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    domingo, 16 de dezembro de 2012

    [ZP121216] O mundo visto de Roma

    SOS! O caixa está vazio!

    Como acontece todos os anos no começo da campanha de doações, está acabando o dinheiro de Zenit: só temos disponível neste momento 100 mil dólares (sendo que os gastos mensais da Agência, somando todos os idiomas chegam a 120 mil dólares).

    Contamos com o apoio de todos os leitores na campanha de donativos que acabamos de lançar, para que ZENIT receba os fundos necessários para seguir adiante outro ano!

    Como já sabe, ZENIT vive de sua generosidade!

    Envie seu donativo agora: http://www.zenit.org/portuguese/doacao.html

    Muito obrigado!


    ZENIT

    O mundo visto de Roma

    Portugues semanal - 16 de dezembro de 2012

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    Bento XVI na Praça da Espanha a bordo do novo Papamóvel
    Multidão em festa acolheu o Papa

    ROMA, segunda-feira, 10 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) – Bento XVI na tarde da Solenidade da Imaculada, foi à Praça da Espanha, onde o esparava grande multidão, ao som do Tu es Petrus interpretado pelo coro da capela Sixtina.

    Chegou no novo Papamóvel, Mercedes Classe M, com características que o permitem chegar mais perto da multidão. Foi um presente da Fábrica alemã que se renova desde 1930, quando a Limousine Nurburg 460 foi doada ao Papa Pio XI.

    “É sempre uma alegria – disse o Papa – reunir-nos aqui, encontra-nos todos – romanos, peregrinos e turistas – aos pés da nossa Mãe espiritual, que nos faz sentir-nos unidos no sinal da fé”.

    Depois do seu discurso, no qual lembrou como a salvação do mundo não é obra do homem, da ciência, da técnica ou das ideologias, mas da graça de Deus, que é “a única que pode preencher os vazios que o egoísmo provoca nas pessoas, nas famílias e nas nações” e criticou os “falsos remédios” que o mundo propõe para preencher estes vazios; depois abençoou o ramalhete de flores em honra da Imaculada e se aproximou para colocá-lo aos seus pés, enquanto o coro da Capela Sixtina cantava a ladainha Lauretana.

    Diante dessa praça se encontra a embaixada da espanha junto à Santa Sé, conseguida no 1647 da coroa espanhola. O embaixador, o madrilenho Eduardo Gutierrez Saenz de Buruaga, explicou a ZENIT que “o Papa não entra, mas chega ad portas, um longa tradição iniciada quando, na metade do XIX século, Papa Pio IX inaugurou o monumento da Imaculada. Foi um reconhecimento por tudo o que a Espanha, o rei e o povo espanhol fizem para apoiar o dogma da Imaculada Conceição”. Sobre a presença espanhola em Roma o embaixador disse que “o rei é protocanônico da Basília de Santa Maria Maior”, e acrescentou que “relativamente a esta basílica temos uma grande tradição que recentemente, graças ao cardeal Santos Abril e Castello, foi reforçada e por isso somos muito gratos”.

    (Tradução e Adaptação TS)

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    Celebrações presididas pelo papa no tempo de Natal
    Vaticano comunica horários dos eventos que terão a presença do Santo Padre

    VATICANO, terça-feira, 11 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) – A secretaria de Celebrações Pontifícias divulgou as datas e horários das celebrações litúrgicas a ser presididas por Bento XVI neste período de Natal.

    O primeiro evento é a Santa Missa da noite de 24 de dezembro, que o papa presidirá na Basílica Vaticana às 22 horas. A missa será precedida pela oração do Ofício de Leituras e pelo canto da Kalenda, a partir das 21 horas.

    No dia seguinte, terça-feira, 25 de dezembro, dia da solenidade do Natal do Senhor, o Santo Padre pronunciará ao meio-dia a mensagem tradicional de Natal, com a bênção "Urbi et Orbi".

    Na segunda-feira, 31 de dezembro, também na Basílica Vaticana, o papa presidirá as Primeiras Vésperas da Solenidade de Maria, Mãe de Deus, seguidas pela exposição do Santíssimo Sacramento, com o canto tradicional do "Te Deum" para encerrar o ano civil e, finalmente, com a bênção eucarística.

    O papa saudará o novo ano presidindo a celebração eucarística da Solenidade de Maria, Mãe de Deus, na oitava do Natal, na terça-feira, 1º de janeiro, às 9h30 da manhã, na capela papal da Basílica Vaticana. Será o XLVI Dia Mundial da Paz, com o tema "Bem-aventurados os pacificadores".

