quinta-feira, 26 de julho de 2012

“Esta grande e misteriosa coisa que é a hereditariedade” (Pio XII) [1]




Leo Daniele

Diz um leitor: “Vocês falam muito contra o igualitarismo e até concordo em geral. Mas o que não aceito é a lei da herança. Alguém para ter o que tem, não fez outro esforço que nascer. Portanto, ele é estritamente igual a um elemento de uma classe lá em baixo, que também não fez outro esforço que nascer. As diferenças são do ambiente em que se educaram. Mas ambos são absolutamente iguais e merecem o mesmo”.

Conclusão: as leis que garantem a herança são injustas.

Façamos a prova das provas, dirá o alérgico às heranças. Tomemos dois gêmeos, iguais por definição em matéria de nascimento. Por uma razão qualquer, logo ao nascer eles foram separados, e criados em ambientes diferentes. Um num ambiente cultural alto, outro extremamente baixo. Qual o resultado? Um será bem dotado, o outro um nulo; um inteligente, o outro um coitado, se essa lei injusta continuar.

Se dois gêmeos foram separados logo ao nascer, e um educado em uma família de camponeses, e o outro em família de professores, é claro ‒ dirá o alérgico às heranças ‒ que a inteligência deste último será bem maior. Entretanto, ao nascer, seria igual à do outro gêmeo. As diferenças viriam da formação. Está provado! Portanto, igualdade neles!

Assim se pensava sobretudo nos séculos XIX e XX. A família não tem o menor papel; a herança está fora de época, e é melhor suprimi-la.

Mas foi justamente o estudo científico do procedimento dos gêmeos criados em separado que provou o contrário do que querem os avessos à hereditariedade. “Born together—Reared Apart”, um livro de Nancy L. Segal , [2] narra a mudança de concepção a respeito do tema. Segundo a autora, hoje não há mais controvérsia. Todos os estudiosos aceitam a hereditariedade da inteligência. “Nos anos 70, sugerir que se poderia herdar o quociente de inteligência (QI), era uma heresia intelectual, que se podia castigar com algo equivalente a fogueira”, diz a autora, que fez vários anos de estudos sobre o tema.

Bem, dirá alguém, isto é quanto à inteligência, não quanto às outras qualidades e defeitos. Um filho nada fez senão nascer, e herda a riqueza do pai em sua morte. Não é uma injustiça? Não é melhor instaurar a igualdade para todos no ponto de partida, e suprimir a herança? Os que se esforçaram mais e melhor, subirão mais na vida. Pura justiça!

Para Dr. Plinio, não é tão simples assim. Seria uma injustiça, por depreciar a família.

“Se um pai tem verdadeiramente entranhas de pai, ele amará por força, mais do que aos outros, o seu filho, carne de sua carne e sangue de seu sangue. Assim, ele andará segundo a lei cristã se não poupar esforços, sacrifícios nem vigílias, para acumular um patrimônio que ponha seu filho a coberto de tantas desgraças que a vida pode trazer. Neste afã, o pai terá produzido muito mais do que produziria se não tivesse filhos. Ao fim de um vida de trabalho, este homem expira, alegre por deixar o filho em condições propícias.

“Imaginemos que, no momento em que ele acaba de expirar, vem o Estado e, em nome da lei, confisca a herança, para impor o princípio da igualdade dos pontos de partida. Esta imposição não é uma fraude em relação ao morto? Ela não calca aos pés um dos valores mais sagrados da família, um valor sem o qual a família não é família, a vida não é vida, isto é, o amor paterno? Sim, o amor paterno que dispensa proteção e assistência ao filho — para além mesmo da idéia de mérito, simplesmente, sublimemente, pelo simples fato de ser filho. E este verdadeiro crime contra o amor paterno, que é a supressão da herança, poderá cometer-se em nome da Religião e da Justiça?”

Dr. Plínio deu a seu artigo sobre a hereditariedade e a herança um nome sugestivo: “A igualdade dos pontos de partida, esta injustiça”.[3] Cheio de bom senso!
[1] Alocução de Pio XII ao Patriciado e a Nobreza Romana, 1941, p. 364.

[2] Da Comissão Minnesota de Gêmeos Criados em Separado (MISTRA, segundo suas iniciais em inglês).

