sexta-feira, 1 de junho de 2012

LEIAM ABAIXO



Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
01/06/2012
às 7:12

LEIAM ABAIXO

No Ratinho, Lula rói a Lei Eleitoral, os fatos, as instituições, o decoro, o bom senso… É o passado que insiste em não passar; é a rabada privada paga com a rabada pública!;
Um certo Paulo Nogueira pede a minha cabeça à Editora Abril. Ou: O bravo quer sair da obscuridade às minhas custas. Pois não!;
Gilmar questiona uso de dinheiro público por blogs e sites para atacar instituições;
Love is in the air… “Haddad, manda um beijão para o Chalita”;
Novo tombo da indústria reforça sinais pessimistas;
Bovespa tem em maio o pior mês desde outubro de 2008;
Cheques que pagaram casa vendida por Perillo são de conta que recebeu depósito da Delta;
Jornalista diz que recebeu de Cachoeira por serviço eleitoral prestado a Perillo; governador diz desconhecer caso;
Dá com uma das mãos e tira com a outra - Os novos aumentos de impostos para compensar a redução no setor automotivo;
O PT, que sabe muito bem como o dinheiro público financia o JEG, decide perseguir uma revista, acusada de ser… tucana!;
Deputado petista recorre a vocabulário de jagunço e pistoleiro para se referir a ministro do STF;
A ministra Menicucci, aquela do “faça você mesma o seu aborto”, e o apoio à “marcha das vadias”;
A pornográfica disputa no PT de Recife. Ou: O que ocorre quando a herança leninista é interpretada por Lula e Humberto Costa, sob os auspícios de Eduardo Campos;
Violência retórica na CPI e estrelismo só colaboram com os acusados;
Está em curso uma operação para tentar desestabilizar Mendes e forçá-lo a se declarar impedido de julgar o mensalão. Ou: Desavergonhados, petistas proclamam por aí ter quatro votos certos pela absolvição da súcia;
Eu quero debater Maquiavel com a senadora Marta Suplicy; parece que ela fez uma leitura muito particular do autor;
Tumulto e bate-boca na sessão com Demóstenes na CPI. Ele mesmo escolheu ficar calado;
Nunca ninguém elogiou a ditadura com tanto entusiasmo, denodo e servilismo como Mino Carta. E posso provar o que digo, é claro!;
Criticar Gilmar Mendes corresponde a punir a vítima. Ou: Cedendo ao gangsterismo, que chegou à Wikipédia;
Uma palavra de ordem para a esgotosfera: “Culpem o Serra!”;
Gilmar Mendes está mesmo de parabéns! Agora é um estafeta do ditador Hugo Chávez que protesta contra ele!
Por Reinaldo Azevedo
01/06/2012
às 6:59

No Ratinho, Lula rói a Lei Eleitoral, os fatos, as instituições, o decoro, o bom senso… É o passado que insiste em não passar; é a rabada privada paga com a rabada pública!