    Concelebrarão com o Santo Padre o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado; o cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz; dom Giovanni Angelo Becciu, arcebispo titular de Roselle e substituto da Secretaria de Estado; dom Dominique Mamberti, arcebispo titular de Sagona e secretário para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado; dom Mario Toso, SDB, bispo titular de Bisarcio e secretário do Conselho Pontifício Justiça e Paz, e dom Beniamino Stella, arcebispo titular de Midila e presidente da Pontifícia Academia Eclesiástica.

    No domingo, 6 de janeiro, Bento XVI celebrará no Vaticano a missa da Solenidade da Epifania do Senhor, durante a qual sagrará alguns presbíteros com a ordem episcopal. No domingo seguinte, 13 de janeiro, o papa celebrará a festa do Batismo do Senhor, presidindo a missa na Capela Sistina às 9h45. Na cerimônia, ele administrará o sacramento do batismo para algumas crianças.

    (Trad.ZENIT)

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    Contribuição da Igreja na América passa pela comunhão entre os bispos
    Conversa com o cardeal Marc Ouellet, presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina

    José Antonio Varela Vidal

    VATICANO, terça-feira, 11 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Prossegue o seminário internacional Ecclesia in America, com participantes de todo o continente refletindo sobre os quinze anos da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a América.

    Para conhecer a importância desta iniciativa profética do beato João Paulo II, da qual brotou a exortação apostólica pós-sinodal Ecclesia in America, ZENIT conversou com o cardeal Marc Ouellet, PSS, presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, organizadora do evento que termina nesta solenidade de Nossa Senhora de Guadalupe.

    ZENIT: Já se passaram quinze anos desde o Sínodo da América. Como o senhor vê a integração da Igreja no continente hoje?

    Cardeal Ouellet: O Sínodo sobre a América é em si mesmo uma mensagem de unidade, de comunhão e de solidariedade na Nova Evangelização. Isso volta a nos colocar no coração do evangelho. Cristo diz que, graças a esse amor de uns pelos outros, o mundo descobrirá quem Ele é e que o Pai o enviou.

    ZENIT: Como podemos avaliar este evento de agora?

    Cardeal Ouellet: O sentido da nossa iniciativa é nos reconectarmos com a intuição do papa João Paulo II. Existem problemáticas complexas entre o norte e o sul, de tipo social, político e de imigração, e o modo da Igreja de dar uma contribuição valiosa é a comunhão eclesial, a colaboração entre os bispos, entre os religiosos, e com um laicato muito comprometido.

    ZENIT: E o papel da família neste contexto?

    Cardeal Ouellet: A família, fundamentada no casamento sacramental, é a chave para o futuro da evangelização. Também temos a consciência de que a Mãe de Deus é a protetora da família humana e da família doméstica, básica para o futuro da evangelização não só na América, mas no mundo inteiro.

    ZENIT: Também foi destacada a inculturação do evangelho através da Virgem de Guadalupe. Qual é o núcleo desta ideia?

    Cardeal Ouellet: Nossa Senhora de Guadalupe é a figura do evangelho inculturado. De um evangelho que penetrou na cultura. Ela se apresentou no Tepeyac com aspecto mestiço. E assim eles captaram um Deus que era próximo, não distante. E não só no rosto, mas no nome de Maria também, que é de procedência judaica, e no de Guadalupe, que é árabe. Outra mensagem concreta que ela nos trouxe é que não precisamos de sacrifícios humanos para Deus. É Deus quem sacrifica o seu Filho. E isso foi de um poder extraordinário. Ela tinha o kerigma e o comunicou com muita doçura e ternura.

    ZENIT: E na cultura contemporânea, como semear o evangelho?

    Cardeal Ouellet: Nas relações humanas fundamentais, nas famílias. É lá que temos que transmitir a esperança, a fidelidade, a perseverança e um espírito de sacrifício. Temos que superar também o egoísmo, ter um amor não superficial, mas enraizado na caridade de Cristo. Se levarmos até a célula fundamental da sociedade um amor assim, que cura, que solidifica as relações humanas, estamos reconstruindo a sociedade e evangelizando, estamos construindo a civilização do amor.

    ZENIT: Como agir na cultura dos meios de comunicação social?

    Cardeal Ouellet: A comunicação faz parte da evolução, onde ocorre uma cultura. Mas não é nisso que a Igreja pode ser mais eficaz: a Igreja tem que cuidar é do conteúdo da comunicação. Porque a criatividade para multiplicar os meios já existe, mas a Igreja pode dar uma contribuição extraordinária na criatividade para cuidar dos conteúdos da comunicação.

    ZENIT: ZENIT está fazendo 15 anos de fundação. O senhor poderia enviar uma mensagem para os nossos leitores?

