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    domingo, 29 de abril de 2012

    Votação do aborto de anencéfalos no STF


    Blogs e Colunistas

    aborto

    13/04/2012
    às 5:45

    ABAIXO, BOA PARTE DO FANTÁSTICO VOTO DE CEZAR PELUSO

    Abaixo, o vídeo com boa parte do fantástico voto do ministro Cezar Peluso sobre o aborto de anecéfalos.

    Por Reinaldo Azevedo
    12/04/2012
    às 20:02

    Fantástico!

    Tão logo tenha a íntegra do voto de Cezar Peluso, criarei um link permanente no blogue para que ele permaneça como uma luz em favor da vida humana. Em favor do “viver, verbo intransitivo”. Ele está sendo brilhante!
    Por Reinaldo Azevedo
    12/04/2012
    às 19:34

    Peluzo está demolindo os argumentos favoráveis ao aborto. Parabéns, ministro!

    Estou me sentindo plenamente representado pelo voto de Cezar Peluso. Está sendo brilhante! Não! Ele não está evocando razões religiosas. Está falando de fundamentos do humanismo. Em setembro, faz 70 anos e deixa o tribunal.
    Seu voto está sendo demolidor. Nós ainda o conheceremos em detalhes!
    Peluso acaba de nocautear a tese em si: ora, se feto considerado anencéfalo pode ser eliminado porque viverá pouco, por que não eliminar o recém-nascido anencéfalo? O ministro dá outro exemplo: é licito eliminar um idoso em estado terminal, que também causa sofrimento à família?
    Peluzo está dizendo o óbvio, que deveria ser fundamento do humanismo: a vida humana não pode ser relativizada. É uma valor “fundante e inegociável”!
    Parabéns, ministro Peluzo!
    Resultado: 8 a 2! Entendo que a boa causa perdeu. Mais um motivo para manter a vigilância. Atrás dessa causa, virá, fatalmente, a pressão pela legalização do aborto — em qualquer caso.
    Por Reinaldo Azevedo
    12/04/2012
    às 19:13

    Celso de Mello dá o oitavo voto em favor do aborto de anencéfalos. E duas coisas reprováveis em seu voto

    Celso de Mello deu seu voto favorável ao aborto de fetos anencéfalos durante umas 18 horas mais ou menos… Eu o lerei com cuidado. Endossou a sugestão de Gilmar Mendes de que o Ministério da Saúde crie um protocolo para a identificação da anencefalia.
    Mello não trouxe argumentos novos. Há duas coisas em sua exposição que me parecem inaceitáveis, independentemente do mérito de seu voto:  a primeira é chamar aborto de “antecipação terapêutica de parto”. Por que o eufemismo? O segundo foi repetir a falácia, atribuindo-a ao médico José Aristodemo Pinotti, já morto, segundo a qual haveria entre 1 milhão e 1,5 milhão de abortos por ano no Brasil.
    Não posso assegurar que Pinotti tenha feito tal afirmação. Acredito que Celso de Mello não mentiria. De toda sorte, o ministro é inteligente o bastante para saber que tal número é mentiroso. Pinotti era um homem sério. É possível que tenha sido enganado pelas ONGs.
    Desde logo, pergunto a Celso de Mello: qual seria a base de dados para chegar a tal número?
    Os defensores do aborto poderiam fazer ao menos duas coisas: a) perder a vergonha de chamar aborto de “aborto” e b) parar de exibir números falaciosos.
    Neste momento, vota Cezar Peluso. Tudo indica que será o segundo “não”.
    Por Reinaldo Azevedo
    12/04/2012
    às 17:38

    A CRISTOFOBIA CHEGOU AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL!

    Em vários países da África e do Oriente Médio, a cristofobia é uma realidade dramática, que faz — atenção! — milhares de vítimas. Hoje, com absoluta certeza, muitas pessoas foram assassinadas apenas porque são… cristãs. E, no entanto, isso se dá sob o silêncio cúmplice da Organização das Nações Unidas e das democracias ocidentais.
    Curiosamente, ou nem tanto, boa parte dos intelectuais do Ocidente, especialmente os da esquerda europeia, discutem a “islamofobia”. Onde mesmo o Islã é perseguido hoje em dia??? As restrições impostas, por exemplo, na França a símbolos religiosos — a famosa questão do véu — valem também para os cristãos, proibidos de ostentar crucifixos em escolas.
    O mais espantoso é constatar que a cristofobia está hoje entranhada no Ocidente. No Brasil também! Ontem, todos os votos dos ministros do Supremo — a exceção foi Ricardo Lewandowski! — procuraram descaracterizar o cristianismo como um conjunto de valores que concentra valores fundamentais do humanismo.
    Encantados com a retórica antirreligiosa e no afã de declarar a laicidade do estado (como se alguém a estivesse contestando), aqueles que ontem formaram a maioria acabaram votando, na prática, pela descriminação do aborto, livre de qualquer restrição. Havia ali uma mais do que clara tentação de declarar   “quando começa a vida”. E, NO ENTANTO, ISSO NÃO ESTAVA EM DEBATE.
    Tenho notado um crescente movimento nesta direção: para desqualificar um adversário e não responder a suas eventuais ponderações, basta acusá-lo de “religioso”. Até agora, não vi uma resposta eficiente a uma questão que me parece central no debate: qual é o mínimo de vida fora do útero materno que se considera razoável para não matar o feto? “Ah, não me venha com sua crença!”  O que há de religioso na minha pergunta?
    Não, senhores! A questão não é “apenas” religiosa, não! Estamos escolhendo em que sociedade queremos viver e decidindo o que é e o que não é moralmente legítimo fazer com o humano. Desprezar como “coisa da religião” os valores cristãos num debate como esse corresponde, aí sim, ao triunfo de um fundamentalismo. Sim, eu estou empenhado em algumas causas que considero justas e humanas. Uma delas é combater, por exemplo, a crescente popularização de teses eugênicas sob o pretexto de que não se pode impor sofrimento às famílias e às crianças por nascer.
    Infelizmente, a cristofobia chegou também ao Supremo. A separação — que ninguém questiona — entre Igreja e Estado e a laicidade desse estado estão sendo usadas como pretexto para desqualificar qualquer óbice moral — por mais legítimo que seja — aprensetado pelos cristãos, como se as religiões concentrassem apenas valores ligados à fé e ao mundo transcendental e não trouxessem consigo um razoável estoque de valores humanistas.
    PS - Neste momento, Celso de Mello faz uma defesa enfática justamente da laicidade do estado. Contra quem? Espero que não comece a defender, daqui a pouco, a República, o heliocentrismo e a validade da Lei da Gravidade. O estado laico nunca esteve sob risco ou ameaça. O que está é a pluralidade, uma vez que há espécie de movimento para considerar a religiosidade não mais do que um conjunto de superstições. E isso é nada menos do que vigarice intelectual disfarçada de ilumismo.
    Por Reinaldo Azevedo
    12/04/2012
    às 16:40

    Mendes dá o sétimo voto. E uma correção

    Havia uma informação errada no post anterior. O ministro Ayres Britto já havia votado — e a maioria, portanto, já estava formada. Gilmar Mendes foi o sétimo voto em favor do aborto em caso de anencefalia.
    Mendes trouxe uma novidade ao debate: sugeriu que o Ministério da Saúde edite norma específica para a caracterização da anencefalia. A sessão foi suspensa por 20 minutos. Votará em seguida o ministro Celso de Mello, decano do tribunal. Certamente será o oitavo em favor da demanda. Depois será a vez do presidente, Cezar Peluso.
    Na segunda, escrevi aqui que a chance da unanimidade era grande. Estamos quase lá. Até agora, só Ricardo Lewandowski foi voto divergente.
    Por Reinaldo Azevedo
    12/04/2012
    às 16:15

    Aborto: Mendes deve aprovar aborto em caso de anencéfalo, mas combate discurso antirreligioso

    O Supremo retomou a votação sobre o aborto em caso de anencefalia. Está votando o ministro Gilmar Mendes.  Acredito até que vá dizer que, em caso de anencefalia, e só nesse caso no que diz respeito à má-formação, vá acolher a demanda.
    Mendes, no entanto, fez uma belíssima declaração sobre o direito que as religiões têm de se manifestar. Ontem, assistimos a um verdadeiro festival de tolices antirreligiosas no Supremo. Tão logo os votos dos ministros estejam publicados no site do STF, prometo analisar algumas barbaridades que foram ditas.
    Mendes indagou se chegará a hora em que alguém vai propor a demolição do Cristo Redentor… O ministro Luiz Fux pediu a palavra para negar o óbvio, visto ontem por todos: os ministros que se manifestaram teriam reconhecido a legitimidade das demandas religiosas. Infelizmente, não é verdade — e isso inclui o seu próprio voto.
    Mendes deve dar o sétimo voto em favor do aborto de anencéfalos, o que já forma a maioria. Ayres Britto já tinha dado o voto da maioria. Faltam agora os votos de Celso de Mello e Cezar Peluso. Discordo do voto de Mendes, como todos vocês sabem. Mas, como também já escrevi aqui, é possível fazer um debate lúcido ou um debate obscurantista a respeito. Ele faz o lúcido. Ontem, produziu-se obscurantismo de sobra no STF.
    Por Reinaldo Azevedo
    11/04/2012
    às 18:34