Caros, o texto ficou longo (grande novidade!!!), mas acho que dá conta de quase todos os aspectos daquele grotesco espetáculo de ontem à noite. Avaliem. Se gostarem, espalhem.
*
Há dias a transgressão à Lei Eleitoral estava anunciada. Lula daria a sua primeira entrevista depois de deixar a Presidência da República ao Programa do Ratinho, do SBT. O SBT é a emissora do empresário e ex-banqueiro Silvio Santos, cujo banco, o Panamericano, quebrou, deixando um rombo de R$ 4,3 bilhões na praça. Isso deveria lhe ter custado o patrimônio pessoal e empresarial. Mas saiu ileso, sem gastar um centavo. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um jeitinho. Foi um dos maiores escândalos financeiros do país. Voltarei ao ponto mais abaixo. Pois bem: os petistas anunciavam, e a imprensa noticiava: a “entrevista” ao apresentador Ratinho será a primeira de uma série de aparições do ex-presidente em programas de TV para tentar catapultar a candidatura de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo. Ou por outra: o desrespeito à Lei Eleitoral estava sendo, por espantoso que pareça, anunciado. Fazia-se a crônica do crime antes mesmo de ele acontecer. E assim se deu. Só não se esperava que pudessem ir tão longe — aposta sempre perdida quando se trata de Lula. E foram! Haddad, em pessoa, apareceu a tiracolo, para ter suas virtudes exaltadas por Lula e para tentar, ele mesmo, com peculiar ruindade, vender o seu peixe. Um escracho! Um acinte! Um deboche! A maracutaia que livrou a cara e o bolso de Silvio Santos vivia ali mais um capítulo das compensações, da política do “é dando que se recebe”.
Ataque boçal e antidemocrático
Lula — com o concurso do SBT, é evidente! — não foi além do aceitável apenas quando apareceu com seu candidato, um notável desajeitado, que mal escondia a condição de boneco de mamulengo. A certa altura do programa, Ratinho perguntou — com aquela falsa espontaneidade que, admita-se, o apresentador encarna muito bem — se o petista admitia voltar a se candidatar à Presidência da República. Depois de afirmar, obviamente, que Dilma tentará a reeleição, que está fazendo um trabalho extraordinário, não se conteve: “Se ela não quiser ser candidata, vou ser. Não vou permitir que um tucano volte a ser presidente do Brasil”. Ainda que a resposta pareça banal na sua boca e, até certo ponto, esperada, é bom que se destaque: não há democracia respeitável no mundo que aceite uma intervenção como essa. Lula transforma um dos partidos de oposição num anátema, como se, na Presidência, tivesse feito um mal ao Brasil. É essa abordagem verdadeiramente criminosa que o petismo tem da política que me causa — a mim e a quantos possam prezar o regime democrático — repúdio. Ratinho, com Haddad ali presente, numa programa que tinha justamente o objetivo de tirá-lo da obscuridade eleitoral, não perdeu tempo. Olhou para as câmeras e disparou:
— Zé Serra, cê tá ralado!
O empresário Ratinho, dono de concessões de emissoras de televisão, de tonto só tem o andado e o jeitão. É espertíssimo. Sabe que o tucano José Serra é candidato à Prefeitura de São Paulo e, pois, adversário de Haddad, não à Presidência. Mas estava ali prestando um serviço. Lula havia dado a Silvio Santos, afinal, quando fez a maracutaia do Panamericano, bem mais do que aquilo. A dívida, aliás, é impagável!
Pagando a rabada de Ratinho com a rabada do povo
Lula está com a aparência doentia, ainda bastante inchado e rouco, mas o caráter, o que ele tem, já está cem por cento. Nos primeiros instantes de programa, contou que havia prometido a entrevista ao apresentador porque eram amigos pessoais: “Já comi rabada na casa do Ratinho, e o Ratinho comeu rabada na Granja do Torto”. O valor de uma e de outra é certamente irrisório, mas não o simbolismo. O apresentador pagou a iguaria que ofereceu a Lula com seu próprio dinheiro, e Lula pagou a que ofereceu a seu amigo com o nosso. Mutatais mutandis (e põe uma montanha de “mutandis” aí…), o acordão do Panamericano foi uma rabada pública de dimensões pantraguélicas! Mas ainda não é a hora de falar disso. Sigamos.
O país de Lula é assim, fraterno, feito de amizades, compadrios, arranjos, acertos, conversas ao pé do ouvido, transgressões legais, artimanhas, manhas, arranjos à socapa, ilegalidades à sorrelfa, cochichos… À guisa ainda do troca-troca de rabadas, repetiu uma das divisas da República da Companheirada:
“Eu costumo dizer que um irmão nem sempre é um grande companheiro, mas que um companheiro é sempre um grande irmão”.
Na plateia, o irmão Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo (com os cabelos tingidos, mais negros do que as asas da graúna) e, claro!, Haddad, que logo seria chamado para uma das cadeiras dos entrevistados.
O câncer e o ataque a quem tem plano de saúde privado
Aí chegou a hora da exploração eleitoreira do câncer. Lula fez digressões sobre a sua boa saúde até então, sem tomar remédios — no máximo, disse, ingeria uns Engovs para minimizar os efeitos da “marvada pinga” —, até que recebeu a notícia da doença. Fez um resumo até bem-humorado das dificuldades para, ora se não faria isto!, atacar aqueles que votaram contra a CPMF e, pasmem!, os brasileiros que têm plano privado de saúde! O homem que se tratou num dos hospitais mais equipados e caros do mundo — teria sido tudo pago por seu plano de saúde??? — tem clara noção do contraste entre o tratamento que ele recebe e aquele dispensado por seu governo à população pobre, certo? Quem é o responsável por isso? Ora, os que votaram contra a CPMF! “Se a gente quiser que o povo tenha o tipo de tratamento que eu tive, tem de ter dinheiro”. Não! Lula não foi se tratar no SUS — que ele chegou a declarar “perto da perfeição” e a oferecer como modelo a Obama. Preferiu o Sírio-Libanês. E afirmou, de modo um tanto oblíquo, que o conjunto dos brasileiros só não tem um Sírio-Libanês para chamar de seu por culpa dos adversários.
A mentira escandalosa sobre os planos de saúde
Está, sim, um tanto alquebrado, mas, afirmei, o caráter continua o mesmo. É o que sempre digo: doença não é categoria de pensamento, não melhora ninguém. Aproveitou, ainda, para fazer caricatura dos brasileiros que pagam plano privado de saúde, que seriam uns reclamões injustos: “Quem paga o plano de saúde dele? É o estado brasileiro, que não recebe imposto!” Trata-se de uma falsificação grosseira da verdade. Lula sabe muito bem o que é Imposto de Renda e como funciona — o governo petista bate sucessivos recordes de arrecadação. Quando o contribuinte declara os gastos de saúde está apenas — atenção! — deixando de ser tributado sobre aquele valor, mas é mentira que o estado esteja pagando alguma coisa! O coitado está efetivamente tirando um dinheiro do bolso para financiar a sua saúde e a da família. A afirmação é uma mentira, uma vigarice! Terá a oposição prestado atenção que o petista hostilizou, com essa afirmação, milhões de brasileiros obrigados a aderir à saúde privada para fugir do “sistema quase perfeito” de Lula? Se fosse ágil, estaria amanhã nas redes sociais fazendo esse debate. Mas até acordar do sono eterno…
Aí chegou a hora de Haddad
Aí chegou a hora de Haddad. Como quem não quer nada, como se a pergunta tivesse acabado de lhe ocorrer, Ratinho indagou por que ele escolhera o ex-ministro da Educação como candidato à Prefeitura de São Paulo. E o ApeDELTA explicou que queria alguém com uma cara nova, que tinha criado o ProUni e 14 universidades federais (mais um número mentiroso!). O candidato, então, foi chamado a integrar a mesa, como entrevistado. Tudo estava tão organizado, que havia até uma “reportagem” com uma estudante do quarto ano de medicina, financiada pelo ProUni. Ela, claro, estava gratíssima aos dois petistas. Setenta por cento das universidades federais estão em greve. Algumas delas não contam nem com sistema de esgoto. Aulas estão sendo ministradas em barracões e prédios improvisados. E isso é apenas um fato. Em 2010, formaram-se menos estudantes em universidades públicas do quem em 2004!
Exibindo notável falta de treino, um tanto desenxabido, Haddad engrolou ali um discurso segundo o qual os críticos do Bolsa Família (???) acusavam o programa de assistencialista — o que, atenção!, é falso! Lula roubou o programa do governo FHC, como já provei aqui. Antes de adotá-lo como seu, quem dizia que programas de bolsa deixava o pobre preguiçoso, “sem vontade de plantar macaxeira”, era o próprio Lula. E já estava na Presidência da República. Indagado por que quer ser prefeito, Haddad afirmou que pretende melhorar a vida das pessoas do portão para fora — tarefa que seria da Prefeitura — porque, do portão para dentro, tudo o que aconteceu de bom aos brasileiros é obra de Lula e, vá lá, de Dilma. E teve a cara de pau de falar justamente sobre  saúde, como se o governo do PT não administrasse o país, estados e cidades em que a área vive em petição de miséria. O atendimento na rede municipal de São Paulo é muito superior àquele dispensado pelo governo federal.
Lula retomou a palavra. Pelo visto, está disposto a ressuscitar a sua pantomima do arranca-rabo de classes — justo o homem que comandou o arranjo de mais de R$ 4 bilhões do Panamericano… Já chego lá! “Muita gente diz que o Lula só cuida dos pobres”… Meus Deus! Que calúnia! Muita gente diz que eu me pareço com o Brad Pitt, e eu não me ofendo… Ora, quem diz isso? Desconheço. Eu acho que o Lula cuida é mal dos pobres. O ProUni, por exemplo, com raras exceções, é o quê? Faculdade ruim, paga com dinheiro público, para os… pobres! Os ricos vão para as universidades públicas. Mas isso fica para outra hora.
SBT X Record e os evangélicos
Ali pelo fim da entrevista, algo curioso se deu. Ratinho anunciou que o Ibope do seu programa estava maior do que “o da emissora do bispo”, referindo-se à Record, de Edir Macedo, que concorre com o SBT no esforço de puxar o saco de Lula e do PT. E disse ao ApeDELTA: “Eu estive com o apóstolo Valdomiro [na verdade, é "Valdemiro"], e ele te mandou um abraço. E Lula: “Eu quero falar com ele!”. Ratinho responde: “Posso marcar?”. O petista disse que sim.
Pois é… Haddad é amplamente rejeitado, por enquanto, pelos cristãos, tanto católicos como evangélicos, por causa do kit gay preparado para as escolas e da defesa fanática que o PT faz da descriminação do aborto. Valdemiro, originalmente um desgarrado da Igreja Universal do Reino de Deus, de Macedo, é dono da Igreja Mundial do Poder, uma das pentecostais que mais crescem. E esse crescimento tem-se dado justamente sobre a Universal, tomando-lhe fiéis e pastores. Os dois donos de igreja travam uma batalha feroz, com pesadas acusações mútuas. Macedo já pôs o, por assim dizer, “jornalismo” da Record para atacar o adversário do mercado da fé. É bem possível que Lula queira falar com o concorrente de seu amigo Macedo para promover a paz religiosa… O dono da Universal também é proprietário (!) de um partido político, o PRB, que tem, por enquanto, um candidato à prefeitura de São Paulo: Celso Russomano. Nada, certamente, que o Babalorixá de Banânia não possa resolver.
Agora o Panamericano
Em 2008, o Banco Panamericano já estava quebrado. Mesmo assim, em 2010, a Caixa Econômica Federal comprou 49% das ações da instituição. Um ano depois, estava quebrado, com um rombo de R$ 4,3 bilhões. A única saída seria Silvio Santos arcar, conforme a lei, com os seus bens pessoais e os das suas empresas. A menos que aparecesse um super-Lula no meio do caminho, como apareceu. O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) ficou com o espeto. Luiz Sandoval, ex-presidente do Grupo Silvio Santos, contou tudo à Folha numa entrevista no dia 11 de março. A história de que o FGC é só dinheiro privado é conversa para boi dormir. A “sociedade” com a CEF rendeu a ignominiosa reportagem da “bolina de papel” em 2010, lembram-se? A operação salva-Silvio, rende agora a campanha eleitoral arreganhada para Haddad. Dado o tamanho do socorro — R$ 4,3 bilhões —, vem mais coisa por aí.
Os truques
É quase certo que a patranha desta quinta será lavada com convites aos demais candidatos à Prefeitura. Aposto que Serra e alguns outros serão convidados, sob o pretexto de garantir condições iguais a todos. Eles irão, claro! Mas se trata de um truque. Não haveria nada de errado em Lula conceder uma entrevista e elogiar fartamente as gestões petistas. Do mesmo modo, o candidato Haddad poderia ter sido entrevistado (outros teriam a sua chance). A malandragem está na operação casada, no uso de um programa de TV para que Lula faça proselitismo em favor do outro, transformando uma suposta entrevista em horário eleitoral gratuito. Ratinho e o SBT puseram um programa da emissora a serviço do lançamento de uma candidatura. A propósito: caso os demais candidatos sejam convidados, devem exigir da produção “reportagens” com pessoas gratas à sua atuação pública.
“Vamos bater nos jornalistas”
Ratinho encerrou o programa fazendo um gracejo, convidando Lula para um programa em conjunto, na televisão. Seria o certo. Finalmente, a vocação de animador de auditório! O apresentador emendou: “Tem muito jornalista que bateu em você; vamos bater neles”. E Lula respondeu: “Vamos entrevistá-los“. Trata-se de um gracejo revelador, a exemplo do troca-troca das rabadas. Políticos não entrevistam jornalistas porque estes, na sua profissão, não se candidatam a cargos públicos nem são sustentados pelo povo — há alguns que são, mas não são jornalistas, e sim paus-mandados. Lula nunca entendeu direito o trabalho da imprensa, não é? Daí que se dedique, com frequência, a tentativas de censura e intimidação.
Indagado, finalmente, e de forma indireta, sobre o caso Gilmar Mendes, o petista afirmou que não falaria a respeito se limitou a dizer: “Quem acusou que prove”!. Pois é! Só se Gilmar Mendes estivesse com um microfone na lapela. O relevante é que todo mundo sabe o que aconteceu. Não estivesse Lula ali a roer a Lei Eleitoral, os fatos, as instituições, o decoro e o bom senso, talvez um ou outro ainda pudessem ter direito à dúvida. Mas como duvidar?
Como acreditar num Lula que se dizia respeitador da lei enquanto a desrespeitava uma vez mais? O passado não quer passar. O passado quer ficar. A tradição de todas as gerações mortas insiste em oprimir como um pesadelo o cérebro dos vivos, como disse aquele…
Ave, Lula! As instituições, que hão de sobreviver, o espreitam!
Texto publicado originalmente às 5h10
Por Reinaldo Azevedo
01/06/2012
às 6:51

Um certo Paulo Nogueira pede a minha cabeça à Editora Abril. Ou: O bravo quer sair da obscuridade às minhas custas. Pois não!

Caras e caros, espero que vocês se divirtam lendo este texto. E me diverti bastante ao escrevê-lo. Estou gostando da minha “Comissão da Verdade”…
*

