Da Mihi Animas
- O incrível milagre de Padre Pio que levou à conversão uma paróquia ortodoxa inteira
- FRANCISCO E A REFORMA DA CÚRIA
- PAULO VI E A MISSA "DE SEMPRE"
- CARDEAL AVIZ: " BEATIFICAÇÃO DE PAULO VI SERÁ POSITIVA PARA AMÉRICA LATINA"
- BISPO PORTUGUÊS EXPRESSA SEU CONTENTAMENTO PELA BEATIFICAÇÃO DE PAULO VI
- PAULO VI, BEATIFICADO AINDA ESTE ANO
- Paulo VI, Beato? - por Mgr. Marcel Lefèbvre
- Reforma da Cúria tem cada vez mais resistências
- A carta, o Santo e a luta
- O univocismo antimetafísico de um peseudoteólogo
- O mais novo refém dos rebeldes sírios, é uma criança cristã de alguns meses.
- Cardeal hondurenho relata oposição a papa Francisco na Cúria Romana
- O telefonema polêmico do Papa
- FSSPX - SOBRE AS CANONIZAÇÕES DE JOÃO XXIII E JOÃO PAULO II
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- "Uma espada de dor transpassará a tua alma..."
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- O Complexo de Judas e a Crise da Fé
- LUTERO NO INFERNO: Visão da Beata Serafina Micheli
- Assentimento ao Magistério (Parte Final) – Doutrina Comum dos Teólogos e Bibliografia
- O incrível milagre de Padre Pio que levou à conversão uma paróquia ortodoxa inteira
Posted: 08 May 2014 02:53 PM PDT
Por intercessão de Padre Pio a mãe de um sacerdote ortodoxo da Romênia ficou curada de um câncer terminal. Depois deste milagre toda a paróquia se converteu ao catolicismo. A obra do santo de Pietrelcina mudou tanto as suas vidas que apesar das dificuldades construíram uma Igreja dedicada ao santo e um hospital para os doentes em fase terminal.
O Padre Pio continua intercedendo por todo o mundo e, lá do Céu, continua fazendo milagres de todo o tipo. Existem inúmeros testemunhos conhecidos sobre o santo de Pietrelcina por todo o mundo, alguns deles recolhidos no livro"Padre Pio", de José Maria Zavala.
No entanto, no caso da família Tudor não proporcionou apenas um milagre físico, mas uma conversão de centenas de pessoas ao catolicismo e o sonho de fazer uma pequena San Giovanni Rotondo no interior da Romênia, um país com um arraigado passado comunista e de maioria ortodoxa.
VICTOR, UM SACERDOTE ORTODOXO
Victor Tudor era um sacerdote ortodoxo romeno que não conhecia o Padre Pio e que depois da cura milagrosa de sua mãe que tinha uma doença incurável passou, junto com toda a paróquia, à Igreja Católica. Mas, além disso, decidiu ir além e conseguiu construir, apesar de mil dificuldades, uma Igreja dedicada ao santo capuchinho, bem como um hospital para os doentes em fase terminal.
Esta história teve início em 2002 quando diagnosticaram em Lucrécia, mãe de Victor, um câncer no Pulmão. Os médicos disseram que não era operável, pois havia metástase, por isso, deram a ela apenas alguns meses de vida.
A VIAGEM DE LUCRÉCIA À ITÁLIA
Diante desta situação, o padre Victor contatou seu irmão Mariano, pintor especializado em iconografia e que vivia em Roma. Com isto, esperava que pudesse conhecer algum médico que tratasse de sua mãe na Itália. Finalmente, pôde chegar a contatar-se com um dos melhores médicos do mundo em sua especialidade e este lhe disse que estudaria o caso se sua mãe fosse a Roma.
Dito e feito. Lucrécia chegou enferma à Itália. O médico a viu e igualmente lhe falou que a operação era inútil e que só poderia intervir com alguns remédios para aliviar as terríveis dores.
A mãe ficou um tempo com seu filho em Roma para que assim pudesse fazer mais exames. Enquanto isso, Mariano trabalhava fazendo um mosaico numa Igreja e levava a sua mãe consigo. Enquanto ele trabalhava Lucrécia visitava o templo e via as imagens.
A DESCOBERTA DO PE. PIO
Uma imagem lhe chamou muito a atenção. Estava situada num canto da Igreja. Era o Padre Pio. A mulher ficou impressionada e perguntou ao seu filho quem era. Este lhe contou brevemente sua história e durante os dias seguintes o filho percebeu que sua mãe estava constantemente sentada à frente da imagem do santo de Pietrelcina. Falava com a escultura como se estivesse falando com uma pessoa.
Assim, passaram os dias. Duas semanas depois, Lucrécia e seu filho Mariano correram ao hospital para realizar um exame. Mas, para a surpresa e espanto dos médicos e deles mesmos, o câncer terminal que sofria esta mulher Romena havia desaparecido completamente.
Esta mulher ortodoxa havia pedido a intercessão do Padre Pio e este respondeu. Este feito percorreu toda a família começando por seu filho Victor, sacerdote ortodoxo. "A cura milagrosa de minha mãe realizada pelo Padre Pio em favor de uma mulher ortodoxa me chamou a atenção", reconhecia, então, este sacerdote romeno.
A COMOÇÃO NA PARÓQUIA
Este personagem até então desconhecido para ele o deixou fascinado. Começou a ler a vida do Padre Pio e algo nele começou a mudar. Contou sobre o milagre de sua mãe a seus paroquianos e todos ficaram admirados, pois a mãe de Victor era bem conhecida por eles. "Todos conheciam a minha mãe e sabiam que havia ido à Itália para tentar uma intervenção cirúrgica, e que logo voltou para casa curada, sem que nenhum médico a tivesse operado".
Este milagre transformou não só a família Tudor, mas toda a comunidade ortodoxa. Conta o padre Victor que pouco a pouco a sua paróquia começou a conhecer e a amar o Padre Pio. "Líamos tudo aquilo que encontrávamos sobre ele e sua santidade nos conquistava".
A CONVERSÃO AO CATOLICISMO
A coisa ia mais adiante e outros enfermos da paróquia também receberam graças extraordinárias do Padre Pio. Não obstante, começava a surgir um problema nesta comunidade, pois continuavam sendo ortodoxos e eram devotos de um santo católico contemporâneo.
Por causa de Padre Pio, o Padre Victor e sua paróquia com quase 350 pessoas decidiram se tornar católicos. Hoje pertencem ao rito greco-católico da Romênia. Suas vidas foram transformadas, mas, como o Padre Pio viveu numerosas dificuldades, eles também haviam de provar a sua nova fé.
Em uma recente entrevista em Padre Pio TV, Victor Tudor conta que tiveram "numerosas dificuldades" para ser católicos, pois a conversão neste país ortodoxo com um passado comunista era bastante complexa. Problemas com os políticos, a polícia etc..
UM NOVO TEMPLO NA ROMÊNIA
Não desanimaram e apesar dos impasses decidiram ir, inclusive, mais adiante, construindo uma Igreja dedicada ao Padre Pio. O templo já está praticamente construído e isso foi outro milagre do santo capuchinho.
Os fiéis, em grande gesto de humildade, colaboraram na construção. Enquanto isso, celebravam as missas na rua, apesar da gélidas temperaturas do inverno. Tudo isso somado aos enormes obstáculos burocráticos. O padre Victor, desesperado acudia ao seu Bispo diante de tantos problemas e este sempre lhe respondia: "isto é de Deus e todas essas coisas se resolverão". Assim, de repente um bispo pagou para eles o terreno da Igreja. Iam acontecendo feitos extraordinários, que pouco a pouco favoreciam a construção.
Apesar disso, o padre Victor recorreu a Roma junto ao seu irmão para pedir também ajuda para esta igreja. Ali se encontrou com outro bispo ao qual contou seus problemas. "Qual será o padroeiro da sua Igreja?", lhe perguntou o prelado. Depois de responder que seria o Padre Pio, este bispo sorriu e lhe tranquilizou dizendo que "o Padre Pio lhe fará a Igreja sozinho".
O HOSPITAL DEDICADO AO SANTO
Agora o templo já é uma realidade e para o padre Victor é outro milagre. "Senti que o Padre Pio ajudou a mim, a meus fiéis e em outros países e Igrejas. É um sinal de fé", afirma.
Ainda assim, este sacerdote romeno não ficou tranquilo e seguindo os passos do santo e pedindo sua intercessão criou um "pequeno San Giovanni Rotondo", na Romênia, depois de fundar um hospital que atenderá enfermos em fase terminal, gente sem recursos e idosos abandonados. As dificuldades são enormes e falta o dinheiro, mas Victor conta com a intercessão de Padre Pio. Até agora ele não falhou.
Fonte: Religión en Libertad (religionenlibertad.com)
Tradução do Espanhol: Reparatoris
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FRANCISCO E A REFORMA DA CÚRIA
Posted: 08 May 2014 01:26 PM PDT
A reforma da Cúria é um "desafio notável (...) não será simples (...) requer coragem e determinação (...) fidelidade e prudência". Dos próprios lábios do pontífice argentino vem a confirmação das dificuldades e das resistências que o seu projeto de remodelação da Cúria está encontrando.
Francisco disse isso ao se encontrar com os membros do novo Conselho para a Economia, encarregado de reestruturar as finanças vaticanas e liderado pelo cardeal alemão Reinhard Marx.
Não houve descanso para o papa. Logo depois da canonização de João XXIII e de João Paulo II, ele mergulhou em um turbilhão de reuniões com os novos organismos criados por ele. Por três dias, de 28 a 30 de abril, ele acompanhou ostrabalhos do Conselho dos Cardeais, que está estudando o novo estatuto do governo central da Igreja. Francisco gostaria de uma estrutura menos "estatal" e mais conexão com os episcopados.
Mas reformar um organismo formado ao longo dos séculos a serviço de um papado monárquico é difícil. Ainda mais diante das resistências internas, denunciadas recentemente pelo coordenador cardeal Maradiaga. "O papa – disse o purpurado hondurenho falando no início de abril em um encontro com os padres provinciais franciscanos na Flórida –, como São Francisco, está tentando construir um novo modo de ser Igreja", mas há problemas.
Há a sua popularidade, que "está fazendo prosélitos, mas devemos estar prontos para a oposição surda não só na velha Cúria, mas também por parte daqueles que não querem perder seus privilégios". Para Francisco, a reforma da Cúria foi projetada para "melhor servir a Igreja e a missão de Pedro", e isso significa – destaca o pontífice – que uma "nova mentalidade de serviço evangélico deveria se estabelecer nas várias administrações da Santa Sé".
Em uma sucessão de reuniões, o papa encontrou-se com o Conselho para a Economia, a comissão para a reestruturação econômica do Vaticano e a comissão para a reforma do Instituto para as Obras de Religião (IOR). Esta última elaborou uma série de propostas para modificar a fisionomia do IOR, de modo a privilegiar não o papel de "banco", mas sim de órgão financeiro orientado a apoiar a ação religiosa, caritativa e evangelizadora da Igreja no mundo.
O papa está bastante cansado. Nas recentes cerimônias pascais e na dupla canonização, ele foi novamente atacado por uma intensa dor ciática, como nos tempos do conclave.
Enquanto isso, também se reuniu, pela primeira vez, a comissão contra os abusos.
(Por Marco Politi, no Il Fatto Quotidiano. Tradução de Moisés Sbardelotto, publicada no IHU On-Line)
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PAULO VI E A MISSA "DE SEMPRE"
Posted: 08 May 2014 12:59 PM PDT
Por Prof. Orlando Fedeli
Nas vésperas da liberação da Missa de São Pio V para todo o mundo, é muito conveniente citar o que pensava Paulo VI sobre isso.
No livro de Jean Guitton, Paulo VI Secreto, Guitton conta que apresentou a Paulo VI um texto de Proposições tratando dos problemas da Fé na França .
"Vejamos essas Propositions", disse o Papa. Estendo-lhe o documento. Havia um primeiro parágrafo sobre a fé, no qual se dizia que o problema principal de nossa época era o da fé, da sua permanência. Porque a fé somente é verdadeira se é permanente, isto é, se a fé de hoje é a mesma que a de ontem e que a de amanhã.
O Papa diz: "O progresso supõe a tradição. Nós afirmamos isso sempre, solenemente, particularmente em nossa profissão de fé".
"A dificuldade – respondo – provém do fato que se fala da igreja conciliar como se esta igreja obscurecesse tudo quanto existia antes. Ora, se a igreja conciliar cancela e modifica em pontos essenciais a igreja precedente, reconhece que no passado pode ter errado. E se ela errou no passado, por que não poderá errar atualmente e no futuro?"
"O Santo Padre me disse: 'Considere a reforma litúrgica. Vou ainda mais longe que o senhor. Não só mantivemos todo o passado, mas reencontramos a fonte que é a tradição mais antiga, a mais primitiva, a mais próxima das origens. Ora, esta tradição fora obscurecida no curso dos séculos, e particularmente no Concílio de Trento".
"Respondo: Difícil é não dar a impressão que Trento tenha abandonado ou rejeitado o que existia antes de Trento, por exemplo, que a Missa de Trento, lá onde o Concílio insistiu sobre o caráter sacrifical da missa (que renova misticamente o sacrifício da cruz) foi disfarçado por uma reação antiluterana; que Lutero estava mais na verdade do que o Concílio, já que Lutero afirmava retornar à fonte primitiva".
"Mas – diz o Papa – aqui não está em questão a identidade da fé, a sua verdade permanente. A norma de Vicente de Lérins, quod semper, quod ubique, quod ab omnibus (aquilo que foi acreditado sempre, em toda a parte, por todos), permanecerá sempre o critério da fé".
O Papa leu, então, o terceiro ponto de meu documento onde se diz que seria desejável a autorização da missa de São Pio V, por um período experimental e provisório; conseqüentemente a anulação da interdição feita na França de celebrar essa missa de São Pio V (que o concílio jamais pretendeu abolir).
O Papa me diz severamente:
"Isso jamais! Desde que se trata de uma disputa má, pois que o cânon de São Pio V eu o conservei na nova liturgia, onde ele é colocado em primeiro lugar".
[Guitton:]"Mas não se trata do cânon. Trata-se do Ofertório onde, na nova liturgia, a idéia de sacrifício parece restringida".
[Paulo VI]: "Reconheço que a diferença entre a liturgia de São Pio V, e a liturgia do Concílio (chamada freqüentemente, não sei por que, de liturgia de Paulo VI) é muito pequena. Na aparência,a diversidade [no ofertório das duas Missas] repousa numa sutileza. Mas essa missa dita de São Pio V, como se a vê em Ecône, se torna o símbolo da condenação do Concílio. Ora, jamais aceitaremos, em nenhuma circunstância, que se condene o Concílio por meio de um símbolo". [destaque nosso].
"Se fosse acolhida essa exceção, o Concílio inteiro arriscaria de vacilar. E conseqüentemente a autoridade apostólica do Concílio".
(Jean Guitton, Paulo VI Secreto, editora San Paolo, Milano, 4 a edição, 2.002, versão integral do francês aos cuidados de David M. Turoldo e Francesco M. Geremia, pp. 143-144-145 – Título original Paul VI Secret, Desclée de Brouwer, Paris).
E que a Missa de Paulo VI é aquilo pelo qual o povo fiel mais conhece o Concílio, e que essa Missa é a expressão do Vaticano II foi afirmado por João Paulo II e pelo Sínodo Episcopal de 1985:
"A renovação litúrgica é o fruto mais visível de toda a obra conciliar ' (Synodi Extr. Episc. 1985 «Relatio finalis», II, B, b. 1). Para muitos, a mensagem do Concílio Vaticano II foi percebida antes de tudo por meio da reforma litúrgica ." (João Paulo II, Carta Apostólica Vicesimus Quintus Annus, sobre o vigésimo-quinto aniversário da promulgação da constituição conciliar Sacrosanctum Concilium, 4 de dezembro de 1988, n. 12, tradução e sublinhado nossos, http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_letters/documents/hf_jp-ii_apl_04121988_vicesimus-quintus-annus_it.html ).
Esses textos de Paulo VI falam por si..
Destacaremos três pontos gravíssimos nessas afirmações de Paulo VI:
1 - A afirmação inacreditável de que a "tradição [da Igreja] fora obscurecida no curso dos séculos, e particularmente no Concílio de Trento".
O Concílio de Trento foi infalível!
Como Paulo VI se atreveu a acusar um Concílio infalível de ter obscurecido a Tradição da Igreja?
2 – "Trata-se do Ofertório onde, na nova liturgia, a idéia de sacrifício parece restringida", disse Guitton, ao que respondeu Paulo VI:
"Reconheço que a diferença entre a liturgia de São Pio V, e a liturgia do Concílio (chamada freqüentemente, não sei por que, de liturgia de Paulo VI) é muito pequena. Na aparência,a diversidade repousa numa sutileza".
Por essas palavras, Paulo VI reconheceu que um dos pontos divergentes fundamentais entre a Missa de sempre e a Nova Missa, que ele impôs contra toda a tradição da Igreja, está no Ofertório.
Ele admite que na sua Nova missa a idéia de sacrifício parece restringida, diminuída, mas que a diversidade repousa apenas numa subtileza.
O que é outra confissão gravíssima, pois aproxima a Nova Missa da noção luterana de ceia.
3 - A afirmação categórica que liberar a Missa de sempre é, simbolicamente condenar o Concílio Vaticano II, já que, conforme diz João Paulo II: "Para muitos, a mensagem do Concílio Vaticano II foi percebida antes de tudo por meio da reforma litúrgica ".
Repito a frase de Paulo VI:
"Isso—liberar a Missa de São Pio V – jamais! (...) essa missa dita de São Pio V, como se a vê em Ecône, se torna o símbolo da condenação do Concílio. Ora, jamais aceitaremos, em nenhuma circunstância, que se condene o Concílio por meio de um símbolo".
Realmente, hoje o que o povo conhece como símbolo do Vaticano II é a Nova Missa de Paulo VI.
Portanto, liberar a Missa é entendido como condenação do Vaticano II.
E foi isso que proclamaram vários Bispos franceses.
E Dom Jean-Pierre Longeat, O.S.B., Abade de Ligugé, em recentíssimo artigo intitulado "A Unidade da Liturgia Romana em Questão", publicado no dia 23/10/06 no Jornal LA CROIX, mostrou que a questão de fundo é a oposição entre uma noção sacrifical na Missa de sempre, que renova misticamente o sacrifício da Cruz, realizado pelo sacerdote, agindoin persona Christipermitindo a transubstanciação do pão e do vinho em Corpo e sangue de Cristo, enquanto que issoé contrariado na Nova Missa de Paulo VI, fundamentada no Vaticano II, em sua Constituição Lumen Gentium que entende a Missa como ação sacerdotal em nome do povo de Deus na qual os sacerdotes "agem como ministros da comunidade eclesial (in persona Ecclesiae, ministros da Cabeça e do Corpo)". (cf.http://qien.free.fr/2006/200610/20061023_longeat.htm).
Portanto, a Nova Missa exprime uma nova teologia diversa da teologia de Trento. A Nova Missa é a expressão da teologia democrática e antropocêntrica de Igreja da Lumen Gentium do Vaticano II. Por isso, permitir a Missa antiga de São Pio V é abandonar a teologia do Vaticano II, e, como afirmou rotundamente Paulo VI, isso equivale a condenar o Concílio simbolicamente.
Eis as palavras do Abade de Ligugé, revoltado com a notícia de que Bento XVI ia liberar a Missa de São Pio V para todo o mundo.
"Querer encorajar na Igreja Latina o retorno a um outro acento teológico por extensão do Ordo de 1962, é gerar uma perturbação muito profunda no povo de Deus".
Para o Abade de Ligugé... "A liturgia é um lugar teológico. O Ordo Missae de 1969 -- [o da Missa de Paulo VI] – põe em ação em particular a teologia da constituição dogmática da Igreja. Lumen Gentium apresenta a Igreja ao mesmo tempo como Corpo Místico de Cristo e como Povo de Deus reunido em nome de Cristo; assim , o Concílio diz que a Igreja é " de algum modo o sacramento, quer dizer ao mesmo tempo o sinal e o meio da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano" (Lumen Gentium, n0 1).
"Face aos perigos do individualismo ligado à evolução das mentalidades há vários séculos, o Vaticano II e a reforma litúrgica que saiu dele insistem sobre a reunião eclesial como sacramento global. Um tal sacramento se desenvolve na liturgia, mas também em relação com a comunidade fraternal no interior das comunidades eclesiais e entre elas. A comunidade por excelência é o povo de Deus reunido na Igreja local em torno de seu Bispo, cada membro tendo os eu lugar nessa única eucaristia em estreita comunhão com todos: assembléia, presbyterium (de onde se compreende bem, nessa perspectiva, que seja encorajada a concelebração), diáconos e outros ministros".
"A prioridade teológica do Concílio de Trento era outra ( ainda que o aspecto eclesial aí estava presente): valorizar a realidade da presença de Cristo no pão e no vinho eucaristicizados e o papel sacramental do padre, contra a reforma protestante. É por isso que a ação sagrada do padre aí é tão valorizada. As palavras que ele pronuncia in persona Christi permitem a transubstanciação do pão e do vinho em Corpo e Sangue de Cristo. Certo, no ritual de 1969, os ministros mantêm um papel essencial nesse domínio, mas a insistência é posta também sobre o fato de que eles agem como ministros da comunidade eclesial (in persona Ecclesiae, ministros da Cabeça e do Corpo)".
Em suma, a grande afirmação de Paulo VI a Jean Guitton foi que
"Isso—liberar a Missa de São Pio V – jamais! (...) essa missa dita de São Pio V, como se a vê em Ecône, se torna o símbolo da condenação do Concílio. Ora, jamais aceitaremos, em nenhuma circunstância, que se condene o Concílio por meio de um símbolo".
A liberação da Missa de sempre é, no fundo, pelo menos simbolicamente, uma condenação do Concílio Vaticano II.
E Bento XVI vai liberar a Missa de sempre.
Logo...
São Paulo, 24 de Outubro de 2.006
Orlando Fedeli
FONTE
CARDEAL AVIZ: " BEATIFICAÇÃO DE PAULO VI SERÁ POSITIVA PARA AMÉRICA LATINA"
Posted: 08 May 2014 12:35 PM PDT
A beatificação e posterior canonização de Paulo VI será importante para a Igreja e especialmente importante para a América Latina, por causa de sua atuação no Concílio Vaticano II, ao qual deu continuidade após a morte de João XXIII", declarou ao Estado o cardeal brasileiro d. João Brás Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, mais conhecida como Congregação para os Religiosos.
O cardeal lembrou também o apoio que Paulo VI deu com sua presença à Conferência do Episcopado da América Latina de Medellín, realizada na Colômbia, em 1968.
Para o cardeal Aviz, a beatificação de Paulo VI dará novo impulso aos documentos aprovados pelo Concílio Vaticano II. "Já se passaram 50 anos e, no entanto, metade das conclusões do Concílio ainda não foram postas em prática, o que significa que falta fazer muita coisa", disse o cardeal. Ele citou como exemplo o que pode ser atualizado, à luz do Vaticano II, na área dos religiosos.
"Precisamos de mais diálogo, porque não funciona mais o autoritarismo de tempos passados", afirmou.
FONTE
BISPO PORTUGUÊS EXPRESSA SEU CONTENTAMENTO PELA BEATIFICAÇÃO DE PAULO VI
Posted: 08 May 2014 12:29 PM PDT
Angra do Heroísmo, Açores, 07 mai 2014 (Ecclesia) – O bispo da Diocese Angra, D. António Sousa Braga, saudou as notícias que dão conta da próxima beatificação de Paulo VI, o Papa que o ordenou como padre.
"Estou muito contente com a canonização de São João XXIII porque teve a coragem de convocar o Concílio; estou igualmente contente com a canonização de São João Paulo II porque teve um longo pontificado e veio três vezes a Portugal, inclusive aos Açores; estou contentíssimo com a notícia da beatificação de Paulo VI", disse o prelado açoriano em declarações ao portal da diocese.
D. António Sousa Braga destaca a importância do pontífice italiano, Papa entre 1963 e 1978, na implementação do Concilio Vaticano II (1962-1965), e diz que esta beatificação era a peça "que faltava" para completar o ciclo dos Papas que foram decisivos na abertura da Igreja ao mundo.
O bispo de Angra destaca a ação de Paulo VI na condução da Igreja, num momento particularmente "difícil" e de "de grande resistência à abertura" proposta pelo Concilio, sublinhando, para além das questões "afetivas", a "enorme importância e atualidade" dos documentos assinados pelo futuro beato.