    Julgamento sobre aborto de anencéfalos recomeça amanhã, a partir das 14h


    O presidente do STF, Cezar Peluso, acaba de suspender a sessão que decide sobre o aborto de fetos anencéfalos. Será retomada amanhã. Como viram, só o ministro Ricardo Lewandowski, até agora, votou contra a opinião do relator, Marco Aurélio de Mello. Posicionaram-se a favor, além do relator, Rosa Weber, Luiz Fux, Carmen Lúcia e Joaquim Barbosa. Estima-se que essa também seja a opinião de Ayres Britto e Celso de Mello — perfazendo, pois, sete de dez votos.
    Lewandowski, num voto breve — e que me pareceu impecável — votou contra. Amanhã, devem votar os ministros Ayres Britto, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cezar Peluso.
    PS - Aquele texto sobre o “eufemismo” a que estão recorrendo ministros estava trucando. Já corrigi.
    Por Reinaldo Azevedo
    11/04/2012
    às 18:19

    Lewandowski dará o primeiro voto contrário ao aborto de anencéfalos

    A menos que dê um formidável cavalo de pau na opinião e decida contra os próprios argumentos, Ricardo Lewandowski vai votar contra a legalidade do aborto de anencéfalos. A tese já perdeu, sei disso.
    Sua argumentação, até agora, é impecável.
    1- Tecnicamente, deixa claro, e eu concordo, o Supremo não pode tomar uma decisão que caberia ao Congresso. Acaba de lembrar, pra começo de conversa, que “anencefalia”, em sentido estrito, não chega a existir - porque o feto não chegaria ao nascimento;
    2 - Lewandowski lembra, com correção, que o Supremo está dando um passo para permitir o aborto de fetos com má-formação, o que aponta para a eugenia.
    Sua argumentação, até agora, me parece impecável.
    Por Reinaldo Azevedo
    11/04/2012
    às 17:39

    Eufemismo a que recorrem ministros envergonha a língua e as consciências até de abortistas

    É absolutamente lamentável que os ministro do Supremo se refiram ao aborto como “antecipação terapêutica do parto”. Lamentável e, gostem disto ou não, cheira a cinismo e tripúdio.
    “Antecipação terapêutica do parto” é quando um médico antecipa o nascimento da criança — no sétimo mês de gravidez, por exemplo — em razão de algum risco sério para a mãe ou mesmo para o bebê. E o faz para garantir a vida, não para antecipar a morte.
    Não quero aqui dar uma de Luiz Fux, substituindo a argumentação pelos exemplos. Mas uma história me deixou bastante comovido. Há 15 dias, saí para tomar uns uísques com a turma de Primeira Leitura. Entre nós, um ex-editor da revista — não declino o nome porque não lhe pedi autorização — cujos filhos, um casal de gêmeos, estão agora com quatro meses.
    Nasceram antes que se completasse o sexto mês de gestação. Pesavam pouco mais de 700 gramas. A genitália da menina, me contou ele, nem estava ainda formada. O garoto teve de passar por uma cirurgia cardíaca. Ele e a mulher ficaram praticamente morando no hospital por mais de dois meses.
    Felizmente, as crianças estão fortes, saudáveis, quase já com o peso que teriam se nascidas no tempo certo. Chegarão lá. A sua alegria ao falar dos bebês e da luta para tê-los seria barateada se reproduzida em palavras.  “Ah, Reinaldo, mas havia chance para eles, ainda que não fossem tão grandes”. Sim, sei disso. Ocorre, queridos, que o que mais lastimo na argumentação dos ministros que se pronunciaram até agora é a tese de que consensos sociais — ainda que não chamem por esse nome — devem determinar o que é a vida humana. Isso abre a trilha para a terra dos mortos, como diria o poeta.
    Acho a tese ruim, como vocês sabem. Mas a argumentação, até agora, tem sido de uma superficialidade escandalosa.
    Que se tenha ao menos a coragem de chamar aborto de “aborto”, ora! O que é  “antecipação terapêutica do parto”? Seria uma cureta ou um instrumento de sucção que dialoga com a “coisa” (já que vida humana não é, aprendi hoje…) antes de fazer o seu “serviço”? Tenham paciência! Lembro que aquela dupla de “especialistas” italianos em ética (!!!)  que defendeu o infanticídio referia-se à prática como “aborto pós-nascimento”!!!
    Interessantes esses operações mentais. Notem que todos os ministros, até agora, se encarregaram de, antes de mais nada, negar o caráter humano do feto. Uma vez negado (reduzindo-o, então, apenas a uma “coisa”), cumpre ajustar a linguagem: o aborto passa a ser “antecipação terapêutica do parto”, como se a violência praticada com um suspiro fosse moralmente superior àquela praticada com um estrondo.
    Não estou comparando as ações, mas apenas evidenciando aonde essas coisas nos levam. Todos os facinorosos que praticaram o extermínio sistemático de pessoas, fosse por racismo ou para impor a “linha justa” do partido, procederam antes a esta operação mental: negar que aqueles que estão sendo mortos sejam “humanos como nós”. Ou eram “seres inferiores”, como queria o nazismo sobre os judeus, ou inimigos da “pátria socialista” e da “libertação do homem”, como queria o socialismo. Nem os genocidas e os assassinos em massa aceitam que estão matando, de forma deliberada, “o homem”. Todos eles estão matando subumanos ou coisas. Hoje em dia, parece muito razoável matar o que a “ciência” não define ainda como vida, segundo “o seu óculos”, como dira Rosa Weber…
    Em tempo: Carmen Lúcia votou também a favor, conforme antevi. O placar, de quatro a zero, é, na verdade, de sete a zero. A sessão foi suspensa por alguns minutos.

    Por Reinaldo Azevedo
    11/04/2012
    às 16:43

    Ainda que só 3 ministros tenham votado, a tese em favor do aborto de anencéfalos já é vitoriosa, conforme se havia antecipado aqui

    Neste momento, vota o ministro Luiz Fux. Abriu sua intervenção lendo a carta de um homem que relatou a própria experiência. Expôs o sofrimento de ver sua mulher dar à luz um feto anencéfalo, com direito a “caixãozinho branco” e tudo. Como é mesmo? “Verba mouent, exempla trahunt”. Os exemplos têm mais força do que as palavras — do que os conceitos. Entendo que, se é para ir para os casos concretos, um juiz isento teria também de relatar a experiência de quem enfrentou a dor e atingiu a ascese.
    Mas a isso chegamos. A tese do aborto de anencéfalos já é vitoriosa. Joaquim Barbosa ainda não votou, mas já se manifestou a favor. Assim, já temos os votos de Marco Aurélio, Rosa Weber, Luiz Fux e Joaquim Barbosa (este apenas anunciado). Celso de Mello e Ayres Britto já deram a entender que são favoráveis em outras ocasiões. Há dez ministros em plenário — José Dias Toffoli se declarou impedido —, com seis votos certos. Creio que Carmen Lúcia se alinhará com Marco Aurélio, sendo o sétimo. Não sei como votarão Gilmar Mendes, Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski. Este último não era simpático à tese em 2008. Mas já mudou radicalmente de ideia em outros julgamentos.
    Pretendo ler depois os votos dos ministros. Reitero que as sustentações feitas são, na verdade, favoráveis ao aborto em si. Eleonora Menicucci, a ministra das Mulheres, e aquela Dilma Rousseff  ”pré-conversão”, aquela que ainda era devota da “Nossa Senhyora de Forma Geral”, podem comemorar.
    Está caracterizado que a maioria da sociedade quer uma coisa, mas que o Supremo se alinha com a minoria. “É o óculos da ciência”, diria aquela ministra, abortando a gramática.
    Os abortistas podem comemorar. Já venceram a batalha contra este inimigo poderoso e ardiloso: o feto anencéfalo. Fracote, ele nem teve tempo de correr.
    Por Reinaldo Azevedo
    11/04/2012
    às 16:11

    O voto um tanto assustador de Rosa Weber e “o” óculos da ciência

    Votou há pouco a ministra Rosa Weber. Faz uma digressão sobre os paradigmas da ciência, que certamente lerei depois. O que ouvi me deixou um pouco confuso. Opôs as certezas das ciências às convicções religiosas, que seriam “autoritárias” e “dogmáticas”. A religião no banco dos réus.  Manejando a língua com a habilidade com que maneja fundamentos da filosofia e das religiões, enfatizou que a ciência é “o óculos” — ela fez até uma pausa de efeito no “o”… — com que cientistas veem o mundo. Entendo!
    Vida, pontificou a ministra, requer a evidência de “atividade cerebral”. Certo! Dado que os ditos anencéfalos têm, sim, atividade cerebral — já que um feto não teria como se desenvolver se fosse literalmente anencéfalo —, então ela deveria ter votado contra. Mas votou a favor. E que se note: o voto da ministra serve ao aborto sem outros qualificativos. Afinal, “o” óculos da ciência assegura que não há vida cerebral nas primeiras semanas da gestação.
    Acabo de ouvir a ministra defender que a sociedade pode estabelecer quais são as “capacidades físicas e psíquicas mínimas que permitam ao indivíduo ser considerado humano”. É mesmo, é?
    Pois é, ministra… É justamente aí que eu não queria ver a coisa chegar.
    Por Reinaldo Azevedo
    11/04/2012
    às 15:41

    Uma decisão sobre aborto de anencéfalos ou o envio das religiões para o banco dos réus?


