terça-feira, 2 de outubro de 2012

[Catolicos a Caminho] Escuta da Palavra e Meditação - 3/10/2012 - Seguir Jesus exige rupturas...

 

Leituras do dia:

Jó 9,1-12.14-16
Sl 88(87)


 
ESCUTA DA PALAVRA - VER
Evangelho:

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 9,57-62
 
"Quando Jesus e os discípulos iam pelo caminho, um homem disse a Jesus:
- Eu estou pronto a seguir o senhor para qualquer lugar onde o senhor for.
Então Jesus disse:
- As raposas têm as suas covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde descansar.
Aí ele disse para outro homem:
- Venha comigo.
Mas ele respondeu:
- Senhor, primeiro deixe que eu volte e sepulte o meu pai.
Jesus disse:
- Deixe que os mortos sepultem os seus mortos. Mas você vá e anuncie o Reino de Deus.
Outro homem disse:
- Eu seguirei o senhor, mas primeiro deixe que eu vá me despedir da minha família.
Jesus respondeu:
- Quem começa a arar a terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus.
" 

MEDITAÇÃO - JULGAR
(O que diz o texto para mim?)
 
Meditação: 
 
A caminhada que Jesus aqui inicia com os discípulos é mais teológica do que geográfica. Lucas não tem a pretensão de nos descrever os lugares por onde Jesus vai passar até chegar a Jerusalém.
 
Seu objetivo é apresentar um itinerário espiritual, ao longo do qual Jesus vai mostrando aos discípulos os valores do Reino e os vai presenteando com a plenitude da revelação de Deus.
 
É o caminho que terá o seu fim na Paixão Morte e Ressurreição do Mestre. Portanto, trata-se do caminho no qual se vai irromper a salvação definitiva. Como discípulos, somos exortados a seguir este caminho, para nos identificarmos plenamente com Jesus.


Este caminho é penoso e exigente. Alias como se costuma dizer: a rapadura é mole, mas não é mole não!


No evangelho de hoje, Jesus indica as disposições necessárias para corresponder plenamente: renunciar às comodidades da vida; depor toda preocupação temporal; desapegar o coração de todo afeto terreno. Só assim poderemos estar disponíveis para o anúncio do reino de Deus.

Enquanto na passagem paralela a esta, em Mateus 8,18-22, são duas pessoas que se dispõem a seguir Jesus, aqui, em Lucas, são três. A primeira e a terceira tomam a iniciativa de pedi-lo, enquanto a segunda é convidada por Jesus.


Lucas apresenta – através do diálogo entre Jesus e três candidatos a discípulos – algumas das condições para percorrer, com Jesus, esse caminho que leva a Jerusalém, isto é, que leva ao acontecer pleno da salvação.


O primeiro diálogo sugere que o discípulo deve despojar-se totalmente das preocupações materiais: para o discípulo, o Reino tem de ser infinitamente mais importante do que as comodidades e o bem-estar material: As raposas têm as suas covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde descansar.


O segundo diálogo sugere que o discípulo deve desapegar-se desses deveres e obrigações que, apesar da sua relativa importância, impedem uma resposta imediata e radical ao Reino: Deixe que os mortos sepultem os seus mortos. Mas você vá e anuncie o Reino de Deus.


O terceiro diálogo sugere que o discípulo deve desapegar-se de tudo, para fazer do Reino a sua prioridade fundamental: nada – nem a própria família – deve adiar e demorar o compromisso com o Reino: Quem começa a arar a terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus.


Não podemos ver estas exigências como normativas: noutras circunstâncias, Ele mandou cuidar dos pais (Mt 15,3-9); e os discípulos – nomeadamente Pedro – fizeram-se acompanhar das esposas durante as viagens missionárias (cf. 1 Cor 9,5)…
 
O que estes ensinamentos pretendem dizer é que o discípulo é convidado a eliminar da sua vida tudo aquilo que possa ser um obstáculo no seu testemunho quotidiano do Reino.
Não importa o quão difícil possa parecer caminhar junto, enfrentar os medos, os desafios e os incômodos do dia a dia. Se você foi escolhido, ouviu alguém chamar seu nome e sentiu o calor do olhar adentrando o seu coração, então não existe outra opção ou escolha: isto aconteceu porque você já está a caminho!

Quando encontramos alguém que completa a nossa vida ou os nossos sonhos, nos sentimos repletos, inteiros e fortalecidos, e assim, desejamos estar junto, ficar junto e viver junto.

Esta passa a ser a única opção, sem chance de troca e sem possibilidade de não estar na medida certa, porque o Amor esconde os defeitos, conserta os estragos, contorna as perdas e cura as dores. Ele transcende o que vemos, sentimos ou imaginamos, por isso, só nos importa segui-lo! Seguir o Amor!

A nós, discípulos de Jesus, é proposto que o sigamos no caminho de Jerusalém. Pois é por ele que chegaremos à salvação, à vida plena.
 
Trata-se de um caminho que implica a renúncia a nós mesmos, aos nossos interesses, ao nosso orgulho, e um compromisso com a cruz, com a entrega da vida, com o dom de nós próprios, com o amor até às últimas conseqüências

Reflexão Apostólica:
 
Condições, condições e condições…

Quantas vezes nos pegamos dizendo: "Senhor serei fiel, atendei meu pedido" ou "vamos rezar para que Deus possa abençoar nosso encontro"? Repare que nessa segunda frase existe uma verdade e um medo. Verdade: Precisamos que Deus a nos ungir, que abençoe o local, a situação, que vá a nossa frente (…); mas revela um medo implícito. Consegue ver?