"Paulo VI é o meu Papa pois foi ele que me ordenou em 1970 e eu estudei a Teologia nos anos do seu pontificado. Os seus documentos são de uma enorme profundidade, extraordinários para a época e são textos literários da língua italiana", conclui.
A Congregação para a Causa dos Santos, da Santa Sé, aprovou esta quarta-feira por unanimidade um milagre atribuído à intercessão do Papa Paulo VI, anunciou o portal de notícias do Vaticano.
O prefeito deste dicastério, cardeal Angelo Amato, deverá encontrar-se com o Papa Francisco para a promulgação do decreto, o que poderá ocorrer ainda esta sexta-feira, acrescenta o 'news.va'.
O mesmo portal adianta como data possível para a beatificação o dia 19 de outubro, data da conclusão do Sínodo Extraordinário sobre a Família.
Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini nasceu a 26 de setembro de 1897 na Lombardia, Itália, e foi ordenado padre em 1920, tendo entrado ao serviço diplomático da Santa Sé.
Nomeado arcebispo de Milão em 1953, foi criado cardeal em dezembro de 1958, por João XXIII, a quem viria a suceder, cinco anos depois, já com o Concílio Vaticano II (1962-1965) em andamento, tendo-lhe dado continuidade.
Entre 1964 e 1970, Paulo VI fez nove viagens internacionais, as primeiras de um Papa moderno, incluindo a passagem por Fátima a 13 de maio de 1967.
O Papa italiano escreveu sete encíclicas, entre as quais a 'Humanae vitae' (1968), sobre a regulação da natalidade, e a 'Populorum progressio' (1967), sobre o desenvolvimento dos povos; assinou ainda a exortação apostólica 'Evangelii nuntiandi' (1975), sobre a evangelização no mundo contemporâneo, e discursou na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, a 4 de outubro de 1965.
Paulo VI morreu no dia 6 de agosto de 1978.
FONTE
PAULO VI, BEATIFICADO AINDA ESTE ANO
Posted: 08 May 2014 12:25 PM PDT
A Congregação para a Causa dos Santos aprovou a existência de um milagre por intercessão do papa Paulo VI que servirá para sua beatificação, segundo informou a agência de notícias italiana Ansa. A beatificação de Giovanni Battista Montini, o papa que concluiu o Concílio Vaticano 2.º, será em 19 de outubro, quanto terminará o Sínodo dos Bispos sobre a família previsto para esse mês. O papa Francisco deve aprovar o decreto sobre o milagre para que seja efetiva a beatificação.
Oficialmente o Vaticano não se manifestou sobre a decisão da Congregação. A imprensa italiana informou que o milagre que permitirá a beatificação do papa Montini era a cura de um bebê ainda na barriga da mãe, em 2001, nos Estados Unidos. Ele foi proposto pelo postulador da causa de Paulo VI, Antonio Marrazzo.
O caso se refere à história de uma mulher que durante a gravidez descobriu um grave problema cerebral no feto e a quem os médicos aconselharam como possível solução o aborto, porém a jovem se opôs a isso e quis levar a gravidez adiante, acreditando na intercessão de Paulo VI.
Segundo disse Marrazzo em 2012 à Rádio Vaticano, "a criança nasceu sem problemas" e os médicos consideraram o nascimento "um feito verdadeiramente extraordinário e sobrenatural". A escolha do milagre, continuou o postulador da causa para o reconhecimento do beato, foi decidida "em acordo com o magistério do papa", que escreveu a encíclica Humanae Vitae, sobre a defesa da vida, na qual condenava o uso de métodos artificiais de contracepção e o aborto.
No dia 20 de dezembro de 2012, Bento XVI havia assinado o decreto de "virtudes heróicas" de Paulo VI com o qual ele foi declarado "venerável", o que permtiu a sequência do processo de beatificação.
FONTE
Paulo VI, Beato? - por Mgr. Marcel Lefèbvre
Posted: 08 May 2014 01:07 PM PDT
Em 20 de dezembro de 2012, Bento XVI autorizou a Congregação para as Causas dos Santos a promulgar um decreto reconhecendo as "virtudes heróicas" de Paulo VI, papa de 1963 a 1978. Agora basta um milagre obtido por intercessão de Paulo VI para proceder à sua beatificação.
Aparentemente, o postulador de sua causa, Pe. Antonio Marrazzo, já escolheu um caso para apresentar à comissão médica: a cura de uma criança em gestação diagnosticada com uma grave má-formação. De acordo com Andrea Tornielli, do Vatican Insider de La Stampa, a beatificação poderia ocorrer em 2013.
Paulo VI é o papa que encerrou o Concílio Vaticano II, aberto por seu predecessor João XXIII. Foi durante o pontificado de Paulo VI que o Novus Ordo Missae foi desenvolvido. Em 1976 ele escreveu sem hesitação a Dom Marcel Lefebvre: "O Concílio Vaticano II não tem menos autoritadade do que o Concílio de Nicéia, mas é até mais importante em alguns aspectos."
Dom Lefebvre, que foi suspenso a divinis durante o pontificado de Paulo VI, deu sua opinião sobre Paulo VI aos seminaristas de Ecône na série de palestras que fez sobre o Magistério e que forneceu material para o seu livro Do Liberalismo à Apostasia (Ed. Permanência, 1991).
O capítulo 31, "Paulo VI – Papa Liberal", oferece uma forte indicação do que o fundador da Fraternidade São Pio X teria dito sobre essa beatificação.
DICI introduziu subtítulos na forma de perguntas ao texto de Dom Lefebvre, para melhor seguir a sua análise.
Como Paulo VI será julgado pela Igreja no futuro?
É evidente que a Igreja, um dia, julgará este Concílio, julgará estes Papas. E em especial, como será julgado o Papa Paulo VI? Alguns afirmam que foi herege, cismático e apóstata; outros crêem poder demonstrar que Paulo VI não tinha em vista o bem da Igreja, e portanto não foi papa, é a tese dos "Sedes Vacans" (sedevacantistas). Não nego que estas opiniões tenham algum argumento a seu favor. Poderão dizer que em trinta anos se descobrirão coisas que estavam ocultas ou se verão melhor elementos que deveriam ter sido mais claros para os contemporâneos, como afirmações deste Papa absolutamente contrárias à tradição da Igreja etc. Pode ser, mas não creio necessário recorrer a estas explicações; penso inclusive que é um erro seguir certas hipóteses.
Outros pensam, de modo simplista, que havia então dois papas: um, o verdadeiro, estava prisioneiro nos porões do Vaticano, enquanto o outro, o impostor, o sósia, ocupava o trono de São Pedro, para a infelicidade da Igreja. Livros foram escritos sobre "os dois papas", baseados em "revelações" de uma pessoa possuída pelo demônio e em argumentos pseudocientíficos que afirmam, por exemplo, que a voz do sósia não é a do verdadeiro Paulo VI!
Qual é a sua própria explicação sobre o pontificado de Paulo VI?
A solução real me parece que é outra, muito mais complexa, penosa e dolorosa. O caminho nos é dado por um amigo de Paulo VI, o Cardeal Daniélou: em suas "Memórias" publicadas por um membro de sua família, o Cardeal diz explicitamente: "É evidente que Paulo VI é um papa liberal".
Essa é a solução que parece ser a mais provável, historicamente, porque este papa foi ele próprio um fruto do liberalismo. Toda a sua vida foi permeada com a influência dos homens que ele escolheu para cercá-lo ou que tomou por mestres, e que eram liberais.
Paulo não escondeu suas simpatias liberais: no Concílio, em lugar dos presidentes designados por João XXIII, colocou homens que chamou de moderadores. Estes moderadores foram: Cardeal Agagianian, cardeal da Cúria sem personalidade, e os Cardeais Lercaro, Suenens e Dopfner; estes três últimos, liberais e seus amigos pessoais. Os antigos presidentes foram relegados a uma mesa de honra e foram os três moderadores que dirigiram os debates do Concílio. Da mesma maneira, Paulo VI sustentou durante todo o Concílio a facção liberal que se opunha à tradição da Igreja, isto é um fato conhecido. Como já lhes disse, Paulo VI repetiu ao fim do Concílio as palavras de Lamennais textualmente: "A Igreja não pede mais do que a liberdade." Doutrina condenada por Gregório XVI e Pio IX!
É inegável que Paulo VI esteve fortemente influenciado pelo liberalismo. Isto explica a evolução histórica vivida pela Igreja nestas últimas décadas e caracteriza muito bem o comportamento pessoal de Paulo VI. Como já lhes disse, o liberal é um homem que vive sempre em contradição; afirma os princípios mas faz o contrário, vive sempre na incoerência.
O senhor poderia dar alguns exemplos em apoio de sua análise?
Deixem-me citar alguns exemplos destes binômios tese-antítese, em que Paulo VI se destacava ao propor tantos problemas insolúveis que refletiam seu espírito ansioso e paradoxal. A encíclica Ecclesiam Suam, de 6 de agosto de 1964, que é a carta-programa de seu pontificado, nos ilustra a este respeito:
"Se verdadeiramente, como dizíamos, a Igreja tem consciência do que o Senhor quer que ela seja, surge nela uma singular plenitude e uma necessidade de expressão, com a clara consciência de uma missão que a excede e uma novidade que deve propagar. É a obrigação de evangelizar, é o mandato missionário, é o dever de apostolado (…). Nós sabemos bem: 'Ide e ensinai a todas as nações', é o último mandamento de Cristo a seus apóstolos. Isto define sua irrecusável missão, pelo próprio nome de apóstolos."
Esta é a tese, imediatamente seguida pela antítese:
"A propósito deste impulso interior de caridade que tende a se transformar em um dom exterior, nós usaremos o nome que é atualmente usual: diálogo.
A Igreja deve manter diálogo com o mundo em que vive. A Igreja se faz palavras, a Igreja se faz mensagem, a Igreja se faz conversação."
Finalmente vem a tentativa de síntese, que não faz mais do que consagrar a antítese:
"(…) inclusive antes de converter o mundo, principalmente para convertê-lo, é necessário acercar-se dele e falar com ele." (Documentos pontifícios de Paulo VI, 1964. Ed. Saint Augustin, Saint Maurice, págs. 677-679.)
Tem outro exemplo?
Mais graves e mais características da psicologia liberal de Paulo VI, são as palavras com que logo após o Concílio declara a supressão do latim na liturgia. Logo após haver recordado os benefícios do latim: língua sagrada, língua estável, língua universal, pede em nome da adaptação o "sacrifício" do latim, confessando inclusive que será uma grande perda para a Igreja! Eis aqui as próprias palavras do Papa Paulo VI, citadas por Louis Salleron em sua obra "A Nova Missa" (Coleção "Itineraires", Nouvelles Editions latines, 2 ª ed., 1976, p. 83):
Em 7 de março de 1965, Paulo VI declarava à multidão de fiéis reunidos na Praça São Pedro:
"É um sacrifício da Igreja renunciar ao latim, língua sagrada, bela, expressiva, elegante. Ela sacrificou séculos de tradição e unidade da língua, por uma crescente aspiração à universalidade."
E a 4 de maio de 1967, o "sacrifício" era consumado com a instrução "Tres Abhinc Annos", que estabelecia o uso da língua vulgar na recitação em voz alta do Cânon da missa.
Este "sacrifício", no espírito de Paulo VI, parece ter sido definitivo. Em 26 de novembro, ele explica ao apresentar o novo rito da missa:
"Já não é o latim, mas a língua vernácula a língua principal da missa. Para quem conhece a beleza, o poder do latim, sua capacidade de expressar as coisas sagradas, será certamente um grande sacrifício vê-lo substituído pela língua vulgar.
Perdemos a língua dos séculos cristãos, nos tornamos intrusos e profanamos o domínio literário da expressão sagrada. Perdemos assim em grande parte esta admirável e incomparável riqueza artística e espiritual que é o canto gregoriano. Sem dúvida, temos razão em sentir tristeza e angústia."
Portanto, tudo deveria dissuadir Paulo VI de realizar tal "sacrifício" e persuadi-lo a conservar o latim. Mas não, acomodando-se em sentido oposto em sua "angústia", de um modo singularmente masoquista, vai agir em sentido oposto aos princípios que acabava de enumerar, e vai decretar o "sacrifício" em nome da compreensão e da oração, argumento enganador que não passava de um pretexto dos modernistas.
O latim litúrgico nunca foi obstáculo para conversão dos infiéis ou para a educação cristã; pelo contrário os povos simples da África e da Ásia gostam do canto gregoriano e desta língua una e sagrada, sinal de adesão à catolicidade. A experiência prova que onde o latim não foi imposto pelos missionários da Igreja latina, ficaram ocultos os germes de cismas futuros.
Paulo VI pronuncia então a sentença contraditória:
"A resposta parece trivial e prosaica, porém boa por ser humana e apostólica: a compreensão da oração é mais valiosa do que as antigas roupas de seda, elegância real com que estava revestida. Mais preciosa é a participação do povo, deste povo que hoje quer que se fale claramente, de maneira inteligível que se possa traduzir em sua linguagem profana. Se a nobre língua latina nos separasse das crianças, dos jovens, do mundo de trabalho e dos negócios, se fosse um biombo opaco em vez de ser um cristal transparente, nós, pescadores de almas, teríamos uma atitude certa conservando-a na exclusividade da linguagem de oração e da religião?"
Que confusão mental! Quem me impede de rezar em minha língua? Mas a oração litúrgica não é uma oração privada, é a oração de toda a Igreja. Também outra confusão lamentável, a liturgia não é um ensinamento dirigido ao povo, mas o culto dirigido pelo povo cristão a Deus. Uma coisa é o catecismo, outra a liturgia! Não se trata para o povo reunido na Igreja "que se fale claramente", mas que este povo possa louvar a Deus de maneira mais bela, mais sagrada e mais solene que exista! "Rezar a Deus com beleza", tal era a máxima litúrgica de São Pio X. Quanta razão ele tinha!
Como o senhor descreveria um liberal?
Como vocês podem ver, o liberal é um espírito paradoxal e confuso, angustiado e contraditório; assim foi Paulo VI. Louis Salleron o explica muito bem quando descreve o aspecto físico de Paulo VI. Ele diz: "tem dupla face". Não fala de duplicidade, pois este termo expressa uma intenção perversa de enganar, que não era a de Paulo VI. É um personagem duplo, cujo rosto contraditório expressa a dualidade: ora tradicional nas palavras, ora modernista em seus atos; ora católico em sua premissas e princípios, ora progressista em sua conclusões, não condenando o que deveria condenar e condenando o que deveria aprovar.
Com esta debilidade psicológica este papa oferece uma ocasião sonhada, uma grande possibilidade aos inimigos da Igreja de se servir dele. Sempre guardando uma cara (ou meia cara, como queiram) católica, não teve dúvida em contradizer a tradição, mostrou-se favorável às mudanças, batizando-as de mutações e progresso, indo assim na mesma direção dos inimigos da Igreja que o estimularam.
Não se viu um dia, em 1976 o "Izvestia", órgão do partido comunista russo, reivindicar a Paulo VI em nome do Vaticano II por minha condenação e a de Ecône?
Igualmente, o diário comunista "L'Unitá" expressou uma solicitação similar, reservando-lhe uma página inteira, quando pronunciei meu sermão em Lille em 29 de agosto de 1976. Como estava furioso, por causa de meus ataques ao comunismo! Dirigindo-se a Paulo VI, diziam: "Tomai consciência do perigo que representa Lefebvre, e continuai o magnífico movimento de aproximação iniciado com o ecumenismo do Vaticano II."
É um pouco incômodo ter amigos como estes, não lhes parece? Triste ilustração de uma regra que temos destacado: o liberalismo leva do compromisso à traição.
Como devem se comportar sob um papa liberal os sacerdotes e fiéis ligados à Tradição ?
A psicologia de um papa liberal é facilmente compreensível, mas difícil de suportar! Com efeito, nos põe em uma situação muito delicada em relação a tal chefe, seja Paulo VI, seja João Paulo II… Na prática, nossa atitude deve se fundar em um discernimento prévio, necessário para a circunstância extraordinária que significa um papa conquistado pelo liberalismo. Eis aqui este discernimento: quando o papa diz alguma coisa de acordo com a tradição, o seguimos; quando diz alguma coisa contrária à nossa fé, ou quando sustente ou deixe fazer algo que põe em perigo nossa fé, então não podemos segui-lo! Isto pela razão fundamental de que a Igreja, o Papa, e a hierarquia estão a serviço de nossa fé. Não são eles que fazem a fé, devem servir a ela. A fé não se faz, é imutável, a fé se transmite.
Por este motivo, não podemos seguir os atos destes papas feitos com a finalidade de confirmar uma ação que vai contra a tradição. Seria colaborar com a autodemolição da Igreja, com a destruição de nossa fé!
Fica claro que o que nos pedem sem cessar: completa submissão ao Papa e ao Concílio, aceitação de toda reforma litúrgica, vai em sentido oposto à tradição na medida em que o Papa, o Concílio e as reformas nos arrastam para longe da tradição, como os fatos provam através de anos. Assim pedir-nos isto significa pedir-nos colaborar com o desaparecimento da fé. Impossível! Os mártires morreram para defender a fé; temos exemplos dos cristãos prisioneiros, torturados, enviados a campos de concentração por sua fé! Um grão de incenso oferecido à divindade, teria salvo suas vidas. Têm-me aconselhado algumas vezes: "Assinai, assinai que aceitais e tudo continuará como antes!" Não! Não se brinca com a fé!
Traduzido de Dom Marcel Lefebvre, Ils l'ont découronné, Clovis, 3 ª ed, 2008; Pp. 253-260. Disponível em português na Editora Permanência como "Do Liberalismo à Apostasia" (1991).
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Reforma da Cúria tem cada vez mais resistências
Posted: 03 May 2014 11:02 AM PDT
Por Sébastien Maillard
O papa Francisco reuniu entre os dias 28 a 30 de abril o seu "C8", os oito cardeais que o aconselham para a reforma da Cúria Romana. Responsáveis dentro da administração vaticana tentam frear a reorganização em curso. As iniciativas do novo papa não encontram unanimidade, mas a sua popularidade e a sua determinação dificultam qualquer resistência real.
Os rumores correm desde o início do novo pontificado. A Cúria Romana freia as reformas iniciadas pelo papa Francisco. O último exemplo disso veio na sessão de trabalho do "C8", o conselho de oito cardeais externos à Curia do qual o papa jesuíta se cercou expressamente para reformar o governo da Santa Sé.
Em pauta – e certamente assim será também na próxima sessão no início de julho – está inscrita a racionalização dos 12 Pontifícios Conselhos, os dicastérios (equivalentes a pequenos ministérios) que, com nove congregações (para a Doutrina da Fé, as Causas dos Santos, o Culto Divino etc.) constituem a Cúria.
O elevado número de tais conselhos, o intrincamento das suas áreas de competência e a sua falta de coordenação foram destacados, particularmente durante os debates que antecederam o último conclave. Por exemplo, aqueles que tratam de questões sociais, como a saúde, os migrantes, o "Cor unum" (que trabalha contra a pobreza) e o "Justiça e Paz", poderiam se fundir. Ou ao menos ser unidos em um único polo, com um coordenador.
Mas, na prática, nenhum chefe de dicastério deseja ver desaparecer o seu próprio ente. "O nosso presidente toma todas as iniciativas possíveis para se mostrar absolutamente necessário", observa, sorrindo, um prelado que trabalha em um Pontifício Conselho. Um zelo para melhor resistir à diminuição das estruturas romanas desejada pelo papa Francisco.
Outros se voltam diretamente para as pessoas próximas ao novo papa para defender a sua administração. Por exemplo, o cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, que falou com o cardeal Oscar Maradiaga, coordenador do "C8", durante a última sessão, para tentar manter prerrogativas financeiras no seu dicastério.
A reunificação destas últimas dentro de um novo "Secretariado para a Economia" provocou intervenções na direção contrária por parte da Secretaria de Estado, onipotente com o Papa Bento XVI. De acordo com diversas fontes, o secretário de Estado da Santa Sé, o cardeal Pietro Parolin, tem sido pressionado pela sua equipe para tentar, em vão, não perder o controle das finanças em benefício do novo secretário para a economia, o cardeal australiano George Pell.
Mas a resistência na Cúria não se concentra só na reforma da qual ela é objeto. Visa também ao próprio Papa Francisco, cujo estilo e cujos modos não encontram unanimidade. "Criticar o papa não é algo que se costuma fazer quando se trabalha na Santa Sé", observa uma fonte entre os colaboradores.
Por exemplo, toda a semana de retiro em silêncio no início da Quaresma, imposta fora de Roma pelo papa, não convenceu todos os presentes. Até então, eles estavam bastante acostumados a se contentar com um breve período espiritual dentro da sua agenda de trabalho.
Para além dessas iniciativas, as críticas internas ao novo papa também dizem respeito a assuntos de fundo. E não só dentro da Cúria. O consistório extraordinário sobre a família convocado para o fim de fevereiro passado pelo papa mostrou isso claramente. A divisão dos cardeais, que lá discutiram principalmente sobre o problema do acesso aos sacramentos dos divorciados em segunda união, mostra a sua hesitação antes de seguir o papa no caminho de uma evolução nessa matéria.
"Os bispos se irritam ao ver a sua autoridade posta em discussão, contestada, porque se opõe a eles o que o papa diz", é o que Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio, ouve dos seus contatos: "Para eles, Francisco tira a verticalidade da Igreja".
"Muitos dos altos prelados da Cúria eram intocáveis", acrescenta o padre Jean-Paul Muller, tesoureiro-geral dos salesianos: "Vendo esse papa tão próximo e acessível das pessoas, eles se assustam, porque entendem que já não são mais intocáveis, que ele vai questioná-los, que vai lhes pedir contas".
"Se o conclave fosse refeito, ele não seria mais reeleito", afirma um cardeal eleitor da Cúria, que participou do último conclave. Mas não é apenas nos mais altos escalões da Igreja que há pessoas que aceitam a mudança de má vontade. Os empregados do Vaticano também se preocupam. Chegou a hora do rigor, agora que o verdadeiro estado das finanças foi exposto claramente depois das auditorias externas dos grandes escritórios internacionais.
Desde fevereiro, as novas contratações estão bloqueadas, as horas extras não são mais pagas, e foi introduzida a obrigação de "bater o cartão". A progressão na carreira não parece estar mais garantida como antes. Daí se percebe um clima social que une o descontentamento com a tradição de lealdade em relação ao pontífice.
Nesse ambiente, o papa Francisco, ao invés, continua, lenta mas seguramente. "Ele não se precipita em nada. Prorrogou os cargos de muitas pessoas. De longe, a impressão que se tem é de que tudo continua sendo um pouco vago, mas isso é estratégico para o seu sucesso. Ele está convencido do fundamento das reformas e sente desde a sua eleição uma expectativa por parte do restante da Igreja a esse respeito", garante Michel Roy, secretário-geral da Cáritas.
"Tornou-se muito difícil resistir a esse papa", afirma o padre Muller, porque, se Bento XVI estava sozinho, Francisco tem o povo do seu lado, e essa é a sua força".
La Croix, 29-04-2014.
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A carta, o Santo e a luta
Posted: 03 May 2014 10:48 AM PDT
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São José de Anchieta foi canonizado recentemente e algumas mentes esquerdistas já praguejam. Alegam, resumidamente, que a canonização legitimou a colonização portuguesa no Brasil, deu razão à conversão dos índios e ainda justificou o antiecumenismo contra os protestantes.
Isto é verdade.
E é excelente.
A primeira carta sobre o Brasil é a, famosíssima e pouco lida, de Pero Vaz de Caminha.
Num excerto dela está escrito:
"(…) Contudo, o melhor fruto que dela [das terras do Brasil] se pode tirar parece-me que será salvar esta gente [os índios]. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza [Rei de Portugal] em ela deve lançar (…)".[1]
O dito não foi bravata nem demagogia. Sob a tutela do Padroado, Portugal enviou, incontinenti, vários missionários para a Terra de Santa Cruz.
Um deles foi São José de Anchieta, o santo apóstolo do Brasil. Era parente do gigante da fé, Santo Inácio, e jesuíta.
Em sua vida no Brasil, fez muitos milagres e transformou muitos índios canibais em católicos devotos.
Certa vez cruzou seco o rio Tietê, outra vez, levitou em uma aldeia indígena e no litoral capixaba andou na praia sob a sombra de um séquito de aves que o protegiam do sol escaldante.
Escreveu livro de catequese em tupi e fazia teatro com os índios. Fundou várias cidades.
Nesta Terra Brasilis, onde eram entoados cantos para o demônio, passou-se a fazer música em louvor a Nossa Senhora.
Onde era praticado em grande escala o infanticídio, passou-se a ensinar o catecismo.