    No post anterior, vocês viram que, conforme o previsto, Marco Aurélio Mello votou em favor do aborto de anencéfalos. A essência de seu argumento está exposta ali, no texto da VEJA Online. Antes que prossiga, uma observação se faz necessária. Gosto, no geral, dos votos do ministro Marco Aurélio — e, às vezes, discordo dele radicalmente, como aconteceu no caso da permanência, no Brasil, do terrorista Cesare Battisti. Não é que Mello tenha votado em favor dessa permanência. Entendeu que cabia a Lula, e só a ele, como presidente da República então, decidir. Eu me alinhei com aqueles que consideravam que não é assim. Discordar dele não quer dizer satanizá-lo — como tem virado hábito no país: há um esforço deliberado de certos grupos de pressão para esmagar a divergência. O curioso é que os “divergentes” quase sempre estão com a maioria da população. Isso significa que, cada vez mais, usa-se o território da lei para impor a vontade de uma minoria supostamente mais esclarecida. É evidente que maioria, por si, não é critério de verdade. Mas também não é sinônimo de mentira. Sigamos.
    O que me incomoda do que leio — não assisti ao voto; depois vou ler o de cada ministro — sobre a exposição do ministro Marco Aurélio é uma certa tensão, quem sabe oposição, criada entre a dignidade humana e o que seria a perspectiva religiosa, para declarar, então, que, sendo leigo, o estado não tem de se ocupar dos óbices religiosos.
    Há aí, parece-me, algumas confusões. Em primeiro lugar, a perspectiva religiosa não é, por si, contrária à dignidade humana coisa nenhuma. Para saber se é ou não, forçoso se faz analisar seu conteúdo. Em que, por exemplo, os fundamentos do cristianismo se oporiam a essa dignidade? Alguém conseguiria demonstrar algo a respeito? Duvido! O moderno humanismo tem seus pilares no cristianismo. Ignorá-lo é fazer má história; é produzir apenas ideologia sem fundamento. Sendo laico, de fato, o estado não é um procurador de religiões, mas também não deve ser seu algoz, como se tudo o que adviesse dessa experiência militasse contra valores universais. A defesa que o cristianismo faz da vida humana — sem restrições ou precondições — é ou não “universal”? Interessa ou não ao conjunto e a cada um dos homens? Na China moderna, os valores do cristianismo tornariam a vida mais arriscada ou mais segura?
    Criou-se uma falsa questão quando o aborto é debatido — seja o de anencéfalos ou não. As religiões, invariavelmente, são mandadas para o banco dos réus, passam por um processo que eu chamaria de “ilegitimação civil”, como se professar uma crença fosse fruto de um exotismo qualquer, de um desvio, quem sabe de um subpensamento, de uma categoria inferior na ordem dos valores. O nome disso é preconceito.
    No caso  do aborto — de anencéfalos ou não —, os que, como eu, advogam contra a corrente majoritária (dos grupos de pressão, não necessariamente da população; desconheço pesquisa a respeito) não cuidam de determinar se a vida é divina ou não; se ela tem início na concepção ou não. Não estamos naquele terreno cinzento entre a ciência e a fé. Trata-se de saber se a sociedade deve, dado o consenso do momento, estabelecer que vida merece ser vivida e por quanto tempo.
    Não posso assegurar que pensamento eu teria se fosse outro, é evidente. Assim, não vou aqui cair naquele truque vigarista de afirmar que “enquanto cidadão, penso tal coisa, mas enquanto cristão, penso…” Não! Sou um! Dados os fundamentos que entendo civilizados, que protegem a vida humana, repudio que seja o estado a determinar que vida deva ser vivida. Acho que isso é um retrocesso das conquistas do humanismo.
    Assim, meu caro ministro Marco Aurélio, isso que o senhor poderia chamar “perspectiva religiosa” coincide, segundo o meu entendimento e o de milhões de pessoas, com a perspectiva laica. Essa contradição entre uma coisa é outra, seja ou não esta a intenção do meritíssimo (e eu acredito que não seja, deixo claro), corresponde a uma tentativa de alijar a experiência religiosa da vida das sociedades.
    Quando isso acontecer, boa parte do que se entende por humanismo vai para o lixo. Arremato lembrando que, com efeito, guerras religiosas já fizeram muitas vítimas, como lembram constantemente alguns militantes ateus meio furibundos. Mas ninguém matou tanto quanto os estados oficialmente ateus. Se não é lícito, e não é, atribuir os milhões de mortos do comunismo, por exemplo, ao ateísmo em si, não foi a fé, também em si, que fez as vítimas dos conflitos religiosos. Mas aqui já derivo um pouco. Retomo o ponto. Precisamos decidir se, a cada questão que debatermos relativa à moral, à ética e aos costumes, será preciso, antes, exorcizar a religião para, então, tomar uma decisão que estaria pautada pela pureza.
    Esse, pra mim, é o mundo do obscurantismo da razão.
    Por Reinaldo Azevedo
    11/04/2012
    às 14:56

    Relator, Marco Aurélio vota em favor do aborto de anencéfalos

    Conforme se antecipou aqui, Marco Aurélio Mello, relator da questão, votou em favor do aborto no caso de anencéfalos. Segue texto da VEJA Online. Volto no próximo post.
    Por Luciana Marques:
    O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello deu o primeiro voto a favor do aborto de anencéfalos, ou seja, com má formação no cérebro, no julgamento desta quarta-feira. A tendência é que a maioria da corte acompanhe a posição de Marco Aurélio, que é o relator do caso. Segundo o ministro, não se trata de aborto, nem de “eugenia” (seleção genética de uma espécie), expressão que tem viés ideológico e político em sua opinião. Para Marco Aurélio, o termo adequado para o caso é “antecipação terapêutica do parto”.
    O ministro avalia que o anencéfalo não tem direito à vida, porque não possui vida em potencial. “Anencefalia e vida são termos antitéticos”, disse. “O anencéfalo jamais se tornará uma pessoa e o fato de respirar e ter batimento cardíaco não altera essa conclusão”, disse. Segundo o ministro, 75% dos anencéfalos não alcançam desenvolvimento extrauterino.
    Marco Aurélio afirmou também que a questão não deve ser discutida sob o ponto de vista religioso, mas de acordo com o princípio de dignidade humana, assegurado pela Constituição Federal. “A liberdade religiosa e o estado laico significam que as religiões não guiarão o tratamento estatal, dispensado a outros direitos fundamentais, tais como direto a autodeterminação, o direito à saúde física e mental, o direito à privacidade, o direito à liberdade de expressão, o direito à liberdade de orientação sexual”, afirmou. 
    Durante seu voto, o relator leu uma série de depoimentos de grávidas nessa situação. “O sofrimento dessas mulheres pode ser tão grande que especialistas consideram como tortura”, afirmou o ministro. Para ele, o estado não pode se intrometer na decisão da mulher de interromper ou não a gestação.
    Argumentos
    A ação foi proposta em 2004, pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), que pede que as grávidas de fetos anencéfalos tenham o direito de optar pela interrupção da gestação. O principal argumento é que os bebês com má formação do cérebro geralmente morrem durante a gravidez ou têm pouco tempo de vida.
    O advogado da confederação, Luis Roberto Barroso, disse que a continuidade da gestação de um anencéfalo deve ser uma escolha da mulher, porque representa uma “tragédia pessoal”. “Trata-se de uma tortura psicológica a que se submete essa mulher grávida de um feto anencefálico, que não sairá da maternidade com um berço, mas com um pequeno caixão e terá que tomar remédios para secar o leite que produziu”, disse.  
    Contrária à aprovação da lei, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) defende que a vida deve ser acolhida como “dom”, mesmo que seu percurso natural seja, presumivelmente, breve. “Nenhuma legislação jamais poderá tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito”, afirmou a entidade, em nota divulgada em 2008, quando foi realizada a primeira audiência pública sobre o tema.
    Por Reinaldo Azevedo
    11/04/2012
    às 6:17

    O aborto de anencéfalos - Caras e caros, mister é lutar! Não é a certeza da vitória que alimenta a convicção, mas a certeza da boa causa! Ou: Uma resposta aos intolerantes

