Sexta-feira, 23 de Maio de 2014
Cuidado com a imagem
22 de maio de 2014Sem comentários
Gregorio Vivanco Lopes
É uma lei não escrita a de que muitas coisas influenciam mais pela imagem que delas se projeta do que pela sua existência real.
A propaganda utiliza-se muito desse recurso para apresentar seus produtos sob um prisma atraente e agradável, nem sempre condizente com a realidade.
É um quitute super-saboroso que no paladar do freguês revela um gosto amargo; é uma cadeira confortável que se mostra incômoda; é um computador de última linha que apresenta uma série de defeitos; e assim por diante.
Cumpre, pois, ser cauto com as imagens fabricadas. Dessa regra não escapam nem sequer os políticos, os chefes de Estado, os eclesiásticos, nem mesmo o Papa, quando os vemos focalizados pelas lentes tantas vezes deformantes da mídia e da propaganda em geral.
Falamos do Papa. De fato, muito e até muitíssimo, se tem publicado sobre ele nos meios de comunicação: rádios, jornais, TVs, internet etc. Como o apresentam? Vale a pena nos determos sobre o tema, ainda que de modo rápido, pois ele importa maximamente como elemento para compreendermos o curso contemporâneo dos acontecimentos e das mentes.
Nada mais augusto, mais elevado, mais santo do que o Papado. Através dos séculos, a Igreja sempre venerou o Papa como o “doce Cristo na Terra”. Associo-me de toda alma a essa veneração. Outra coisa, porém, é a figura que a propaganda quer apresentar, hoje em dia, do Papa Francisco. E é dela, e só dela, que desejo aqui tratar.
Ela está intimamente ligada à imagem que se formou a respeito da América Latina. Este seria um continente de pobreza, rejeitado pelos setores ricos e desenvolvidos do mundo, colocado à margem e oprimido.
Da formação cristã do Brasil – por exemplo, de suas realizações magníficas como a catequese dos índios, as igrejas e a música barrocas, os profetas do Aleijadinho, os heróis de Guararapes –, dasesperanças que aqui desabrocharam, não mais se fala. Um silêncio pesado caiu sobre esse passado glorioso, para dar lugar à propaganda do MST, dos sem-teto, dos black blocs. Os negros e os índios, formadores eles também de nossa nacionalidade, são apresentados apenas como contingentes espezinhados que precisam revoltar-se e reivindicar direitos em nome da luta de classes e de raças. Algo de análogo ocorre nas nações irmãs de origem hispânica.
Nessa perspectiva, a ascensão ao trono de Pedro de um Papa latino-americano significaria, sempre segundo essa imagem, o início de um levantamento dos pobres contra os ricos, do MST contra os latifundiários, dos sem-teto contra os industriais e comerciantes, dos índios e negros contra os brancos, enfim da América Latina, pobre e espezinhada, contra o capitalismo norte-americano opressor, bem como contra as tradições de ostentação de uma Europa cristã milenar.
Teríamos assim, instalado na Cátedra sacrossanta de Pedro, não mais o Pai da Cristandade, o Defensor da Fé, o Vigário de Cristo, mas um promotor, em nível religioso-universal, dos princípios marxistas.
Dou-me bem conta de que essa apresentação cheira a blasfêmia. Mas ela não é minha. Eu apenas estou explicitando aquilo que todos sentem ao lerem os jornais, as revistas, ao assistirem à televisão, mas que não chegam a conscientizar inteiramente. Essa é a imagem que se quer apresentar do Papa Francisco.
Insisto: só estou tratando da imagem. Mas acontece que essa imagem pode influenciar tão a fundo as mentalidades daqueles que a tomem por realidade, que pode produzir um dano irreparável nas almas de muitos de nossos contemporâneos, sobretudo dos católicos. Importa, pois, conhecê-la para defender-se.
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]