Onde os velhos eram largados para morrer no mato ou nos campos, edificaram Santas Casas de Misericórdia.
Um destes idosos deixados para morrer, São José de Anchieta converteu e batizou quando andava num caminho isolado e ouviu um murmúrio.
Certa feita, calvinistas franceses ocuparam a futura cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Uma guerra foi anunciada. De um lado, os calvinistas franceses e seus índios aliados e do outro lado, os portugueses e seus índios aliados e convertidos.
São José de Anchieta ajudou nos esforços para a guerra, reunindo muitos índios e dando assistência religiosa.
Nesta guerra, milagres foram relatados e atribuídos a São Sebastião. Estácio de Sá, um verdadeiro herói, havia fundado o Rio de Janeiro sob a proteção deste santo.
Na batalha das canoas, São Sebastião foi visto lutando contra os protestantes.
Por fim, os católicos venceram e os calvinistas sobreviventes ou que não fugiram foram enforcados.
São José de Anchieta converteu muitos deles antes da forca.
Bons tempos aqueles, que índios eram batizados, protestantes eram combatidos e convertidos e acreditava-se que fora da Igreja, não há salvação.
E que havia santos e missionários.
Por isso, o ódio dos esquerdistas contra a canonização.
São José de Anchieta, rogai por esta Terra de Santa Cruz.
Marcelo Andrade, 12 de abril de 2014.
O univocismo antimetafísico de um peseudoteólogo
Posted: 24 Apr 2014 01:11 PM PDT
A pedido do Prof. Eder Moreira, publicamos este "breve", sobre a possibilidade de erros em documentos de Magistério não infalível. Quem acompanha o blog tem ciência que esta resposta surgiu devido à oposição, no assunto, de outro leitor.Este por, sua vez, caso queira, terá todo direito em colocar sua réplica, em forma de artigo.
Salve Maria!
****
Depois do reino democrático inaugurado pelo Vaticano II, prolifera-se pelas "trilhas" da internet um volume cada vez mais vultoso de "sábios teólogos". Em cada "esquina" cibernética, um novo aventureiro com pretensas soluções mágicas para questões complexas da Sacra Teologia. Sem ao menos estudar os princípios rudimentares da metafísica, propalam em alta voz imprudentes sentenças que, por vezes, atingem às fronteiras da heresia.
Oportunamente realizamos algumas intervenções no blog do Reverendíssimo Padre Marcelo Tenório. Mas, ultimamente, essa participação tornou-se visivelmente frequente, devido a pertinácia irredutível de um adepto exclusivo da hermenêutica da continuidade.
Antes da publicação do principal artigo de refutação, antecipamos esta sucinta demonstração do despreparo filosófico e teológico do adversário que pretende ser o modelo perfeito de obediência e fidelidade ao Vaticano.
Nas últimas postagens sobre a possibilidade de erros em documentos do Magistério não Infalível, nosso opositor assim declarou:
"Não há dúvida que o falível significa possibilidade de erro. Porém, de existir a possibilidade de erro, a existir o erro de fato, há uma grande distância [...] Nestes termos, a prática mostra que o Magistério pode errar, mas não erra ou não errou até hoje, não sendo nem comum e nem tradicional que erre"
A primeira refutação encontramo-la no estudo do Padre Daniel Pinheiro, fundamentado na teologia de Santo Tomás:
"O Magistério desse segundo tipo – não infalível – pode, então, conter erros porque ao contrário do primeiro grau estudado, não se encontra garantido na verdade por Deus. O fato de possuir erros é uma possibilidade, mas como nos diz São Tomás: quod possibile est non esse, quandoque non est [o que pode não ser, às vezes não é]".
Possibilidade de erro significa que pode vir a acontecer, mesmo que ainda não tenha ocorrido. Ademais, negar essa possibilidade de erro no Magistério puramente autêntico seria torná-lo infalível e, deste modo, destruir a distinção que a Igreja faz entre Magistério falível e infalível. Neste sentido, a explicação do Padre Daniel é elucidativa:
"É imcompreensível que alguns afirmem a impossibilidade de erros em atos do Magistério não-infalível. Negar a possiblidade de erro desse Magistério seria torna-lo infalível, e, desse modo, tornar-se-ia também imcopreensível a distinção que faz a Igreja entre Magistério infalível e não-infalível. A Igreja, como boa conhecedora da filosofia e sábia aluna de Deus, não multiplicaria os entes sem necessidade, distinguindo-os sem motivo. É preciso distinguir o que a Igreja distingue".
Essa possibilidade de erro tem base na filosofia e no ensino dos teólogos. Por isso, ainda que nunca tivesse ocorrido na história da Igreja, permaneceria sendo uma possibilidade verdadeira. Do mesmo modo podemos dizer do milagre. Ainda que Deus nunca o tivesse realizado na história, sua possibilidade permaneceria, porque depende unicamente da onipotência divina.
Para afirmar a possibilidade de erros no Magistério não infalível, necessitamos tão somente do ensino dos teólogos. Ora, a confirmação desta possibilidade é praticamente unânime entre eles:
Extraímos as citações do artigo do Revmo. Padre Daniel:
Domenico Palmieri: "… não existindo a certeza da infalibilidade, por isso mesmo, parece não estar ausente a possibilidade de erro…"
Schultes Reginaldus-Maria, O.P.; "… não podem realmente obrigar ao assentimento de fé porque a possiblidade de erro não está excluída … exclui a probabilidade (o medo, literalmente), mas não a possiblidade de erro…"
Ludovicus Lercher, S.J.: "Este assentimento religioso não é, objetivamente falando, certo. Isso se baseia no fato de que a possibilidade do erro não está excluída, assim como a possibilidade de ser reconhecido como tal (errôneo)."
Merkelbach, O.P.: "…enquanto a Igreja não ensina com autoridade infalível, a doutrina proposta não é em si irreformável…"
Christianus Pesch, S.J.; "… positivamente deve-se assentir aos decretos das congregações enquanto não ficar claro que elas erraram." E mais adiante: "Tudo isso se aplica sem dificuldade aos decretos do Sumo Pontífice, que ele realiza sem sua autoridade suprema…"
Straub: "O erro pode, com efeito, estar subjacente."
Lucien Choupin: "A decisão não estando garantida pela infalibilidade, a possibilidade do erro não está excluída…"
***
Outro fato comprovativo desta possibilidade proveio da fundação do Instituto do Bom Pastor com a finalidade de crítica ao Vaticano II. Quem não acreditasse na possibilidade de erros em documentos não infalíveis, dificilmente concederia liberdade para criticá-los. Logo, a possibilidade de erros no Vaticano II é doutrina confirmada pelo Papa Bento XVI.
Antes mesmo de se tornar Papa, o Cardeal Ratzinger havia sugerido essa possibilidade de erros em cartas trocadas com Dom Lefebvre:
"Aqui, como sobre as questões litúrgicas, é preciso notar que – em função dos diversos graus de autoridade dos textos conciliares – a crítica de algumas de suas expressões, feitas segundo as regras gerais de adesão ao Magistério, não está excluída".
E conclui o Cardeal:
"Não é exigido de V. Excia que renuncie à totalidade de suas críticas ao Concílio e à reforma litúrgica".
Sob o beneplácito de João Paulo II, Ratzinger afirma existir diversos graus de autoridade nos documentos conciliares. Em decorrência desta realidade, admite o prelado a possibilidade de crítica a certas expressões destes documentos. Portanto, é uma autoridade da Igreja, confirmada pelo Papa, que nos garante ser lícito criticar o Vaticano II e a Missa Nova. E se existe a possibilidade de crítica é porque existe a possibilidade de erros.
Segundo as evidências provenientes da filosofia, da teologia e de atos concretos de Papas, tem-se claramente que a possibilidade de erros no Magistério falível é uma verdade perfeitamente aceitável.
Esta é uma pequena antecipação dos terríveis desastres "hermenêuticos" de um imprudente desafiador de blog.
Em breve, o artigo completo.
In Corde Jesu, semper
Eder Silva
O mais novo refém dos rebeldes sírios, é uma criança cristã de alguns meses.
Posted: 24 Apr 2014 12:03 PM PDT
A população Kessab era predominantemente cristã e está localizado perto da fronteira com a Turquia. A marcha dos islâmicos através da cidade deixou um rastro de sangue e destruição: igrejas devastadas, casas queimadas e mais de 2.000 pessoas deslocadas.
Atualmente, não se sabe se as centenas de cristãos Kessab que foram sequestrados estão mortos, mas os seqüestradores têm mostrado que um deles, de apenas alguns meses ainda vive.
A foto do bebê cercado por muçulmanos sunitas armados com rifles mirando em sua cabeça, tem sido exibido em redes sociais radicais, como espólio de guerra e um aviso contundente ao encolhimento comunidade cristã da Síria cada vez mais castigado pelos "inimigos" e ignorado pelo Ocidente.
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Cardeal hondurenho relata oposição a papa Francisco na Cúria Romana
Posted: 24 Apr 2014 08:47 AM PDT
O cardeal hondurenho Oscar Rodríguez Maradiaga afirma que papa Francisco tem enfrentado oposição em Roma por conta das reformas que se propôs a fazer em seu pontificado.
Segundo uma revista católica americana, Maradiaga relatou as críticas de setores conservadores em discurso para padres da Ordem dos Frades Menores, na Flórida, declarando que "Francisco está construindo um novo jeito de ser Igreja, mas o seu caminho –semelhante ao de São Francisco de Assis para reparar a Igreja no século 13– está encontrando dificuldades na Cúria Romana".
"Temos que estar preparados, já que essa belíssima, mas estranha popularidade [de Francisco] está causando proselitismo, mas [temos que] igualmente encarar a oposição não somente na velha Cúria, mas também com qualquer um que não queira perder privilégios", disse o cardeal, amigo próximo do pontífice.
Maradiaga afirmou que expressões como "o que quer esse pequeno argentino?" e "cometemos um erro" estão começando a ser escutadas em Roma. O cardeal foi encarregado por Francisco para ser o coordenador do Conselho dos Cardeais, que tem a missão de "estudar um projeto de reforma da Cúria".
O discurso foi realizado no dia 8 de abril e divulgado agora pela revista "National Catholic Reporter". Quem passou as informações para a publicação foi o padre americano Thomas Washburn, que é secretário-executivo da English Speaking Conference –entidade que representa os frades da Ordem nos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Irlanda, Lituânia e Malta– e que foi um dos organizadores do evento.
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O telefonema polêmico do Papa
Posted: 24 Apr 2014 08:37 AM PDT
Salve Maria!
Mais uma das manifestações de Francisco. Bons tempos em que só se via o papa na janelinha ou no alto da sédia gestatória.
Que o Papa Francisco gosta de de telefonar, é fato. Que ele telefonou a esta patrícia argentina, também é fato. Se ele disse o que dizem que ele disse, é duvidoso...
Rezemos pelo Papa.
Na última quarta-feira, 23, surgiram boatos sobre o telefonema feito peloPapa Francisco a uma senhora argentina. Ele teria liberado a senhora para comungar, mesmo sendo casada civilmente com um homem divorciado, que já foi casado na Igreja.
Jaqueline Lisbona mora em San Lorenzo, Argentina. Nos últimos 10 anos, seu pároco não a permitiu comungar, visto que seu marido já foi casado na Igreja com a primeira mulher. Incomodada com a situação, em setembro Jaqueline enviou um email ao Papa e deixou seu número de telefone dizendo que se sentia como uma católica de segunda classe. O Papa Francisco lhe respondeu com uma ligação na última quarta-feira, 23. As notícias dos jornais diziam que ele, durante a ligação, disse que ela poderia retornar a receber a comunhão.
Gustavo Sylvestre, jornalista da Radio Del Plata, entrevistou Jaqueline e durante a entrevista ela descreveu como foi a conversa. O Papa perguntou se ela era cristã e ela disse que não era cristã praticante. Quando era jovem costumava ser mais empenhada na Igreja, mas com o tempo se afastou.
"Ele me disse que eu poderia voltar, ele me disse que eu deveria voltar. Bom, é o que vou fazer dentro de pouco tempo", disse Jaqueline.
A resposta do Papa foi em relação ao seu afastamento da Igreja e não em relação a voltar a comungar. Jaqueline completou dizendo que ele confirmou que a Igreja está tratando deste assunto.
Com tanto rumor causado pelas mídias, o diretor da Sala de Imprensa doVaticano, Padre Federico Lombardi, deu uma declaração nesta manhã.
"Vários telefonemas são realizados pelo Papa Francisco no contexto das suas relações pastorais pessoais. Não se tratando de atividades públicas do Papa, não se pode esperar informações ou comentários da parte da Sala de Imprensa do Vaticano. O que foi difundido - sobre o boato da liberação para comungar feita pelo Papa à senhora argentina -, e a ampliação midiática consequente, não tem confirmação de confiança e é fonte de mau entendimento e confusão. Ou seja, não existem consequências em relação à doutrina da Igreja", disse Padre Lombardi.
FONTE
FSSPX - SOBRE AS CANONIZAÇÕES DE JOÃO XXIII E JOÃO PAULO II
Posted: 24 Apr 2014 08:54 AM PDT
Caros Amigos e Benfeitores,
Se a canonização de João XXIII e de João Paulo II se realizar no próximo dia 27 de abril trará um duplo problema à consciência dos católicos. Primeiramente, um problema da canonização enquanto tal: como seria possível dar a toda a Igreja como exemplo de santidade, por uma parte, o iniciador do Concílio Vaticano II e, por outra parte, o Papa de Assis e dos direitos do Homem? Mas também, e mais profundamente, um problema do que aparecerá como se fosse um reconhecimento de autenticidade católica sem precedentes: como seria possível garantir o selo de santidade aos ensinamentos de um Concílio que inspiraram todas as disposições de Karol Wojtyla e cujos frutos nefastos são o sinal inequívoco da autodestruição da Igreja? Esse segundo problema traz por si mesmo sua própria solução: os erros contidos nos documentos do Concílio Vaticano II e nas reformas que se seguiram, especialmente na reforma litúrgica, não podem ser obra do Espírito Santo, que é, simultaneamente, um Espírito de verdade e um Espírito de santidade. Eis porque nos parece necessário recordar quais são os principais erros e quais as razões fundamentais pelas quais não podemos assinar embaixo das novidades do Concílio e das reformas que derivaram dele, assim como das canonizações, que parecem pretender, de fato, "canonizar" o Vaticano II.
Essa é a razão pela qual queremos protestar com força essas canonizações, e ao mesmo tempo denunciar a obra que desnatura a Igreja desde o Concílio Vaticano II.Eis aqui os principais elementos:
I – O Concílio
"Enquanto o Concílio se preparava para ser uma nuvem luminosa no mundo de hoje caso se tivessem utilizado os textos pré-conciliares nos quais se encontrava uma profissão solene da doutrina segura sobre os problemas modernos, infelizmente podemos e devemos afirmar que, de uma maneira mais ou menos geral, quando o Concílio inovou, abalou a certeza das verdades ensinadas pelo Magistério autêntico da Igreja que pertenciam de modo definitivo ao tesouro da Tradição.[...] Sobre esses pontos fundamentais, a doutrina tradicional era clara e ensinada de modo unânime nas universidades católicas.Porém, numerosos textos do Concílio sobre essas verdades permitem duvidar delas de agora em diante.[...] É preciso, então, coagidos pelos fatos, concluir que o Concílio favoreceu de um modo inconcebível a difusão dos erros liberais" [1].
II – Uma concepção ecumênica da Igreja.
A expressão "subsistit in" (Lumen gentium, 8) pretende afirmar que haveria uma presença e uma ação da Igreja de Cristo nas comunidades cristãs separadas; ação e presença distintas de uma subsistência da Igreja de Cristo na Igreja católica.Tomada nesse sentido, a expressão nega a identidade estrita entre a Igreja de Cristo e a Igreja católica, ensinada desde sempre até aqui, especialmente por Pio XII em duas ocasiões, nas encíclicasMystici corporis[2] e Humani generis[3].A Igreja de Cristo está presente e atua enquanto tal, quer dizer, como a única arca de salvação, somente onde está o vigário de Cristo.O Corpo místico do qual ele é a cabeça visível é estritamente idêntico à Igreja católica romana.
A mesma declaração (LG 8) reconhece também a presença de "elementos salvíficos" nas comunidades cristãs não-católicas.O decreto sobre o ecumenismo agrega ao afirmar que "o Espírito Santo não se recusa empregar essas Igrejas e Comunidades separadas como meios de salvação, embora a virtude desses derive da própria plenitude de graça e verdade confiada à Igreja católica" (UR 3).
Tais afirmações não são conciliáveis com o dogma de que "Fora da Igreja não há salvação", reafirmado pela Carta do Santo Ofício de 8 de agosto de 1949. Uma comunidade separada não pode se prestar a instrumento da ação de Deus, uma vez que a sua separação é uma resistência ao Espírito Santo.As verdades e os sacramentos que eventualmente são conservados ali apenas podem produzir um efeito salutar quando em oposição aos princípios errôneos que fundam a existência dessas comunidades e que causam sua separação do Corpo místico da Igreja católica, cuja cabeça visível é o vigário de Cristo.
A declaração Nostra aetate afirma que as religiões não cristãs "não raro refletem lampejos daquela Verdade que ilumina a todos os homens", embora estes homens devam encontrar em Cristo "a plenitude de vida religiosa" e "considera com sincera atenção aqueles modos de agir e de viver, aqueles preceitos e doutrinas" (NA, 2). Tal afirmação cai sob a mesma reprovação da precedente.Enquanto estão dentro da heresia ou do cisma, os sacramentos, as verdades parciais da fé e a Escritura estão em um estado de separação com o Corpo místico.É essa a razão pela qual a seita que os utiliza não pode realizar, enquanto tal, a mediação da Igreja nem contribuir para a salvação, pois se encontra privada da graça sobrenatural.É preciso afirmar a mesma coisa acerca das maneiras de pensar, viver e agir, tais como se encontram nas religiões não cristãs.
Esses textos do Concílio favorecem a concepção latitudinarista da Igreja, condenada por Pio XI na encíclica Mortalium animos;bem como o indiferentismo religioso igualmente condenado por todos os papas, de Pio IX a Pio XII[4].Todas as iniciativas inspiradas pelo diálogo ecumênico e interreligioso, do qual a reunião de Assis de 1986 é o exemplo mais visível, não são mais do que a colocação em prática, "a ilustração visível, a lição das coisas e a catequese inteligível a todos" (segundo João Paulo II) desses ensinamentos conciliares.Mas elas exprimem também o indiferentismo denunciado por Pio XI, quando ele reprovou a esperança "de que seria possível conduzir sem dificuldade os povos, apesar das suas divergências religiosas, a um entendimento fraterno sobre a profissão de certas doutrinas consideradas como um fundamento comum de vida espiritual.[...] Solidarizar-se com os partidários e propagandistas de semelhantes doutrinas é se afastar completamente da religião divinamente revelada" [5].
III – Uma concepção colegial e democrática da Igreja.
1. Depois de ter abalado a unidade da Igreja na sua fé, os textos do Concílio abalaram-na também no seu governo e na sua estrutura hierárquica.A expressão do "subjectum quoque" (LG 22) quer dizer que o colégio dos bispos unido ao papa como ao seu chefe é também, além do papa sozinho, o sujeito habitual e permanente do poder supremo e universal da jurisdição na Igreja.É a porta aberta para uma diminuição do poder do Sumo Pontífice, em outras palavras, a pô-lo em dúvida, com o detrimento de colocar em perigo a unidade da Igreja.
Esta idéia de um duplo sujeito permanente do primado é, de fato, contrária ao ensino e à prática do magistério da Igreja, especialmente à constituição Pastor aeternus do Concílio Vaticano I (DS 3055) e à encíclica Satis cognitum de Leão XIII.Pois somente o papa possui de modo habitual e constante o poder supremo, que ele comunica apenas em circunstâncias extraordinárias aos concílios, na medida que considera oportuno.
2. A expressão do "sacerdócio comum" próprio aos batizados, distinta do "sacerdócio ministerial" (LG 10), não expressa com precisão que somente o segundo deve ser entendido no sentido verdadeiro e próprio do termo, ao passo que o primeiro se entende somente no sentido místico e espiritual.
Essa distinção foi afirmada claramente por Pio XII no Discurso de 2 de novembro de 1954. Ela está ausente dos textos do Concílio e abriu caminho para uma orientação democrática da Igreja, condenada por Pio VI na Bula Auctorem fidei (DS 2602). Essa tendência de fazer o povo participar do exercício do poder se encontra também na multiplicação de organismos de todos os tipos, em conformidade com o novo direito canônico (cânon 129 § 2). Ela perde de vista a distinção entre clérigos e leigos, embora esta seja de direito divino.
IV – Os falsos direitos naturais do homem.
A declaração Dignitatis humanae afirma a existência de um falso direito natural do homem em matéria religiosa. Até aqui, a Tradição da Igreja era unânime em reconhecer aos não católicos o direito natural de não ser constrangidos pelos poderes temporais em sua adesão (quanto à intenção no foro interno e ao exercício do catolicismo no foro externo) à única verdadeira religião e reconhecia, no máximo em algumas circunstâncias, uma certa tolerância no exercício das falsas religiões, quanto ao foro externo público. O Vaticano II reconhece, ainda, a todo homem o direito natural de não ser impedido pelos poderes civis de exercer no foro externo público uma religião falsa e pretende reconhecer, como um direito positivo, esse direito natural de isenção a qualquer coerção por parte das autoridades da sociedade.Os únicos limites jurídicos a esse direito seriam aqueles de ordem puramente temporal e profana da sociedade.O Concílio torna, assim, uma obrigação aos governos temporais de não fazer mais distinções por motivos religiosos e de estabelecer a igualdade jurídica entre a verdadeira religião e as falsas.
Esta nova doutrina social está em oposição com os ensinamentos de Gregório XVI na encíclica Mirari vos e de Pio IX na Quanta cura.Ela se baseia em uma falsa concepção de dignidade humana, puramente ontológica, e não mais moral.Em conseqüência, a constituição Gaudium et spes ensina o princípio da autonomia do temporal (GS 36), em outras palavras, a negação da realeza social de Cristo, embora tenha sido ensinada por Pio XI na encíclica Quas primas, e finalmente abre alas à independência da sociedade temporal em relação aos mandamentos de Deus.
V – A protestantização da missa.
O novo rito da missa "se afasta de maneira surpreendente, tanto em seu todo como nos detalhes" [6] da definição católica da Missa, tal como resulta dos ensinamentos do Concílio de Trento.Por suas omissões e equívocos, o novo rito de Paulo VI atenua a identificação da missa com o sacrifício da cruz, a tal ponto que a missa aparece ali muito mais como seu simples memorial do que como esse sacrifício.Esse rito reformado esconde também o papel do sacerdote em detrimento da ação da comunidade dos fiéis.Ele diminui gravemente a expressão do fim propiciatório do sacrifício da missa, quer dizer, a expiação e a reparação do pecado.
Essas deficiências impedem de enxergar esse novo rito como legítimo.No interrogatório de 11-12 de janeiro de 1979, à questão colocada pela Congregação para a Doutrina da Fé:"O Sr. afirma que um fiel católico pode pensar e afirmar que um rito sacramental, em particular aquele da missa aprovada e promulgada pelo Sumo Pontífice, possa ser não conforme à fé católica ou favens haeresim?", Dom Lefebvre respondeu:"Esse rito em si mesmo não professa a fé católica de uma maneira tão clara quanto o antigo Ordo missae e, consequentemente, ele pode favorecer a heresia.Mas eu não sei a quem atribui-lo, nem se o papa é responsável por isso.O que é assombroso é que um Ordo missae de sabor protestante, e portanto favens haeresim, possa ter sido difundido pela cúria romana" [7].Essas deficiências graves nos impedem de ver esse novo rito como legítimo, de o celebrar e de aconselhar a assiti-lo ou a participar dele ativamente.
VI – O novo Código, expressão das novidades conciliares.
Segundo as próprias palavras de João Paulo II, o novo Código de direito canônico de 1983 representa "um grande esforço de transferir para a linguagem canonística" [8] os ensinamentos do Concílio Vaticano II, compreendidos – e principalmente – os pontos gravemente falhos apontados até aqui. "Entre os elementos que exprimem a verdadeira e autêntica imagem da Igreja", explica ainda João Paulo II, "cumpre mencionar os seguintes:a doutrina que propõe a Igreja como Povo de Deus (cf. Const. Lumen gentium, 2), e a autoridade hierárquica como serviço (ibid. 3); a doutrina que, além disso, apresenta a Igreja como comunhão e que, por conseguinte, estabelece as relações que deve haver entre a Igreja particular e a Igreja universal, e entre a colegialidade e o primado; a doutrina, segundo a qual todos os membros do Povo de Deus participam, cada qual a seu modo, do tríplice múnus de Cristo:sacerdotal, profético e régio.A esta doutrina está unida também a que se refere aos deveres e direitos dos fiéis e expressamente dos leigos; enfim, o esforço que a Igreja deve consagrar ao ecumenismo".