    O Supremo Tribunal Federal decide hoje a legalidade do aborto de anencéfalos. O relator é o ministro Marco Aurélio Mello, que já deu sinais claros de que emitirá um voto a favor. Cristãos e defensores da vida de outras religiões — também ateus e agnósticos — iniciaram ontem uma vigília em frente ao Supremo. Sim, vamos perder. Diria melhor: a vida vai perder. E daí?
    Uma razão a mais para não desistir! Seremos aqueles que lutam apenas para ganhar? Somos tão frouxos, tão covardes, tão mesquinhos que nossa convicção só se alimenta da certeza da vitória? Não! A nossa convicção está assentada na justeza da nossa causa! O importante é não se calar mesmo quando o debate está interditado.
    Há formas sutilmente autoritárias de silenciar o debate ou esmagá-lo. O mais corriqueiro hoje em dia é afirmar que se está falando em nome da ciência. Ela seria uma espécie de redutor de todas as contendas, anulando quaisquer outros princípios ou realidades, como ética, moral, crenças religiosas etc. Diante dela, todo o resto estaria desautorizado. Assim, em questões que nos dividem, conviria convidar esse juiz neutro: o cientista. Sempre? Bem, imaginem a seguinte situação: quem é o melhor poeta moderno, Fernando Pessoa ou Yeats (podem botar um outro qualquer entre as alternativas)? E o melhor escritor brasileiro: Machado de Assis ou Guimarães Rosa? Ah, chamemos os cientistas. Eles saberão responder essas e outras questões. Os cientistas são como os bárbaros daquele célebre poema de Constantino Kafávis: quando eles chegarem, resolverão tudo. Não precisaremos ter moral até lá. Os bárbaros a terão por nós.
    Seria, claro, ridículo convocar a ciência para definir o melhor poeta moderno ou o melhor romancista brasileiro de todos os tempos, não? A questão é séria e ampla (!) demais para ser respondida por um conjunto de saberes supostamente inequívocos. Já com a vida humana, tudo parece mais fácil. Sim, um tanto constrangido por meu primitivismo, por este meu viés terrivelmente autoritário, atrevendo-me a falar quando deveria, obviamente, silenciar ou ser silenciado, ouso dizer que sou, sim, contrário a que seja o STF a definir a terceira situação em que o aborto seria legalmente permitido - as duas outras são em caso de estupro e de risco de morte da mãe. Não vejo como o tribunal possa acrescentar um dado novo ao Código Penal. Mas digamos que o entendimento seja o de que pode, sim, fazê-lo. A minha restrição não se restringe ao rito legal: é também de princípio.
    E é nesse ponto que o debate sempre desanda. Na minha profissão, no meio em que vivo, e dadas as pessoas com as quais me relaciono, chega a ser quase exótico que me diga “católico”. Há até quem diga: “Ah, vai, Reinaldo, não é tanto assim, né?” Eu, de fato, não sei o que é ser católico “tanto assim” ou “tanto assado”. E também não tenho ideia sobre as fantasias das pessoas em relação a isso: será que rezo, que me mortifico, que acendo velas votivas? “Usa cilício (com “c” mesmo)?”, já me perguntaram. Talvez imaginem que minha opinião em relação ao aborto tenha uma dimensão sobrenatural, com toda a cadeia de horrores consecutivos - segundo imaginam alguns -, caso eu contrarie as “determinações” de minha fé. Bem, tudo isso é bobagem e, como já disse, fantasia.
    Incomoda-me e constrange-me, aí sim, a qualidade de alguns argumentos que, acredito, degradam a vida humana, tornando-a não mais do que derivação de escolhas práticas, pragmáticas, segundo as teses influentes da hora. O cristianismo foi mesmo só essa história de horrores escrita pelos iluministas? Olhem, há uma vasta bibliografia indicando que não. E nem vou, neste texto, estender-me sobre o assunto. Eu, de fato, não me sinto à vontade - e suponho que não me sentiria nem que fosse ateu ou agnóstico, mas não tenho como prová-lo, obviamente - para decidir que vida, em que quantidade e em que condições merece ser vivida. Sinto-me um juiz insuficiente. Outros são mais sábios do que eu. Estão tão certos de sua ciência como estariam de um “budismo qualquer” (para citar Pessoa). Louvo-lhes sabedoria ou ligeireza. Mas é outra a minha natureza.
    Quando digo que a minha restrição principal nem é a religiosa, não estou, de modo nenhum ,deslegitimando aqueles que protestam e se organizam em nome da sua religião. Salvo engano - e até que não prospere, sei lá, um modelo chinês no Brasil, que tem uma igreja única: o partido -, tais manifestações fazem parte da vivência democrática. E são legitimas.
    Quando se debateu a legalização das pesquisas com células-tronco embrionárias, assistimos a um formidável show de intolerância. De quem? Dos cristãos, que se manifestaram contra? Não! Daqueles que acusavam a ilegitimidade dos protestos cristãos, acusados de maximizar a decisão, vendo nela a antessala da legalização do aborto. O então relator da questão, ministro Ayres Britto, escreveu com todas as letras:
     ”A vida humana é revestida do atributo da personalidade civil, é um fenômeno que transcorre entre o nascimento com vida e a morte cerebral”.
    E isso contou com a aprovação da maioria do tribunal. Ora, não há aí qualquer ambiguidade, há? O que ainda não foi expulso do útero, segundo o texto, vida humana não é. Não posso assegurar que se vá fazer com isso o horror, mas há aí uma janela inequívoca para ele.
    A tendência é que o STF se comporte, nesse caso, como se comportou no das células-tronco. Marco Aurélio de Mello, Celso de Mello e Ayres Britto certamente se posicionarão a favor do aborto em caso de anencefalia. É o que se pode deduzir lendo entrevistas que concederam sobre assuntos correlatos. Joaquim Barbosa, consta, também. José Dias Toffoli se declarou impedido. Os demais, não sei.
    Posso ser pessimista - e, no geral, acho uma atitude intelectualmente prudente, embora não moralmente superior ao otimismo -, mas não sou apocalíptico. Os petralhas já começaram a gritar: “Vai perder, vai perder de novo…”, como se fosse um campeonato. Não perco nada pessoalmente. Se o argumento principal que defende o aborto dos chamados fetos anencéfalos buscasse realmente preservar a mãe - ou, mais amplamente, a família - de um roteiro de sofrimento certo, eu poderia até apontar um erro de princípio, mas compreenderia a questão no âmbito de nossas (as humanas) inevitáveis fraquezas.
    Na forma como está posto o debate - mais uma vez, vai-se definir o que é “a” vida -, em vez da fraqueza que humaniza, a arrogância que constrange. Mas não é o apocalipse, não!. O humanismo prosperou em meio a adversidades. O cristianismo também. São batalhas de fôlego longo.
    Para arrematar
    Observo, finalmente, que, mais uma vez, os cristãos são acusados - e logo alguém evocará o papa em tom panfletário - de obscurantistas e autoritários porque, dizem, pretenderiam impor a sua religião a um estado leigo etc. Não pretendem nada! Eles apenas dizem o que pensam e expressam um ponto de vista, direito que assiste até mesmo a Federação Nacional dos Fabricantes de Polainas - ou será que aqueles deveriam ter menos prerrogativas do que estes?
    E noto ainda: não entendo por que a, vá lá, “nossa” aprovação, em questões como essas, é tão importante. Querem distribuir camisinhas nas escolas. E distribuem. Lamentam que os cristãos sejam contra, uma gente que vive mesmo na Idade Média… Querem distribuir pílulas do dia seguinte a meninas, mesmo sem o conhecimento dos pais. E distribuem. E dizem: “Esses cristãos são realmente do arco-da-velha” (de fato, do Arco da Velha Lei, ou da Lei da Velha Arca). Querem, e o movimento é este, legalizar o aborto, mas, antes, exigem que os cristãos entendam que etc, etc, etc. Ora, façam suas políticas - para tanto, são livres de peias num estado laico - e deixem que os cristãos se manifestem. Por que é preciso ter a nossa anuência?
    Às vezes, parece que os próprios defensores de tais práticas só se sentiriam de fato convencidos se, antes, convencessem “os cristãos”, pelos quais nutrem, não obstante, indisfarçável desprezo. Não podendo fazê-lo, então optam por outra forma sutil de censura: tentar ridicularizá-los como seres que rejeitam o aporte da ciência e que advogam um mundo de trevas.
    Assim é se lhes parece. E, no entanto, não é.
    Volto
    A parte do texto em azul foi publicada neste blog no dia
    25 de agosto de 2008. Eu o endosso inteiramente quatro anos depois. Há uma questão técnica: não cabe ao STF reformar o Código Penal — e, no entanto, vai fazê-lo. Não cabe ao STF decidir que tempo de vida pós-nascimento justifica ou não a morte do feto — e, no entanto, vai fazê-lo. Ademais, seria ingenuidade não ver na aprovação do aborto de anencéfalos a janela para a interrupção da gravidez em outros casos de má-formação do feto, numa perspectiva obviamente eugenista. Se alguém duvida que a questão aponta pra isso, veja a proposta enviada ao Senado pela tal “comissão de juristas”. Na prática, legaliza o aborto desde que seja vontade da mãe ou em caso de má-formação que impeça a futura criança de ter uma vida independente. O que isso quer dizer?
    A minha decisão é pela vida. “Mesmo que seja algumas horas, dias ou meses de vida, Reinaldo?” Isso, para mim, é questão que não se coloca. Uma sociedade que, com base num consenso de um determinado momento, estabelece que se pode matar um feto que vai viver “x horas” pode decidir, se esse consenso mudar, que serão eliminados os que estariam destinados a viver apenas “x anos”. A China, hoje, elimina, de modo sistemático, os fetos com Síndrome de Down — além de promover um morticínio de meninas.
    O aborto, que é o que pode haver de mais reacionário no que respeita ao ser humano, virou, no entanto, uma “causa progressista”. O governo Lula, se bem se lembram, chegou até a considerá-lo um dos “direitos humanos”.
    Sim, a vida vai perder hoje. E isso só nos diz como é longa a nossa luta! Nós, os que defendemos que viver é verbo intransitivo.
    Por Reinaldo Azevedo
    09/04/2012
    às 16:47

    Supremo decide nesta quarta sobre aborto de anencéfalos; cristãos se mobilizam. Ou: Escolhendo um futuro