    Cardeal Ouellet: Vocês começaram então junto com o Sínodo para a América! A ZENIT sempre transmite a palavra do santo padre. E o sucessor de Pedro é fundamental para a unidade da Igreja, o amor pelo sucessor de Pedro, a obediência aos seus ensinamentos... Eu acho que esta proximidade que vocês mantêm com o santo padre é um serviço precioso para toda a Igreja.

    (Trad.ZENIT)

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    Estados Unidos: metade dos jovens católicos são de origem hispânica
    Entrevista com o cardeal Sean Patrick OMalley, arcebispo de Boston

    José Antonio Varela Vidal

    VATICANO, terça-feira, 11 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Os representantes da Igreja dos Estados Unidos e do Canadá têm presença numerosa e entusiasta no Congresso Internacional Ecclesia in America, organizado no Vaticano pela Comissão Pontifícia para a América Latina e pelos Cavaleiros de Colombo, em parceria com o Instituto Superior de Estudos Guadalupanos do México. O cardeal arcebispo de Boston destaca em entrevista que a metade dos católicos jovens, de até 30 anos de idade, têm origem hispânica.

    O evento, que termina amanhã, faz parte das celebrações dos 15 anos da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a América. Foi o beato João Paulo II quem o encerrou perante a imagem prodigiosa de Nossa Senhora de Guadalupe e depois deu ao mundo a exortação pós-sinodal Ecclesia in America, com plena vigência em tempos de Nova Evangelização.

    Uma das figuras de destaque na reunião é o cardeal Sean Patrick O’Malley, OFM Cap, arcebispo de Boston, que assiste a todas as sessões vestido com seu hábito franciscano e participa com entusiasmo e experiência nos debates. ZENIT conversou com ele sobre os desafios da Igreja na América e sobre a situação dos hospitais católicos nos Estados Unidos, que podem ser obrigados pela reforma da saúde feita pelo governo Obama a incluir em seus serviços médicos os métodos de planejamento familiar que a Igreja desaconselha.

    ZENIT: Qual é a importância deste evento para a Igreja na América?

    Cardeal O’Malley: É mais um esforço para cumprirmos o ideal do Sínodo da Igreja na América e para estreitarmos laços de amizade e colaboração entre os nossos países.

    ZENIT: 15 anos depois do evento, onde se avançou mais e o que está faltando?

    Cardeal O’Malley: O professor Carriquiry nos disse ontem que já passou a época da ideologia da Teologia da Libertação e outros conflitos da América Central, como as guerrilhas. Essa época já passou e agora temos a oportunidade de começar de novo e nos concentrar no ideal do evangelho e na nossa missão de anunciar em conjunto a Boa Nova em todo o continente.

    ZENIT: Qual é o maior contributo da América Latina à Igreja católica da América do Norte?

    Cardeal O’Malley: Ela está nos trazendo gente, que é o mais importante (risos). Metade dos católicos de menos de 30 anos de idade nos Estados Unidos são hispanos. As igrejas da América Latina também estão enviando agentes de pastoral, sacerdotes e religiosos, e até seminaristas, para fortalecer os nossos esforços de servir à comunidade hispânica e migrante nos Estados Unidos. E no Canadá é uma situação parecida, nas regiões onde existe população de origem hispânica.

    ZENIT: A Igreja dos Estados Unidos enfrenta o desafio da lei de saúde do governo, que obrigaria os hospitais a oferecer todo tipo de métodos de planejamento familiar. Qual é a situação atual e como a Igreja vai agir?

    Cardeal O’Malley: Há muita incerteza, porque o governo diz que vai apresentar alguma solução e estamos esperando. Muitas instituições e organizações católicas já entraram na justiça para solucionar o problema.

    ZENIT: Os bispos estão muito envolvidos neste caso, não?

    Cardeal O’Malley: A conferência dos bispos está tentando dialogar com o governo para ver o que é que conseguimos. Mas é um momento de preocupação.

    ZENIT: Eminência, a agência ZENIT também está completando 15 anos de serviço. Que mensagem o senhor poderia enviar para os nossos leitores?

    Cardeal O’Malley: Meu incentivo e parabéns pelo grande trabalho que vocês fazem, divulgando as notícias e a documentação do papa. É um dos lugares mais valiosos que nós temos na internet para as notícias católicas. Parabéns e sigam em frente!

    (Trad.ZENIT)

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    Bento XVI estreia no Twitter
    No final da Audiência Geral, por meio de um tablet, o Papa digitou a sua primeira mensagem na rede social

    CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 12 dezembro de 2012 (ZENIT.org) - No final da Audiência Geral, imediatamente após a bênção, o Santo Padre enviou o seu primeiro tweet por meio de um tablet.