[3] “Folha de S. Paulo”, 11.12.68

http://www.ipco.org.br/home/noticias/esta-grande-e-misteriosa-coisa-que-e-a-hereditariedade-pio-xii-1


Poderá também gostar de:
Algumas ONGs ambientalistas mais ativas ‒e mais perigosas ‒ ...
PNDH3. Aborto no Ocidente supera abortos idolátricos pagãos
Assista à conferência do Deputado Paes de Lira no Fórum ” ...
Bebês recém-nascidos “não são pessoas” e podem ser mortos, ...
Lançada a campanha “A vida depende de seu voto”
LinkWithin
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
3
Receba os proximos artigos no seu email.
Clique aqui para cadastrar-se
Tags: Desigualdade, Família, Herança, igualitarismo, Leo Daniele
Comentários (2) Trackbacks (0) Deixar um comentário Trackback

Abigail Tenório
26, julho, 2012 em 14:44 | #1
Resposta | Citação

Não entendi nada. Hoje amanheci muito burra.
Mas, desde que o mundo foi criado que foi estabelecida na lei ,o direito a
herança. Na lei de Moisés a maior parte caberia ao varão. com a inteferência
de DEUS foi dado os direitos a mulher.
Leiam o Liv. de Gênesis, Deuteronômio e verão.
Não busquem no espiritismo – matéria nova.
Tudo está fundamentado nos Liv. da Criação.
Quem fez o curso de DIREITO conece bem e sabe que tudo foi tirado da Lei
de Moisés.
Leiam também os Livs de JUIZES. Boa tarde.
Lauro Coelho
26, julho, 2012 em 13:39 | #2
Resposta | Citação

De fato é uma injustiça não considerar os méritos que um pai faz ao empenhar esforço para dar aos filhos uma herança. A igualdade do ponto de partida, doutrina comunista, faz tábula rasa do mérito. Porque, quem lutou, batalhou e amealhou riquezas com seu próprio esforço adiquire méritos e ele é dono desse mérito e por isso tem o direito de entregar a quem quiser os frutos de seus méritos. Mas, aqui – creio eu – também é considerado a habilidade adquirida que acaba por se incorporar aos genes.

Nome (obrigatório)
E-Mail (não será publicado) (obrigatório)
Website
Inscrever no feed de comentários
Nova era do petróleo está a caminho, mas alarmismo profetiza esgotamento da Terra. O que há?
Reaja
Já foram enviados 3.286.164 emails
aos senadores pedindo o arquivamento do
PLC 122/2006 "Lei da Homofobia".

Clique aqui para enviar o seu.
Permaneça em alerta, cadastre seu e-mail
Faça parte desse grupo mobilizado e atento em defesa do Brasil

Digite seu e-mail:




Acompanhe tudo
Receba as nossas
atualizações

Pelo Twitter, e reaja
imediatamente

Faça parte de nossa
comunidade no Orkut

No Youtube, aquilo que
a imprensa não divulga

Fique atento

Ambientalismo: Preservação da Natureza ou Cavalo de Troia? – Considerações sobre o Código Florestal
ALERTA – “Casamento” homossexual aprovado no Senado
Picolé blasfemo, feito com crucifixo e vinho pretensamente consagrado
Atacados pela Tolerância – Um vídeo que todo defensor da família deve assistir
Reaja agora contra a “lei da homofobia”, o PLC 122, que pode ser votado nesta semana

Direto ao assunto:

Agronegócio (5)
América Latina (34)
Chamada (27)
Cultura Católica (16)
Destaque (11)
Igreja no Brasil (37)
Igreja no Mundo (47)
Livros (2)
Notícias (1008)
Opinião (47)
Plinio Corrêa de Oliveira (34)
PNDH (78)
Reforma Agraria (1)
Situação Internacional (133)
Situação Nacional (213)
Vídeos (63)

Tags
Recomendamos

Blogs Políticos
Nobility and Analogous Traditional Elites
Blog de D. Bertrand de Orleans e Bragança
AGÊNCIA BOA IMPRENSA
Luz de Cristo x trevas da irracionalidade
Sou conservador sim, e daí?
Radar da Mídia Pesadelo Chinês
Verde: a cor nova do comunismo
O que está acontecendo na América Latina?
Blog Pela Legítima Defesa
7 Dias em Revista
Blog GPS do Agronegócio

Blogs Históricos
Nobreza
Glória da Idade Média
As Cruzadas Castelos Medievais
Catedrais Medievais


Blogs Religiosos
Os Sonhos de São João Bosco
Aparição de Nossa Senhora de La Sallete
Lourdes e suas aparições
Ciência Confirma a Igreja
Luzes de Esperança
Orações e Milagres da Idade Média
Blog do Pe. David

Blogs sobre Família
Valores Inegociáveis
Blog da Família
Blog Leituras Católicas
Frente Universitária Lepanto
Direitos reservados © 2008-2012 IPCO – Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]