Esse novo direito acentua a falsa dimensão ecumênica da Igreja, permitindo receber os sacramentos da penitência, da eucaristia e da extrema-unção de ministros não católicos (cânon 844) e favorece a hospitalidade ecumênica autorizando os ministros católicos a dar o sacramento da eucaristia aos não católicos.O cânon 336 retoma e acentua a idéia de um duplo sujeito permanente do primado.Os cânones 204 § 1, 208, 212 § 3, 216 e 225 acentuam o equívoco do sacerdócio comum e a ideia correlativa do Povo de Deus.Enfim, fica esboçada também no novo Código uma definição defeituosa do matrimônio, que não mostra mais o objeto preciso do contrato matrimonial nem a hierarquia entre os seus fins. Longe de favorecer a família católica, essas novidades abrem uma brecha na moral matrimonial.
VII – Uma nova concepção do magistério
1. A constituição Dei Verbum afirma, faltando de precisão, que "a Igreja, no decorrer dos séculos, tende continuamente para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus" (DV 8). Essa imprecisão abre a porta ao erro da Tradição viva e evolutiva, condenada por São Pio X na Encíclica Pascendi e no Juramento antimodernista.Porque, segundo essa novidade, a Igreja poderia "tender para a plenitude da verdade divina" não só porque lhe daria uma expressão mais precisa, mas no sentido em que os dogmas propostos pela Igreja tomariam "um sentido diferente daquele que a Igreja compreendeu e ainda compreende" (Dei Filius, DS 3043).
2. O Discurso de Bento XVI, em 22 de dezembro de 2005, tentou justificar essa concepção evolutiva de uma Tradição viva e desculpar por isso mesmo o Concílio de uma ruptura na Tradição da Igreja.O Vaticano II quis "redefinir a relação da fé da Igreja com relação a certos elementos essenciais desse pensamento" e, para fazer isso, seus ensinamentos "revisitaram ou igualmente corrigiram certas decisões históricas.Mas, nessa aparente descontinuidade, o Concílio manteve e aprofundou sua natureza [da Igreja] íntima e sua verdadeira identidade", aquela "do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos deu; é um sujeito que cresce no tempo e que se desenvolve, permanecendo sempre o mesmo, o único sujeito do Povo de Deus em marcha".Essa explicação supõe que a unidade da fé da Igreja não repousa mais sobre um objeto (porque existe descontinuidade, pelo menos nos pontos indicados até aqui, entre o Vaticano II e a Tradição), mas sobre um sujeito, no sentido de que o ato de fé se define mais em função das pessoas que crêem do que em função das verdades cridas.Esse ato se torna principalmente a expressão de uma consciência coletiva, e não mais a adesão firme da inteligência ao depósito das verdades reveladas por Deus.
No entanto, Pio XII ensina na Humani generis que o magistério é a "regra próxima e universal da verdade em matéria de fé e de costumes", verdade objetiva do depósito da fé, consignada como em suas fontes nas Sagradas Escrituras e na Tradição divina.E a constituição Dei Filius do Concílio Vaticano I ensina também que esse depósito não é "uma invenção filosófica que se poderia completar pelo gênio humano", mas que ele foi "confiado à Esposa de Cristo para que ela guardasse santamente e declarasse infalivelmente" (DS 3020).
3. De modo manifesto, o discurso de abertura do Papa João XXIII (11 de outubro de 1962) e sua alocução dirigida ao Sacro Colégio em 23 de dezembro de 1962 atribuem ao Concílio Vaticano II uma intenção muito particular, que um tipo que se afirmava "pastoral", em virtude do qual o magistério deveria "exprimir a fé da Igreja segundo os modos de busca e de formulação literário do pensamento moderno".A encíclica Ecclesiam suam do Papa Paulo VI (6 de agosto de 1964) precisa ainda mais essa ideia dizendo que o magistério do Vaticano II visa "inserir a mensagem cristã na circulação do pensamento, da expressão, da cultura, dos costumes, das tendências da humanidade tal como ela vive e se move hoje em dia sobre a face da terra" (n° 70); em particular, o anúncio da verdade "não se apresentará armado da coerção exterior, mas pelos únicos caminhos legítimos da educação humana, da persuasão interior, da conversão ordinária, ela oferecerá seu dom de salvação, sempre no respeito da liberdade pessoal dos homens civilizados" (n° 77). A Constituição pastoral Gaudium et spes afirma que "o Concílio tem a intenção antes de tudo de distinguir sob essa luz aqueles valores que hoje são de máxima estimação, relacionando-os à sua fonte divina.Porque esses valores, enquanto procedem da inteligência do homem que lhe foi conferida por Deus, são muito bons. Mas por causa da corrupção do coração humano eles se afastam não raro da sua ordem devida e por isso precisam de purificação" (GS 11). Desses valores do mundo procedem as três grandes novidades introduzidas pelo Vaticano II:a liberdade religiosa, a colegialidade e o ecumenismo.
4. Nós nos apoiamos, então, sobre essa regra próxima e universal da verdade revelada que é o magistério de sempre para contestar as doutrinas novas que lhe são contrárias.Está bem aqui, de fato, o critério dado por são Vicente de Lérins:"O critério da verdade, e além disso o da infalibilidade do papa e da Igreja, é a sua conformidade à Tradição e ao depósito da fé. Quod ubique, quod semper. O que foi ensinado em todos os lugares e sempre, no espaço e no tempo" [9].Porém, a doutrina do Vaticano II sobre o ecumenismo, a colegialidade e a liberdade religiosa é uma doutrina nova, contrária à Tradição e ao direito público da Igreja, ele próprio baseado sobre princípios divinamente revelados e, enquanto tais, imutáveis.
Nós concluímos daí que esse Concílio, tendo desejado propor essas novidades, está privado de valor magisterial vinculante, na mesma medida que os propõe. Sua autoridade já é duvidosa em razão da nova intenção, que se diz "pastoral", indicada no parágrafo precedente.Além disso, ela aparece certamente como nula quanto aos pontos determinados em que se encontra em contradição com a Tradição (cf. acima, I a VII,1).
Fiéis ao ensinamento constante da Igreja, junto com nosso venerado fundador, Dom Marcel Lefebvre, e seguindo suas pegadas, nós não cessamos de denunciar o Concílio e seus textos mais importantes como uma das causas principais da crise que abala a Igreja de cima a baixo, impregnando-a até às suas "próprias entranhas" e às suas "veias", segundo a vigorosa expressão de São Pio X. Além disso, quanto mais trabalhamos nisso, mais vemos que se confirmam as análises já expostas com uma extraordinária clareza por Dom Lefebvre em 9 de setembro de 1965 na aula conciliar.Permitam-nos retomar suas próprias palavras acerca da Constituição conciliar sobre "a Igreja no mundo de hoje" (Gaudium et spes):
"Essa constituição não é nem pastoral, nem emana da Igreja católica:ela não oferece como alimento a verdade evangélica e apostólica aos homens e aos cristãos e, ainda por cima, a Igreja nunca falou assim.Não podemos escutar essa voz, porque ela não é a voz da Esposa de Cristo.A voz de Cristo, nosso Pastor, nós conhecemos.Esta, nós desconhecemos.A veste é a das ovelhas; a voz não é a do Pastor, mas pode ser do lobo. Eu disse" [10].Os cinqüenta anos decorridos depois dessa intervenção não fazem outra coisa senão confirmar essa análise.
Já em 7 de dezembro de 1968, apenas três anos depois do encerramento do Concílio, Paulo VI devia admitir:
"A Igreja se encontra em uma hora de inquietude, de autocrítica, diríamos até mesmo de autodestruição." E em 29 de junho de 1972, ele reconhecia:"Por alguma fissura a fumaça de Satanás entrou no templo de Deus:é a dúvida, a incerteza, a problemática, a inquietude, a confrontação." Ele constatou, mas não fez nada.Ele continuou a reforma conciliar cujos promotores não duvidavam em comparar à Revolução liberal de 1789, na França, ou àquela comunista de 1917, na Rússia.
Nós não podemos ficar passivos, não podemos nos tornar cúmplices dessa autodestruição.É por isso que vos convidamos, caros amigos e benfeitores, a permanecer firmes na fé, e a não vos deixar perturbar por essas novidades de uma das mais aterradoras crises que a santa Igreja teve que atravessar.
Que a Paixão de Nosso Senhor e sua Ressurreição possam nos fortalecer na nossa fidelidade, no nosso amor indefectível a Deus, a Nosso Senhor, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, à santa Igreja, divina e humana, em uma esperança sem falha… in Te speravi non confundar in aeternum.
Que o Coração doloroso e imaculado de Maria se digne proteger a todos nós e que chegue logo o seu triunfo!
Winona, domingo de Ramos, 13 de abril de 2014
+Bernard Fellay
[1] Dom Lefebvre, "Carta de 20 de dezembro de 1966 ao Cardeal Ottaviani" in Acuso o Concílio, Ed. Saint-Gabriel, Martigny, 1976, p. 107-111.
[2] Pio XII, Encíclica Mystici corporis, 29 de junho 1943.
[3] Pio XII, Encíclica Humani generis, 12 de agosto de 1950.
[4] Sobre o indiferentismo e o latitudinarismo, vide as proposições condenadas do Syllabus, capítulo 3, n°15 à 18 : "Cada homem é livre de abraçar e de professar a religião que considerar verdadeira com a luz da razão. Os homens podem encontrar o caminho da salvação eterna e alcançar a salvação eterna no culto de qualquer religião. É preciso pelo menos esperar bem na salvação eterna daqueles que não vivem no seio da verdadeira Igreja de Cristo. O protestantismo não é mais do que uma forma diversa da mesma verdadeira religião cristã, forma na qual é possível ser agradável a Deus tão bem quanto dentro da Igreja católica".
[5] Pio XI, Encíclica Mortalium animos, 6 de janeiro de 1928.
[6] Cardeais Ottaviani e Bacci, "Prefácio ao Papa Paulo VI" noBreve exame crítico do Novo Ordo Missae.
[7] "Mgr Lefebvre et le Saint-Office", Itinéraires n° 233 de maio de 1979, p. 146-147.
[8] João Paulo II, Constituição apostólica Sacrae disciplinae leges,25 de janeiro de 1983.
[9] Dom Lefebvre, "Conclusão" in Acuso o Concílio, Ed. Saint-Gabriel, Martigny, 1976, p. 112.
[10] Dom Marcel Lefebvre, Acuso o Concílio, Ed. Saint Gabriel, 1976, p. 93.
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Princípios de Estética na Música
Posted: 23 Apr 2014 03:56 PM PDT
Salve Maria!
O vídeo acima é de grande importância para entendermos a questão da Música na vida do cristão católico.A música nunca é neutra: ou nos aproxima de Deus, ou nos coloca em sentido oposto, visto que em tudo, mas também na música deve - se deve buscar o Bom, o Belo e o Verdadeiro. Aqui é colocado de forma precisa questões importantíssimas em relação ao romantismo que invadiu a Igreja e que teve repercussão nas péssimas músicas cantadas hoje na Liturgia, quer por "bandinhas" ditas católicas, quer por movimentos inovadores. É a partir do romantismo musical que a alma, passo a passo vai se inclinando ao sentimentalismo, ao abstrato, ao não-real, aproximando-se mais e mais do protestantismo e gnosticismo. Vale a pena assistir e, assim, fugir de tudo isso , para se permanecer católico.
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Os preparativos para a celebração ecumênica dos 500 anos da Reforma, em 2017
Posted: 23 Apr 2014 03:29 PM PDT
Cidade do Vaticano (RV) - Em 2017, luteranos e católicos vão celebrar juntos os quinhentos anos da Reforma Protestante e recordar com alegria os cinquenta anos de diálogo ecumênico oficial conduzido a nível mundial, na esteira do Concílio Vaticano II.
A Comissão Internacional de Diálogo Luterano-católica pela Unidade, já há alguns anos organizou uma programação com vistas a uma possível declaração comum por ocasião do ano da comemoração da Reforma, em 2017. Nos últimos ciquenta anos, o diálogo ecumênico realizou grandes esforços buscando relacionar a teologia dos reformadores às decisões do Concílio de Trento e do Vaticano II, avaliando se as respectivas posições se excluem ou se completam mutuamente.
Em 2013, a Comissão de diálogo publicou o documento intitulado 'From Conflict to Communion. Lutheran Catholic Commom Commemoration of the Reformation in 2017', onde após uma detalhada introdução sobre as comemorações comuns, dedica dois capítulos à apresentação dos eventos da Reforma, resume a teologia de Martin Lutero e ilustra as resoluções do Concílio de Trento. A conclusão do documento apresenta um resumo das principais decisões comuns da Comissão de Diálogo Luterano-católico em 1967, particularmente sobre a justificação, a Eucaristia, as Escrituras e a Tradição.
O documento sobre os preparativos às comemorações, foi apresentado em 17 de junho de 2013 durante uma coletiva de imprensa realizada do Centro Ecumênico de Genebra, e contou com a presença, entre outros, do Presidente e Secretário da Federação Luterana Mundial (FLM), de Dom Munib Youan e do Cardeal Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Lançando uma nova luz sobre questões centrais da fé, o documento ecumênico possibilita a superação das controvérsias dos séculos passados e lança bases para uma reflexão ecumênica que se distinga do pensamento dos séculos precedentes, convidando assim os cristãos a considerar esta relação com espírito aberto, mas também crítico, para se avançar ainda mais no caminho da plena e visível unidade da Igreja.
Na primeira metade de 2014 deverá ser publicado o documento "Alegria partilhada pelo Evangelho, confissão dos pecados cometidos contra a unidade e testemunho comum para no mundo de hoje", com textos e subsídios para uma oração ecumênica comum. Os textos foram preparados por um grupo de trabalho litúrgico formado por representantes da FLM e do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade.
Em 2017, o contexto histórico em que se recordará os 500 anos da Reforma é muito diferente do período em que ela foi implementada. A comemoração será realizada, pela primeira vez, numa época ecumênica. Assim, católicos e luteranos não pretendem festejar a divisão da Igreja, mas sim, trazer à memória o pensamento teológico e os acontecimentos relacionados à Reforma, precisamente o que escreve o Documento 'Do conflito à Comunhão', publicado em 2013.
O caminhar da história, tem levado luteranos e católicos a tornarem-se sempre mais conscientes de que a origem de acusações recíprocas não subsiste mais, mesmo que ainda não exista um consenso em todas as questões teológicas. Neste sentido, o documento "Do Conflito a Comunhão" conclui propondo cinco imperativos que exortam católicos e luteranos a prosseguirem no caminho em direção a uma profunda comunhão.
Diversos encontros realizados em 2013 marcaram esforços comuns com o objetivo de estreitar o diálogo, com reuniões entre o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e a Conferência dos Bispos veterocatólicos da União de Ultrecht, realizadas em Konigswinter, em julho de 2013 e em Paderbon, em dezembro. As Comissões de ambas as partes continuam os trabalhos sobre os temas: a relação entre a Igreja universal e a Igreja local e o papel do ministério petrino; e a comunhão eucarística.
Em fevereiro do mesmo ano, realizou-se em Viena o primeiro encontro entre a Comunidade das Igrejas Protestantes na Europa e o Pontifício Conselho, o que levou a reflexões sobre o conceito de Igreja e definições do objetivo ecumênico. Encontros sucessivos realizaram-se em Heidelberg e Ludwigshafen am Rhein, com a participação sete teólogos de ambas as partes.
Em 2013, diversas delegações luteranos encontraram-se com o Papa Francisco. Em 2014, uma delegação do Conselho da Igreja Protestante da Alemanha foi recebida em 8 de abril pelo Papa Francisco, encontrando-se sucessivamente com o Cardeal Koch. (JE)
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FÁTIMA E A MAÇONARIA
Posted: 22 Apr 2014 09:02 AM PDT
Por Len Port
«Aldo Moro, historiador maçónico bastante rigoroso, sugere a iniciação de Paulo VI na Maçonaria. O mesmo corrobora o padre Malachi Martín no seu romance, Vatican [Editora Secker e Warburg], publicado em Nova Iorque em 1986, em que acusa Paulo VI de pertencer a uma loja secreta. Também encontramos referências semelhantes no livro All'ombra del Papa Inferno [2001], no qual é mencionada a existência de dois grupos muito diferentes no Vaticano: por um lado, o grupo "maçónico-curial", formado pelos prelados e pelos membros da Cúria afectos à Maçonaria e, por outro, os sacerdotes que pertencem ao Opus Dei. Ambos os grupos se movimentam numa luta permanente pelo poder no Vaticano. O referido livro faz referência à existência de uma organização chamada Loggia Ecclesia, que estaria activa no Vaticano desde 1971 e da qual fariam parte mais de cem pessoas, cardeais, prelados e monsenhores da Cúria. O livro pormenoriza inclusivamente que as reuniões se realizavam nas noites de quinta-feira, num sotão do Arquivo Secreto do Vaticano, e insinua que o cardeal Samore era o responsável por manter um contacto aberto com o Grão-Mestre da Grande Loja Unida de Inglaterra, o duque de Kent.
Em 1976 aparece uma lista [publicada pela Publia Gazette e pelo Bulletin de l'Occident Chrétien, de origem francesa, lista que Ricardo de la Cierva reproduz no seu livro La Masoneria Invisible, Editora Fénix, 2002] dos prelados que pertenciam à citada loja secreta do Vaticano. Perante esta situação, o cardeal Siri encarregou o general Mino de investigar a Cúria e a eventual infiltração da Maçonaria no Vaticano. O general Mino nunca chegou a entregar o resultado da sua investigação, porque morreu num estranho acidente rodoviário em 1977.
A citada lista que o grupo Cephas Ministry publica na Internet inclui os seguintes nomes:
BISPOS: Alberto Albondi, bispo de Livorno; Fiorenzo Angelini; Salvatore Baldassarri, bispo de Ravena; Luigi Bettazzi, bispo de Ivera; Gaetano Bonicelli, bispo de Albano; Michele Buro; Mario Ciarrocchi; Donate de Bous; Aldo Del Monte, bispo de Novara; Angelinin Fiorenzo; Antonio Mazza, bispo de Velia; Luigi Maverna, bispo de Chiavari; Marcello Morgante, bispo de Ascoli Oiceno; Francesco Salerno; Mario Schierano, bispo de Acrida e Dino Trabalzini, bispo de Rieti.
ARCEBISPOS: Mario Brini; Annibale Bugnini; Enzio D'Antonio; Alessandro Gottardi; Albino Mensa; Aurelio Sabbatini; Mario Giuseppe Sensi; Antonio Travia e Lino Zanini.
CARDEAIS: Augustin Bea; Sebastiano Baggio; Agostino Casaroli; Achille Liénart; Pasquale Macchi; Salvatore Pappalardo; Michele Pellegrino; Ugo Peletti; Leo Suenens e Jean Villot.
PRELADOS, NÚNCIOS E OUTROS: Ernesto Basadonna, prelado de Milão; Mario Bicarella, prelado de Vicenza; Luigi Dadagio, núncio do Papa em Espanha; Pio Laghi, núncio apostólico delegado na Argentina; Virgillio Levi, de L'Osservatore Romano; Paul Marcinkus; Dante Pasquinelli, conselheiro do núncio de Madrid; Roberto Tucci, director da Rádio Vaticano.
Actualmente alguns já faleceram e outros já não ocupam os cargos que constavam na lista da época. A lista publicada na Internet ascende a cento e dezasseis membros da cúria.
João Paulo I passou pelo Vaticano tão fugazmente como um meteorito. Foi eleito pela sua honestidade e pela sua sinceridade, era um homem coerente e franco, mas os seus detractores viam nele um populista que nunca entenderia os assuntos políticos da Santa Sé.
Era um homem de grande humildade, a tal ponto que não queria que os guardas suiços do Vaticano se ajoelhassem à sua passagem. Assim que tomou posse do trono do Vaticano iniciou algumas inovações teológicas que produziram profunda preocupação entre o clero conservador, que não estava disposto a tolerar mudanças relevantes. João Paulo I era partidário do controlo artificial da natalidade, pois estava consciente dos milhares de crianças que morriam de fome por esse mundo fora. Mas também - e isso originou ainda mais preocupação - se mostrou disposto a efectuar uma limpeza no Vaticano, visando especialmente os movimentos especulativos e financeiros. Provavelmente o seu erro foi antecipar-se aos factos, ao anunciar que algumas cabeças iriam rolar. Na lista figurava o cardeal secretário de Estado J. Villot, de quem se suspeitava pertencer à loja maçónica do Vaticano conhecida por Ecclesia. Outra cabeça que poderia rolar era a do bispo Marcinkus, devido às suas relações com os banqueiros da loja Propaganda Due, Calvi e Sidona. Também figurava entre os "sujos" o bispo Chicago, monsenhor Cody, que esbanjava os fundos da sua igreja com uma amiga que até o acompanhou a Roma, quando foi nomeado cardeal.
Com as suas novas ideias teológicas, e decidido à "limpeza" dos corruptos no Vaticano, João Paulo I assinou a sua sentença de morte.
Por volta de 23 de Setembro, o Papa possuía já bastante informação sobre as manobras financeiras do Vaticano. Inclusivamente, dispunha de referências sobre outra obscura personagem que se movia nas finanças do Vaticano, monsenhor Pavel Hnilica.
Este, fudador do Pro Fratibus, foi o responsável por tentar recuperar a mala que Roberto Calvi levava consigo antes de ser assassinado em Londres. Hnilica estava disposto a pagar milhões por aquela mala, onde supostamente Calvi levava informação valiosa e comprometedora.
O dia 28 de Setembro de 1978 foi o último dia da vida de João Paulo I. Aquele dia, tal como os outros, teve início com uma oração na sua capela privada, um pequeno-almoço frugal, enquanto ouvia as notícias da RAI e procedia ao habitual contacto com os seus secretários, John Magee e Diego Lorenzi. Depois seguiram-se as audiências com o cardeal Bernardin Ganti e o padre Riedmatten. Mais tarde almoçou com os cardeais Jean Villot e os padres Lorenzi e Magee. A seguir ao almoço passeou pelos jardins do Vaticano. Passou a tarde a estudar documentos e teve uma longa conversa com o cardeal Jean Villot, telefonou aos cardeais Giovanni Colombo, arcebispo de Milão e Benelli. Depois, como era seu costume, por volta das oito da noite, retirou-se para rezar o rosário na compnahia de duas freiras e dos seus dois secretários. O jantar foi uma sopa de peixe, feijão-verde, queijo fresco e fruta. Seguidamente voltou a ver os noticiários na televisão. E, finalmente, retirou-se para o seu quarto, morrendo cerca das quatro horas da madrugada.
A sua morte foi encoberta desde o início com infindáveis mentiras e explicações confusas. O Vaticano disse que João Paulo I tinha morrido na cama, lendo A Imitação de Cristo, de Tomás de Kempis, uma das obras da literatura cristã mais divulgadas depois da Bíblia, no qual o autor apresenta a vida de Cristo como exemplo. No entanto, mais tarde presumiu-se que aquela versão não seria verdadeira. A madre Vicenza encontrou-o morto no seu escritório, supostamente enquanto examinava um documento secreto enviado pela Secretaria de Estado. E, se era verdade que na sua mesa-de-cabeceira tinha o livro A Imitação de Cristo, o facto é que a causa da morte de João Paulo I não foi esclarecida e o testamento que tinha redigido após a sua nomeação também desaparecera. O seu irmão, Eduardo, de setenta e quatro anos, tinha-o visitado três dias antes da sua morte e explicou: "Nunca nos tínhamos beijado nem abraçado, mas naquela tarde ele quis beijar-me e abraçar-me com força. Perguntei-lhe se estava bem e ele respondeu-me que sim. Mas parti com um estranho pressentimento". Eduardo conta que no decorrer da conversa que teve com o irmão este terá desabafado: "Até os bancos fundados pelos católicos, que deveriam dispor de gente de confiança, se apoiam em pessoas que de católicos nem o nome têm".
O abade Ducaud-Bourget diria acerca da morte de João Paulo I: "Com tantas criaturas do diabo a habitar no Vaticano, torna-se difícil acreditar que se tratou de uma morte natural". David A. Yallop investigou esta morte a fundo e recordou numa entrevista que nenhum médico da Cúria assumiu a responsabilidade de confirmar a sua morte, assinando a certidão de óbito. O seu médico de sempre, o doutor Antonio Da Ros, recusou a hipótese de o Papa sofrer do coração.