    Vamos para temas difíceis, já que os fáceis são… fáceis! A ação que pede a descriminação do aborto de anencéfalos será julgada depois de amanhã pelo Supremo. O relator é o ministro Marco Aurélio Mello, que deve votar a favor. E seu voto deve ser referendado por ampla maioria, com uma boa possibilidade de que seja unânime. E, como já escrevi aqui, um trilha estará sendo aberta para a terra dos mortos.
    A rigor, não é o aborto dos anencéfalos que estará sob escrutínio, mas se o Brasil dá ou não o primeiro passo rumo ao estabelecimento de pré-requisitos para que uma vida seja considerada humana. É um primado da ética: ao fazermos determinadas escolhas, escolhemos em que mundo queremos viver. Elas também apontam para um sentido. O abortamento de anencéfalos, na linha de chegada, se encontra com a eugenia. É um bom caminho? Eu acho que não!
    Exagero? De modo nenhum! O STF vai decidir, depois de amanhã, apenas sobre os casos de anencefalia, mas é evidente que se estará abrindo uma janela para a interrupção da gravidez em outros casos de má-formação do feto. Embora a questão seja antiga — está no Supremo há oito anos! —, vai a julgamento num momento em que os abortistas estão mais ativos do que nunca, estimulados, como se sabe, por uma ministra das Mulheres (Eleonora Minicucci) que confessou ter sido também aborteira, com treinamento em clínicas clandestinas da Colômbia, não apenas abortista.
    Uma certa “comissão de juristas” enviou ao Senado proposta de reforma do Código Penal que libera o aborto em casos de má-formação do feto — na verdade, segundo as palavras de seu porta-voz, nos casos em que se conclui que a criança a nascer não teria uma vida autônoma… O conceito é larguíssimo. A rigor, uma criança com Síndrome de Down não tem exatamente uma vida autônoma, certo? A comissão achou pouco. Decidiu, na prática, liberar o aborto e ponto. Como o fez? A pratica seria permitida desde que essa fosse a vontade da mãe e se médicos ou psicólogos atestassem que ela não tem condições psicológicas para a maternidade. Em suma: para abortar, bastaria querer, e o sistema público de saúde teria de fazer a sua vontade. Chega-se ao absurdo de transformar o aborto numa política anticoncepcional.
    Todo o esforço consiste em transformar o feto numa “não-vida”. É preciso que ele seja reduzido a uma “coisa”, um corpo estranho ao corpo da mulher, para que lhe caiba extirpa-lo ou não. O esquerdista Vladimir Safatle, com o pensamento sofisticado de hábito, chama o feto de “parasita”. A sua ignorância em filosofia só não é menor do que a sua ignorância em biologia.
    Que o horizonte seja a eugenia e a redução da vida humana a propósitos e critérios de pura economia política, isso é óbvio. Alguns acadêmicos, como já vimos aqui, debatem abertamente a moralidade ou não do infanticídio, havendo quem sustente — não sem certa razão prática — que um feto e um bebê racém-nascido são muito semelhantes. Também acho. A diferença é que escolho a vida nos dois casos, e eles, a morte.
    Mobilização
    Cristãos do Brasil inteiro estão se mobilizando. Há um conjunto de atividades, todas elas com início às 18h de amanhã, estendendo-se noite afora e ao longo da quarta-feira, dia da decisão.

    Manifestação em frente ao STF -
    A partir desta terça, haverá uma “Vigília de Oração Ecumênica” em frente ao prédio do Supremo, em Brasília, convocada por setores da Igreja Católica. Eles convidam também ateus e agnósticos defensores da vida, que se opõem ao aborto — e os há; é mentira que essa seja apenas uma pauta religiosa.
    Vigília das dioceses - todas as dioceses estarão, nesse período, em “Vigília de Oração” em defesa da vida.
    Twitter - Os grupos em favor da vida convocam a o “twitaço vigília”: #abortonuncamais
    E-mails aos ministros - Os que se opõem ao aborto devem enviar mensagens respeitosas aos ministros do Supremo, expondo o seu ponto de vista. Seguem os respectivos endereços eletrônicos (não consegui saber o da nova ministra, Rosa Weber):
    Celso de Mello - mcelso@stf.gov.br
    Marco Aurélio de Mello - marcoaurelio@stf.gov.br
    Gilmar Mendes -
    mgilmar@stf.gov.br
    Cezar Peluso - carlak@stf.gov.br
    Carlos Britto - gcarlosbritto@stf.gov.br
    Joaquim Barbosa - gabminjoaquim@stf.gov.br
    Ricardo Lewandowski - gabinete-lewandowski@stf.gov.br
    Carmen Lúcia - anavt@stf.gov.br
    Dias Toffoli - gabmtoffoli@stf.jus.br
    Luiz Fux -
    gabineteluizfux@stf.jus.br

    Por Reinaldo Azevedo
    27/03/2012
    às 16:28

    ABORTO - Jornalista da Folha, que é cadeirante, se espanta com fala eugenista de procurador. Ou: Reacionário é legislar sobre a morte; progressista é a vida

    Jairo Marques, jornalista da Folha, é cadeirante. Ele escreve hoje um artigo no jornal sobre proposta encaminhada ao Senado por “juristas”, de que um procurador da República foi o relator. É aquele texto que defende, abertamente, o aborto caso se constate a deficiência do feto. O procurador em questão, cujo nome não é citado no artigo, é Luiz Carlos dos Santos Gonçalves. Segundo ele, caso se verifique que a  criança por nascer é portadora de “graves e incuráveis anomalias que inviabilizem sua vida independente”, o aborto tem de ser permitido. Quando escrevi a respeito, apontei o aspecto intolerante da proposta, marcada por adesão escandalosa à eugenia, muito própria dos fascismos.
    Ocorre que eu, segundo os “progressistas” e “modernos”, tenho um grave defeito: sou católico! Quando se é católico, você necessariamente tem de ser a favor do aborto (!) ou se calar a respeito para que não o acusem de estar tentando impor a sua religião aos outros. Se você é católico, não tem nem mesmo autonomia para contestar uma fala boçal e perigosa, como a desse procurador.
    Jairo, um cadeirante, se espanta com a afirmação, como me espantei. É bem verdade que ele parece flertar com o aborto, mas não estou certo. Escreve: “Dar o devido poder à mulher sobre seu corpo me parece ir ao encontro de uma sociedade moderna e justa, assim como poupá-la de gerar uma cria com chance nula de sobrevivência.” Não sei exatamente o que pretende dizer com isso. No Brasil e mundo afora, a expressão “poder da mulher sobre seu corpo” (quem é tão cretino a ponto de negá-lo?) é só uma forma eufemística e perifrástica para falar “aborto”.
    Os portadores de deficiências físicas — ou de “necessidades especiais”, como se diz no universo politicamente correto — do Brasil e do mundo inteiro fiquem atentos. Uma das formas de ser do suposto “progressismo”, hoje em dia, REDUZ, NA PRÁTICA, A HUMANIDADE DOS DEFICIENTES. No tal artigo em que aquela dupla defendia o infanticídio, a Síndrome de Down, por exemplo, era tratada como motivo mais do que suficiente para abortar.
    Muito bem: não sou mulher, não sou cadeirante, não sou “minoria”… Eu pertenço àquela que já foi uma saudável maioria: a que RECONHECIA o direito que qualquer ser humano tem à vida; a que CONSIDERAVA que a vida do homem era inviolável e que preservar esse princípio nos PROTEGIA das eventuais e mutáveis vontades do poder.
    Hoje em dia, não obstante, gente como Vladimir Safatle, também articulista da Folha, entende que a vida humana é histórica e socialmente determinada. Se, num determinado momento, a história e a sociedade, então, convergirem para a eliminação dos deficientes, por que não? Leiam o artigo de Marques. Volto para encerrar.
    *
    Estava com o pé do ouvido no rádio, quando o locutor começou a entrevistar um defensor de mudanças nas regras de não punição ao aborto, hoje restritas a salvar a vida da gestante ou para preservar a honra da mulher após um estupro.
    Em um dos pontos da fala, encafifei: dar direito a retirar o feto nos casos em que houver comprovação de que ele padece de “graves e incuráveis anomalias que inviabilizem sua vida independente”.
    O procurador da República que defendia a proposta foi categórico ao dizer que não há subjetividade possível no conceito e que ninguém irá morrer a troco de nada (uia!).
    Catei meu bloquinho de repórter e fui atrás de doutores ninjas sobre o tema. Se for pela objetividade, minha turma “mal-acabada” está na roça sem jegue e sem enxada.
    O conceito de vida independente na medicina é “a realização de atividades -motoras ou cognitivas- sem a necessidade de outras pessoas ou de instrumentos de apoio, desde que de forma segura”.
    De maneira empírica, digo que a perspectiva do que seja “independência” é fatalmente contaminada e imposta por experiências alheias àquelas de quem aprende a se virar, a criar mecanismos de compensação de não conseguir desenvolver uma tarefa física, sensorial ou intelectual.
    Digo isso a bordo de uma cadeira de rodas, veículo onde já me despejam fracassos e impossibilidades diversas que, para mim, são risíveis. O mesmo atrevo a estender às pessoas com síndrome de Down, paralisadas cerebrais, vítimas de doenças raras, prejudicados dos cromossomos e demais “anômalos”.
    Qual a expectativa de autonomia para gente que nasce só o “cotoco”? Há más-formações de nascença que fazem bebês darem as caras ao mundo sem as pernocas e sem os bracinhos.
    Ligeiramente, a tendência é achar que ficarão a vida toda em caixas de sapato recebendo papinha da mamãe e bilu, bilu do papai. Mas nada mais espetacular do que o poder da natureza, que cria atalhos no sentido lógico de viver.
    Há “cotocos” que, com o apoio da tecnologia, da reabilitação, do estímulo familiar, se transformam em mestres, em procuradores, em jornalistas, em plenos cidadãos.
    Mara Gabrilli, primeira deputada federal tetraplégica do Brasil, tem uma frase “maraviwonderful”: “Quanto mais tecnologia se oferece para a pessoa com deficiência, menos deficiências ela tem”.
    A medicina genética galopa em um puro-sangue na descoberta de genes que vão determinar até quantas vezes na vida a gente vai ter dor de cabeça, se o indivíduo vai gostar de coelhinho da Páscoa.
    Penso que os avanços são salvaguardas para preparar o porvir, para buscar soluções antecipadas. Não servem para determinar quem deve viver, quem deve morrer.
    Dar o devido poder à mulher sobre seu corpo me parece ir ao encontro de uma sociedade moderna e justa, assim como poupá-la de gerar uma cria com chance nula de sobrevivência.
    Mas assusta o bumbo do discurso pró-aborto para caminhos em que só os perfeitinhos serão aceitos. Ter um bebê fora da curva da normalidade é de chorar pelado no asfalto, mas diversidade humana tem de ser defendida além da cor da pele ou do tamanho do pé.
    Voltei
    É evidente que concordo com quase no tudo o que vai no artigo de Marques, exceção feita ao flerte que, entendo, ele ainda faz com o aborto. Não sei se entendi direito. Não especulo sobre motivações subjetivas, mas há uma possibilidade de que, afinal, ele não queira ser reconhecido como um “reacionário”, que não reconhece o “direito da mulher ao corpo”. Pensar na contramão do “consenso progressista” é um fardo enorme. Nem todo mundo topa a parada.
    O que sei, Marques, por um império da lógica, é que, se estabelecermos em que condições um feto está ou não apto a continuar vivo, um marco estará sendo criado. Como todo marco, ele é móvel. Como marco móvel, está sujeito às mudanças propugnadas por grupos de pressão. Pronto! A vida passou a ser um valor sob especulação!
    A única coisa, Marques, que nos protege — brancos, pretos, vermelhos, mulheres, homens, bichas, cadeirantes — é a vida como cláusula pétrea.
    Progressista é a vida!
    O resto é legislar sobre o direito de matar.
    Por Reinaldo Azevedo
    26/03/2012
    às 7:35

    Aborto - Vídeo com provocação contra defensores da vida some do Youtube. Mas já está de volta!