Paulo Nogueira tem um blog — e lá vou eu tirá-lo da indigência fornecendo-lhe alguns leitores — chamado “Diário do Centro do Mundo”, nada menos. Claramente não leu Horácio, o meu predileto, tantas vezes exaltado aqui. Nogueira lê mesmo é sua turma de confidentes, Luis Nassif, Paulo Henrique Amorim e Leonardo Attuch, da sua mesma estirpe de bravos. “Caelum, non animum mutant qui trans mare currunt”. Ou: “Mudam de céu, mas não de espírito, os que cruzam o mar”. Ou por outra: a paisagem não muda o caráter do homem. O de Nogueira segue sendo o mesmo.
Ele tem a ambição de fazer um “Diário do Centro do Mundo” porque está morando em Londres.  Quanta originalidade!  Bem antes, Paulo Francis, de quem ele tem a pretensão de ser um crítico, escrevia, de Nova York, a coluna “Diário da Corte”. Francis, obviamente, fazia uma ironia. Nogueira pretende se levar a sério. Londres era o centro do mundo até o século 19, mas ele nem tem noção do que estou falando.
E quem, santo Deus!, é Paulo Nogueira? Em seu blog, lê-se o resumo de sua biografia profissional: “É jornalista e está vivendo em Londres. Foi editor assistente da Veja, editor da Veja São Paulo, diretor de redação da Exame, diretor superintendente de uma unidade de negócios da Editora Abril e diretor editorial da Editora Globo.” A exemplo de Lula, mas muito mais malsucedido do que o ApeDELTA, ele não se conforma em ser “ex”. E tenta voltar ao debate pela porta dos fundos.
Quis ser diretor de redação da VEJA. Não conseguiu em razão de seus atributos. É mais uma dessas almas penadas que andam por aí a acreditar que a direção da revista é tão importante que deveria ser decidida por eleição direta entre os… inimigos do jornalismo! Frustrada a sua ambição, migrou para a Editora Globo na esperança de que lá, finalmente, pudesse exercer plenamente um talento reconhecido sobretudo por si mesmo.
Enquanto exerceu o cargo naquela empresa, para incômodo dos que o cercavam e dos que o chefiavam, era crítico impiedoso da Editora Abril. Não existe sentimento mais mesquinho, ordinário, servil e escravo do que ficar descendo a língua em ex-patrão. Coisa de almas menores, que transformam ressentimento em categoria de pensamento. Passou a ser também a fonte original de algumas das delinquências que os blogs sujos, o JEG, passaram a disparar contra a Abril e a VEJA. Alimentava a vã esperança de desestabilizar a direção da revista para se apresentar como o Savonarola da nova ordem.
Foi chutado da Globo, embora, nesses casos, os patrões, sempre elegantes, deixem de barato que foi o fim de uma relação amigável. Parece que agora faz alguns “frilas” para revistas da Abril. Não estou bem certo. Não fossem alguns leitores me enviarem dois links de posts seus (e com que atraso!), nem teria tomado conhecimento de sua soberba mediocridade. Num deles — em que puxa o saco de Roberto Civita —, ataca Roberto Marinho. Sob o pretexto de contestar a afirmação delinquente de uma outra minoridade, Mino Carta, segundo a qual Civita seria o “Murdoch brasileiro”, elogia a Abril, que era atacada por ele quando estava na Globo, e diz que Marinho, sim, era o Murdoch nacional. Nogueira é assim: vai escolhendo o Roberto da hora segundo quem lhe paga o salário. Vai mudando de Roberto segundo a conveniência; vai elogiando o Roberto segundo o interesse do momento.
Nos dois posts que me enviaram, esse senhor se refere a mim, pedindo, de maneira oblíqua e covarde, a minha cabeça. Num deles, afirma que meu blog é “movido a ódio, não a ideias”. No outro, repetindo palavras de Leonardo Attuch — a quem devota grande admiração e enche de elogios em seu blog —, escreve: “Há uma métrica boa para aferir o progresso do Brasil no campo do debate educado. Quando expressões gastas e chulas como ‘pig’, ‘besta’ e ‘petralhas’ sumirem, é porque avançamos.”
Nogueira gostaria que eu sumisse, não a palavra. “Petralha”, de resto, vai ficar porque já foi parar num dicionário. Ele tenta me colocar como o outro extremo de um Paulo Henrique Amorim, por exemplo, apresentando-se, não por acaso, como o centro, o bom senso, o equilíbrio. Truque barato!
Naquele texto em que volta a cantar as glórias de Civita (depois de tê-lo satanizado quando na Editora Globo), critica a VEJA. Escreve sobre a relação da revista com Lula: “(…) Na minha interpretação pessoal, a Veja imaginou estar diante de um novo Collor — uma percepção que se acentuaria com o caso do Mensalão. (…) A revista demorou a perceber que Lula não é Collor. (…)”. Que mimo, não é?  Nogueira, todo faceiro, está a dizer: “Olhe, Abril, fosse eu na direção da VEJA, tal erro jamais teria sido cometido, tá? Não se esqueça, estou por aí. Liga pra mim, não liga pra ele”. Nogueira não está no “centro do mundo”; está dando pinta na avenida…
Não por acaso — não mesmo! — sua crítica repete um mantra do petismo. Falo eu, não a VEJA; escrevo eu, não a VEJA; afirmo eu, não a VEJA: em vários aspectos, com efeito, Lula não era Collor, mas muito pior. À parte um primeiro arreganho autoritário, quando mandou invadir a sede da Folha pretextando razões fiscais, o presidente impichado nunca tentou criar mecanismos de intimidação da imprensa. Vendo repudiada de forma clara e inequívoca aquela iniciativa, não voltou ao assunto. E olhem que, desde o primeiro dia (por bons motivos, diga-se), a imprensa foi muito mais crítica com ele do que com o petista.
Collor era um destrambelhado, sim, mas não tentou mudar a, vamos dizer, codificação genética da democracia, recorrendo a instâncias do próprio estado de direito para solapá-lo. Collor não tinha a mais remota ideia do que fazer no poder, mas não recorreu ao dinheiro público para financiar pistoleiros na imprensa. Collor liderou, como ficou evidente, um cleptogoverno (e, por isso, mereceu o destino que teve), mas não tentou transformar o assalto aos cofres públicos numa forma de resistência política.  Seu papel tem sido, nessa área, mais deprimente hoje em dia, transformado de caçador de marajás em caçador de jornalistas.
De fato, Lula não era Collor e, recorrendo à minha memória de leitor, noto que a revista sempre apoiou, ancorada nos fatos, as medidas responsáveis de um Antônio Palocci, por exemplo. E considerou que ele havia chegado ao fim da linha quando, como homem de estado — não como aquele que havia sido gestor da economia —, enrolou-se com a quebra ilegal do sigilo de um caseiro. A crítica de Nogueira às escolhas feitas por VEJA seria apenas injusta se fosse intelectualmente honesta, mas é só mais uma manifestação da guerra suja empreendida por petralhas, JEG, BESTA, com cujas páginas ele colabora com textos e como “informante”.
“Pô, Reinaldo, por que tirar mais um banana da irrelevância?” Porque me deu vontade. À sua maneira, Luis Nassif, Paulo Henrique Amorim e Leonardo Attuch são mais honestos do que Paulo Nogueira porque, ao menos, não têm o mau gosto adicional de recorrer à lisonja barata e ao puxa-saquismo para ver se realizam o seu intento. São o que são e não tentam disfarçar. Ninguém tem o direito de confundi-los. Já Nogueira tenta disfarçar suas escolhas parafraseando textos de quem pensou melhor do que ele e primeiro.
Devo ser o brasileiro que mais escreve — avaliem vocês. E certamente estou entre os que mais argumentam, o que é questão de fato. Se gostam ou não do que escrevo, aí são outros quinhentos. Tomo o cuidado, quando é o caso, de recorrer a textos legais que embasam o meu ponto de vista, seja para endossá-los, seja para dizer que já não servem. Quando contesto alguém, digo qual é a tese do outro que me incomoda, qual é a afirmação de que discordo. Nogueira e sua turma fazem o contrário. A eles basta a acusação genérica. Meu blog já rendeu dois livros, muito bem-sucedidos. Renderá um terceiro. O que Nogueira tem a oferecer além do seu trabalho de colaboração às claras — e escondida — com a esgotosfera?
Comigo, não! Quer marcar um debate público, mas sem claque, vamos lá. Eu topo. Aceito confrontar o que ambos entendemos por jornalismo e quais são as referências intelectuais que guiam cada um. Aceito confrontar os meus textos com os de Nogueira para saber quem, afinal de contas, argumenta com objetividade e quem se dedica a impressionismos. Aceito, inclusive, a comparação de origens e destinos. O que fazia esse mico tardiamente amestrado nas artes do “progressismo” durante a ditadura?  Ser de esquerda quando ela persegue em vez de ser perseguida é coisa de covarde. O confronto dará audiência porque os meus “tijolaços” são lidos diariamente por milhares de pessoas. Nogueira é mais uma irrelevância perdida no que acredita ser o “centro do mundo”.
Para encerrar
A Abril é a quinta empresa jornalística com a qual trabalho — antes de atuar nessa área, fui professor de duas escolas. São sete, vá lá, “patrões”. De quatro, ao menos, sou amigo pessoal — amizade boa mesmo, fraterna, de peito aberto. Com outros três, mantenho relações cordialíssimas. Nunca ninguém me pegou ou vai me pegar descendo o sarrafo em empresas nas quais trabalhei. Poucas posturas são tão repulsivas quanto essa. Outro ridículo que não passo — e eles todos sabem disso — é tentar lhes ensinar o seu ofício, a se comportar como… patrões! Jamais dou dicas a alguém mais rico do que eu sobre como ganhar dinheiro, por exemplo… Tampouco tento dizer ao dono de uma escola como se faz uma escola, ao dono de um jornal como se faz um jornal ou ao dono de uma editora como se faz uma editora. Isso é coisa de quem, trazendo a servidão na alma, acha que deveria ser o que nunca será: senhor! Nem mesmo senhor de si mesmo!
Finalmente, noto que Nogueira repete, quando se refere a mim, o clichê habitual das esquerdas e dos “progressistas”, a saber: “Ah, conservador bom era Nelson Rodrigues; conservador bom era José Guilherme Merquior; conservador bom era…”. Já entendemos: conservadores bons são os conservadores mortos. É o que essa gente do JEG deseja para aqueles que são considerados seus opositores. É vigarice intelectual considerar que “petralhas” é um termo grosseiro, que rebaixa o debate. “Padre de passeata”, de Nelson, é grosseiro? E olhem que, naquele caso, havia um regime discricionário em curso. Eu confronto ideias numa democracia. E confrontei a ditadura, fisicamente mesmo, quando foi necessário. Onde estava Nogueira? Antes como agora, escondido em alguma trincheira, esperando o clarim da vitória para saber a que lado aderir.
Texto publicado originalmente às 5h49
Por Reinaldo Azevedo
01/06/2012
às 6:49

Gilmar questiona uso de dinheiro público por blogs e sites para atacar instituições