Mas estas não foram as únicas contradições suscitadas pela morte de João Paulo I. No seu livro La Santa Allianza, Eric Frattini explica que o termo do café que soror Vicenza levava todas as manhãs ao Pontífice estava intacto quando se descobriu o cadáver, tendo desaparecido depois sem deixar rasto. Também tinham sido substituídos os homens responsáveis pela vigilância habitual do Papa, sem qualquer explicação sobre quem havia dado tal ordem. Hans Roggan, oficial da guarda Suíça, afirmou mais tarde que, no momento em que informou Paul Marcinkus sobre a morte do Pontífice, este não mostrou qualquer admiração. Também ocorreram outros indícios suspeitos, como afirmarem que não tinha havido qualquer autópsia, quando na realidade foram feitas três. Os resultados das referidas autópsias nunca foram tornados públicos.
Relembremos finalmente que foi o padre Giovanni da Nicola quem informou o Sumo Pontífice dos desvios financeiros de Paul Marcinkus e dos seus sócios, através do IOR. Quatro dias depois da morte de João Paulo I, Giovanni da Nicola apareceu enforcado num parque de Roma muito frequentado por travestis e prostitutas. Havia vestígios de luta e tinha o pescoço rasgado, mas a polícia italiana encerrou o caso considerando-o suicídio. O homem que além de Papa mais sabia sobre os segredos do IOR e sobre Paul Marcinckus também tinha sido assassinado.
Para averiguar as causas da morte do Papa João Paulo I foi criada uma comissão de cardeais, dirigida por Silvio Oddi e Antonio Samore. A investigação concluiu que se tratou de "morte natural por enfarte", mas ainda ficavam muitas perguntas sem resposta e demasiados assuntos sem esclarecimento. A pasta da investigação foi classificada como "segredo pontifício", tal como ordenou João Paulo II, e foi arquivada numa obscura estante do Arquivo Secreto do Vaticano».
(...) Tendo enfrentado o tema com tanto atraso, depois de cinco papas seguidos terem de certa forma achado que era demasiado escaldante, o Vaticano deve ter pensado que a transferência de Lúcia para o seu local final de repouso poria fim à discussão do Terceiro Segredo. Não foi o que aconteceu. As teorias da conspiração continuam a lavrar. Uma chuva de artigos sensacionalistas, em orgãos de imprensa, blogues e livros fez como que muitos católicos médios se interrogassem também sobre se não haverá mais no Terceiro Segredo que a Igreja não tenha revelado.
Se mais havia, Lúcia levou o segredo para a tumba. Ou não terá levado?
Muito foi dito com base num artigo de um jornal italiano em que o jornalista Vitttorio Messori afirmava que a cela do convento de Lúcia tinha sido selada imediatamente após a sua morte por ordem do cardeal Ratzinger.
"O que lá estiver guardado passará agora pelo crivo de teólogos de confiança e monsenhores enviados, ao que se pensa, pelo próprio cardeal Ratzinger que, como guardião da ortodoxia, deve manter secretas quaisquer tentações da vidente que sempre aparecem nestes casos", escreveu Vittorio Messori no Corriere della Sera. Estava implícito que Lúcia podia ter deixado escondidos documentos reveladores - talvez diários ou cartas - que podiam embaraçar o Vaticano. Na verdade, diz-se que havia muitos documentos relevantes em português que nunca foram traduzidos nem publicados. O padre Jacinto Farias, dirigente de um painel de investigadores chamado Comissão Científica do Congresso de Fátima, apressou-se a afirmar que os escritos da "Irmã Lúcia não revelariam novos detalhes sobre as aparições de Fátima". Não haverá "grandes novidades" do ponto de vista teológico agora que a última testemunha morreu, disse a agência católica de notícias Zenit, citando-o.
Entre os ultratradicionalistas, persistia entretanto a ideia de que a Virgem Maria tinha previsto uma grave crise na Igreja e uma catástrofe para o mundo. Marian T. Horvat, da organização Tradição Americana em Acção, escreveu: "Podem dizer-nos mil vezes que Fátima acabou, que a consagração foi feita, que a Rússia se converteu, que não há crise na Igreja, que não haverá castigo divino. Um disparate dito várias vezes não é menos disparatado".
(...) A ideia de que elementos-chave do Terceiro Segredo tinham sido ocultados pelo Vaticano encontrou mais tarde grande expressão num livro intitulado O Quarto Segredo de Fátima, do jornalista católico italiano Antonio Socci. No início, o jornalista tinha aceite a explicação oficial do Terceiro Segredo. Depois de cuidadoso exame, no entanto, Socci decidiu que a descrição do Vaticano de um ataque a "um bispo vestido de branco" era autêntica, mas apenas um fragmento de toda a mensagem secreta. O restante tinha revelações horríveis sobre uma crise de fé, traições por parte de uma hierarquia e acontecimentos catastróficos em carteira para a Igreja e o Mundo. Socci baseava esta análise nos livros Atravessar o Limiar da Esperança, de João Paulo II, e O Relatório Ratzinger, além de homilias, discursos e outros documentos públicos da autoria dos dois pontífices.
Concluía que a versão censurada do Terceiro Segredo resultava de um compromisso entre João Paulo II e o Cardeal Ratzinger, que queriam revelar o segredo no seu todo, e o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Sodano, que se opunha à ideia.
No seu livro O Segredo ainda Guardado, Christopher Ferrara sustentava que existem duas partes do Terceiro Segredo, ambas manuscritas por Lúcia e colocadas em envelopes separados que, por ordem expressa da Virgem, não deviam ser abertos antes de 1969. Só uma parte do segredo foi publicada. A outra foi escandalosamente abafada. Contém a explicação da Virgem Maria da razão porque o Papa na visão é executado por soldados fora de uma cidade cheia de cadáveres.
Ferrara atribui a culpa da "burla" do Vaticano ao número dois do Papa, o cardeal Tarcisio Bertone. De acordo com o padre Nicholas Gruner: "As próprias declarações do Cardeal, incluindo um seu livro e emissões radiofónicas e televisivas em 2007, demonstram para além de quaisquer dúvidas que um texto do Segredo foi suprimido, evidentemente com base numa reserva mental injustificada de que o texto não é 'autêntico'".
Ao mesmo tempo que centenas de milhares de peregrinos se reuniam no santuário de Fátima a 13 de Maio de 2007 para comemorar o 90.º aniversário das aparições, o cardeal Bertone dizia aos repórteres em Roma que as alegações de que o Terceiro Segredo predizia acontecimentos catastróficos para o Mundo ou o colapso da Igreja Cristã são "pura fantasia".
No seu livro O Último Segredo, Bertobe escreve: "Foi tudo publicado e interpretado correctamente". Não há nenhum quarto segredo, declarou, apenas "teses absurdas".
João Paulo II decidiu publicar o segredo para pôr fim à especulação desenfreada, mas os "fatimistas" mais inveterados como os que seguem o padre Nicholas Gruner e o seu A Cruzada de Fátima, continuam desapontados. Bertone reiterou que Lúcia tinha confirmado a versão oficial do conteúdo de Fátima. As reclamações tinham-na irritado, acrescentou.
Num prefácio ao livro de Bertone, o Papa Bento XVI escreveu que a publicação do Terceiro Segredo "foi um tempo de luz, não só porque a mensagem pôde ser conhecida por toda a gente, mas também porque revelava a verdade no meio de uma rede confusa de especulação e interpretações apocalípticas a circular na Igreja, que perturbava os fiéis em vez de lhes pedir orações e arrependimento".
Embora esta clara negação de qualquer acto menos próprio parecesse sincera e genuína aos olhos do católico médio, não satisfez os obsessivos «"atimistas". Para eles, Bento XVI não se limitava a "perturbar os fiéis". É o anticristo de serviço ao colapso programado da sua Igreja».
«(...) O Príncipe Bernardo dos Países Baixos aprovou a crença de que as crises enconómicas graves, como a Grande Depressão, se podem evitar se houver líderes responsáveis e influentes a gerir os acontecimentos mundiais por detrás da sua postura pública necessária. Por esta razão, pediram-lhe que organizasse a primeira reunião de representantes "homólogos" de todas as facetas dos domínios económico, político, industrial e militar em 1954. Reuniram-se no Hotel Bilderberg em Oosterbeek, na Holanda, de 29 a 31 de Maio. No final da Reunião, os participantes acordaram formar uma associação secreta.
A maioria dos relatórios alega que os membros originais chamaram à sua aliança Club Bilderberg por causa do hotel onde firmaram o seu pacto. O autor Gyeorgos C. Hatonn, porém, descobriu que o Príncipe Bernardo, nascido na Alemanha, foi oficial no Corpo de Cavaleiros das SS, em princípios dos anos 30, e que fazia parte da direcção de uma subsidiária da I.G., Farben Bilder. No seu livro, Rape of the Constitution; Death of Freedom, Hatonn defende que o Príncipe Bernardo se inspirou na sua história nazi de gestão empresarial para encorajar "o super-secreto grupo de legisladores" a dar pelo nome de Bilderberg, por causa de Farben Bilder; em memória da iniciativa dos executivos da Farben de organizar o "Círculo de Amigos" de Heinrich Himmler - líderes na produção de riqueza que recompensaram amplamente Himmler pela sua protecção ao abrigo de programas nacionais-socialistas, desde os primeiros tempos da popularidade de Hitler até à derrota da Alemanha nazi. A família real holandesa enterrou discretamente esta parte do passado do príncipe Bernardo quando, depois de guerra, este ascendeu a um alto cargo na Royal Dutch Shell, um conglomerado holandês e britânico. Hoje em dia, esta rica empresa petrolífera europeia faz parte do círculo mais íntimo da elite Bilderberg.
Na primeira reunião dos Bilderberg, os fundadores estabeleceram a sua missão e objectivos. Segundo um observador, continuaram na mesma linha: "A intenção subjacente a toda e qualquer reunião Bilderberg era criar uma "Aristocracia de finalidades" entre a Europa e os Estados Unidos, e chegar a acordo sobre questões políticas, económicas e estratégicas ao governar o mundo em conjunção. A aliança da NATO foi a base de operação e subversão crucial porque lhes dava um substracto para os seus planos de "guerra perpétua", ou pelo menos para a sua "política de 'chantagem nuclear'".
Irei ilustrar isto amplamente, à medida que formos retirando as camadas de sigilo e expondo as verdadeiras intenções dos Bilderberg que, a propósito, eram demasiado claras para o então Presidente francês, o General Charles de Gaulle.
Na sua newsletter de Outubro de 1967, Les Documents, Politiques, Diplomatiques et Financiers, o investigador político Roger Mennevee analisou a relaçaõ dos Bilderberg com De Gaulle. Começou o seu relatório com uma observação espantosa em como "todas as personalidades francesas que se associaram ao Club Bilderberg como, por exemplo, Georges Pompidou, Antoine Pinay e Guy Mollet, também eram os opositores mais denodados à política nuclear de Charles de Gaulle", conhecida como force de frappe. Pompidou era Primeiro-Ministro. Pinay e Mollet, ministros do governo francês.
Porquê esta aliança? Porque um dos principais objectivos do Clube era submeter a soberania das nações livres da Europa a um Governo Único Mundial britânico e americano, controlado pelos Bilderberg, mediante ameaça nuclear como aríete contra o resto do mundo pertinaz. Ora, para controlar a Europa, era vital eliminar o dissuasor nuclear francês, mesmo que esse dissuasor fosse vital para conter a ameaça nuclear soviética. Jean Lacouture, biógrafo do General de Gaulle, disse, "De Gaulle teve de marcar uma posição de força indisputável na Europa contra a orientação britânica de livre mercado para umaNova Ordem Imperial Mundial. Por isso é que a França teve de ser um dos três pilares do mundo livre, ao contrário de uma das colunas do Templo Europeu".
Se analisarmos os pontos da ordem de trabalhos das reuniões Bilderberg desde 1954, o que mais se destaca é a tentativa de gerir e controlar diferenças de ideologia entre as aristocracias americanas e europeias, no que toca ao modo como estes dois grupos devem saquear o planeta. Por exemplo, na página sete do Relatório Geral da reunião Bilderberg de 1995, temos a "remoção de incompreensões e possíveis suspeitas entre os países da Europa Ocidental e os EUA perante perigos, que assolam o mundo".
Desde 1954, os Bilderberg têm representado a elite e a riqueza absoluta de todas as nações ocidentais - banqueiros, industriais, políticos, líderes empresariais de multinacionais, presidentes, primeiros-ministros, ministros das finanças, secretários de estado, representantes do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, presidentes de conglomerados de comunicação social mundial, e líderes militares.
Em Setembro de 2005, num gesto que visava contrariar acusações de conspiração por parte do Clube Bilderberg, e que abriria um precedente, o presidente do Clube, Visconde Étienne Davignon, de setenta e três anos, deu uma entrevista a Bill Hayton da BBC. Apresentou uma finalidade mais benigna para as reuniões privadas do grupo: "Parece-me simplesmente que são pessoas influentes interessadas em falar com outras pessoas influentes, num fórum que lhes permita falar livremente e examinar as suas diferenças de opinião sem críticas e debates públicos sobre as suas opiniões". Davignon negou que os Bilderberg quisessem estabelecer uma classe dirigente global, "porque não me parece que exista tal coisa, uma classe dirigente global". Em contrapartida, alegou que, "Os negócios influenciam a sociedade, e a política influencia a sociedade - trata-se de bom senso. Não é que os negócios contestem o direito de líderes democraticamente eleitos de liderar".
Têm-se travado guerras pela expansão do território, mas nesta nova era da globalização, em que os negócios e a política dependem um do outro para sobreviver, domina o controlo económico. Independentemente das alegações do presidente Bilderberg, não há dúvida de que o Clube exerce controlo económico sobre o comércio mundial. O facto é que o público não tem conhecimento das suas reuniões anuais. Encontram-se em segredo para debater estratégias globais e chegar a consenso sobre um vasto leque de assuntos. Tal sigilo é suspeito, e o meu objectivo é desvendar o segredo dos Bilderberg e demonstrar como este clube privado de líderes mundiais e agências interligadas continua a tentar subjugar todas as nações livres ao seu jugo mediante leis internacionais que manipulam e ordenam às Nações Unidas que administrem.
Os Bilderberg "mandam" nos bancos centrais e estão, por conseguinte, em posição de determinar taxas de desconto, níveis de disponibilidade de dinheiro, taxas de juro, o preço do ouro, bem como quais os países que recebem empréstimos. Ao manipularem o dinheiro acima e abaixo na cadeia empresarial, os Bilderberg criam milhões de dólares para si próprios. A ideologia de dinheiro e desejo de poder impele-os.
Todos os presidentes americanos desde Eisenhower pertencem ao Clube Bilderberg, embora nem todos tenham estado pessoalmente nas reuniões, mas todos mandaram representantes. Outro membro é o agora ex-Primeiro-Ministro Tony Blair, bem como a maioria dos principais membros do governo britânico. Até o anterior e prestigiado Primeiro-Ministro canadiano, Pierre Trudeau, foi membro. Dentre os anteriores convidados do Clube Bilderberg encontram-se Alan Greenspan, antigo presidente da Reserva Federal; Hilary e Bill Clinton; John Kerry; Melinda e Bill Gates; e Richard Perle.
Tony Blair
Outros membros são aqueles que controlam o que vemos e lemos - barões da comunicação social como David Rockefeller, Conrad Black (o agora caído em desgraça ex-proprietário de mais de 440 publicações periódicas em todo o mundo, do Jerusalém Post ao mais recente diário canadiano, The National Post), Edgar Bronfman, Rupert Murdoch e Sumner Redstone, CEO da Viacom, conglomerado de comunicação social internacional que toca praticamente em todos os principais segmentos da indústria. Protegeram o segredo desta sociedade secreta, e pode ser por isso que o nome "Bilderberg" é novo para o leitor.
Para onde quer que se olhe - governo, grandes empresas e qualquer outra instituição em busca do poder -, a chave do controlo é o segredo. Reuniões como, por exemplo, da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE), G8, Organização Mundial de Comércio, Fórum Económico Mundial, Bancos Centrais, Conselho de Ministros da União Europeia e Comissão Europeia, cimeiras da UE, gabinetes de governo, inúmeros grupos de reflexão, etc., são sempre conduzidas à porta fechada. A única razão possível para isso é que "eles" não querem que nós saibamos de que falam. A desculpa esfarrapada para encobrir as coisas - "não é do interesse público" - significa na verdade que não é do interesse das instituições no poder que o público saiba o que debatem e decidem.
Além desta relutância em revelar os trâmites das reuniões, o princípio do segredo estende-se aos fóruns e às reuniões propriamente ditas; ou seja, e regra geral, nem sequer sabemos que as ditas reuniões se realizam, quanto mais o que se planeia e discute nelas. "Há o Fórum Económico Mundial em Davos em Janeiro/Fevereiro, as reuniões Bilderberg e G8 em Abril/Maio, e a conferência anual do Fundo Monetário Internacional/Banco Mundial em Setembro. Surge uma espécie de consenso internacional que passa de uma reunião a outra, mas não há ninguém a conduzi-lo. Este consenso torna-se no pano de fundo para os comunicados económicos do G8; passa a ser o que condiciona o Fundo Monetário Internacional quando este impõe um programa de ajuste à Argentina, e redunda naquilo que o Presidente americano propõe ao Congresso".
Segundo o projecto de documento Bilderberg de 1989, a primeira reunião "nasceu da preocupação, expressa por muitos cidadãos de topo em ambos os lados do Atlântico, de que a Europa Ocidental e a América do Norte não trabalhavam tão estreitamente quanto deveriam, em matérias de importância vital. Sentia-se que a existência de debates regulares e oficiosos ajudaria a criar um entendimento melhor das forças complexas e principais tendências que afectam as nações ocidentais no difícil período do pós-guerra".
Lord Rothschild e Laurence Rockefeller, membros fulcrais de duas das mais poderosas famílias do mundo, escolheram a dedo 100 pessoas da elite mundial para o objectivo secreto de regionalizar a Europa, segundo Giovanni Agnelli, falecido presidente da Fiat, que também disse, "A integração europeia é a nossa meta, e onde os políticos falharam, nós industriais contamos triunfar".
"Aqui não se faz política; são tudo conversas, algumas banais e vulgares", disse Will Hutton, editor londrino do Observer, que participou na reunião Bilderberg de 1997. "Mas o consenso alcançado é o cenário em que se faz política no mundo inteiro".
Segundo o fundador, Príncipe Bernardo da Holanda, citado na biografia autorizada de Alden Hatch, cada participante Bilderberg é "magicamente despojado do seu cargo" quando entra na reunião, e torna-se "um simples cidadão do seu país durante toda a conferência". O Príncipe Bernardo, que faleceu em 2004, era pai da Rainha Beatriz da Holanda e amigo íntimo e colega do Príncipe Filipe da Grã-Bretanha. "Quando estes representantes do establishment ocidental saem de uma reunião Bilderberg", disse ele, "levam o consenso do clube com eles. Os energéticos debates Bilderberg destinam-se a edificar a união por resolução das diferenças, e como tal certamente que têm influência nos participantes".
Deveras, desde o momento em que a Conferência Bilderberg é encerrada, o que parece acontecer - "quase por acaso" - é que o consenso a que se chegou em diversas áreas de discussão na reunião anual Bilderberg é denodadamente fomentado por esses interesses políticos e comerciais todo-poderosos, pela imprensa instituída, enquanto se tornam política comum para as forças internacionais governantes de sensibilidades aparentemente diferentes».
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«Actualmente o nexo financeiro global é organizado pelos bancos centrais em quase todos os países. Estes parecem estar a trabalhar independentemente, mas estão, na realidade, a trabalhar em conjunto, para o mesmo fim. O Banco de Inglaterra, controlado pelos Rothschild, estabelecido por Guilherme de Orange, da Nobreza Negra, em 1694, tem sido o principal manipulador nesta rede, e agora a privatizada Reserva Federal dos Estados Unidos, controlada pelos Rothschild, é um peão muito importante neste jogo. Ironicamente, a Reserva Federal não é federal nem tem reserva.
(...) A nota da Reserva Federal, conhecida como Ladrich Bill, foi emitida em 1913 e a dívida americana subiu desde então, tal como o programado. O Sistema da Reserva Mundial é um cartel de bancos privados, dos quais o Banco de Nova Iorque é o mais poderoso. O governo americano não é o dono da Fed, como se faz crer. Como expliquei, é dito ao presidente quem ele deve escolher como líder da Reserva Federal, como Paul Volcker (Comissão Trilateral, CFR e Grupo Bilderberg) e Alan Greenspan (Comissão Trilateral, CFR e Grupo Bilderberg). O Governo americano pede dinheiro emprestado, ou melhor, crédito à Fed, e os que pagam impostos pagam os juros o que aumenta os lucros dos bancos privados que constituem o Sistema da Reserva Federal. Se olharmos para uma nota americana, vemos que diz "Nota da Reserva Federal". Esta nota é considerada legal face às dívidas públicas e privadas. A Reserva Federal é um cartel de bancos privados, mas, no entanto, a moeda americana chama-se nota da Reserva Federal. A cabala dos Rothschild é dona do dólar, assim como da prata e de tudo o resto. De facto, esta moeda nada vale, não tem qualquer fundamento e nada mais significa do que o IOU ["I Owe You"].
(...) Em 1984, o desertor soviético da KGB, Anatoly Golitsyn, avisou que haveria uma falsa "libertação" da União Soviética e da Europa de Leste. Isso seria bem-vindo pelo Ocidente, disse ele, e levaria à fusão da Comunidade Europeia com os países da antiga URSS. Saiu exactamente como planeado. Numa visita ao Parlamento Europeu, em 2006, outro antigo dissidente soviético, Vladimir Bokovsky, referiu-se ao Politburo secreto e aos documentos do Comité Central sobre a União Europeia, que ele teve a oportunidade de ler em 1992. Ele disse que confirmavam a "conspiração" para transformar a Europa num Estado Totalitário. Ele chamou à UE um monstro e confirmou o que Anatoly Golitsyn tinha dito. Os documentos revelam que uma delegação da Comissão Trilateral se encontrou com o então Presidente Soviético, Mikkal Gorbachev, em Janeiro de 1989. A comissão era encabeçada por David Rockefeller (Grupo Bilderberg), Henry Kissinger (Grupo Bilderberg) e incluía também o antigo Presidente da França, Valéry Giscard d'Estaing (Grupo Bilderberg). Eles falavam da necessidade de Gorbachev integrar a União Soviética no acordo GATT de "livre comércio", no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial, quando Giscard d'Estaing interviu. Ele disse:
"Sr. Presidente, não lhe posso precisar quando acontecerá - provavelmente dentro de quinze anos - mas a Europa será um Estado Federal e terá que se preparar para isso. Tem de trabalhar connosco e com os líderes Europeus, como reagirá a isso, como permitirá que outros países da Europa de Leste interajam com a Europa, ou como se tornará parte dela, terá que se preparar".
Ele falava três anos antes do Tratado de Maastricht ter transformado a Comunidade Europeia em União Europeia e adivinhe quem escreveu as linhas orientadoras da Constituição Europeia... Giscard d'Estaing. Se não fossem os votos negativos na França e na Holanda, essa Constituição teria tornado a Europa num Estado Federal, dezassete anos depois de ele ter previsto quinze para Gorbachev. E não existe conspiração? Anatoly Golitsyn diz que o Parlamento Europeu, que só tem força no nome, lhe fazia lembrar o Supremo Soviético, concebido para parecer "Supremo", quando o verdadeiro poder estava nas mãos dos burocratas do Politburo, que é exactamente o que Golitsyn diz da UE: "quando se olha para o tipo de corrupção da UE, é exactamente como a corrupção Soviética, de cima para baixo, em vez de baixo para cima". Ele disse:
"Se olharmos para as estruturas e características deste monstro Europeu emergente, veremos que cada vez mais se parece com a União Soviética... Não tem KGB, pelo menos por enquanto - mas é preciso estarmos atentos a estruturas como a Europol, por exemplo. Isso preocupa-me bastante, porque esta organização provavelmente terá poderes maiores que os da KGB. Terão imunidade diplomática. Conseguem imaginar uma KGB com imunidade diplomática? Eles terão de nos policiar em trinta e dois tipos de crimes - dois dos quais são particularmente preocupantes; um chama-se racismo e o outro xenofobia... É um novo crime e já fomos avisados. Alguém do Governo Britânico já disse que aqueles que se opuserem à imigração sem controlo dos países do Terceiro Mundo, serão considerados racistas e aqueles que se opuserem à continuação da integração na União Europeia serão considerados xenófobos...".