    Contei aqui a história de Elisa Gargiulo, a moça que, na quarta-feira, decidiu se imiscuir numa manifestação pública contra o aborto promovida por um grupo de católicos para, em nome das mulheres, defender a legalização da prática. Acompanhada de outras seis pessoas, ela resolveu documentar o seu ato de grande coragem e postou o filme no Youtube. Elisa não se contentou. No Facebook, denunciou:
    “Vejam no video. Foi muito agressivo o jeito que os pro-morte me intimidaram e me empurraram com seus cartazes horrorosos. Depois disso, ficaram nos perseguindo e intimidando, aos berros (…). Fiquei muito triste. Não só com a truculência mas com a quantidade ridícula de pessoas que estavam lá com a gente. (…) Fico pensando na violência que sofri hoje (…)”
    Resolvi assistir ao filme. Não houve violência nenhuma! Ao contrário. Os católicos foram extremamente educados com ela. Embora ela estivesse lá para fazer um provocação e, quem sabe, gerar tumulto para poder acusar os adversários de truculentos, nada disso aconteceu. Ao contrário. Falou-se no direito democrático de divergir — coisa que, é provável, a moça não reconhece àqueles de quem discorda.
    Devo lhes dizer que essa é uma tática de militância: seja violento e acuse o outro de violência; seja intolerante e acuse o outro de intolerância; seja preconceituoso e acuse o outros de discriminação. No primeiro grande comício dos nazistas após Hitler se tornar chanceler, 19 dias depois da tragédia, Goebbels fez um discurso em que acusava a grande imprensa de… discriminar os nazistas!!!
    A ideologia embota de tal maneira o cérebro que blogs e sites de esquerda publicavam o filme e diziam: “Vejam a violência dos católicos!”; “Olhem como os católicos são truculentos!” E escreviam essas coisas contra as evidências da própria imagem. Pois bem. Chamei aqui a atenção para o fato e não deu outra! Resolveram tirar o vídeo do ar!
    Acontece que o filme foi recuperado pelos internautas. E agora eu também fiz uma cópia. Elisa foi tratada com civilidade. E devo dizer aos católicos que este há de ser o padrão. Os provocadores vão sempre existir. Não caiam no truque. Segue o filme outra vez. Já mudei o arquivo do post original. Volto em seguida.
    Somos aqueles que se opõem à cultura da morte e da violência. Por isso, deixo claro que não publicarei eventuais comentários com agressões à moça. Eu torço é para que ela abandone seu equívoco; para que não carregue na memória, vida afora, o peso de defesa tão nefasta.
    Por Reinaldo Azevedo
    25/03/2012
    às 8:57

    Safatle, “inteliquitual” que integra o grupo pró-Haddad, defende o aborto e chama feto de “parasita”. Ele não vê a diferença entre uma criança por nascer e uma lombriga. Ou: “Inteliquitual” vermelho do nariz marrom!