Da Rádio do Moreno:
O ministro Gilmar Mendes acaba de informar à Rádio do Moreno que vai entrar com uma ação na Procuradoria-Geral da República, solicitando o substrato das empresas estatais que usam o dinheiro público para o financiar blogs que atacam as instituições. “É inadmissível que esses blogueiros sujos recebam dinheiro público para atacar as instituições e seus representantes. Num caso específico de um desses, eu já ponderei ao ministro da Fazenda que a Caixa Econômica Federal, que subsidia o blog, não pode patrocinar ataques às instituições.
(Eu sei bem de quem o ministro está falando, mas, como me disse Jobim sobre essa confusão toda, “eles que são brancos que se entendam”). Jobim, Heraldo, FH e eu vamos ficar na nossa. No caso, Heraldo, não é pra menos, quer distância desse blogueiro. Eu só não sabia que a Caixa Econômica patrocinava esse tipo de blog.)
O ministro explicou que, nem de longe, sua decisão visa atingir a liberdade de expressão. Pelo contrário, é em defesa que se luta — contra as pessoas que não se acostumaram a viver dentro de um regime democrático. “O direito de crítica, de opinião, deve ser respeitado. Mas o ataque às instituições é intolerável”, acrescentou o ministro Gilmar Mendes.
Por Reinaldo Azevedo
01/06/2012
às 6:47

Love is in the air… “Haddad, manda um beijão para o Chalita”

Na Folha:
Os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo Fernando Haddad (PT) e Gabriel Chalita (PMDB) trocaram amabilidades ontem em estúdio da TV Record. O petista chegou a dizer que é chamado de “irmão gêmeo” do futuro rival. Eles se encontraram em sabatinas da Record News e do portal “R7″. Chalita saía do palco quando Haddad chegou. Abraçaram-se e, aos risos, tiveram breve conversa.
“Esse aqui nasceu pronto”, elogiou o petista, acrescentando que algumas pessoas pensam que eles são gêmeos. O peemedebista confirmou a semelhança. Disse já ter ouvido na rua: “Haddad, manda um beijão para o Chalita!”
(…)
Por Reinaldo Azevedo
01/06/2012
às 6:45

Novo tombo da indústria reforça sinais pessimistas

Por Pedro Soares, na Folha:
A produção da indústria brasileira voltou a se contrair em abril, constrangida pelas restrições na oferta de crédito ao consumidor e pelo esfriamento da atividade econômica nos principais parceiros comerciais do país. Estatísticas divulgadas ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a produção da indústria caiu 0,2% em abril, atingindo nível 2,9% inferior ao de um ano atrás.
O novo tombo da indústria amplia o pessimismo sobre o desempenho da economia brasileira, que desacelerou no segundo semestre do ano passado e encontra dificuldades para voltar a crescer. O IBGE divulga hoje os números do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre do ano. Projeções de bancos e consultorias sugerem que a economia cresceu algo em torno de 0,5% no período.
O que mais contribuiu para a queda na indústria foi o desempenho da produção de bens duráveis como carros, eletrodomésticos e celulares, que dependem especialmente da oferta de crédito. A produção dessa categoria caiu 10,3% nos primeiros quatro meses deste ano, contraindo-se num ritmo mais intenso do que o observado nos últimos quatro meses do ano passado, segundo o IBGE. “Há claramente uma trajetória de declínio da produção, num movimento bastante disseminado entre os setores”, disse André Macedo, gerente responsável pela pesquisa industrial do IBGE.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
01/06/2012
às 6:43

Bovespa tem em maio o pior mês desde outubro de 2008

Na VEJA Online:
O agravamento da crise na zona do euro, com a possível saída da Grécia do bloco e os riscos de contágio para a região, trouxe pânico aos mercados financeiros e atingiu em cheio o principal índice da bolsa paulista, que amargou em maio seu pior desempenho mensal desde outubro de 2008, mês em que ocorreu a quebra do banco americano Lehman Brothers, deflagrando a maior crise financeira mundial desde 1929.
O Ibovespa até conseguiu emplacar um movimento de correção nesta quinta-feira e fechou em alta de 1,29%, a 54.490 pontos, segundo dados preliminares. O giro financeiro foi de 10,3 bilhões de reais.
Ainda assim, o índice acumulou queda de perto de 12% em maio, a pior baixa mensal desde outubro de 2008, quando o tombo foi de 24,8%. “Maio foi um mês recheado de notícia péssima, um mês ruim para a bolsa, muita gente perdeu dinheiro”, disse o chefe da divisão de corretagem na Mirae Securities, Pablo Spyer, em São Paulo.
“As incertezas ainda estão na mesa, ninguém sabe o que vai acontecer na zona do euro, por isso o elevado nível de estresse e volatilidade deve continuar em junho”, afirmou.
Estados Unidos
Os principais índices acionários dos Estados Unidos seguiram o mesmo movimento da Europa e do Brasil e fecharam em baixa nesta quinta-feira. Segundo dados preliminares, o índice Dow Jones, referência da bolsa de Nova York, recuou 0,21%, para 12.393 pontos. O índice Standard & Poor’s 500 teve desvalorização de 0,23% e o termômetro de tecnologia Nasdaq caiu 0,35%.

(…)
No mês, o Dow Jones acumulou perda de 6,2%, o S&P 500 recuou 6,3% e o Nasdaq teve oscilação negativa de 7,2%.
Por Reinaldo Azevedo
01/06/2012
às 6:41

Cheques que pagaram casa vendida por Perillo são de conta que recebeu depósito da Delta

Por Leandro Colon, na Folha:
Os cheques que remuneraram o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), pela venda de uma casa em 2011 saíram de uma conta bancária que recebeu dinheiro da empreiteira Delta, segundo peritos da Polícia Federal.Ao vender o imóvel, Perillo recebeu três cheques da Excitant Confecções oriundos de uma conta na Caixa Econômica Federal em Anápolis (GO). Dois eram de R$ 500 mil e um era de R$ 400 mil.
Segundo a PF, a Delta depositou pelo menos R$ 250 mil nessa conta por meio de uma empresa fantasma chamada Alberto e Pantoja Construções, criada pelo grupo do empresário Carlinhos Cachoeira só para receber dinheiro da empreiteira. A Excitant controla uma grife de roupas de adolescentes chamada Babioli e pertence a uma cunhada de Cachoeira, Rosane Puglisi.
Os três cheques, nominais a Perillo, têm datas de 2 de março, 2 de abril e 2 de maio de 2011. Nesse período, a Delta repassou dinheiro para a Pantoja. No dia 30 de março, por exemplo, houve um repasse de R$ 1 milhão. Quatro dias depois, a Pantoja transferiu R$ 250 mil para a Excitant, a confecção titular dos cheques que pagaram Perillo.
(…)
Perillo, que foi convocado para depor na CPI do Cachoeira, alega que não observou os emitentes dos cheques na transação. Ele diz que vendeu a casa ao empresário Walter Paulo, dirigente da Faculdade Padrão, sob intermediação do ex-vereador Wladimir Garcez, também preso e apontado como um dos operadores de Cachoeira.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
01/06/2012
às 6:39

Jornalista diz que recebeu de Cachoeira por serviço eleitoral prestado a Perillo; governador diz desconhecer caso

Por Fernando Gallo, no Estadão:
Responsável pela propaganda eleitoral de Marconi Perillo (PSDB) no rádio em 2010, o jornalista Luiz Carlos Bordoni afirma que uma empresa do esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira foi usada para pagar os serviços de publicidade que ele prestou para a campanha do governador goiano. Segundo Bordoni, o pagamento, feito pela Alberto e Pantoja, empresa fantasma que segundo a PF era controlada por Cachoeira, foi comandado por Lúcio Fiúza Gouthier, assessor especial de Perillo.
O depósito de R$ 45 mil, referente à metade do total de R$ 90 mil que o jornalista diz ter ficado pendente de pagamento após as eleições, foi feito pela Alberto e Pantoja na conta da filha de Bordoni, Bruna Bordoni, em 14 de abril de 2011, e consta dos autos da Operação Monte Carlo. Segundo o jornalista, o pagamento saiu depois de ele ter cobrado o staff de Perillo da dívida, que já perdurava seis meses. Quem cuidou da operação foi o assessor do governador.
“O sr. Lúcio Gouthier me ligou perguntando o número da minha conta pra depositar esse dinheiro. Eu disse a ele que estava viajando, e que minha filha, que paga minhas contas e administra as minhas coisas, iria receber. Dei o número da conta dela para ele. De repente, essa conta foi passada para a Pantoja”, sustentou Bordoni, em entrevista exclusiva ao Estado. “O dinheiro foi depositado pela Pantoja na conta da minha filha. Era dívida de campanha do governador Marconi Perillo dos R$ 90 mil de saldo do trabalho que prestei a ele no programa de rádio na campanha de 2010.”
(…)
Negativa
Procurado para se manifestar, o governo goiano afirmou que “a Alberto e Pantoja não pagou nenhuma despesa de campanha do governador Marconi Perillo” e que cabe ao jornalista Luiz Carlos Bordoni provar o que diz. Em nota, o governo diz também que “o sr. Lúcio Fiúza Gouthier não participou de contratação nem de pagamento de nenhum profissional na campanha de 2010″. Sobre o tipo de relação que Perillo e Bordoni mantêm, o documento afirma que “o jornalista Luiz Carlos Bordoni é um profissional muito conhecido em Goiás” e que o governador Marconi Perillo conhece Bordoni “há muitos anos”. A assessoria do governador não informou, no entanto, se Perillo tinha alguma ciência da dívida alegada por Bordoni. O jornalista trabalhou durante o ano de 2011 como comentarista político na TBC, televisão do governo goiano, posto que deixou há 30 dias.
Por Reinaldo Azevedo
01/06/2012
às 6:37

Dá com uma das mãos e tira com a outra — Os novos aumentos de impostos para compensar a redução no setor automotivo