«(...) Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz. Se não, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz...».
Nossa Senhora de Fátima («Segunda parte do Segredo»).
Fátima e a Maçonaria (ii)
Leão XIII via a Maçonaria como um movimento subversivo de sociedades secretas no seio do «Reino de Satanás». Disse abundantes vezes que os católicos não podiam se maçons. «Como os nossos antecessores muitas vezes repetiram, que nenhum homem pense que pode por que razão for aderir à seita maçónica se os valores do seu nome católico e a sua salvação têm para ele algum valor», escreveu em Humanum Genus.
Se alguém tinha ainda dúvidas quanto à atitude oficial da Igreja, o pio-beneditino Código de Lei Canónica de 1917 dissipava-as de novo. O Código reiterava a posição original de 1738. Qualquer católico que se juntasse à Maçonaria, ou a outra organização semelhante que conspirasse contra a Igreja ou as autoridades civis legítimas, enfrentava a excomunhão imediata. O impasse manteve-se intacto até à chegada do Concílio Vaticano II, no início dos anos 60. Ambas as partes reconheceram então a possibilidade de suavizar as suas relações. Este facto acompanhava a nova política da Igreja de procurar a reconciliação com outros cristãos e outras fés. Não aconteceu depressa, claro está. A brecha a ser explorada era a crescente aceitação do facto de que muitas lojas maçónicas não conspiravam contra a Igreja Católica ou o Estado. A porta entrebria-se e foi escancarada com o aparecimento de uma carta da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, em 1974. A missiva indicava que os católicos só seriam automaticamente excomungandos se aderissem a lojas em áreas onde a política e a actividade da Maçonaria fosse reconhecidamente hostil à Igreja ou ao Estado. Alguns católicos tomaram isto como uma luz verde incondicional e avançaram para se tornarem maçons.
Papa João Paulo II recebe, a 22 de Março de 1984, uma delegação da maçonaria hebraica do B'nai B'rith
De uma forma geral, os maçons estavam satisfeitos com o que parecia ser um pedido de tréguas. Então, subitamente, em 1981, as coisas voltaram à estaca zero. Com João Paulo II ao leme, em vez de Paulo VI, o gabinete de imprensa do Vaticano emitiu um comunicado lembrando aos católicos de que estavam proibidos, sob pena de excomunhão, de aderirem à Maçonaria ou outras sociedades secretas do género. A declaração de 1981 não teve grande publicidade e por isso a posição mais tolerante de 1974 persistiu. Para tornar as coisas ainda mais confusas, o Código Canónico de 1983, publicado por João Paulo II não mencionava a Maçonaria como uma sociedade secreta proibida. Uma declaração de esclarecimento subsequente indicava que a Igreja ainda se opunha à adesão, embora a pena tivesse sido reduzida, baixando da excomunhão automática. «O fiel que adira a organizações maçónicas encontra-se em estado de grave pecado e não pode receber a Sagrada Comunhão», declarava.
As mudanças de direcção erráticas do Vaticano sobre a Maçonaria, verificadas entre 1974 e 1983, podem ser explicadas por acontecimentos alarmantes bem perto de casa. Durante o seu breve papado, em 1978, o Papa João Paulo I recebeu uma lista de cento e vinte e um nomes, alguns deles de laicos, mas a maioria de padres, bispos e até cardeais.
Todos os elementos da lista eram membros da Maçonaria, ou pelo menos assim se dizia. Para João Paulo I era completamente inadmissível que um padre fosse maçon. E apesar disso aqui estava uma prova de que estava pessoalmente rodeado em Roma por membros da irmandade. A lista tinha à cabeça o seu próprio secretário de Estado, o cardeal Jean Villot, nome de loja Jeanni, número da loja 041/3, que se inscreveu na Loja de Zurique a 6 de Agosto de 1966.
Bem alto nesta lista estava o ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo secretário de Estado Agostino Casaroli, o Cardeal Vigário de Roma, Ugo Poletti, o Prefeito da Sagrada Congregação dos Bispos e antigo secretário de Estado Cardeal Sebastiano Baggio e o presidente do Banco do Vaticano Arcebispo Paul Marcinkus.
Um dos colaboradores mais íntimos do Papa referidos na lista era o padre Pasquale Macchi. Tinha sido iniciado no rito maçon em 1958. Quando o Arcebispo de Milão, Giovanni Battista Montini, foi eleito como Papa Paulo VI em 1963, Macchi entrou para a corte mais próxima do Papa, parte da qual a Cúria em Roma chamava «a Máfia milanesa». Enquanto secretário pessoal de Paulo VI, o círculo de amigos próximos de Macchi incluía gente como Michele Sindona, o banqueiro italiano acusado de fraudes e ligações directas à verdadeira Máfia.
Outra figura próxima era Paul Marcinkus, que, enquanto presidente do Banco do Vaticano esteve profundamente envolvido em escândalos financeiros e disse um dia: «Não se pode governar a Igreja com Avé Marias». Diz-se que Macchi foi excomungado por heresia no tempo de Paulo VI mas foi readmitido pelo cardeal Jean Villot, seu companheiro na Maçonaria. Era secretário pessoal de João Paulo VI e fazia parte da lista de cento e vinte e um nomes que foi mostrada ao novo Papa uns quinzes dias depois de ser eleito.
A lista terá sido dada a João Paulo por Carmine «Mino» Peccorelli, um advogado italiano que enveredou pelo jornalismo com muitas fontes no seio do governo e das forças de segurança. Havia algumas dúvidas sobre a sua total correcção, mas aparentemente causou em João Paulo o efeito pretendido. Ficou chocado, mais a mais quando lhe disseram que uma lista semelhante tinha corrido no Vaticano mais de dois anos antes. A colecção heterogénea de católicos dados como maçons incluía gente tão notável como o Secretário de Estado de João XXIII e Paulo VI, o cardeal Augustin Bea; o Prelado de Milão, Ernesto Basadonna; um membro da Comissão Pontifícia para a Rússia, o arcebispo Mario Brini; o professor de Teologia Moral na Universidade de Florença, Enrico Chiavacc; o director adjunto do jornal oficial do Vaticano, L'Osservatore Romano, monsenhor Virgilio Levi (Levine); o Bispo de Lille e antigo líder das forças progressistas no Concílio Vaticano II, Achille Liénart; e Roberto Tucci, director-geral da Rádio Vaticano.
Papa João Paulo I
Se para um laico já era mau ser da Maçonaria, para um prelado do Vaticano, era simplesmente abominável. João Paulo I planeou uma purga da Maçonaria mas não teve tempo de a pôr em prática. Morreu quinze dias depois. Oficialmente, morreu de ataque cardíaco. Provas circunstanciais sugerem que foi assassinado com veneno, vítma da loja maçónica ilegal Propaganda Due, mais conhecida por P2. Pecorelli, um membro dissidente da P2, continuou a divulgar informação sensível sobre figuras proeminentes da Itália. No ano seguinte à morte de João Paulo I, Pecorelli foi encontrado morto dentro do seu carro, em Roma. Levou dois tiros na boca.
Embora fosse uma loja há muito estabelecida no Grande Oriente d'Italia, a P2 abandonou no fim dos anos 50, ou no início dos anos 60, os princípios da Maçonaria e tornou-se uma loja fora-da-lei ultra-secreta, com grandes ambições. Sob o comando do financeiro italiano neo-fascista Licio Gelli, a lista de membros da P2 acabou por incluir gente grada da estrutura de poder italiana, políticos, chefes militares, agentes do serviço de informações, banqueiros, industriais e patrões dos media. Gelli aliciou altos funcionários do Vaticano e recebeu-os na loja ao dar a P2 como garante contra o domínio comunista e, portanto, em prol da sobrevivência do Vaticano. A intenção de Gelli, para lá de um enorme interesse próprio, era criar um estado secreto dentro do Estado que mantivesse o controlo da extrema-direita em Itália.
O Grande Oriente d'Italia expulsou a P2 em 1976, mas Gelli continuou a dirigir a loja clandestina e ilegal até ao espectacular colapso do Banco Ambrosiano em 1981. Este banco, fundado em Milão, recebeu o nome de Sto. Ambrósio. Veio a descobrir-se que os seus negócios não tinham nada de católicos. Quando não foi capaz de dar contas de uma verba superior a mil milhões de dólares, o presidente do banco, Roberto Calvi, fugiu de Itália com um passaporte falso e foi mais tarde encontrado enforcado na ponte Blackfriars em Londres. O escândalo em torno da falência do banco fez com que a polícia fizesse uma rusga à casa de Gelli, onde apreendeu uma lista da P2, com novecentos e sessenta e dois nomes. Calvi fora um membro destacado da P2. A polícia também descobriu um «plano para o renascimento democrático». Continha uma estratégia pormenorizada para instalar um governo autoritário em Itália. Não era uma teoria da conspiração maçónica. Era mesmo real. Como Presidente do Banco do Vaticano, o bispo Paul Marcinkus viu-se envolvido no escândalo do Ambrosiano. O Banco do Vaticano detinha a maioria das acções do Banco agora falido e Marcinkus tinha sido director do Ambrosiano Ultramarino, sediado em Nassau nas Bahamas. Entre outros negócios nefandos, o Banco do Vaticano dirigido por Marcinkus é acusado de ter, em conluio com a CIA norte-americana, canalizado secretamente fundos para o Solidariedade na Polónia e para os rebeldes Contras da Nicarágua.
Roberto Calvi
Marcinkus trabalhou de perto com Calvi nas complexas operações de offshore. Ambos foram acusados de serem cúmplices na morte de João Paulo I.
Embora o alegado grau de infiltração da Maçonaria na Igreja tenha aparentemente chocado João Paulo I em 1978, num estádio anterior deve ter surpreendido o bispo Marcel-François Lefebvre. O fundador da Sociedade de S. Pio X, a maior organização católica tradicionalista provém da direita política e religiosa francesa. Quando abraçou o sacerdócio em 1929, Lefebvre não fazia ideia de que o bispo (mais tarde cardeal) que o ordenava, Achille Liénard era supostamente maçon. Liénard viria a ser uma das principais vozes liberais no Concílio do Vaticano II e um dos prelados que elegeu o Papa Paulo VI. Só depois da sua morte é que se soube que tinha atingido postos elevados na hierarquia maçónica.
Um dos conselheiros de maior confiança de João Paulo I, o cardeal Pericle Filici afirmou que Lefebvre pode ter encorajado a divulgação das listas de maçons católicos, que incluíam o nome de Liénart. Liénart continuou como bispo de Lille até se retirar em 1968. Entretanto, Lefebvre, que esteve profundamente envolvido nos trabalhos preparatórios do Vaticano II, desiludiu-se com a direcção que o Concílio estava a tomar. Acabou como um inimigo implacável da reunião, convencido de que os dignitários de topo da Igreja e os chefes maçónicos tinham chegado a um acordo secreto antes do Vaticano II. Levou as suas críticas tão longe que, aos oitenta e dois anos, foi excomungado por João Paulo II.
O caso contra Liénart nunca foi provado e outras teorias relacionando dirigentes católicos com sociedades secretas são igualmente questionáveis. Um antigo dirigente do Grande Oriente d'Italia afirmava que o futuro Papa João Paulo XXIII tinha sido iniciado numa loja maçónica rosa-cruz quando exercia em Paris as funções de encarregado de negócios do Vaticano, em 1935. Muito foi escrito também sobre fotografias que mostram apertos de mão entre Papas e dignitários, nas quais o polegar surge a pressionar o segundo nó do dedo. Antigos membros da Opus Dei em ruptura com a organização compararam-na à Maçonaria nas suas ambições secretas e afirmaram que a Opus Dei quer, ela mesma, tomar o poder na Igreja.
Abudam as especulações em torno de supostas encarnações modernas dos Illuminati, um grupo fundado na Baviera por um maçon desiludido, de educação jesuíta, Adam Weishaupt. Baseado nos princípios do iluminismo de ateísmo, racionalismo, materialismo e igualitarismo, os Illuminati originais destacaram-se da Maçonaria e cresceram depressa. Goethe e Mozart são dados como membros. A nova ordem mundial concebida por Weishaupt era uma em que, como ele explicava, «os príncipes e os povos desaparecerão sem violência da face da terra, a raça humana tornar-se-á uma família e o mundo, a moradia dos homens sensatos. Só a moralidade produzirá imperceptivelmente esta mudança». Outros autores leram mais nas intenções dos Illuminati e defendem que, entre outros episódios, a organização esteve por detrás da Revolução Francesa, do bolchevismo, do sionismo e, mais recentemente, do grupo de Bilderberg.
Uma teoria é a de que os Illuminati de Weishaupt mergulharam na clandestinidade e reencarnaram sob a capa da família de banqueiros Rothschild, que usou a organização para controlar a política externa dos Estados Unidos. Rothschild, Rockefeller e Kissinger estão entre os nomes dados como peças chave na conspiração dos Bilderbergers. Além do pequeno núcleo de organizadores, cerca de cento e trinta delegados são convidados paras as conferências anuais do grupo Bilderberg, cujos trabalhos são altamente confidenciais. As reuniões realizam-se em diversos locais rodeadas da maior segurança, o que não surpreende se tivermos em conta o calibre dos delegados. Além da realeza, chefes de Estado, políticos proeminentes, financeiros e homens de negócios, alguns altos representantes da imprensa e dos media são convidados na condição de não divulgarem nada do que lá se passa. Os teóricos da conspiração da Nova Ordem Mundial vêem tudo isto como profundamente sinistro e concluem que os Bilderbergers já puxam os cordelinhos da governação mundial.
No outro extremo do espectro, há ramos dos Illuminati que têm sido ligados aos anarquistas. Leon Czolgosz, o homem que matou o Presidente norte-americano William McKinley em 1901, foi classificado de anarquista. Na sequência da morte de MacKinley, o Papa Leão XIII afirmou que anarquisno, comunismo e Maçonaria eram uma e a mesma coisa. De facto, não há provas de que Czolgosz tenha alguma vez sido admitido por um grupo anarquista ou loja maçónica. Também não era comunista. Até tinha votado sempre no partido de McKinley, os republicanos. No julgamento de Czolgosz, que demorou apenas oito horas e meia, desde a escolha do júri até à leitura da sentença, não foi admitida uma alegação de insanidade mental. Numa revisão do caso, feita vinte anos depois, o Departamento de Higiene Mental de Massachusetts concluía que Czolgosz sofria de doença mental.
Talvez a maioria de nós sofra de doença mental. Talvez sejamos peões que sofreram uma lavagem de cérebro e sejamos controlados por uma irmandade dominada por uma elite moderna de Illuminati que ergue e opera aquilo a que o escritor britânico David Icke chama uma «pirâmide de manipulação». No topo dela estão humanóides reptilíneos da constelação Draco. Icke aponta como membros da clique governamental reptiliana a falecida rainha-mãe britânica, George W. Bush, Hillary Clinton, Tony Blair e todos os outros suspeitos do costume, juntamente com pessoas menos evidentes como Kris Kristofferson e Boxcar Willie. Ele diz que o mestre supremo é uma «consciência luciférica». Alguns críticos não só ridicularizaram esta teoria como sugeriram que, se alguém tem uma doença mental, é o próprio David Icke.
Cenários de uma Nova Ordem Mundial têm sido projectados por grupos e indivíduos que vão dos idealistas sonhadores aos alarmistas paranóicos. Mais ou menos a meio ficam as pessoas que se consideram pragmáticas. Os governos das principais nações do planeta estão mais preocupados com questões como as mudanças climáticas, a proliferação do nuclear, o aumento do terrorismo e da pobreza, do que com disputas religiosas intestinas. Os problemas globais só podem ser resolvidos com soluções globais, afirmam. Os teóricos da conspiração, porém, viram esta noção do avesso. Insistem em que os cépticos foram programados psicologicamente pela propaganda institucional e os media para aceitarem uma vasta e complexa rede de engano. Isto está a levar-nos para um Governo Mundial ùnico todo-poderoso, no qual os estados individuais, para já não falar nos eleitores locais, não terão a palavra.
No meio da crescente globalização da humanidade, quer seja orquestrada por alienígenas demoníacos, quer seja por sociedades secretas ou organizações como as Nações Unidas e o Banco Mundial, os fundamentalistas cristãos, judeus e muçulmanos temem uma situação em que as suas religiões sejam subordinadas ou suprimidas mesmo em áreas onde hoje são fortes. A espécie de nova ordem mundial que mais preocupa os tradicionalistas é a que levaria ao «fim dos tempos» pressagiado na Bíblia, ou à perseguição da Igreja, ou à perda da fé, como anunciaram as Nossas Senhoras de Fátima e La Salette.
A Virgem Maria não falou numa nova ordem mundial. Não há registo de alguma vez ter proferido as palavras «comunista» ou «maçon», em todas as aparições de Fátima. A Revolução Russa pôs fim a todas as actividades da Maçonaria no país e forçou os irmãos ao exílio, ao mesmo tempo que esmagava o Cristianismo. Os comunistas russos odiavam tanto a Maçonaria, como a religião. Nada disto altera a insistência dos tradicionalistas de que o comunismo e a Maçonaria vivem no centro da nova ordem mundial que agora ameaça a existência da Igreja. Esta insistência baseia-se nos avisos de Nossa Senhora que emergiram com a passagem a escrito em 1941 do segundo segredo e a divulgação retardada do Terceiro Segredo em 2000.
Para os cépticos, a teoria da conspiração dos católicos tradicionalistas de direita pode parecer tão absurda quanto o Protocolo dos Sábios de Sião ou o domínio dos estraterrestres, mas é sincera e passa-se assim. A consagração da Rússia como foi pedida pela Virgem Maria e a divulgação a tempo do Terceiro Segredo teriam travado a conspiração que destrói gradualmente a Igreja a partir do Vaticano II. Em resposta à alegação de que a consagração não foi levada a cabo como devia ser, o Vaticano limita-se a fazer finca-pé e a negar as acusações. Os tradicionalistas acham que quando João Paulo II não pôde resistir mais às pressões do público para divulgar o Terceiro Segredo, com os seus mais próximos conselheiros, percebeu que tinham de o adaptar e criar uma cortina de fumo. Colocar o próprio João Paulo no centro do profético Terceiro Segredo era um truque conveniente. Ao interpretar oficialmente o simbolismo do segredo em 2000, o Vaticano insistia que devia ser visto no contexto de um atentado e não de algo mais preocupante. Isto era uma desculpa para contornar a explicação do verdadeiro conteúdo do Terceiro Segredo.
O novo ecumenismo introduzido pelo Vaticano II promove uma espécie de unidade pan-cristã que eclipsará o catolicismo, dizem os tradicionalistas. Os não-católicos ao abrigo da união não serão obrigados a converter-se à fé católica, a única fé verdadeira. O ecumenismo é um falso ideal, uma conspiração orquestrada pelas forças do mal, em contravenção directa com os ensinamentos da Bíblia e várias encíclicas marcantes como a Humani Generis de Pio XII. Era este falso negócio que Nossa Senhora de Fátima queria evitar.
Daniele é um dos que acreditam que, ao desenvolver esta farsa, os prelados hereges do Vaticano amordaçaram Lúcia. Enquanto monja em clausura, foi obrigada a aderir à sua campanha de propaganda revisionista. Para aumentar o crédito da sua versão do Terceiro Segredo, o Vaticano precisava de enfraquecer a ênfase colocada no ano de 1960. Lúcia ajudou-os, segundo os tradicionalistas. Entre a eleição de João XXIII em 1958 até à sua morte, Lúcia submeteu-se às instruções do Vaticano sobre o que deveria ou não dizer acerca do Terceiro Segredo.
Em todas as suas declarações anteriores a 1958, Lúcia referia-se a 1960 como o ano indicado por Nossa Senhora para o segredo ser revelado. Escreveu num envelope selado entregue ao Bispo de Leiria em 1944 que não devia ser aberto antes de 1960. Interrogada numa entrevista de 1946 sobre quando o Terceiro Segredo deveria ser revelado, Lúcia respondeu sem hesitar «em 1960». Quando lhe perguntaram porque é que o mundo precisava de esperar até 1960, tanto Lúcia como o Bispo de Leiria que a acompanhava responderam: «Porque a Virgem Santíssima assim o quer». Numa reunião em Coimbra em 1955, Lúcia disse a um alto funcionário do Vaticano, o cardeal Alfredo Ottaviani, que o Terceiro Segredo não era para ser revelado antes de 1960 «porque então será claro».
Os tradicionalistas insistem que muitas testemunhas, declarações e acontecimentos confirmam para lá de qualquer dúvida que foi Nossa Senhora quem estipulou o prazo de abertura do envelope.
Nada disto concorda com a transcrição do Vaticano da entrevista de Bertone com Lúcia em Coimbra em 2000. «Porquê só depois de 1960? Foi Nossa Senhora quem fixou essa data?», pergunta Bertone. Lúcia responde: «Não foi Nossa Senhora. Eu fixei essa data porque tive a intuição de que antes de 1960 o segredo não seria compreendido, mas que só depois seria compreendido. Agora pode ser compreendido. Escrevi aquilo que vi. No entanto não me compete interpretá-lo, mas sim ao Papa». Esta resposta levantou consideráveis dúvidas sobre a honestidade de Lúcia. Nunca tinha usado antes a palavra «intuição».
Daniele escreveu uma carta a Lúcia em 1987 na qual perguntava: «Como é que a Misericórdia Divina fez saber que o segredo era para ser revelado em 1960?». Ao que ela respondeu: «Não estou autorizada a dizer como é que isso foi comunicado. Mas deixe-nos recordar que a autorização para que a Igreja pudesse abrir a minha carta não era uma ordem para a publicar». Daniele achou o seu uso das palavras «intuição» e «autorização» particularmente incaracterístico. Concluiu que era impossível conciliar as declarações de Lúcia antes de 1958 com as palavras de resposta à sua carta de 1987 e a transcrição da conversa com Bertone, em 2000.
Daniele, como muitos outros tradicionalistas de direita, não tem dúvidas de que o Terceiro Segredo mostrava simbolicamente um exército (e não um assassino isolado) empenhado no massacre de um Papa (o Papado) e das testemunhas católicas à sua volta. «A lógica manda que, se era para ser divulgado por volta de 1960, o Terceiro Segredo deve corresponder a um acontecimento de tremenda importância para a Igreja ocorrido por essa altura. A supressão de um verdadeiro Papa (o Papado) abria caminho ao aparecimento de um novo poder pastoral e do novo Pentecostes do Vaticano II - uma assembleia que promulgou muitas heresias camufladas de ensinamentos católicos e fez em pedaços as defesas da Igreja de Cristo, que durante séculos se opôs com todo o vigor às filosofias revolucionárias anticristãs da Nova Ordem Mundial de inspiração maçónica», disse Daniele.
Daniele concluía: «A verdade submersa num mar de subterfúgios reflecte o espírito do Vaticano II e o seu novo Pentecostes, o qual desde 1960 praticamente asfixiou a Fé na Terra. A implausível alegação de que a Rússia foi convertida é feita por uma organização ínvia nascida de um espírito que anseia suprimir o Papado Católico e assim reduzir a Roma espiritual a uma cidade em ruínas» (op. cit., pp. 224-235).
FONTE
Indicação: Dr. Tiago Bana Franco
Como os anjos compuseram o “Regina Coeli”:
Posted: 20 Apr 2014 08:43 AM PDT
Era o ano 590, em Roma. Já devastada por um transbordamento do Tibre, que havia alagado a cidade reduzindo-a à fome, irrompeu uma terrível peste.
Para aplacar a cólera divina, o Papa S. Gregório Magno ordenou uma litania septiforme.
Isto é, uma procissão geral do clero e da população romana, formada por sete cortejos que confluíram para a Basílica Vaticana.
Enquanto a grande multidão caminhava pela cidade, a pestilência chegou a um tal furor, que no breve espaço de uma hora oitenta pessoas caíram mortas ao chão.
Mas S. Gregório não cessou um instante de exortar o povo para que continuasse a rezar, e que diante do cortejo fosse levado o quadro da Virgem que chora, do Ara Coeli, pintado pelo evangelista S. Lucas.
Fato maravilhoso: à medida que a imagem avançava, a área se tornava mais sã e limpa à sua passagem, e os miasmas da peste se dissolviam.
Junto da ponte que une a cidade ao castelo, inesperadamente ouviu-se um coro que cantava, por cima da sagrada imagem: "Regina Coeli, laetare, Alleluia!", ao qual S. Gregório respondeu: "Ora pro nobis Deum, Alleluia!". Assim nasceu o Regina Coeli.
Após o canto, os anjos se colocaram em círculo em torno do quadro. São Gregório Magno, erguendo os olhos, viu sobre o alto do castelo um anjo exterminador que, após enxugar a espada, da qual escorria sangue, colocou-a na bainha, como sinal do cessamento do castigo.