    Vocês se lembram de Vladimir Safatle? Ele voltou a atacar. Achou que era chegada a hora de chamar fetos humanos de “parasitas” para demonstrar que é um homem corajoso.
    Vladimir Safatle? Vamos relembrar.
    É aquele professor de filosofia da USP que força uma semelhança física com Lênin (sabem como é, ambos são “Vladimir”…) na certeza de que uma eventual parecença de ideias depõe a favor de sua moral. É bem verdade que o Vladimir russo daria um pé no traseiro do Vladimir uspiano. Afinal, se a memória não me falha — e não me falha nunca! —, aquele era um crítico declarado do terrorismo; considerava que tal prática colaborava com a causa dos “reacionários”. Já o nosso filósofo (ou melhor: deles!) escreveu um texto asqueroso, seguindo a trilha de Slavoj Zizek (um bandido disfarçado de intelectual), emprestando ao terror a condição de força política que tem de ser levada em conta. Safatle não sabe a diferença entre um ato terrorista e um peido (e seria nenhuma, não fossem os mortos), daí que defina assim os terroristas: “sujeitos não-substanciais que tendem a se manifestar como pura potência disruptiva e negativa”. O terrível é que “sujeitos não-substanciais” matam crianças substanciais, como se viu na França.
    Muito bem! Safatle também é aquele amigo de invasores de áreas públicas. Onde houver um “occupy”, lá está ele emprestando as suas luzes. Curiosamente, só não apoiou o movimento “occupy a fazenda do papai”. Quando as terras de sua família foram invadidas em Goiás, seu pai entrou com um pedido de reintegração de posse e chamou a polícia. Contei a história aqui. Safatle, o apoiador dos invasores radicais da reitoria da USP, “intelequitual” que dá piscadelas para o terror, não disse uma palavra em favor dos sem-terra que estavam literalmente em seu quintal. Abusando da nossa paciência e do latim, ele afirmou que não responderia a meu texto (dizer o quê???) porque eu teria recorrido a argumentos “ad hominen”! Seu latim não é menos capenga do que seu português. O certo é “ad hominem”.
    Vamos seguir. Um leitor me envia um link de uma coluna sua sobre o aborto, publicada na semana passada na revista “Carta Capital”. É aquela publicação que só existe em razão do anúncio de estatais e que pretende ensinar a esquerda a se comportar como esquerda. Uma mudança e tanto na carreira de Mino Carta! De puxa-saco de generais da ditadura (depois, de Orestes Quércia), passou a oráculo do regime petista — e com ambições de estar à esquerda do próprio Lula!!! Ninguém sabe protestar a favor do poder como ele! Mas voltemos a Safatle, outro trabalhador incansável da mina de tolices chefiada por Zangado. Em vermelho, segue a sua coluna. Comento em azul.
    Claramente a favor do aborto
    Como vocês verão, Safatle acha que seus colegas de esquerda são muito moles na defesa do aborto. Isso explica o “claramente” do título.
    Há algum tempo, a política brasileira tem sido periodicamente chantageada pela questão do aborto. Tal chantagem demonstra a força de certos grupos religiosos na determinação do ordenamento jurídico brasileiro, o que evidencia como a separação entre Igreja e Estado está longe de ser uma realidade efetiva entre nós. Uma das expressões mais claras dessa força encontra-se no fato de mesmo os defensores do aborto não terem coragem de dizer isso com todas as letras.
    Entendo que ele acusa muitos de seus parceiros de esconder o que realmente pensam, o que não deixa de ser verdade, né? Safatle cobra deles que sejam corajosos, como ele próprio, na sua luta contra o feto. É mesmo um bravo!!! Não consta que algum feto tenha reagido até hoje. O “inteliquitual” está insatisfeito com a influência dos cristãos na política, o que o leva a afirmar que não existe separação no Brasil entre Igreja e Estado — uma mentira escandalosa. Curioso! Nunca o vi criticar, por exemplo, a teocracia do Hamas na Faixa da Gaza ou a do Hezbollah no Sul do Líbano. Ou a do Irã. De Israel, por exemplo, ele não gosta. Entendo! Tudo compatível com quem escreve uma resenha dando piscadelas ao terrorismo. Sigamos com ele.
    Sempre somos obrigados a ouvir afirmações envergonhadas do tipo: “Eu, pessoalmente, sou contra, afinal, como alguém pode ser a favor do aborto? Mas esta é uma questão de saúde pública, devemos analisá-la de maneira desapaixonada…”
    Quem fez afirmação parecida foi Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Safatle integra o grupo de “inteliquituais” que apoiam o petista. Isso, Safatle! Convença Haddad a dizer o que realmente pensa a respeito!
    Talvez tenha chegado o momento de dizermos: somos sim absolutamente a favor do aborto. Há aqui uma razão fundamental: não há Estado que tenha o direito de legislar sobre o uso que uma mulher deve fazer de seu próprio corpo. É estranho ver algumas peculiaridades brasileiras. Por exemplo, o Brasil deve ser um dos poucos países onde os autoproclamados liberais e defensores da liberdade do indivíduo acham normal que o Estado se arrogue o direito de intervir em questões vinculadas à maneira como uma mulher dispõe de seu próprio corpo.
    Safatle é bobo de dar pena — e me compadeço ainda mais dos seus alunos. Indago, de saída, que “nós” é esse em nome do qual fala. É plural majestático ou já é a voz da legião, como os demônios? Afirmar que não há estado “que tenha o direito de legislar sobre o que uma mulher deve fazer do seu próprio corpo” é só uma generalização grosseira. Estados os mais democráticos “legislam” (se ele quer essa palavra) sobre o corpo. A venda de órgãos, por exemplo, é proibida no mundo inteiro, embora praticada nas sombras. Seria o caso de legalizá-la? O filósofo frauda um mínimo de honestidade intelectual ao dar de barato que o aborto é apenas uma questão de direito da mulher ao corpo. Ora, os que se opõem à legalização combatem justamente esse ponto de vista. Chega a ser engraçado que ele convoque os valores liberais, como se não os abominasse, em favor de sua tese.
    Há duas décadas, a artista norte-americana Barbara Kruger concebera um cartaz onde se via um rosto feminino e a frase: “Seu corpo é um campo de batalha”. Não poderia haver frase mais justa a respeito da maneira com que o poder na contemporaneidade se mostra em sua verdadeira natureza quando aparece como modo de administração dos corpos e de regulação da vida. Esta é a função mais elementar do poder: fazer com que sua presença seja percebida sempre que o indivíduo olhar o próprio corpo.
    É uma mistura de Foucault, o tarado pelos aiatolás, com safatlismo. E qual seria a “verdadeira natureza” do “poder na contemporaneidade”? Ele não diz porque essa maçaroca de conceitos mal digeridos não quer dizer absolutamente nada.
    Nesse sentido, não deixa de ser irônico notar como alguns setores do cristianismo, como o catolicismo e algumas seitas pentecostais, parecem muito mais preocupados com o corpo de seus fiéis que com sua alma.
    Que sentido??? Não fosse a má fé, a ignorância de Safatle seria quase comovente. No cristianismo, corpo e alma são elementos distintos, mas que se expressam como uma unidade. Esse cara não sabe o que fala. A inviolabilidade do corpo, já demonstrei aqui em outros textos, é uma conquista do cristianismo, que serviu, nos primeiros tempos, como proteção às mulheres — daí que elas tenham sido as primeiras a aderir à religião. O aborto forçado era, então, a principal causa de morte feminina. Sigamos.
    Daí a maneira como transformaram, a despeito de outros segmentos do cristianismo, problemas como o aborto, a sexualidade e o casamento homossexual em verdadeiros objetos de cruzadas. Talvez seria interessante lembrar: mesmo entre os cristão tais ideias são controversas. Os anglicanos não veem o aborto como um pecado e mesmo entre os luteranos, embora se digam contrários, ninguém pensaria em excomungar uma fiel por ela ter decidido fazer um aborto.
    Gente que escreve “talvez seria” mereceria, naquele círculo de que Dante esqueceu, ser eternamente chicoteado pelo modo subjuntivo!!! Em tese, a profissão deste rapaz é pensar. Com esse domínio precário da língua? Só faltou Safatle notar que os anglicanos são favoráveis ao divórcio…
    Por que os católicos ou pentecostais deveriam se pautar pela, vá lá, maior liberalidade de anglicanos e luteranos e não o contrário é um desses mistérios que essa gramática perturbada guarda para si. Mas atenção que agora Safatle, o corajoso, está chegando perto de seu grande momento.
    É claro que se pode sempre contra-argumentar dizendo que problemas como o aborto não podem ser vistos exclusivamente como uma questão ligada à autonomia a que tenho direito quando uso meu corpo. Pois haveria outra vida a ser reconhecida enquanto tal. Esse ponto está entre os mais inacreditáveis obscurantismos.
    Huuummm… Então vamos aprender com as luzes.
    Uma vida em potencial não pode, em hipótese alguma, ser equiparada juridicamente a uma vida em ato.
    Gosto quando ele é assim, sentencioso, como se estivesse recebendo uma revelação divina. Em primeiro lugar, as religiões não cuidam da questão jurídica. O aborto continua interditado aos católicos, caso obedeçam a sua Igreja, mesmo nos países em que a prática é legalizada. Em segundo lugar, “vida em potencial” é uma boçalidade do safatlismo. Trata-se de vida — e de pessoa potencial! Ou como chamar aquilo? Ele vai fazer uma sugestão. Preparem-se.
    Um embrião do tamanho de um grão de feijão, sem autonomia alguma, parasita das funções vitais do corpo que o hospeda e sem a menor atividade cerebral não pode ser equiparado a um indivíduo dotado de autonomia das suas funções vitais e atividade cerebral.
    Pois é… E pensar que Safatle já foi um parasita!!! Foi? Ainda veremos. Quem é que “equipara” fetos e embriões a indivíduos já nascidos? Ninguém! Safatle é craque em desancar as teses que ele mesmo inventa! Agora ele vai cair de boca na defesa do totalitarismo. Sabem como é Vladimir…
    Não estamos diante do mesmo fenômeno. A maneira com que certos grupos políticos e religiosos se utilizam do conceito de “vida” para unificar os dois fenômenos (dizendo que estamos diante da mesma “vida humana”) é apenas uma armadilha ideológica. A vida humana não é um conceito biológico, mas um conceito político no qual encontramos a sedimentação de valores e normas que nossa vida social compreende como fundamentais.
    Eis aí! Chegamos ao ponto! Se a vida humana é só “um conceito político” que expressa “valores e normas que nossa vida social compreende como fundamentais”, entende-se que deslocamentos e mudanças de valores da sociedade podem redefinir, então, o que é e o que não é “vida humana”. A Alemanha hitlerista, por exemplo, estabeleceu praticamente um consenso sobre a não-humanidade — ou subumanidade — dos judeus. A URSS stalinista estabeleceu um consenso sobre a não-humanidade dos “inimigos da revolução” (e também dos judeus, claro…). O Khmer Vermelho estabeleceu um consenso sobre a não-humanidade de todos os mamíferos bípedes que não tinham o corpo coberto de pelos. Cada um desses consensos se encarregou de eliminar milhões de não-pessoas porque, afinal, naquele momento, o “conceito político” permitia. Na China contemporânea (e jamais moderna), fetos do sexo feminino são abortados porque… fetos do sexo feminino! Basta isso. É o “conceito político” influente.
    Grande inimigo da tirania do divino, Safatle não aceita nada que não seja a tirania do homem contra o homem. O curioso desse pensamento estúpido, desinformado, feliz com a própria ignorância, é que ele remete, com efeito, aos primeiros dias do cristianismo. A palavra de Cristo só frutificou porque se estabeleceu contra os consensos daqueles tempos, contra os “conceitos políticos” vigentes, que matavam homens — e especialmente mulheres — como moscas.
    De fato, ali onde Safatle vê um “parasita”, nós vemos não “vida em potencial” — expressão de uma soberba burrice —, mas vida. Vida que é, aí sim, “pessoa em potencial”, que já traz consigo todos os elementos da maravilha e da dor de existir. Ali podem estar um novo Hitler ou um novo Shakespeare. O mais provável é que esteja um dos bilhões de anônimos do mundo. Eu estou entre aqueles que querem proteger o homem das tiranias. Eu estou entre aqueles que rejeitam que o poder de turno, em nome dos consensos forjados por maiorias violentas ou minorias influentes, diga quem tem e quem não tem o direito de existir.
    Não por acaso, a defesa da eugenia voltou a ser feita mesmo em meios acadêmicos ditos respeitáveis, como consequência da decadência ética da ciência. Falamos aqui sobre aqueles dois tarados morais que defenderam o infanticídio num jornal inglês de ética médica. Sua argumentação é absolutamente compatível com a de Safatle. Os recém-nascidos, dizem, ainda não têm relações sociais estabelecidas, estão desconectados da vida social, não estabeleceram vínculos morais com ninguém. Matá-los, caso as mães assim o queiram, seria nada mais do que um “aborto pós-nascimento”.
    Safatle escreve mal, pensa mal e é de uma ignorância assombrosa. O trecho abaixo demonstra que é também descuidado. Não direi que o argumento é ginasiano porque não quero ofender a meninada. Leiam:
    Se dizemos que alguém desprovido de atividade cerebral está clinicamente morto, mesmo se ele conservar grande parte de suas funções vitais ainda em atividade graças a aparelhos médicos, é porque autonomia e autocontrole são valores fundamentais para nossa concepção de vida humana.
    Bem, noto que aí vai, de acordo com aquela dupla, a justificativa essencial para o infanticídio. Safatle está com eles. Um recém-nascido não tem nem autonomia nem autocontrole. Logo… A comparação que faz é um absoluto despropósito. O futuro de um corpo cujo cérebro esteja morto é a morte. No embrião ou no feto, o que se tem é vida. Mas por que devemos esperar que  um esquerdista autêntico saiba a diferença entre a vida e a morte?
    Assim, quando certos setores querem transformar o debate sobre o aborto em uma luta entre os defensores incondicionais da vida e os adeptos de alguma obscura cultura da morte, vemos a mais primária tentativa de transformar a vida em um conceito ideológico. Isso se admitirmos que será necessariamente ideológico um discurso que quer nos fazer acreditar que “as coisas falam por si mesmas”, que nossa definição de vida é algo assentado nas leis cristalinas da natureza, que ela não é uma construção baseada em valores sociais reificados.
    O mais espantoso é que Safatle usa expressões que passam a impressão de que ele demonstrou alguma tese ou argumentou de forma eficaz. Sim, senhor! Trata-se do confronto entre os defensores incondicionais da vida e os adeptos da cultura da morte — obscurantista, mas não obscura. Embora existam conservadores favoráveis ao aborto, a luta política em favor de sua legalização, a sua transformação numa causa, é um propósito das esquerdas — as mesmas cujas utopias se assentam numa pilha de milhões de cadáveres. Por quê? Ora, porque, sabem, a vida é uma “construção baseada em “valores sociais reificados”, pouco importa a droga que essa “pseudice” subacadêmica queira dizer.
    Levando isso em conta, temos de saudar o fato de alguns arautos do conservadorismo pretenderem colocar tal questão na pauta do debate político brasileiro e esperar que existam algumas pessoas dispostas a compreender a importância do que está em jogo. Desativar as molas do poder passa pela capacidade de colocá-lo a uma distância segura de nossos corpos.
    O que diabos terá querido dizer esse rapaz com essa frase final? Sei lá. Safatle tentou “desativar as molas do poder” violando, por exemplo, a lei e promovendo um comício em favor de Dilma dentro da USP. Há dias, ele foi jantar com Haddad, num encontro de “inteliquituais”, para, claro!, desativar outras “molas do poder”. Ele participa da articulação da extrema esquerda uspiana que tenta depor o reitor mais competente que a universidade teve em décadas… Só encontramos esse “arauto do progressismo” sendo cavalgado pelo poder. Sugiro que não desative as molas. Pode fazer mal para a sua coluna.
    Para encerrar: o pior de todos os parasitas, hoje em dia, é o “inteliquitual” de universidade pública, pago com o dinheiro do povo para pensar com independência, que se transforma em esbirro de partido político, em mero apparatchik. Já conhecemos o subjornalismo vermelho de alma marrom — a turma do JEG. A praga da universidade é o intelectual vermelho de nariz marrom.
    Levanta e anda, Vladimir Safatle! Coragem!
    Por Reinaldo Azevedo
    24/03/2012
    às 7:23