Por Lorenna Rodrigues e Priscilla Oliveira, na Folha:
Como forma de compensar as perdas que terá com a redução de impostos para setores como o automobilístico, o governo aumentou os tributos cobrados na produção de cerveja, água e refrigerantes. Segundo a Receita Federal, como resultado da taxação maior, o consumidor pagará em média um preço 2,85% maior nesses produtos a partir de outubro. Conforme a Folha antecipou na semana passada, foi aumentado também o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre motos, ar-condicionado e micro-ondas.
A medida é mais uma tomada com o objetivo de proteger a indústria nacional, pois deve afetar basicamente os produtos importados -os fabricantes da Zona Franca de Manaus, isentos do tributo, respondem por mais de 90% do mercado do país. Além de reajustar a tabela de preços médios sobre os quais é calculado o imposto pago por fabricantes de bebidas -o que ocorre todos os anos-, o governo decidiu elevar também a carga tributária do setor e ampliou a parcela do preço sobre a qual incide o tributo.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), isso resultará em um aumento de 27% no total de impostos pagos por produtores de cerveja e de 10% pelos de refrigerante. A Receita não detalhou qual o aumento da carga tributária. “O volume de vendas deve ser prejudicado, obrigando as empresas a rever os investimentos previstos. As empresas do setor planejavam aportar R$ 7,9 bilhões este ano no país, o que geraria 300 mil novos empregos em toda a cadeia produtiva e um incremento de arrecadação da ordem de R$ 1,2 bilhão”, afirmou a entidade em nota.
O subsecretário de Tributação da Receita, Sandro Serpa, admitiu o caráter arrecadatório do aumento. “Temos um resultado prático, sem dúvida nenhuma, de aumentar a arrecadação. Mas temos, sim, uma realidade do setor hoje, que tem uma carga aquém de outros setores.” Em março do ano passado, o governo já havia anunciado o aumento na tributação de bebidas para compensar a perda de arrecadação com outras desonerações.
Por ano, isso significará R$ 2,4 bilhões a mais recolhidos aos cofres públicos. Devem compensar os R$ 2,7 bilhões em impostos dos quais o governo abriu mão com a redução da carga tributária do setor automotivo, adotada para estimular a economia, que vem tendo resultados muito abaixo do esperado neste início de ano.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
31/05/2012
às 20:15

O PT, que sabe muito bem como o dinheiro público financia o JEG, decide perseguir uma revista, acusada de ser… tucana!

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Não é segredo para ninguém que existe hoje uma rede de blogs, sites e revistas financiados com dinheiro público, certo? Ou o dinheiro tem origem em administrações petistas (incluindo o governo federal) ou nas estatais. Apelando à vulgaridade, ao baixo calão, às acusações mais estrambóticas, a grana do cidadão comum é usada para achincalhar as oposições, seus líderes, um ministro do Supremo e o jornalismo independente. E os petistas não só acham isso normal como promovem reuniões com alguns de seus representantes, a exemplo do que fez Fernando Haddad, candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Pois bem. Leiam o informa o Estadão Online. Volto em seguida.
Por Ricardo Chapola:
O diretório estadual do PT comunicou nesta quinta-feira, 31, que entrará com uma representação contra a revista Free São Paulo por suposta difamação e calúnia veiculadas na matéria de capa da última edição, cujo título é “Muito além da morte”. A reportagem trata a morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), assassinado em 2002, como pano de fundo para encobrir esquemas de corrupção que, segundo a revista, manteriam o PT no poder até os dias de hoje.
Em nota, o PT reitera que “denúncias envolvendo o nome do Partido são infundadas e todas as medidas cabíveis já estão sendo adotadas para que os responsáveis respondam pelo festival de calúnias e difamações”. A revista semanal, com tiragem de 100 mil exemplares, é distribuída gratuitamente nos metrôs de São Paulo - equipamento da coordenação do PSDB, do governo estadual, desde 2005. Líderes do PT suspeitam que a revista tenha vínculos com os tucanos. O diretor de redação da Free São Paulo, Ernesto Zanon, negou às acusações feitas sobre o material, por “se basearem em fatos, em depoimentos”, dentre eles até o do promotor de justiça, Márcio Friggi, titular do caso Celso Daniel. Ele também negou qualquer vínculo partidário com o PSDB.
Voltei
Não li a revista e não sei se ela poderia ser acusada de fazer com o PT o que o PT faz com seus adversários por meio dos blogs, sites e revistas que integram o JEG. Também ignoro se estatais paulistas ou administrações tucanas de estados e municípios são anunciantes da revista, a exemplo do que acontece com os veículos que difamam aqueles que os petitas consideram adversários ou inimigos. Mas estou cá achando com os meus botões que não.
Ainda que houvesse plena correspondência (mas eu duvido), com sinal trocado, entre essa revista e os blogs sujos, os petistas estariam reclamando de quê? A propósito: já que o governo federal segue financiando aquela sujeira, por que as oposições, alvos permanentes da canalhice, não poderiam fazer o mesmo? Se os petistas consideram aquilo legítimo para si mesmos, por que considerariam ilegítimo para os outros? Sei a resposta… Porque eles são petistas, afinal de contas, e devem ter o monopólio da ofensa e do direito de se sentir ofendidos.
Reitero: não conheço a revista. Duvido que seja a mera versão tucana da sujeira petralha.
Por Reinaldo Azevedo
31/05/2012
às 19:46

Deputado petista recorre a vocabulário de jagunço e pistoleiro para se referir a ministro do STF

Falei num dos posts abaixo sobre a operação contra Gilmar Mendes, que os petistas estão tentando liderar nas redes sociais. No Radar, informa Lauro Jardim o que segue. Volto em seguida:
Um dos principais incentivadores da mobilização petista contra Gilmar Mendes nas redes sociais, o deputado Amauri Teixeira falava grosso, ontem, no plenário da Câmara, ao defender Lula dos “ataques” de Mendes:
- O Gilmar Mendes não tem bala na agulha para atirar no Lula. É ao contrário: ele é que vai sair baleado dessa história toda.

Voltei
Amauri Teixeira é deputado do PT da Bahia. Reparem o verbo a que recorre: “balear”. A palavra costuma frequentar o vocabulário de jagunços e pistoleiros. Assassinar a honra de pessoas que considera adversárias ou inimigas tem sido um dos esportes prediletos do petismo nos últimos, deixem-me ver…, TRINTA E UM ANOS!!!
Mas não se esqueçam: o partido não só mata, também colabora para a ressurreição dos mortos. Collor é um exemplo.
Por Reinaldo Azevedo
31/05/2012
às 19:35

A ministra Menicucci, aquela do “faça você mesma o seu aborto”, e o apoio à “marcha das vadias”

Ai, ai…
Quando começo com esse lamento, vocês sabem que é porque a galhofa e a melancolia se estreiam num abraço insano, para citar, a um só tempo, Machado de Assis e Castro Alves (fiquem frios que não juntarei os albinos da Tanzânia, como faria Gabriel Chalita…). Sabem a Eleonora Menicucci, a ministra das Mulheres? É aquela que foi aprender em clínicas clandestinas da Colômbia a fazer aborto com as próprias mãos, segundo seu próprio testemunho… É aquela que integrava uma ONG para ensinar às mulheres o, atenção!, “autoaborto”. É aquela que se diz avó de um neto e avó do… aborto. Não sei se o que mais me encanta no seu desempenho à frente da pasta são os rigores da inteligência ou os relevos do decoro. Pois bem.
Há dias, ocorreu em várias cidades do país a tal Marcha das Vadias. Uma vadia chegou a invadir um templo católico com os seios à mostra, pregando a descriminação do aborto —aquela coisa em que Menicucci, segundo ela própria, se especializou como leiga praticante. Pois é. Informa Denise Menchen, na Folha Online o que segue. Volto depois.
Ministra das Mulheres diz que Marcha das Vadias é importantíssima
A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, manifestou apoio nesta quinta-feira à Marcha das Vadias, realizada no último fim de semana em 14 cidades do país. O movimento tem causado polêmica nas redes sociais - usuários que publicaram fotos de mulheres com os seios à mostra na manifestação chegaram a ter suas contas bloqueadas pelo Facebook.
Segundo os organizadores, o nome Marcha das Vadias faz alusão à declaração de um policial canadense que insinuou em uma palestra em Toronto, em 2011, que as mulheres acabam incentivando a violência sexual por se vestirem como vadias. Esse acabou sendo o mote da marcha, que tem como objetivo defender a autonomia das mulheres sobre o próprio corpo e protestar contra a tendência de alguns setores de culpar as vítimas de violência pelas agressões que sofrem.
Questionada pela reportagem sobre o que achava do movimento, a ministra afirmou que o considera “importantíssimo”. A declaração foi dada durante o evento “Mulheres rumo à Rio+20″, realizada na manhã desta quinta no Jardim Botânico, na zona sul do Rio. “O bonito dela [da Marcha das Vadias] é que é feita por jovens. Homens e mulheres jovens que despertaram para questionar a violência contra a mulher, no corpo da mulher. Eu acho importantíssimo e acho que ela merece a divulgação que está tendo”, afirmou Eleonora.
A ministra também afirmou que a questão dos direitos das mulheres estará presente na declaração final da Rio+20, a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável que ocorre de 13 a 22 de junho na cidade. “A questão de gênero está de forma prioritária na questão da sustentabilidade, porque não existe sustentabilidade sem a inclusão das mulheres e não existe um mundo sustentável com violência contra as mulheres, seja ela doméstica ou sexual”, afirmou. Segundo ela, a declaração da conferência também abordará a necessidade de acabar com a “divisão sexual do trabalho” e de promover a inclusão das trabalhadoras rurais, além de garantir às mulheres acesso à saúde e à educação.
Voltei
Dizer o quê? Se o movimento é assim tão benigno, só nos resta esperar para ver a ministra liderando esse evento “importantíssimo”. Os mensaleiros e seus defensores prometem criar a versão masculina dessa manifestação: “A marcha dos vadios”.
Já tenho um candidato a orador turma como chefe da quadrilha dos vadios.
COMENTÁRIOS - Por favor, ajudem a preservar a ministra de si mesma. Os crentes rezem por sua alma. Os agnósticos e ateus torçam para que ela encontre o juízo perdido em algum ponto da trajetória. A notícia, sei bem, acaba açulando os piores instintos. Mas deixem a baixaria para a esgotosfera!
Por Reinaldo Azevedo
31/05/2012
às 19:01