Como recordação, o castelo ficou conhecido com o nome de Sant'Angelo. Em sua mais alta torre foi posta a célebre imagem de São Miguel, o anjo exterminador.
(Fonte: "Lepanto", Roma, set/out 83)
FELIZ PÁSCOA
Posted: 20 Apr 2014 04:47 AM PDT
ELE NÃO ESTÁ MAIS AQUI,
RESSUSCITOU!
À Gethsemani - Una hora, Tristis est anima mea
Posted: 18 Apr 2014 10:38 AM PDT
Una hora non potuistis vigilare mecum,
qui exhortabamini mori pro me?
Vel Iudam non videtis, quomodo non dormit,
sed festinat tradere me Iudaeis?
Quid dormitis? Surgite, et orate,
ne intretis in tentationem.
Vel Iudam non videtis, quomodo non dormit.
sed festinat tradere me Iudaeis?...
Matth. 26, 40; Lc. 22, 46
"Uma espada de dor transpassará a tua alma..."
Posted: 18 Apr 2014 08:00 AM PDT
"Ó VÓS, QUE PASSAIS PELO CAMINHO, OLHAI E VEDE SE HÁ DOR IGUAL A MINHA DOR"
ECCE HOMO
Posted: 18 Apr 2014 07:53 AM PDT
SÓ NA CRUZ TU ME EXALTASTE,
QUANDO EM TUDO TE EXALTEI;
POR QUE À MORTE ME ENTREGASTE?
EM QUE FOI QUE EU TE FALEI?
O Complexo de Judas e a Crise da Fé
Posted: 15 Apr 2014 08:58 AM PDT
Pe. Malachi Martin*
"Judas Iscariotes será eternamente conhecido como o homem que entregou Jesus aos seus inimigos. Pelo menos em vinte idiomas seu nome é sinônimo de 'traidor'. Entretanto, não há motivos para supor que, quando ele foi chamado por Jesus para ser um dos seus mais próximos amigos – um dos primeiros apóstolos- Judas já estivesse pronto para a traição, que tivesse menos entusiasmo em sua devoção a Jesus, que fosse menos merecedor desse chamado, ou que estivesse menos decidido que os outros onze escolhidos a segui-Lo até o fim.
Tampouco podemos supor que Jesus não concedeu a Judas as mesmas graças especiais que conferiu aos demais. Hoje, de maneira similar, com a óbvia e grosseira traição a Igreja Católica Romana ocorrida em uma escala alarmantemente ampla por parte de bispos, prelados e sacerdotes da Igreja, não há nenhuma razão para se supor que quaisquer bispos, prelados ou sacerdotes em particular, culpáveis dessa traição, começaram com menor boa intenção, ou menor devoção à Igreja daqueles que não traíram sua vocação.
Tampouco, podemos supor que os que agora estão entregues à traição lhes tenha sido negado as graças divinas que são sumariamente necessárias para o exercício meritório de seus deveres eclesiásticos. Judas deve ter parti-cipado plenamente do carisma de um Apóstolo, um pastor, prefigurando deste modo (como o faziam os outros doze) ao que chamamos hoje bispos da Igreja. Vivendo com Jesus dia e noite, viajando com ele, escutando suas palavras e vendo suas ações, colaborando com Ele em seu trabalho, enviado por Ele com um mandato para pregar o reino de Deus, para curar aos enfermos, exorcizar demônios, exercer sua autoridade, confiar nas armas espirituais e nos meios sobrenaturais, Judas não pode ter começado sendo mais mundano, mais covarde, menos iluminado que os demais membros desse grupo especial.
"Mas desse grupo seleto que Jesus instruiu, Judas, e somente ele, rompeu a unidade do grupo. Somente ele traiu Jesus. Somente ele se apresentou como o anti-herói entre esses doze homens e as poucas centenas de discípulos e seguidores os quais, com Jesus, eram participantes ativos no tenso drama da salvação, na qual Jesus, como herói, desempenhou o eterno plano de Deus desde seu nascimento até o clímax na crucifixão (da qual Judas foi diretamente responsável) e da ressurreição que, no fim, Judas decidiu não aceitar ou tomar parte. Mas Judas não era um dissidente. Não tinha intenção de romper a unidade do grupo nem de arruinar a Jesus e aos doze. Judas era uma figura clássica: o anti-herói que insistiu em pôr em prática o seu próprio plano para Jesus e os outros (plano no qual, certamente, ele desempenharia um papel importante e vantajoso). Pensou que poderia reconciliar Jesus com seus inimigos. Imaginou que poderia, mediante uma negociação decente, assegurar o êxito de Jesus no mundo ao celebrar um acordo com os líderes do mundo.
"Os mesmos, considerando o decorrer dos fatos sobre a Igreja, podem ser aplicados aos bispos, prelados e seus assistentes na Igreja de hoje: foram chamados para viver intimamente com Jesus através da plenitude do Seu sacerdócio, conferida pela sagração episcopal, para exercer a Sua autoridade espiritual; e, confiando no poder e na graça do Seu Espírito, para serem pastores de almas, curando, exorcizando, pregando, reconciliando; para seguir o plano de salvação que Jesus indicou claramente quando estabeleceu Pedro como chefe da Sua Igreja e como Seu representante pessoal no 'único e verdadeiro redil' no qual seu pode assegurar efetivamente a verdadeira salvação das almas individuais.
Mas em uma forma estranhamente reminiscente do erro que Judas cometeu, alguns bispos, prelados e assistentes estabeleceram uma anti-Igreja dentro da Igreja. Não querem deixar a Igreja. Não pretendem ser dissidentes. Não pretendem nem romper a unidade nem cancelar a Igreja, mas alterar (sua consciência) de acordo com seu próprio plano; tornou-se de secundária importância para suas mentes que seu plano seja irreconciliável com o plano de Deus, com o que foi ensinado através do sucessor de Pedro e de sua autoridade. Porque, com a mesma miopia espiritual de Judas, já não crêem na doutrina católica do magistério papal, como o Traidor já não acreditava que Jesus fosse Deus. Estão convencidos que podem reconciliar essa Igreja e os seus inimigos, através de uma 'negociação decente', que realmente compreendem o que está acontecendo e que podem assegurar o êxito da Igreja de Cristo celebrando um acordo com os líderes deste mundo. Mas em sua fiel criação de uma anti-Igreja dentro da Igreja – desde a chancelaria do Vaticano até o nível da vida paroquial – conseguiram romper a unidade da Igreja, acabando, assim, com a, outrora florescente, união dos bispos com o Romano Pontífice, e debilitando gravemente a organização institucional católica romana por inteiro.
"A gravidade deste erro e sua semelhante quase aborrecida e repetitiva com o erro de Judas – em outras palavras, a síndrome de Judas dos eclesiásticos modernos – se torna muito evidente quando se examina a conduta do traidor. Judas traiu Jesus, mas é importante notar as 'boas' intenções com as quais começou a seguir o caminho tortuoso que terminou no Campo de Sangue, onde morreu sufocado pelo laço ao redor do seu pescoço e pelo cruel desentranhar de seu ventre…
«Era um de nós» disse Pedro. Todavia, guiou o bando que prendeu Jesus. E agora recebeu o que merecia… um campo salpicado com suas entranhas, e seu próprio tormento específico no fogo do inferno'. Não há menção de perdão, nem sequer um rastro de pesar. Talvez se deva ao fato de que Judas havia cometido o único pedado que Jesus disse que era imperdoável, o pecado contra o Espírito Santo.
"Cada vez que os choques intermitentes com as autoridades Hierosolimitas alargavam mais profundamente o abismo entre Jesus e o poder político de Israel – concentrado então no conselho de Estado, o Sinédrio – o sentimento de desilusão se tornava mais profundo em Judas. Vale assinalar que em qualquer momento Judas poderia ter deixado Jesus e 'não caminhar mais com Ele', como sem dúvida fizeram muitos. Mas não, Judas queria ficar. Acreditava, a seu modo, em seu grupo e em seus ideiais. Queria somente que Jesus e os demais se «conciliassem» com as realidades políticas e sociais, que seguissem seu plano, não o de Jesus… O Evangelho diz: 'Satanás entrou em seu coração'… E Judas pôde, sem nenhum escrúpulo e sempre completamente persuadido de que seu plano era o bom, ir buscar as autoridades do Templo, seus 'contatos de alto nível', e apontar-lhes onde Jesus estaria numa certa hora, e identificá-lo ante a força armada enviada para capturá-Lo… Tudo isso, assim como o resultado final: a morte de Jesus. Todo este mal sacrílego para além do que se pode humanamente expressar, foi uma conseqüência direta desse complexo de Judas. Enquanto o resultado último da decisão de Judas foi a traição e a falsidade, seu pecado específico foi a negociação, o compromisso que lhe parecera sábio e prudente… com as autoridades judaicas para satisfazer as necessidades e questões de homens, que, depois de tudo, estariam em posição de saber tratar da causa nacional e da continuidade do judaísmo. Seriam, afinal, os conservadores da Chama.
"Na mente prática e mundana de Judas, Jesus e sua doutrina devem ter sido classificados como completamente inadequados ao consenso social e à mentalidade política de seus dias. Realmente, eram tanto inadequados como inaceitáveis. Inaceitáveis ao ponto de incitar seus adversários a perpetrar um assassinato político. Tratar-se-ia, além de tudo, de uma questão de segurança de estado e de sobrevivência nacional.
"Eis, então, a essência do complexo de Judas: a negociação sobre princípios básicos para adaptar-se aos modos de pensamento e conduta que o mundo considera como necessários para seus interesses vitais. Judas foi persuadido por seus tentadores e corruptores que tudo o que representava Jesus, o princípio de Seu grupo apostólico, sua existência física, sua autoridade, seu ensinamento, tudo tinha que ser modificado por meio de um compromisso honroso e sensato.
"Isto nos proporciona uma norma segura pela qual podemos identificar aos membros da anti-Igreja que estão agora firmemente sentados dentro da organização institucional católica romana. Como os últimos vinte anos da história dessa organização estão cheios de acordos e más ações por parte dos eclesiásticos, devemos descobrir e identificar os mais importan-tes desses compromissos que podem ser justamente descritos como atos de autêntica prevaricação perpetrada nas altas funções eclesiásticas. Este ato fraudulento implica má fé e falsidade e o seu termo é utilizado também para descrever o abuso de um encargo de autoridade
"Segundo o dicionário, o ato de prevaricação é «ação não autorizada de um público oficial – feita aparentemente com a autoridade de seu cargo – mas diante da qual ele assumira o compromisso, ou juramento, de não cometer porque injustificável, incorreto e positivamente contrário à lei». (N.d.T.: – O autor para ressaltar a importância do caso da «prevaricação sacrílega» menciona o dicionário Webster para a definição do termo "malfeasance" (no caso também "misfeasance") indica "prevaricação", que, em vários dicionários enciclopédicos, è o delito de quem falta ao dever com abuso de poder do próprio cargo, para vantagem pessoal e ilícita.
"Um exame dos últimos vinte e cinco anos da história católica romana leva a conclusão de que a maior fraude nas altas funções eclesiásticas foi a tolerância e a propagação da confusão sobre os princípios chave entre a grande massa católica, sendo esta tolerância da confusão um resultado direto de uma dissidência tolerada dos teólogos e bispos católicos concernente a esses mesmos princípios chave. Porque tolerar a confusão é propagá-la. Um primeiro e fundamental dever de toda função eclesiástica e de toda responsabilidade eclesial anexa a todos os postos da Igreja é exatamente o ensinamento claro e inequívoco e a aplicação das regras básicas e princípios fundamentais que a Igreja sustenta e declara como fundamentais para a salvação eterna. Não pode haver negociação em nenhum destes pontos: ensinamentos e prática. Se os católicos romanos têm direitos na Igreja, têm o direito primário de receber esse ensinamento inequívoco e de estar sujeitos a sua aplicação direta sem ressalvas.
"Além disto, é relativamente fácil identificar as quatro áreas chave nas quais os eclesiásticos toleraram e propagado a maléfica confusão que afeta hoje os católicos romanos. Estas são: A Eucaristia, A unidade e verdade da Igreja Católica Romana, o Ofício Apostólico do Bispo de Roma e a Moralidade da atividade reprodutora humana."
*Malachi Martin, jesuíta. Foi secretário do cardeal Bea .Deixou a Companhia de Jesus, onde dominava o padre general modernista, P. Janssens, considerado "inimigo da Fé" pelas razões expostas no seu livro "Os Jesuítas, a Companhia de Jesus e a traição da Igreja Católica" (Ed. Record, Rio de Janeiro, 1989).
FONTE
LUTERO NO INFERNO: Visão da Beata Serafina Micheli
Posted: 10 Apr 2014 06:47 AM PDT
Em 1883 a Bem-aventurada Sóror Maria Serafina Micheli (1849-1911), fundadora do Instituto das Irmãs dos Anjos, passava pela cidade de Eisleben, na Saxônia, Alemanha.
Eisleben é a cidade natal de Lutero. E, naquele dia comemorava-se o quarto centenário do nascimento daquele grande heresiarca (10 de novembro de 1483).
Lutero dividiu a Igreja e a Europa. Dessa divisão adviram crudelíssimas guerras de religião que duraram décadas a fio.
A população aguardava o imperador alemão Guilherme I que devia presidir as solenidades.
A futura beata não se interessou pela agitação e seu único desejo era encontrar uma igreja onde pudesse rezar e visitar a Jesus Sacramentado.
As igrejas estavam fechadas e já era noite.
Na escuridão localizou uma com as portas trancadas, mas se ajoelhou nos degraus de acesso.
Pela falta de luz não percebeu que a igreja não era católica, mas protestante.
Enquanto rezava lhe apareceu o anjo da guarda e lhe disse:
‒ "Levante porque este é um templo protestante".
E acrescentou:
‒ "Eu quero te fazer ver o lugar aonde Martinho Lutero foi condenado e a pena que sofre como castigo de seu orgulho".
Depois destas palavras, a santa religiosa viu uma horrível voragem de fogo, na qual era cruelmente atormentado um número incalculável de almas.
No fundo dessa voragem via-se um homem: Martinho Lutero.
Ele se distinguia dos outros porque estava rodeado de demônios que o obrigavam a ficar de joelhos, e todos eles equipados com martelos se esforçavam, em vão, para enfiar-lhe na cabeça um grande prego.
Bem-aventurada Sóror Maria Serafina Micheli
A freira achou que se o povo que estava na festa visse aquela cena dramática, certamente não tributariam honras, lembranças, comemorações e festejos a semelhante personagem.
Desde então, Sóror Serafina sempre que aparecia a ocasião exortava suas irmãs de religião a viverem na humildade e no esquecimento dos outros.
Ela estava convencida que Martinho Lutero foi condenado ao Inferno, sobretudo por causa do primeiro pecado capital: a soberba.
O orgulho fez que ele caísse no pecado capital e o levou para a aberta rebelião contra a Igreja Católica.
A sua péssima conduta moral, sua atitude de revolta contra o Papado e a sua pregação de más doutrinas pesaram muito no desvio de muitas almas superficiais e mundanas que caíram na perdição eterna.
Sóror Serafina foi beatificada na diocese de Cerreto Sannita, província de Benevento, em 28 de maio de 2011.
FONTE
Assentimento ao Magistério (Parte Final) – Doutrina Comum dos Teólogos e Bibliografia
Posted: 09 Apr 2014 07:02 PM PDT
Caríssimos, Salve Maria!
Aqui está um importante trabalho teológico do Rev. Padre Daniel Pinheiro, do IBP. Pela seriedade e complexidade do assunto, observamos um texto longo, mas riquíssimo e necessário para o estudo e aprofundamento da Sagrada Doutrina, evitando erros graves de fideísmos ou relativismos.
O "Da Mihi Animas" preferiu colocar esta nota na parte final, visto que na disposição do trabalho, esta seria a primeira visualizada.
Recomendamos a visita na FONTE. Lá há notas do autor que não colocamos aqui.
Boa leitura a todos.
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Citação dos Teólogos
A citação dos teólogos abaixo é apenas o indício, já fortíssimo sem dúvida, da unanimidade ao menos moral dos teólogos no que tange à doutrina do assentimento ao Magistério não infalível da Igreja. Eles afirmam claramente que pode haver erros nesse tipo de Magistério, ordinário não infalível ou puramente autêntico, e que essa possibilidade de erros impede necessariamente uma adesão absoluta de nossa inteligência. Eles não fazem menção à menor ou maior gravidade desses erros, mas vemos, pelo vivo interesse e precisão com que tratam o assunto, que eles podem, sim, ser erros sérios e com consequências importantes. Dizer o contrário é fazer uma glosa pessoal que foge da doutrina católica e da Tradição da Igreja tão belamente manifestada pelos teólogos. Como explicamos na Parte IV desse trabalho – Resposta às objeções – esses erros não atingem a indefectibilidade da Igreja Santa e Católica nem a tornam mestra do erro. A Igreja é indefectível e Mestra de toda a Verdade, confiada aos Apóstolos e transmitida por eles aos seus sucessores e por esses, a nós.
O maior dos teólogos
Assinalamos que a versão portuguesa de um texto original em latim é sempre menos teológica, pois menos precisa, do que os textos originais latinos. Não é à toa se a Igreja sempre foi zelosa, até época recente, da língua latina na Liturgia ocidental. A língua latina é a língua da ortodoxia teológica e garantidora dela. Portanto, a versão portuguesa não substitui integralmente os originais latinos aqui presentes.
Palmieri[1]: Ao Magistério do Romano Pontífice, ainda que não seja falando ex cathedra, é devido, primeiro, o obséquio do silêncio, i. e., não se deve contradizê-lo publicamente ou defender a doutrina oposta, a não ser que esse próprio magistério permita que se dispute quanto a essa matéria entre os católicos, para que a verdade brilhe de modo mais claro, ou para concluir o estágio de inquisição para uma definição solene, ou por outro motivo. É de modo coerente que a reverência devida ao Sumo Pastor postula tal obséquio, que ninguém pensa violar com uma contradição aberta.
É devido, em segundo lugar, também certo assentimento religioso, quando não há nada que leve (suadeat) prudentemente a uma suspensão do assentimento. Explico os termos. Não dizemos que é devido um assentimento de fé católica, pois uma doutrina a ser professada (tenenda) não é proposta aqui pela Igreja. Não dizemos que é devido o assentimento formal de fé divina, pois esse assentimento é devido à proposição infalível que consta ser tal e, na nossa hipótese, tal proposição não existe. Não dizemos que se trata de assentimento metafisicamente certo, pois não existindo a certeza da infalibilidade, não aparece, por isso mesmo, como impossível o erro e, assim, vê-se que o oposto pode ser verdadeiro. Existindo tal conhecimento, não pode haver lugar para a certeza metafísica. Dizemos, então, que o assentimento é moralmente certo e se, consequentemente, aparecem motivos, sejam verdadeiros sejam falsos, mas oriundos de um erro inculpável, que levem a concluir de outro modo (quanto à matéria ensinada), dizemos que não é devido o assentimento, dado que, nessas circunstâncias, a vontade não age imprudentemente ao suspender o assentimento. Enfim, chamamos esse assentimento de religioso tanto em razão do objeto de que trata quanto em razão do motivo pelo qual se realiza, como explicaremos logo mais. (…) é preciso que o assentimento devido corresponda à força do magistério que é exercido. Assim, é devido, nesses casos, o assentimento religioso porque o magistério é religioso e tratará de matéria religiosa; é devido um assentimento firme com uma certeza moral porque os motivos dessa certeza acompanham esse magistério, como foi dito.
Schultes[2]: Assentimento religioso diz-se do assentimento dado aos decretos doutrinais da Igreja por causa da própria autoridade do magistério da Igreja. A razão e o motivo desse assentimento é a autoridade do magistério da Igreja como tal, feita abstração de sua infalibilidade. O magistério da Igreja, ainda que se faça abstração de sua infalibilidade, tem autoridade e peso para obrigar, em virtude da obediência devida a Cristo e a seus representantes: donde os decretos doutrinais da Igreja têm força de obrigar ao assentimento, embora não esteja presente a infalibilidade. Somente, com efeito, não podem obrigar ao assentimento de fé, pois a possibilidade de erro não está excluída. Dessa forma, fica estatuído um assentimento religioso, que é assentimento ( i. e., adesão da mente a um decreto doutrinal da Igreja), assentimento firme (que exclui o medo de errar), mas não firme acima de tudo (i.e., não exclui a possibilidade de erro); é assentimento religioso porque a razão dele ou o seu motivo é religioso, quer dizer, é a autoridade sobrenatural da Igreja. A distinção entre o assentimento religioso e o assentimento de fé divina ou eclesiástica é múltipla. São semelhantes pelo fato de que ambos são firmes por causa de Deus. Distinguem-se, porém, no fato de que o assentimento de fé é firme acima de qualquer coisa, excluindo o medo de errar e também a possiblidade de erro, e não admite causa de mudança ou dúvida; o assentimento religioso não é firme acima de qualquer coisa, mas simplesmente firme como firme de fato somente, pois exclui o medo de errar, mas não a possiblidade de erro, admite justa causa pela qual o assentimento pode ser suspenso, colocado em dúvida e até negado. (…) Com assentimento religioso devem ser professados (tenenda) os juízos doutrinários da Igreja que, embora não sejam revestidos da prerrogativa da infalibilidade, são propostos pela Igreja a partir de sua autoridade divina e são impostos aos fiéis para que os aceitem e executem.
De Groot[3]: Há graus, porém, de assentimento interno. O assentimento religioso e interno que devemos aos decretos mencionados (decretos doutrinários promulgados pela Inquisição e pelo Index com aprovação comum do Pontífice) não é do tipo metafísico e sumo, mas entendemos ser do gênero moral, pois um grau de assentimento menor corresponde a um grau inferior de autoridade. (…) Pode acontecer que um medo de que o oposto seja verdadeiro permaneça, dado que se trata de um decreto que não é verdadeiramente infalível.
Diekamp[4]: Estes atos não infalíveis do Magistério do Romano Pontífice não obrigam a crer e não exigem submissão absoluta e definitiva. É preciso assentir a essas decisões com assentimento religioso interno, pois são atos do supremo Magistério da Igreja que se apoiam em razões naturais e sobrenaturais. Essa obrigação começa a cessar somente no caso – que acontece rarissimamente – em que o homem apto para julgar em tal questão se convence de que o erro se infiltrou (subrepisse) na decisão, depois de repetida e diligentíssima consideração de todos os aspectos (omnium rationum).
Lercher[5]: Se o Romano Pontífice obriga – com autoridade, mas não a maior possível – a todos a assentir a algo como verdadeiro, não parece ser infalível de jure, nem é necessário dizer: o Espírito Santo nunca permitirá que tal decreto seja errôneo.
Certamente, o Espírito Santo nunca permitirá que, por tal decreto, a Igreja seja levada ao erro. O modo pelo qual o erro é excluído consiste, mais provavelmente, na assistência do Espírito Santo dada à cabeça da Igreja, pela qual tal decreto errôneo é evitado. Todavia, absolutamente falando, não repugna que o erro seja excluído pelo Espírito Santo pelo fato de que os súditos percebam o erro e cessem de assentir internamente ao decreto. (…)
Este assentimento (religioso), falando rigorosamente, não é objetivamente certo. Isso se baseia no fato de que a possibilidade do erro não está excluída assim como não está excluída a possibilidade de ser reconhecido como tal (errôneo). Porém, como a Igreja tem o múnus de ensinar com autoridade, deve-se ater à presunção de que ela não erra aqui e agora, enquanto essa presunção não desmoronar em virtude de uma razão grave contrária.
O assentimento é, então, interpretativamente condicionado, quer dizer, dado sob condição tácita: a não ser que surja uma suspeita grave, a não ser que a presunção não se verifique. Assentimentos desse tipo são frequentissimamente necessários na vida quotidiana.
Se a suspeita surge, o que ocorre muito rapidamente naqueles que confiam na sua capacidade e que não são favoráveis à Santa Sé, permanece a obrigação do silêncio e da aceitação do juízo infalível e definitivo.
Merkelbach[6]: (…) em si, envolve temeridade – porque despreza uma doutrina não infalível, mas praticamente certa – a negação daquilo que se ensina como certo ou como devendo ser professado em coisas da fé e da moral, não com autoridade infalível, mas com a autoridade que vem do Romano Pontífice enquanto chefe de todas as igrejas, ou que vem das Congregações Romanas, ou que vem do consenso dos teólogos.
