historia01Esse é o modo preferido de pôr em evidência o caráter malévolo das Cruzadas.

Num discurso em Georgetown, o ex-presidente Bill Clinton disse que esse foi um dos motivos pelos quais agora os Estados Unidos são alvo de terroristas (embora no citado discurso o Sr. Clinton tenha subido o nível do sangue até a altura dos joelhos, para dar mais ênfase).

É certamente verdade que muita gente morreu em Jerusalém após a tomada da cidade pelos Cruzados.

Mas o fato deve ser analisado no seu contexto histórico.

O costume vigente em todas as civilizações pré-modernas, tanto na Europa quanto na Ásia, era que se uma cidade resistisse à captura e fosse tomada pela força, sua posse caberia às forças vitoriosas.

Isso incluía não somente os edifícios e os bens, mas também as pessoas.

Por isso, cada cidade ou fortaleza devia pensar muito bem se podia ou não resistir a um cerco: se não pudesse, o mais prudente era negociar os termos da rendição.

No caso de Jerusalém, seus defensores resistiram até o último instante.

Calcularam que as imponentes muralhas da cidade conteriam os Cruzados até chegarem os reforços do Egito.

Eles erraram: a cidade caiu e consequentemente foi saqueada.

Muitos morreram, mas outros muitos foram aprisionados ou deixados livres para partir. Para elos padrões modernos, isso talvez pareça brutal, mas até mesmo um cavaleiro medieval poderia replicar dizendo que nos bombardeios modernos morrem mais inocentes – homens, mulheres e crianças – do que seria possível passar ao fio da espada em um ou dois dias.

Convém lembrar também que nas cidades muçulmanas que se renderam aos Cruzados, as pessoas foram deixadas em paz, na posse das suas propriedades, e com permissão para praticar livremente a sua religião.

Quanto às ruas cheias de sangue, nenhum historiador aceita isso: não passa de um mero recurso literário.

Jerusalém é uma cidade grande, e a quantidade de pessoas que seria necessário abater para inundar as ruas com dez centímetros de sangue é muito superior à população de toda a região.

Thomas F. Madden, Professor de História e Diretor do Centro de Estudos Medievais
e Renascentistas na Universidade
de Saint Louis, EUA
Fonte: Ignatiusinsight.com