A pornográfica disputa no PT de Recife. Ou: O que ocorre quando a herança leninista é interpretada por Lula e Humberto Costa, sob os auspícios de Eduardo Campos

Escrevi um post na sexta passada sobre o confronto no PT de Recife. A direção nacional e estadual do partido e o governador Eduardo Campos, que é do PSB, querem  o atual prefeito, João da Costa, fora da disputa. Ele venceu as prévias disputadas contra Maurício Rands, mas a Executiva Nacional do PT anulou o processo, embora tenha negado ter havido fraude. Anulou, então, por quê? João começou a se indispor com o establishment petista de Pernambuco por causa do contrato milionário de coleta de lixo. O primeiro a puxar o seu tapete foi o antecessor, João Paulo, que o fez candidato. Observei, então, que não é raro que os confrontos nesse partido comecem no lixo - e quase sempre acabam lá também.
Muito bem! Ao anular as prévias, é claro que João foi vítima de um golpe, desfechado pela direção nacional, com o endosso de Lula — curiosamente, a coisa tem franjas até em São Paulo, já digo como. Mas o imbróglio ainda não estava completo. Depois de um encontro com o Babalorixá de Banânia, Rands decidiu renunciar à pré-candidatura. O pressuposto era que o prefeito fizesse o mesmo — e tal intenção chegou a ser anunciada à sua revelia — em benefício de outro Costa, o Humberto. O golpe completo, então, é este: os dois postulantes caem fora em benefício do senador Humberto Costa, que surgiria como um tertius — um estranho tertius, já que sempre esteve ao lado de Rands. O senador é um que sempre atuou contra o prefeito de seu próprio partido. Como é bastante influente no Estado e tem “contatos” na imprensa local, a vida do prefeito, que já não faz uma administração brilhante, virou um inferno.
Isso é o que o PT faz com aliados incômodos. Dá uma medida de como costuma tratar adversários. Não tenho a menor simpatia pelo atual prefeito. Embora seja certamente uma falha, confesso saber pouco da política recifense em particular. Mas entendo que um prefeito, no exercício do mandato, havendo reeleição, tem a prerrogativa de disputar o cargo novamente, a menos que pese contra ele uma séria acusação ou de desvio de conduta ou de desvio dos objetivos partidários. O PT não acusa o atual prefeito nem de uma coisa nem de outra. A sua gestão, diga-se, é uma das financiadoras de uma página que abre seus comentários para os ataques mais abjetos contra mim — é o chorume do lixo. Não estou nessa atividade para praticar vinganças pessoais. Interessam-me os procedimentos institucionais.
O PT está associado ao PSB do governador Eduardo Campos (PSB) em Pernambuco e em muitos outros estados e cidades. Campos não aceita apoiar o atual prefeito. Queria Rands, que foi seu secretário e com quem tem alguns laços familiares. A intervenção em Recife era uma das exigências para o PSB apoiar Fernando Haddad em São Paulo. Lula entrou na parada com a delicadeza habitual, com aquela mesma com que esmagou a pré-candidatura de Marta, que agora, pelo menos, vai ter tempo de ler Maquiavel…
Faz algum tempo, ironizei alguns “politicólogos” supostamente independentes, mas que, na verdade, são petistas. Sustentavam esses valentes que o PT é mais moderno que os outros partidos porque aposta na renovação e na novidade. O método empregado em São Paulo e em Recife, na base do dedaço, indica bem que modernidade é essa. A direção nacional do PT, saibam, tem a prerrogativa de referendar ou vetar as candidaturas em cidades com mais de 200 mil habitantes. É uma herança, ainda, do “Centralismo Democrático” leninista, esse delicioso oximoro, dos antigos partidos comunistas. Segundo o centralismo, “a base” pode decidir o que bem entender, desde que o Comitê Central do partido concorde.
Convenham: não dá para ser sério e esquerdista ao mesmo tempo. O que não quer dizer, é claro, que todos os direitistas liberais sejam sérios. Quer dizer apenas que eles têm, ao menos, alguma chance!
Por Reinaldo Azevedo
31/05/2012
às 18:01

Violência retórica na CPI e estrelismo só colaboram com os acusados

Há determinadas atitudes que colaboram para o mundo do espetáculo, mas com pouco ou  nenhum efeito prático — isso quando não são contraproducentes; vale dizer: produzem o efeito contrário ao pretendido. É o caso do destempero de hoje do deputado Silvio Costa (PTB-PE), que decidiu vituperar contra o senador Demóstenes Torres na sessão da CPI. Conforme o esperado e o anunciado, Demóstenes optou por ficar calado. Costa mandou ver, em sessão que sabia televisionada, para a galera:
“O seu silêncio é a mais perfeita tradução da sua culpa. Esse seu silêncio escreve em letras garrafais: ‘eu, Demóstenes Torres, sou, sim, membro da quadrilha de Carlinhos Cachoeira. Eu, senador Demóstenes Torres, sou, sim, o braço legislativo da quadrilha do senhor Cachoeira. Se o céu existir, e tenho certeza que o céu existe, o senhor não vai pro céu, porque o céu não é lugar de mentiroso, de gente hipócrita”.
Todos temos a vontade de dizer a mesma coisa? E daí? O ponto é outro. O senador Pedro Taques (PDT-MT), que tem tido uma atuação muito firme na CPI contra a quadrilha de Cachoeira — e não consta que esteja interessado em proteger qualquer dos lados envolvidos — protestou contra a linguagem do deputado e lembrou que Demóstenes estava usando uma prerrogativa legal e que o exercício de humilhação era desnecessário. Costa voltou, então, a metralhadora contra Taques, acusando-o de estar comprometido com Demóstenes. Fora do microfone, disparou: “Seu demagogo, seu merda, seu merda”. Por que alguém seria um demagogo pedindo o devido respeito a Demóstenes, eis um mistério.
Ao discursar mais tarde no Senado, Taques reiterou sua reprovação ao comportamento de Costa e afirmou que Demóstenes foi desnecessariamente humilhado, embora tenha reiterado suas críticas ao senador acusado de envolvimento com Cachoeira. E obteve a solidariedade de representantes do PP (Ana Amélia), do PT (Eduardo Suplicy), do PSDB (Álvaro Dias) e do PSOL (Ranfolfe Rodrigues). Mais suprapartidário, quase impossível.
Contraproducente
Vamos ver. Não há a menor e a mais remota razão para desconfiar de que Pedro Taques esteja mancomunado com Demóstenes. Ao contrário: a menos que estejamos diante de mais um caso de “Dr. Jekyll e Mr. Hyde” (já basta um, né?), ele está atuando no polo contrário. A solidariedade que obteve ao discursar no Senado dá conta da bobagem que fez o deputado Silvio Costa.
E aqui lhe faço uma advertência, por mais que estivesse sinceramente indignado: ainda que o senhor tivesse combinado a sua atuação com Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakai, advogado de Demóstenes, a coisa não teria saído tão a contento do acusado, deputado! A imagem de vítima, de alguém humilhado, que está passando por um linchamento, só faz bem à defesa. Mesmo o pior facínora, quando humilhado, desperta simpatias. A gritaria também mobiliza o espírito de corpo do Senado. Faz com que cada parlamentar se sinta, ainda que não tenha motivos para isso, no lugar do colega. No depoimento prestado no Conselho de Ética, Demóstenes soube exercer a humildade decorosa. Seguiu o script. O que o senhor conseguiu, deputado Silvio Costa, foi criar um contraste entre a civilidade de um fórum e a suposta barbárie de outro.
Resista à tentação, deputado! O seu estrelismo desta tarde só colabora… com os acusados!
Por Reinaldo Azevedo
31/05/2012
às 16:45

Está em curso uma operação para tentar desestabilizar Mendes e forçá-lo a se declarar impedido de julgar o mensalão. Ou: Desavergonhados, petistas proclamam por aí ter quatro votos certos pela absolvição da súcia