    UM “NÃO” AO ÓDIO, À VIOLÊNCIA E À CULTURA DA MORTE!

    Dois meliantes morais foram presos porque faziam um site asqueroso, em que incitavam a agressão a negros, mulheres, judeus, cristãos, homossexuais e a qualquer um que discordasse das barbaridades que escreviam. No rol de suas boçalidades, que inclui a defesa da pedofilia, também constavam alguns ataques à esquerda, o que bastou para que alguns idiotas — que são nada menos do que o oposto complementar desses dois delinquentes — os tachassem de “direitistas”. Não! Direitista era Winston Churchill. Direitista era Charles De Gaulle. Direitista era Konrad Adenauer. Esses dois são apenas candidatos a bandidos. Eles pertencem à mesma escória moral que, num outro nicho de opinião, invade e depreda prédios públicos; prega abertamente a agressão a adversários ideológicos; defende, como movimento organizado, o assassinato de fetos; faz a apologia do consumo de drogas (embora elas sejam hoje um flagelo, que destrói milhares de famílias pobres); defendem o terrorismo — há gente escrevendo artigo em jornal afirmando a legitimidade do terror — e, como vimos, já chega ao paroxismo de defender o infanticídio.
    Os dois grupos certamente se querem muito diferentes; um acredita que o outro é seu inimigo ideológico; um pretende que o outro queira o avesso dos seus anseios. Mas essa é uma falsa contradição. Agora como antes, eles têm a mesma natureza. Os dois grupos são incompatíveis com um mundo que garante as liberdades públicas, os direitos individuais e a vida. Igualam-se no culto à morte, na defesa do ódio redentor, na certeza de que é preciso eliminar o outro para sobreviver. Eles estão juntos! Como estiveram juntos fascismo e comunismo. Um atribuía ao Estado a tarefa de eliminar os cidadãos, suas vontades, sua individualidade; o outro, ao partido.
    NÓS, MINHAS CARAS E MEUS CAROS, NÓS, SIM, SOMOS O POLO OPOSTO DESSES AMIGOS QUE SE DETESTAM. Eles querem eliminar seus adversários. Nós queremos debater com os nossos. Eles querem usar a morte como instrumento de regulação das demandas sociais. Nós só aceitamos usar a vida. ELES QUEREM DEBATER QUANDO É LÍCITO MATAR O HOMEM E CRIAR AS REGRAS DO BOM HOMICÍDIO. Nós acreditamos que o corpo humano é divino e dizemos: matar é ilícito. E àqueles que não creem, então sugerimos que considerem o corpo humano… humano! Mas de uma humanidade intransitiva, que não pede complementos para ter direito de existir.
    Se há ateus e agnósticos dispostos a abraçar esse humano intransitivo — homem, mulher, bicha, preto, branco, vermelho, com todos os seus defeitos… —, se há ateus e agnósticos dispostos a abraçar esse “homem”, então nós, os cristãos, os chamaremos de nossos “irmãos”. Porque o nosso compromisso é com a vida! Ainda voltarei a este assunto muitas vezes.
    Aqueles que nos atacam porque defendemos incondicionalmente a vida haverão certamente de nos explicar o que, afinal de contas, faz de um homem… um homem! Dizem eles: “É a sua história; o conceito de humano é uma construção historicamente determinada”. Se é assim, que miseráveis e precários nós somos! Entende-se por que os dois grandes totalitarismos do século passado mataram, por baixo, 130 milhões de pessoas. Naquele momento, “a construção histórica” dizia que os homens não tinham o direito de viver como homem — na verdade, nem mesmo o direito de morrer como tal.
    Resistiremos em defesa da vida. Resistiremos à cultura da morte.
    Abaixo, vou lhes narrar um episódio e publicar um vídeo que está no Youtube. Façam cópia. Na quarta-feira, um grupo de católicos foi à praça manifestar-se contra a legalização do aborto no país, que vários grupos pretendem implementar por via infraconstitucional, desrespeitando a letra explícita da Carta que protege a vida. Pois bem. Uma jovem chamada Elisa Gargiulo, identificada como vocalista e guitarrista da banda feminista “Dominatrix”, resolveu, digamos, “trolar” o ato com um cartaz em favor do aborto — e do erro de regência (uma gramática entre um solo e outro não lhe fará mal).
    Observem a tolerância dos oradores com quem estava ali para fazer uma provocação — afinal, ela poderia, em outro lugar daquela mesma praça, manifestar-se. Ninguém encosta a mão nela, nada! E é assim que deve ser. Comecei cedo nesse negócio de protesto, e a regra nº 1 é jamais ceder à tentação de reagir a agentes provocadores — ou estaremos fazendo o que eles querem. Obervem que há uma silenciosa guerra de cartazes. Nada mais do que isso! Um de nós que decidisse fazer um contramanifesto num ato deles correria o risco de ser espancado. Vejam o filme — feito, como se nota, pela turma dela, pra dar destaque à sua grande “coragem”. Volto depois para lhes contar como essa moça relatou esta cena no Facebook.
    Voltei
    Muito bem! Lembram-se daquela estudante profissional da USP que provocava os policiais, ofrendia-os, e depois gritava: “Estou sendo agredida!”? Pois é… Assim agiu Elisa Gargiulo. No Facebook, ela narrou deste modo a cena que vocês acabaram de ver — e que ela própria ou algum admirador seu pôs no Youtube:
    “Vejam no video. Foi muito agressivo o jeito que os pro-morte me intimidaram e me empurraram com seus cartazes horrorosos. Depois disso, ficaram nos perseguindo e intimidando, aos berros (…). Fiquei muito triste. Não só com a truculência mas com a quantidade ridícula de pessoas que estavam lá com a gente. No total eram 7 pessoas se posicionando a favor da legalização do aborto e contra a morte das mulheres. 7 pessoas. (…) Fico pensando na violência que sofri hoje e quantas mulheres morreram pra que tivéssemos o direito de protestar e senti certa raiva de quem não bota a cara nas ruas, ficam apenas nas redes sociais. A luta é difícil, eu sei, mas nada vai vir via tuitadas. Estamos lutando pelas vidas das mulheres.”
    Elisa chama de “pró-morte” os que se opõem ao aborto porque, segundo ela, está defendendo a vida das mulheres. Se a gente lhe perguntar quantos abortos são feitos por ano no Brasil, é bem capaz que diga: 1 milhão! É mentira! Caso perguntemos quantas mulheres morrem em decorrência do aborto, aposto que dirá: 200 mil! É uma mentira ainda mais escandalosa.
    Não! Não houve empurrões, como se vê. Se, depois daquilo, houve alguma manifestação violenta, por que ela optou por filmar apenas a reação pacífica? Ora… Ao contrário: os oradores apelaram à tolerância dos manifestantes. Sou capaz de apostar que essa moça está entre aqueles que acreditam que os que se opõem ao aborto não deveriam ter nem sequer o direito de se manifestar.
    Moderação
    Enfrentaremos as falanges do ódio, de todos os ódios, com a flama da convicção e a fleuma da temperança. Não permitirei uma só agressão verbal a essa moça porque o seu caminhar, registrado pela câmera, demonstra a sua disposição para ser uma espécie de “mártir”. De quem? Dos defensores da vida? Não será, não, menina! Você só é vítima de sua própria intolerância. Se alguém invadisse o palco quando a banda Dominatrix estivesse se apresentando para dizer que seu som não presta, Elisa certamente consideraria isso uma agressão a seus direitos. Mas não vê nada de errado em invadir a manifestação daqueles a quem se opõe e de incitar outros a fazer o mesmo.
    Talvez Elisa aprenda um dia o valor da democracia e da tolerância. Talvez não. Mas nós seremos para ela professores exemplares. Que a paz uma dia chegue a seu coração, Elisa! E que seu bonito rosto perca esse ar triste. Há causas, menina, que pesam no espírito humano como uma condenação antecipada.
    Por Reinaldo Azevedo

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    Immaculata mea

    In sobole Evam ad Mariam Virginem Matrem elegit Deus Filium suum. Gratia plena, optimi est a primo instanti suae conceptionis, redemptionis, ab omni originalis culpae labe praeservata ab omni peccato personali toto vita manebat.


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    'A Lógica da Criação'


    Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim




    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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