Se realmente temos fé falaríamos: "esse encontro (reunião, grupo, família) é Dele e por Ele será abençoado, pois foi desde o começo por Ele pensado e suscitado em nosso coração…". De forma alguma estaríamos mandando em Deus, mas declarando a autoridade Dele sobre a situação, do início, meio e fim. Talvez seja o sentimento (ou a falta dele) de "grau de parentesco" que nos impeça de acreditar. Somos seus filhos e como filhos Ele nos concede a autoridade de expulsar o mal, mas se não creio nisso, não consigo acreditar; não consigo ter fé


A fé é a primeira condição para as coisas acontecerem, mas o tempo é segunda. A fé precisa resistir ao tempo, mas a modernidade tem interferido em nossa vocação de esperar. Aprendemos aos poucos a querer tudo para hoje, mais tardar, amanhã; aprendemos aos poucos a por condições para servir, para ajudar, para se entregar…

Existem pessoas que tem a boa vontade em servir mais ainda carregam seus mortos. Pecados, erros e faltas do passado, que já foram mortos, ainda são carregados. Isso é tão nítido nas pessoas que mesmo conhecendo a Deus ainda são amargas, ranzinzas, briguentas, fofoqueiras e às vezes colocam esses "cadáveres" como condição de continuar o serviço: "Amo a Deus, mas vocês tem que gostar do jeito que eu sou".

Coisa nenhuma! Ninguém merece receber minhas pedradas por não eu ainda não conseguir amadurecer na fé. (um)
A vida é um bem comum a todos, o caminho também. Ele é repleto de flores e pedras, mas o nosso livre arbítrio é que decide o que levaremos por esse caminho. As flores e as pedras ficam no caminho, pois fazem parte do caminho de nossa aprendizagem, mas só a levamos conosco se quisermos.

Irmãos difíceis carregam sacolas cheias de pedras, de passados, de medos, de preceitos, de paradigmas (…) e todas as vezes que são chamados a seguir uma vida melhor, não conseguem abandonar o peso que acostumou a carregar durante anos, até mesmo décadas. Sacolas ou mochilas cheias de pedras me fazem lembrar que Jesus um dia disse:

Talvez para exercermos melhor nosso ministério de serviço em nossas funções no trabalho, na escola, na família, (…) seja imprescindível que não carreguemos o passado do homem velho nas costas. É preciso dar um basta naqueles que dizem que o passado é nossa cruz e que precisamos carregá-lo.

O passado não é nossa cruz, pois como Cristo, ela (cruz) também nos libertou. A cruz que realmente carregamos são as escolhas e promessas que fazemos além das dificuldades do dia-a-dia e por si só já são  difíceis de se cumprir se além do peso da cruz tenhamos que carregar as pedras.

Anunciaremos o reino de Deus em nossa vida e na dos que nos cercam quando: 1) Tomo posse que sou filho e não escravo; 2) Abandono as pedras e mesmo nos tropeços topo ver as flores pelo caminho…
 
 
ORAÇÃO
(O que o Evangelho de hoje me leva a dizer a Deus?)
 
Oração: Pai, torna-me apto para o serviço do teu Reino, dando-me as virtudes necessárias para não me desviar do caminho traçado por ti, mesmo devendo pagar um alto preço por isso. Confronta-me, cada dia, com as exigências do discipulado, e reforça minha disposição para enfrentá-las com a tua graça.

 


REGRA VIDA e MISSÃO (AGIR)
(Qual meu novo olhar a partir da Palavra? Como vou vivê-lo na missão?)
 
Propósito: Seguir Jesus Mestre e seu Projeto na realidade em que estou.
    
 
 
        
 
RETIRO - CONTEMPLAÇÃO
(Para onde Deus quer me conduzir?)
 
- Mergulhar no mistério de Deus.
- Passar da cabeça para o coração (Silêncio).
- Saborear Deus. Repousar em Deus.
- Ver a realidade com os olhos de Deus.

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Postcommunio Súmpsimus. Dómine, sacridona mystérii, humíliter deprécantes, ut, quae in tui commemoratiónem nos fácere praecepísti, in nostrae profíciant infirmitátis auxílium: Qui vivis.

"RECUAR DIANTE DO INIMIGO, OU CALAR-SE QUANDO DE TODA PARTE SE ERGUE TANTO ALARIDO CONTRA A VERDADE, É PRÓPRIO DE HOMEM COVARDE OU DE QUEM VACILA NO FUNDAMENTO DE SUA CRENÇA. QUALQUER DESTAS COISAS É VERGONHOSA EM SI; É INJURIOSA A DEUS; É INCOMPATÍVEL COM A SALVAÇÃO TANTO DOS INDIVÍDUOS, COMO DA SOCIEDADE, E SÓ É VANTAJOSA AOS INIMIGOS DA FÉ, PORQUE NADA ESTIMULA TANTO A AUDÁCIA DOS MAUS, COMO A PUSILANIMIDADE DOS BONS" –
[PAPA LEÃO XIII , ENCÍCLICA SAPIENTIAE CHRISTIANAE , DE 10 DE JANEIRO DE 1890]