Está em curso, e não chega a ser exatamente uma novidade, uma operação de desestabilização do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Trata-se de uma ação ampla, que encontra eco até mesmo dentro do tribunal. O JEG não esconde o propósito, escancara-o em suas páginas financiadas com dinheiro público: querem que ele se declare impedido de participar do julgamento dos mensaleiros, na suposição — sem lastro na realidade! — de que estaria praticando prejulgamento. É uma falácia. Nada no histórico de votos do ministro no STF indica antipetismo militante. Ao contrário até: Mendes foi um dos que inocentaram — e deixei clara, então, a minha discordância — Palocci no caso da quebra do sigilo do caseiro, por exemplo. Por se tratar de questão de natureza criminal, entendeu que não poderia condenar sem a prova provada, a ordem explícita para que um subordinado executasse a tarefa. Como essa evidência documental não existia,  optou, então, pela absolvição. A questão, claro!, tem mais meandros do que isso. Faço uma síntese.
E por que agora todo esse barulho em relação ao mensalão em particular? Medo do suposto preconceito anti-PT? Uma ova! Medo das evidências que estão nos autos, isso sim! Os petistas não fazem segredo de que têm os “seus ministros” — aqueles cujos votos dão como favas contadas. Não listo aqui porque poderia apenas estar dando curso a uma difamação. O fato é que eles não escondem de ninguém que consideram que QUATRO VOTOS ESTÃO GARANTIDOS.
Certos ou errados, os petistas avaliam que Mendes e Cezar Peluso votarão contra os mensaleiros. E acham que Ayres Britto pode seguir o mesmo caminho. Assim, Lula quer adiar o julgamento para 2013 porque estes dois últimos já não estariam na corte. Para inocentar a súcia, bastam 6 votos — no caso de o tribunal estar completo.
Ganhar de goleada
Lula pôs na cabeça que não basta vencer, não! Ele quer ganhar de goleada. Acha que uma vitória apertada, por um voto, deixaria no ar a suspeita de arranjo. Tem de ser um placar convincente. Um julgamento sem Peluso e Britto e com um Mendes impedido seria um sonho.
É esse o pano de fundo dessa baixaria. A canalha tenta desmoralizar Mendes, mas está, na prática, é desmoralizando todo o Supremo. A cada vez que petistas dão como líquido e certo o voto de ao menos quatro ministros, tratam o tribunal como se fosse mera extensão ou franja do partido, dando a entender que passou a existir um critério para integrar a corte. Não por acaso, os setores mais extremistas do petismo tratam Joaquim Barbosa e Peluso como traidores e Britto como um possível ingrato. Mendes, por óbvio, está no radar desde sempre porque indicado para o tribunal por FHC.
Trabalho sujo
Os setores da imprensa que não dividem espaço no lixão financiado do lulo-petismo que dão curso às críticas a Gilmar Mendes — indo além da notícia, censurando o seu ato de coragem — estão contribuindo, na prática, para desmoralizar o Supremo. Engrossam a corrente daqueles que querem fazer do tribunal um quintal do Executivo, a exemplo do que se vê na Venezuela, na Argentina, no Equador, na Bolívia ou na Nicarágua, esses notáveis exemplos de cultura democrática.
Por Reinaldo Azevedo
31/05/2012
às 15:25

Eu quero debater Maquiavel com a senadora Marta Suplicy; parece que ela fez uma leitura muito particular do autor

Eu quero, e modestamente me ofereço — dando a ela a prerrogativa de marcar hora e local — debater Maquiavel com a senadora Marta Suplicy (PT-SP). E me proponho a tanto porque ela própria, nesta quinta, sugeriu que o florentino tem algo a esclarecer sobre a tentativa de chantagem de que foi vítima o ministro Gilmar Mendes.
Está em curso uma operação desfechada por petistas, pela subjornalismo financiado por dinheiro público e por setores da imprensa paulista — mesmo aquela que não integra oficialmente o lixão, a esgotosfera, o JEG. Trato do assunto daqui a pouco.
Com aquela ligeireza que tão bem a caracteriza, a petista comentou o confronto Gilmar Mendes-Lula  nestes termos: “Se ocorreu ou não, existem versões. Eu acho que ficou um ponto de interrogação mais para o lado do ministro do que para o presidente Lula”. Segundo ela, o fato de o ministro ter denunciado a iniciativa destrambelhada do ex-presidente “fez muito mal para o Brasil”. Indagada das possíveis motivações, então, de Mendes, disparou com, desta vez, ignorância elegante: “Se a gente ler bem Maquiavel talvez encontre algumas explicações”.
Qual Maquiavel? Qual trecho e de que livro?
A única passagem que talvez se aplique ao caso explica mais Lula do que Mendes. Deve o Príncipe ser amado ou ser temido? Entre os dois, é certo que o melhor é ser temido, considera, Vejam lá por quê. Discursando ontem numa solenidade oficial, o ApeDELTA disse, no entanto, que é amado por muitos e que só uns poucos não gostam dele — e com estes, afirmou, precisa tomar cuidado.
Na prática, dá para saber como funcionam as coisas. Lula quer, sim, ser amado, e isso excita a sua benevolência, mas já deixou claro mais de uma vez que os que não gostam dele têm razões de sobra para temê-lo. Entre ser amado e temido, ele fica com os dois.
Marta Suplicy é vice-presidente do Senado. A exemplo de Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara, é mais uma que ignora a instituição para servir ao chefão decadente de um partido.
Por Reinaldo Azevedo
31/05/2012
às 15:01

Tumulto e bate-boca na sessão com Demóstenes na CPI. Ele mesmo escolheu ficar calado

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro, na VEJA Online:
Tumulto e ofensas públicas marcaram nesta quinta-feira a breve sessão da CPI do Cachoeira, que encerrou antecipadamente o depoimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) após o parlamentar anunciar que permaneceria em silêncio. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), estava decidido a permitir que os integrantes da comissão usassem a palavra antes que Demóstenes fosse dispensado - uma prática diferente da que ocorreu com outros depoentes. Era uma oportunidade de os parlamentares tripudiarem sobre o senador envolvido com Carlinhos Cachoeira. O resultado, entretanto, não foi dos melhores.
O primeiro a falar foi o deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF): depois de criticar a postura de Demóstenes, simulou indignação e se retirou do plenário. O segundo foi Sílvio Costa, que foi além: exaltado, disse que Demóstenes não só é culpado como está condenado - literalmente - ao inferno:  “O seu silêncio é a mais perfeita tradução da sua culpa. Esse seu silêncio escreve em letras garrafais: ‘eu, Demóstenes Torres, sou, sim, membro da quadrilha de Carlinhos Cachoeira. Eu, senador Demóstenes Torres, sou, sim, o braço legislativo da quadrilha do senhor Cachoeira”, disse Sílvio Costa. ” Se o céu existir, e tenho certeza que o céu existe, o senhor não vai pro céu, porque o céu não é lugar de mentiroso, de gente hipócrita”.
O protesto de Costa contra o silêncio de Demóstenes foi interrompido pelo senador Pedro Taques (PDT-MT), procurador da República licenciado. Taques interveio contra as ofensas dirigidas ao político goiano e disse que, mesmo sob suspeita de integrar uma quadrilha, Demóstenes não poderia ser desrespeitado.
“Todos aqui, enquanto parlamentares, devem obedecer à Constituição da República”, ponderou. “A Constituição afirma que o cidadão, seja lá quem for, não pode ser tratado com indignidade. Não me interessa quem seja. Pessoas morreram no mundo em razão do direito constitucional ao silêncio. Pode ser o crime mais grave, mas o princípio constitucional ao silêncio e o direito fundamental da pessoa humana de ser respeitado precisam ser respeitados”.
Sílvio Costa disse que Taques havia interrompido sua fala. Depois, voltou a atacar Demóstenes, classificando-o como “ex-futuro senador”, e ironizou: “O Conar (Conselho de Autorregulação Publicitária) deveria processá-lo por propaganda enganosa”. Ao se levantar para deixar o plenário, Costa se dirigiu a Taques: “Seu demagogo, seu m…, seu m…”, xingou, fora dos microfones. O tumulto levou o senador Vital do Rêgo a encerrar abruptamente a sessão. Antes, reprovou a atitude dos parlamentares: “Vocês passaram dos limites”.
Reação
Após o fim da reunião, Sílvio Costa manteve o tom: “O senador Pedro Taques não tinha o direito de cassar a minha palavra. Ele atropelou o regimento. Hoje ele mostrou a cara dele: o senador Pedro Taques, que é metido a paladino da ética, é um defensor do Demóstenes. Hoje ele mostrou o voto para o Brasil. Ele vai votar a favor da permanência do Demóstenes no Senado”.
Taques abusou do vocabulário ao reagir às críticas do deputado: “É uma bazófia. Não faço parte da súcia desse deputado, da chacrinha, da entourage, do séquito desse deputado”. O senador disse que ainda vai decidir se apresenta uma representação contra Costa no Conselho de Ética da Câmara. “Vou analisar o que será feito”, afirmou. “Mas não se pode representar  por ofensa ao decoro contra quem não tem decoro”.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), lamentou o episódio. “Não faz parte da boa civilidade”, disse. “Nós queremos que as pessoas sejam respeitadas e, evidentemente, esse tipo de circo que acontece no plenário da CPI não contribui”.
Estratégia
A estratégia da defesa foi traçada pelo advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que já havia avisado que seu cliente não responderia a perguntas dos congressistas. O direito de ficar calado tem sido utilizado pelos principais depoentes na comissão de inquérito como argumento constitucional para evitar a autoincriminação.
“Anteontem, prestei depoimento por mais de cinco horas no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, cuja pertinência temática é a mesma desta CPI”, disse Demóstenes. “Em decorrência disso, por solicitação do meu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, endereçamos ontem petição a essa colenda comissão e comunicamos, até por uma questão de lealdade, que permaneceríamos calados, conforme faculdade expressamente prevista na Constituição Federal”.
Demóstenes também informou que Kakay está providenciando a transcrição de seu depoimento no Conselho de Ética e as notas taquigráficas da sessão para que sejam encaminhadas à CPI. “Portanto, utilizarei da faculdade prevista na Constituição Federal de permanecer em silêncio”, completou o senador.
A CPI espera provar a ligação do senador com o bando de Cachoeira com a análise dos sigilos bancário, fiscal, telefônico, de e-mail, SMS e Skype do parlamentar. Ontem a comissão autorizou a quebra desses sigilos.
(…)

