aonde vimos buscar a nossa água : aí é que Cristo vem ao encontro de todo o ser humano; Ele antecipa-Se a procurar-nos e é Ele que nos pede de beber. Jesus tem sede, e o seu pedido vem das profundezas de Deus que nos deseja. A oração, quer o saibamos quer não, é o encontro da sede de Deus com a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede d'Ele.
2561. - «Tu é que terias pedido e Ele te daria água viva». (Jo.4,10). Paradoxalmente, a nossa oração de súplica é uma resposta à lamentação do Deus vivo : «Abandonou-Me a Mim, fonte de água viva, e foi escavar cisternas com fenda».(Jr.2,13); resposta da fé à promessa gratuita da salvação; resposta de amor à sede do Filho Único.
Quem beber da água que Eu der... Nunca mais terá sede....
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]