Diz-se em si, porque na medida em que a Igreja não ensina com autoridade infalível, a doutrina proposta não é de si irreformável. Donde, se per accidens, em caso, porém, raríssimo, depois de diligente e completo exame, parecesse a alguém haver razões gravíssimas contra a doutrina assim proposta, seria lícito, sem temeridade, suspender o assentimento interno; externamente, porém, seria requerido, por causa da reverência para com a Igreja, o silêncio obsequioso.
Wilmers[7]: (…) Os decretos das congregações não são infalíveis per se e também não podem exigir um assentimento completamente firme. Também aos decretos das Congregações é devida a submissão, mas não a mesma devida às definições dos Concílios ou do Sumo Pontífice, mas uma submissão inferior, congruente com a autoridade deles.
Deve-se presumir que as Congregações decretaram (decidiram) corretamente, até que o contrário tenha sido provado por razões certas.
Pesch[8]: Todavia, como o pontífice não pode comunicar a outros sua infalibilidade, as decisões dessas congregações (a não ser que o pontífice as faça suas por modo solene) não são irreformáveis. Donde se pode perguntar com que assentimento devem ser recebidas as decisões desse gênero. O assentimento de fé divina não é requerido, nem poderia seria possível, dada a autoridade de uma congregação. Por outro lado, não basta o silêncio obsequioso acompanhado da recusa do espírito, mas é requerido o assentimento interno (…). E, na verdade, nem na vida comum negamos o assentimento a um homem prudente que afirma algo pelo simples fato de ele não ser infalível, mas seguimos o seguinte princípio: deve-se crer em alguém douto em seu domínio e o erro não deve ser presumido, mas deve ser provado. Há, então, vários graus de assentimento interno. Embora se deva aderir com um assentimento firmíssimo sobre todas as coisas somente a Deus que se revela, assentimos também aos homens segundo o grau de autoridade que convém a cada um. As sagradas congregações são, porém, os tribunais da suma autoridade religiosa na Igreja. Dessa forma, assim como dissemos acima que se deve obediência ao bispo em matéria de fé e moral, deve-se dizer aqui que é preciso assentir aos decretos das congregações com um assentimento religioso, quer dizer, com um assentimento que possui como motivo formal a suprema autoridade religiosa, apesar de ela não ser infalível. Assim: a) negativamente, não se pode negar o assentimento pelo simples fato de a autoridade não ser infalível; b)positivamente, deve-se assentir aos decretos das congregações enquanto não aparecer positivamente que elas erraram.Como as congregações não proporcionam, por si mesmas, argumento absolutamente certo em favor de certa doutrina, pode-se interrogar as razões da doutrina e deve-se fazê-lo. E isso se faça de tal modo que a doutrina de que se trata seja recebida paulatinamente por toda a Igreja e assim seja elevada ao patamar da infalibilidade ou de modo que o erro seja paulatinamente descoberto. Isso porque tal assentimento religioso não está revestido da certeza metafísica, mas de uma certeza moral mais larga, não excluindo o medo de erro. Por isso, assim que surgem os primeiros motivos suficientes para dubitações, o assentimento pode ser suspenso prudentemente. Porém, enquanto tais motivos não aparecerem, basta a autoridade das congregações para imperar o assentimento. (…)
Tudo isso se aplica sem dificuldade aos decretos do Sumo Pontífice, que ele promulga sem sua suprema autoridade, e aos decretos de outros superiores eclesiásticos, que não são infalíveis. A obediência da inteligência, com efeito, é muito mais larga do que a esfera da fé divina e da certeza infalível.
Straub[9]: ""Os decretos das congregações… não são infalíveis por si mesmos." A aprovação do Romano Pontífice declara que eles foram "devidamente elaboradas por um tribunal inferior." "…a tais decretos é devido, per se, certo assentimento interno firme, mas não firme sobre todas as coisas". A razão disso é a autoridade sagrada, à qual se acrescentam "a ciência exímia dos membros (das congregações), a probidade e a usual deliberação madura" e, sobretudo, "a união singular com o Supremo Pontífice" e a "devida largueza do auxílio divino dada a importância do múnus em questão." O erro, com efeito, pode se fazer presente, mas a dúvida "deve ser excluída pela vontade como imprudente e temerária." Todavia, por causa dessa possibilidade de erro, o assentimento é condicionado, e o "filho da Igreja … está assim disposto a não perpetuar o assentimento, se a Igreja julgar (da matéria) de outro modo por uma sentença última e infalível ou se ele próprio perceber que o ensino repugna à verdade, quer dizer, se o decreto fôr certamente falso ou oposto a uma razão sólida, ao menos se essa razão for desconhecida ou ainda não tiver sido julgada pelos autores do decreto." Nesse caso, é lícito dissentir, ou duvidar, ou estimar provável a sentença discrepante. Não é, porém, lícito contradizer publicamente, "a não ser, talvez, que o poder sagrado permita essa contradição pública", mas deve ser guardado o silêncio obsequioso. Aquele que recusa a obedecer, ainda que levemente, peca gravemente contra a obediência devida e contra a fé na medida em que "se torna inclinado a rejeitar pertinazmente o poder sagrado…""
Choupin[10]: "No caso em espécie, nosso assentimento não é metafisicamente certo. A decisão, com efeito, não sendo garantida pela infalibilidade, a possibilidade do erro não está excluída. Mas o assentimento é moralmente certo: os motivos de adesão são tão plausíveis que é perfeitamente razoável dar seu assentimento a esse juízo da autoridade competente."
Dom Paul Nau[11]: "Não haveria lugar, entre tais atos privados e os juízos solenes do Papa, para um ensinamento que, embora autêntico, não é igualmente garantido em todas as suas várias expressões." (O autor quer afirmar a existência de umtertium quid com diferentes graus de garantia entre um ato privado do papa e o juízo solene, rejeitando o univocismo.)
Giovanni Vodopivec[12]: Os Bispos quando ensinam, em comunhão com o Romano Pontífice, bem entendido, devem ser escutados por todos com veneração – em razão do mandato religioso que receberam de Cristo e não somente pelas qualidades humanas – "como testemunhas da verdade divina e católica" (LG 25) (…) da parte dos fiéis existe, então, o dever de aderir com religioso respeito, isto é, com o obsequium religiosum (LG 25). Esse obséquio concerne à vontade e à inteligência e é próprio a todas as decisões do magistério, mesmo àquelas infalíveis.
Na grande maioria das intervenções explícitas, o magistério vivo não exerce a sua função com o emprego da máxima intensidade de forma que chegue ao supremo grau de decisão definitiva e, portanto, infalível. Regularmente, pode-se dizer normalmente, intervém como magistério autêntico, com autoridade, mas não de modo a excluir a possibilidade de ulterior exame.
Também dessas decisões autênticas, mas não infalíveis, não definitivas e, portanto, em si provisórias, deve-se dizer que são válidas não só em virtude das razões aduzidas nelas, mas que são válidas, vinculantes e obrigatórias em virtude do mandato divino e, por isso, exigem uma adesão proporcionada ao emprego mais ou menos intenso da autoridade que as pronunciam. Uma adesão de obséquio interior religioso, além do respeito interno.
Se isso vale, in genere, para o magistério de todos os Bispos, é verdade em particular para o magistério autêntico, mas não infalível (non ex cathedra) do Romano Pontífice. Trata-se de exercício do poder primacial, que é supremo, mas não é exercício em grau supremo e não é um total e definitivo uso desse poder. A adesão a esse magistério é obrigatória "segundo a mente e a vontade" do Pontífice, que se deduzem das circunstâncias, como a natureza dos documentos, a frequência insistente, o tom das expressões verbais.
A intervenção própria do magistério autêntico é a intervenção da autoridade da Igreja e impõe assentimento obrigatório, não facultativo, embora não definitivo e não de todo irreversível. A tradição teológica é constante no afirmar a possibilidade de um futuro juízo distinto feito pela mesma autoridade e também no afirmar a isenção de assentimento para quem, conhecendo profundamente a questão tratada, tem razões verdadeiramente sérias e proporcionalmente graves para um juízo diverso, baseado sobre elementos novos que não foram antes considerados suficientemente.
Todavia, é mais que claro que discussões como essas não devem encontrar espaço nem na pregação nem na catequese.
LAUS DEO VIRGINIQUE MARIAE
Sub tuum praesidium
Padre Daniel Pinheiro
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[1] PALMIERI, Domenico, S.J. Tractatus de Romano Pontifice. Editio Altera. Prati, 1891, pp. 719-720.
Magisterio Romani Pontificis etiam non loquenti ex cathedra debetur 1º obsequium silentii, h.e. publice non est ei contradicendum, vel opposita doctrina defendenda; nisi constet ipsum permittere quod de ea re inter catholicos disputetur, sive ut clarius veritas relucescat sive ad absolvendum stadium inquisitionis pro sollemni definitione sive ex alio motivo. Sane obsequium illud postulat reverentia debita Summo Pastori, quam aperta contradictione violari nemo non sentit.
Debetur ei 2º etiam assensus quidam religiosus, cum nihil est quod suspensionem assensus prudenter suadeat. Explico terminos. Non dicimus deberi assensum fidei catholicae, cum non proponatur doctrina tenenda ab universa Ecclesia nec dicimus deberi assensum formaliter fidei divinae; hic enim assensus innititur propositioni infallibili quae talis esse constet, in hypothesi vero deest tali propositio. Potest tamen hic assensus ab habitu fidei elici, ut postea explicabitur. Nec dicimus esse assensum metaphysice certum; nam non existente certitudine infallibilitatis, hoc ipso videtur quod non est impossibilis error, ideoque videtur quod possit oppositum esse verum: qua cognitione exsistente, nequit habere locum certitudo metaphysica.Dicimus itaque assensum esse moraliter certum et idcirco si motiva appareant, sive vera, sive falsa sed ex errore inculpabili, quae aliter suadent, cum in his adiunctis voluntas non imprudenter agat suspendendo assensum, non dicimus tunc deberi assensum. Tandem assensum vocamus religiosum tum ratione obiecti circa quod versatur, tum ratione motivi cui innititur, ut modo explicabimus. (…) oportet autem ut assensus qui debetur respondeat vi magisterii quod exercetur ; igitur debetur in his casibus assensus religiosus, quia magisterium est religiosum et in re religiosa versatur, assensus debetur firmus certitudine morali ; quia motiva huius certitudinis comitantur istud magisterium, ut dictum est.
[2] Reginaldus-Maria, SCHULTES, O.P. De Ecclesia Catholica. Lethielleux, 1925, pp. 615-618.
Assensus religiosus dicitur assensus exhibitis decretis doctrinalibus Ecclesiae propter ipsam auctoritatem magisterii Ecclesiae. Ratio vel motivum huius assensus est auctoritas magisterii Ecclesiae ut talis, abstractione facta ab eius infallibilitate. Magisterium enim Ecclesiae, etiam facta abstractione ab eius infallibilitate, habet auctoritatem et pondus obligandi, sc. ex obaedientia Christo eiusque vices gerentibus debita : unde decreta doctrinalia Ecclesiae habent vim obligandi ad assensum, etiamsi infallibilitas non adiungatur ; tantum ad assensum fidei obligare non possunt quippe quia possibilitas erroris non excluditur. Itaque statuitur assensus religiosus qui est quidem assensus, i.e. adhaesio mentis ad decretum doctrinale Ecclesiae, assensus firmus, i.e. qui excludit formidinem errandi, tamen non firmus super omnia, i.e. non excludit possibilitatem erroris; est assensus religiosus quia ratio eius vel motivum est religiosum, i.e. auctoritas supernaturalis magisterii Ecclesiae. Distinctio assensus religiosi ab assensu fidei sive divinae sive ecclesiasticae est multiplex: conveniunt quidem in hoc quod uterque assensus est firmus propter Deum; distinguuntur autem in hoc quod assensus fidei est firmus super omnia, excludit non tantum formidinem errandi sed simul possibilitatem erroris, et non admittit iustam causam mutandi vel in dubium vocandi assensum – assensus vero qui dicitur religiosus non est firmus super omnia sed simpliciter et quase de facto firmus, excludit quidem formidinem errandi, sed non possibilitatem erroris, admittit causam iustam ex qua assensus suspendatur, in dubium vocetur vel etiam denegetur. (…) Assensu religioso tenenda sunt ea iudicia doctrinalia Ecclesiae quae licet infallibilitatis praerogativa non sint induta, tamen ab Ecclesia ex auctoritate sua divina feruntur atque fidelibus ut tenenda et exsequanda imponuntur.
[3] DE GROOT, O.P. SUMMA APOLOGETICA DE ECCLESIA. Ratisbonae, 1906, tertia Editio, pp. 642 et 643.
Assensus autem interni gradus sunt; atque assensum religiosum et internum, quem decretis memoratis (decretis doctrinalibus editis ab Inquisitione aut ab Indice communi tantum Pontificis approbatione) debemus, non metaphysicum et sumum, sed generis cujusdam moralis esse intelligimus; qui gradus inferior assensus inferiori gradui auctoritatis respondet. (…) Fieri tamen potest cum de decreto non vere infallibili agatur, ut aliqua oppositi formido permaneat.
[4] DIEKAMP, Franciscus. Theologiae Dogmaticae Manuale, Vol. 1. Typis Soc. Sancti Joannis Evangelistae, 1944, p. 73
Actus isti Magisterii Romani Pontificis non infallibiles non obligant ad credendum nec subjectionem absolutam ac definitivam expostulant. Decisionibus tamen hujusmodi cum sint actus supremi Magisterii Ecclesiae et rationibus solidis naturalibus et supernaturalibus fulciantur, assentire oportet assensu religioso interno. Quae obligatio cessare incipit in eo casu tantum, qui rarissime quidem accidit, cum homo dijudicandum in ista quaestione aptus post iteratam omnium rationum diligentissimam inquisitionem sibi persuaserit in decisione errorem subrepisse.
[5] LERCHER, Ludovicus, S.J. Institutiones Theologiae Dogmaticae. Herder. 4ª Editio, 1945, Vol. I pp. 297 et 298.
Si Romanus Pontifex auctoritative, sed non summo gradu (in nota scriptus est: eo ipso assensum non ut irreformabilem postulat neque ut firmissimum), omnes obligat ad assensum in rem ut veram (revelatam vel cum revelatis cohaerentem), non videtur de jure infallibilis, neque necesse est, dicere: Spiritus Sanctus nunquam permittet, ut tale decretum erroneum edatur.
Certe Spiritus Sanctus nunquam permittet, ut per tale decretum ecclesia in errorrem inducatur. Modus, quo error excluditur, probabilius consistit in assistentia Spiritus Sancti, capiti ecclesiae praestita, qua impeditur tale decretum erroneum. Attamen,non absolute repugnat, ut error per Spiritum Sanctum excludatur eo, quod subditi detegant errorem et desinant, interne assentiri decreto. (…)
Hic assensus (religiosus) in rigore loquendi non est objective certus. Nititur in motivo, quod possibilitatem erroris non excludit et quod ut tale cognoscitur. Attamen quia ecclesia habet munus auctoritative docendi, stat praesumptio, eam hic et nunc non errare, quamdiu praesumptio ratione gravi contraria non labefactur. (…)
Assensus est ergo interpretative condicionatus, sc. elicitus sub tacita condicione, nisi gravis suspicio oriatur, praesumptionem non verificari. Tales assensus in vita quotidiana saepissime necesarii sunt.
Si suspicio oritur, quod nimis cito accidit in iis, qui suo ingenio confidunt et s. Sedi non favent, manet obligatio ad silentium et ad acceptationem definitivi et infallibilis judicii.
[6] MERKELBACH, O.P. Summa Theologiae Moralis. Desclée de Brouwer et cie. 8ª Editio, 1949, Tomus I, p. 609.
(…) imo per se, illorum negationem quae non quidem cum auctoritate infallibili sed tamen cum auctoritate a Rom. Pontifice ut capite omnium Ecclesiarum, vel a Congregationibus Romanis, vel omnium theologorum consensu in rebus fidei et morum ut certa vel tenenda docentur: per se enim temeritatem involvit quia spernit doctrinam, non infallibilem, sed practice certam.
Dicitur: per se, quia dum Ecclesia non docet cum auctoritate infallibili, doctrina proposita de se non est irreformabilis; unde si per accidens, in casu tamen rarissimo, post diligens omnino examen, alicui viderentur rationes gravissimae contra doctrinam sic propositam, sine temeritate licitum esset interne assensum suspendere; externe tamen requiretur, propter reverentiam erga Ecclesiam, silentium obsequiosum.
[7] WILMERS, Guilelmo, S.J. De Christi Ecclesia. Ratisbonae, 1897, pp. 449-451.
Etiam Congregationum decretis submissio debetur, at non eadem quae sive conciliorum si summi Pontificis definitionibus infallibilibus, sed inferior et earum auctoritati congrua.
(…) Congregationes recte decrevisse eousque praesumere licet, donec rationibus certis contrarium probatur.
[8] PESCH, Christianus, S.J. Institutiones Propedeuticae ad Sacram Theologiam, Tomus I. Friburgi Brisgoviae, Herder, 1915, n. 521
Nihilominus cum pontifex suam infallibilitatem non possit cum aliis communicare, decisiones harum congregationum (nisi pontifex eas sollemni modo suas faciat) non sunt irreformabiles. Unde quaeri potest, quo assensu mentis recipiendae sint eiusmodi decisiones. Assensus fidei divinae nec requiritur nec propter auctoritatem congregationis per se possibilis est. Ex altera parte non sufficit silentium obsequiosum cum interna mentis repugnantia, sed requiritur internus assensus (…) Et revera ne in commnuni quidem vita viro prudenti aliquid asserenti internum assensum denegamus ob hoc ipsum, quod non est infallibilis, sed sequimur principium: cuivis prudenti in sua arte credendum est, et error non praesumitur, sed probandus est. Sunt enim varii gradus assensus interni; quare etsi soli Deo revelanti assensu super omnia firmissimo adhaerendum est, tamen etiam hominibus assentimur pro gradu auctoritatis, quae singulis convenit. Iam vero sacrae congregationes sunt tribunalia summae auctoritatis religiosae in ecclesia. Ergo sicut supra diximus episcopo parendum esse in rebus fidei et morum, ita hic dicendum est decretis congregationum assentiendum esse assensu religioso seu assensu, cuius motivum formale est suprema auctoritas religiosa, licet non infallibilis. Itaque a) negative, non ideo praecise assensum denegare licet, quia auctoritas non est infallibilis, b) positive tamdiu assentiendum est decretis congregationum, quamdiu non positive apparet eas errasse. Quia autem congregationes per se non suppeditant argumentum absolute certum pro aliqua doctrina, ideo in rationes doctrinae inquiri potest et respective debet. Hoc enim modo fiet, ut aut doctrina, de qua agitur, paulatim a tota ecclesia recipiatur et ita ad statum infallibilitatis evehatur, aut paulatim error detegatur. Nam cum assensus ille religiosus non nitatur metaphysica certitudine, sed morali quadam latiore, non excludit omnem formidinem erroris, et ideo, ubi primum apparent motiva sufficientia dubitationis, prudenter suspenditur assensus; sed quamdiu talia motiva non apparent, sufficit auctoritas congregationum ad assensum imperandum. (…)
Haec eadem nullo negotio (sans difficulté) applicantur ad decreta summi pontificis, quae non pro suprema sua auctoritate emittit, et ad decreta aliorum superiorum ecclesiasticorum, qui non sunt infallibiles. Oboedientia enim intellectus multo latius patet quam sphaera fidei divinae et infallibilis certitudinis.
[9] Citado in DIECKMANN, Hermannus, S.J. De Ecclesia, Tomus II. Herder, 1925, p. 125.
Decreta congregationum… per se infallibilia non sunt." Approbatio Romani Pontificis declarat ea "rite confecta esse a tribunali inferiore". "…talibus edictis per se debetur assensus internus quidam firmus, quamvis non super omnia ; » ratio est auctoritas sacra, cui accedit « membrorum eximia scientia et probitas et usitata matura deliberatio ; » maxime vero « singularis cum pontifice supremo coniunctio » et « aptata ad muneris momentum auxilii divini largitas. » Error quidem ipsis subesse potest ; at dubitatio ut « imprudens et temeraria per voluntatem rectam excludenda » est ; quia autem propter hanc possibilitatem erroris assensus est condicionatus, "Ecclesiae filius … ita est dispositus ut assensum … retinere minime vellet, si quandoEcclesia per sententiam iam ultimam et infallibilem aliter iudicaret vel ipse rem veritati repugnare deprehenderet;" si scilicet decretum esset "certo falsum sive rationi… solidae, saltem incognitae necdum diiudicatae edicti conditoribus, oppositum." Quo in casu licet vel dissentire vel dubitare vel sententiam discrepantem adhuc probabilem existimare; non vero publice contradicere, "nisi forte… potestas sacra ipsa id permittat"; sed servandum est obsequiosum silentium. Leviter dectretans oboedientiam graviter peccat et contra oboedientiam debitam et contra fidem eatenus, "quatenus se proclivem facit ad refragandum pertinaciter potestati sacrae…
[10] Lucien, CHOUPIN. Valeur des Décisions Doctrinales et Disciplinaires du Saint Siège. Beauchesne Éditeur, Paris, 1913, pp. 54 et 82-92.
Dans l'espèce notre assentiment n'est pás métaphysiquement certain ; la décision, en effet, n'étant pas garantie par l'infaillibilité, la possibilité de l'erreur n'est pas exclue ; mais il est moralement certain : les motifs d'adhésion sont si plausibles, qu'il est parfaitement raisonnable de donner son assentiment à ce jugement de l'autorité compétente.
[11] Dom Paul Nau. The Ordinary Magisterium of the Catholic Church. Angelus Press, 1998, Kansas City, p. 4.
No place would be left, intermediate between such private acts and the solemn papal judgments, for a teaching which, while authentic, is not equally guaranteed throughout all its various expressions.
[12] VODOPIVEC, Giovanni. Decano de la Facoltá Teológica nella Pontificia Università Urbaniana, Roma, in Dizionario del Concilio Ecumenico Vaticano Secondo, a cura de Salvatore Gorofalo, p. 1353, n. 6: Il Magistero autentico ma non infallibile richiede assenso interiore religioso ma condizionato. UNEDI – Unione Editoriale, Roma, 1969.
I Vescovi quando insegnano, ben inteso in comunione con il Romano Pontefice, "debbono essere da tuttti ascoltati con venerazione", a motivo del mandato religioso che esse hanno ricevuto da Cristo non per le sole qualitá umane, "come testimoni della veritá divina e cattolica" (LG 25) (…) da parte dei fedeli existe quindi il dovere "d'aderirvi con religioso rispetto", cioè con l'obsequium religiosum (LG 25). Questo ossequio riguarda e la volontá e l'intelligenza ed è próprio a tutte le decisione del magistero, anche a quelle infallibili.
Anzi nella stragrande magioranza degli interventi espliciti il magistero vivo non esercita la sua funzione com impegno di massima intensitá sicché sia raggiunto il supremo grado di decisione definitiva e quindi infallibile. Regormalmente, si può dire "normalmente", interviene come "magistero autentico", con autoritá ma non in modo da non ammetere la possibilitá d'un ulteriore esame.
Anche di queste decisioni autorevoli ma non infallibili, non definitive e quindi in sé provvisorie, si deve dire che sono valevoli non solo per le ragione ivi adotte, bensí valevoli, vincolanti ed obbliganti in virtù del mandato divino e perciò esigono un'adesione proporzionata all'impegno più o meno intenso dell'autorità che li pronuncia; adesione d'ossequio interiore religioso oltreché rispetto esterno.
Se questo vale in genere per il magistero vivo di tutti i Vescovi, è vero in modo particolare del magistero autentico ma non infallible (non ex cathedra) del Romano Pontifice. E' l'esercizio dela potestà primaziale, che è la suprema, ma non è esercizio nel supremo grado e non è un totale e definitivo impegno di questa potestà. L'adesione ad esso è doverosa "secondo la mente e la volontà" del Pontifice, che si deduce dalle circostanze come la natura dei documenti, l'insistente frequenza, il tenore dell'espressione verbale.
L'intervento proprio del magistero autentico è intervento d'autorità dela Chiesa ed impone assenso obligatorio, non facoltativo, sebbene non definitivo e non del tutto irreversibile. La tradizione teologica è costante nell'afermare la possibilità d'un futuro giudizio differente dell'autorità stessa ed anche la possibilità della esenzione dall'assentimento per chi, conoscendo a fondo la questione in proposito, ha ragioni veramente serie e proporzionatamente gravi per un giudizio diverso, basato su elementi nuovi tali che prima non sono stati abbastanza considerati.
Tuttavia è più che chiaro che simili discussioni non devono trovar posto né nella predicazione né nella catechesi.
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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.
"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]