Por Reinaldo Azevedo
31/05/2012
às 7:43

LEIAM ABAIXO

Nunca ninguém elogiou a ditadura com tanto entusiasmo, denodo e servilismo como Mino Carta. E posso provar o que digo, é claro!;
Criticar Gilmar Mendes corresponde a punir a vítima. Ou: Cedendo ao gangsterismo, que chegou à Wikipédia;
Uma palavra de ordem para a esgotosfera: “Culpem o Serra!”;
Gilmar Mendes está mesmo de parabéns! Agora é um estafeta do ditador Hugo Chávez que protesta contra ele!;
Cabral, aquele da farra em Paris, se irrita com perguntas sobre a Delta;
Tribunal de Justiça de SP decide afastar presidente do TRE;
Serra pede cuidado para que decisão do STF sobre aborto não se transforme em eugenia;
Papéis vergonhosos: Gilberto Carvalho, ministro de estado, age como porta-voz de Lula, e Marco Maia, presidente da Câmara, como um juiz debochado;
Lula não gosta da conversa com Dilma, que lhe pediu para deixar o governo fora de suas lambanças - não com essas palavras, claro!;
Lula discursa, diz precisar tomar cuidado com quem não gosta dele; defende ministra demitida de seu governo sob suspeita de corrupção e afirma que imprensa precisa tirar a bunda da cadeira;
Petista agora acusa PSDB de se juntar ao PMDB contra o PT…;
Copom corta Selic em 0,5 ponto porcentual;
O ambíguo desagravo a Lula feito por Dilma Rousseff;
“A violação dos direitos de um indivíduo significa a abolição de todos os direitos”;
Todos os sigilos de Demóstenes são quebrados; se tiver de comparecer à CPI, senador vai ficar calado;
CPI convoca Perillo, que queria falar, e Agnelo, que não queria. Convocação de Cabral é rejeitada. Por quê?;
STF: 35 mil pedem julgamento do mensalão;
Impasse evita quebra de sigilo de governadores na CPI;
Explodem a violência retórica e o ódio dos nazistoides nas redes sociais e na esgotosfera. O JEG abre suas páginas para o vale-tudo contra a imprensa livre, o Judiciário independente e a civilidade. No comando da SA, Lula!;
O isentismo consegue distorcer a realidade mais do que os canalhas rematados;
ABSURDO! Governo quer agora cotas “raciais” nos concursos públicos e até para o doutorado. Eis o monstro que o Supremo embalou;
Haddad se reúne na casa de Paulo Henrique Amorim com blogueiros financiados por governos petistas e por estatais para discutir sua campanha eleitoral;
Procurador da República no RS entra com representação contra Thomaz Bastos;
Você ganha R$ 1.021,00 por mês? Então já é da classe alta segundo o modelo petista! O Milagre do Apedeuta começa a ganhar números
Por Reinaldo Azevedo
31/05/2012
às 7:21

Nunca ninguém elogiou a ditadura com tanto entusiasmo, denodo e servilismo como Mino Carta. E posso provar o que digo, é claro!

“Como é de conhecimento do mundo mineral, quem fez a VEJA, quando podia ser lida, foi o Mino Carta. O Robert(o) [Civita] lia a Veja na segunda feira, depois de impressa, porque o Mino não deixava ele dar palpite ANTES de a revista rodar.”
A afirmação acima é de Paulo Henrique Amorim, amigo de Mino Carta, e, surpreendentemente, trata-se de uma verdade. Mino, com efeito, fazia o que achava melhor. Seu patrão só ficava sabendo na segunda-feira. A sua ditadura unipessoal na revista acabou no começo de 1976. A ditadura no Brasil ainda duraria muito tempo.
Pois bem, as novas gerações, especialmente os jovens estudantes de jornalismo, que hoje eventualmente leem e ouvem Mino Carta conhecem pouco da história da profissão. Não raro, seus professores se ocupam de proselitismo ideológico raso e não incentivam a pesquisa. O material que destaco abaixo é público. Está no arquivo digital da VEJA.
Na revista de 1º de abril de 1970, Mino decidiu fazer um balanço dos seis anos de poder militar no Brasil. A longa reportagem, com texto final de Elio Gaspari e Luís Adolfo Pinheiro, era apresentada num editorial assinado pelo então diretor de redação. Outros podem ter cantado as glórias do regime militar, mas ninguém como Mino. Outros podem ter enxergado virtudes no poder de farda. Mas ninguém como Mino. Outros podem ter coberto os chamados “setores castrenses” de elogios e mimos. Mas ninguém como Mino. Segue o seu editorial na íntegra. Comento depois.
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Voltei
A essa altura, imagino muitos jovens “progressistas” mais irados que menino cagado, como se diz nos Pampas. Sim, este Robespierre da “imprensa nativa”, como ele costuma se referir aos demais veículos de imprensa, achava que os militares
“surgiram como o único antídoto de seguro efeito contra a subversão e a corrupção, nascidas e criadas à sombra dos erros voluntários e involuntários dos líderes civis”. Como vocês sabem, o “direitista Reinaldo Azevedo”, o Judas pronto a ser malhado pela esquerdopatia de salão, jamais escreveu ou escreveria algo parecido. Como não sou demagogo nem estúpido e prezo o estado de direito, não tento enganar incautos pregando, por exemplo, a revisão da Lei de Anistia.
Quando publiquei um outro texto demonstrando a verdadeira pena de Mino Carta, alguns tentaram ensaiar uma defesa: “Não foi ele que escreveu! Era a revista!” Errado! O que vai acima é um texto assinado. Ele, sim! Aquele que mandava em VEJA e não permitia pitaco de patrão. Mino não precisava que ninguém o forçasse a lustrar as botas do quartel. Ele o fazia por conta própria, por gosto, por vocação,  pela vontade de servir.
Mino ia longe. Enxergava o que ninguém mais alto do que ele conseguia enxergar. Leiam lá o que diz sobre os governos de farda: “E, enquanto cuidavam de pôr a casa em ordem, tiveram de começar a preparar o país, a pátria amada, para sair de sua humilhante condição de subdesenvolvimento”.
Sabem o que é mais fabuloso? Mino continua fanaticamente governista hoje, como sabem. A razão supostamente nobre que pretexta para ter aderido ao lulo-petismo é justamente a dita luta do ApeDELTA para tirar o país do… subdesenvolvimento!!! Já naquele tempo, como se nota, ele tinha esse estilo que eu definiria como “contestação a favor do poder”.
A reportagem
A reportagem a que ele se refere, com texto final de Elio Gaspari e Luís Adolfo Pinheiro, também é um primor. Ali já se percebe a semente de um estilo que renderia muitas metáforas a um deles: assim como Lula é, nos dias hodiernos, o homem “do andar de baixo” que veio dar lições “ao andar de cima”, naqueles dias, esse papel era reservado aos militares. Querem ver?
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Entenderam? Era “a revolução que legitimava o Parlamento, não o Parlamento que legitimava a revolução”. Os militares perceberam, como se informa acima, que as intenções ideológicas dos políticos são sempre “escorregadias”. Huuummm… Não deixa de ter lá a sua verdade. Quando vejo alguns áulicos de hoje a demonizar a oposição, noto que o sestro é antigo. Este outro trecho da reportagem é de uma fabulosa eloquência.
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Ali se mostra o danado esforço dos militares para construir uma “nova estrutura política, econômica e social para o país”, sem transigir com os “antigos inimigos”, a saber: “a corrupção e a subversão”. Mino Carta e seus rapazes saúdam o fato de que, finalmente, existe uma política sem políticos — nem mesmo aqueles que apoiaram inicialmente o golpe. Não se trata apenas de uma reportagem exaltando o poder militar. Trata-se um texto em favor da linha dura. Mino, como se sabe, é sempre muito convicto. As ideias ficarão ainda mais claras no trecho que segue. Notem que a tarefa dos militares é criar o desenvolvimento. E não estão para brincadeira, não! Trata-se de gente séria, competente e trabalhadora — não aquela bagunça do governo civil.
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Mino, Gaspari e a turma estavam empenhados em demonstrar que, finalmente, havia gente de outra natureza no poder, muito distante da vigarice civil e da baderna protagonizada por reles políticos. Estes, parece, eram talhados para se servir do poder — os outros, ao contrário, eram educados para servir. Que falem por si. Não precisam do meu auxílio. As duas imagens devem ser lidas na sequência.
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É claro que há, sim, verdades no que vai acima quanto à formação e ao espírito dos militares. A questão é saber se seu lugar é o governo. E me parece certo que não. Assim como tenho a certeza de que também não é lugar de larápios, de aproveitadores e de candidatos a caudilho. E, se restou alguma dúvida quanto aos propósitos do editorial de Mino Carta e da matéria feita sob o seu comando e a sua inspiração, o último parágrafo é de um eloquência acachapante. Leiam. Volto para encerrar.
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Pois é… A gente nota os “velhos progressistas de esquerda de hoje” já em estado larvar naqueles entusiastas do regime, não é? Afinal, os militares eram “sensíveis aos problemas” nacionais porque oriundos das “camadas mais pobres da sociedade”. Isso deve explicar a paixão  pelo ApeDELTA. Golpe? Nada disso! A gente aprende lendo o texto que “a classe política se dividiu e naufragou por suas próprias limitações”. Quando os militares decidissem entregar o cargo, haveria de ser a uma “classe política renovada”.
Uau!!!
Encerrando
Os jornalistas, o jornalismo e as empresas de comunicação retratam o poder: noticiam, analisam, opinam… Mas têm de ter claro que não são — NEM DEVEM SER — o poder. É evidente que a imprensa estava sob severa censura em 1970, mas, já escrevi aqui, se era proibido criticar, não era obrigatório elogiar. Especialmente com essa ênfase e com argumentos saídos da mais profunda convicção antidemocrática.
Mino Carta se sentia a voz do poder em 1970 e se sente a voz do poder em 2012. No passado, ele desqualificava os políticos — consumidos por suas ambições e limitações. Nos dias de hoje, os adversários dos “representantes das camadas mais pobres” são as forças de oposição e, claro, a “imprensa nativa”, que ele adora satanizar. Sentia-se poder antes. Sente-se poder agora. Ocorre que, para vestir esse figurino, precisa inventar para si mesmo um passado de contestação, falso como nota de R$ 3. Alguém poderia dizer que não mudou tanto assim. Hoje como antes, sempre aos pés do poder. Hoje como antes, de braços dados com o autoritarismo.
Lamento desfazer as ilusões de alguns moços, pobres moços! Mas também eles têm o direito de saber o que eu sei. Sim, sim, há muitos outros “pogreçista” que cantaram as glórias do regime militar. O trabalho da minha Comissão Particular da Verdade mal começou.
Texto publicado originalmente às 5h53
Por Reinaldo Azevedo


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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]