    Nas versões em Inglês e Italiano, a mensagem contém as seguintes palavras:

    “Benedict XVI @Pontifex. Dear friends, I am pleased to get in touch with you through Twitter. Thank you for your generous response. I bless all of you from my heart. Benedict XVI @Pontifex”.

    “Benedetto XVI @Pontifex_it. Caros amigos, é com alegria que me uno a vós por meio do twitter. Obrigado pela vossa generosa resposta. Vos abençoo de coração. Benedetto XVI @Pontifex_it”. (tradução nossa)

    O tweet foi também publicado em espanhol, português, alemão, polonês, árabe e francês nas suas respectivas contas: @ Pontifex_es; @ Pontifex_pt; @ Pontifex_de; @ Pontifex_pl; @ Pontifex_ar; @ Pontifex_fr.

    No envio do tweet, o Papa foi assistido por Thaddeus Jones, membro do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, e por Claire Diaz-Ortiz, de Twitter. Também estiveram presentes dois estudantes da Universidade Villanova que trabalham atualmente no Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Mika Rabb e Andrew Jadick, bem como a jornalista mexicana Katia Lopez-Hodoyan.

    No dia de hoje, o Santo Padre responde via Twitter a três diferentes questões que foram escolhidas daquelas enviadas e que provêm de três diferentes continentes.

    A primeira dupla de pergunta-resposta foi enviada logo após do envio do tweet introdutório:

    “How can we celebrate the Year of Faith better in our daily lives?

    Benedict XVI @Pontifex: By speaking with Jesus in prayer, listening to what he tells you in the Gospel and looking for him in those in need.

    Benedict XVI @Pontifex”.

    “Como podemos viver melhor o Ano da fé no nosso dia a dia?

    Benedetto XVI @Pontifex_it: Dialoga com Jesus na oração, escuta a Jesus que te fala no Evangelho, encontre a Jesus presente em quem tem necessidade.

    Benedetto XVI @Pontifex_it”.

    (Trad.TS)

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    Bento XVI cumprimenta a redação de ZENIT
    No final do Ângelus, o Santo Padre deu a tradicional bênção às Imagens do Menino Jesus

    Por Luca Marcolivio

    CIDADE DO VATICANO, domingo, 16 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - No final do ângelus de hoje, o Papa Bento XVI deu a tradicional benção às Imagens do Menino Jesus e dirigiu uma saudação especial para a redação de ZENIT, presente na praça de São Pedro com um banner com o logotipo da agência.

    Imediatamente após a conclusão da oração mariana, o Santo Padre lembrou o encontro europeu dos jovens promovido pela Comunidade de Taizé, programado do 28 de Dezembro ao 2 de janeiro, e agradeceu "as famílias que, segundo a tradição romana de hospitalidade, se disponibilizaram para acolher estes jovens”. "Porque, graças a Deus, os pedidos são superiores às expectativas, renovo o apelo já dirigido nas paróquias, para que outras famílias, com grande simplicidade, possam fazer esta bela experiência de amizade cristã”, acrescentou o Pontífice, sempre em mérito ao Encontro Europeu promovido no Taizé.

    Durante as saudações aos peregrinos de língua Inglesa, Bento XVI reiterou as suas condolências pela tragédia com as crianças na escola de Newton, Connecticut, acontecida nesta sexta-feira passada, um episódio de "violência sem sentido" que "profundamente entristeceu" o Papa .

    "Eu asseguro às famílias das vítimas - disse o Santo Padre a este respeito - especialmente aquelas que perderam um filho, toda a minha proximidade na oração. Possa o Deus da consolação tocar os corações e aliviar a sua dor. Durante este tempo de Advento, dedicamo-nos mais fervorosamente  à oração e aos atos de paz. Sobre as pessoas afetadas por esta tragédia e a todos vós, invoco abundantes bênçãos do Senhor. "

    O Papa então dirigiu "uma saudação especial para as crianças de Roma", reunidas na praça de São Pedro para a tradicional bênção das imagens do Menino Jesus. “Caríssimos – disse-lhes – enquanto abençoo as imagens do Menino Jesus que vocês colocarão nos vossos presépios, abençoo de coração a cada um de vós e as vossas famílias, como também os educadores e o Centro de Oradores Romanos."

    Bento XVI saudou os peregrinos de língua italiana, "especialmente os fiéis do Palazzo Adriano, Porto San Giorgio, Grottammare, San Lorenzello, Atella,  Bucchianico e Valmontone". Finalmente, cumprimentou “o grupo de estudantes do Instituto De Merode de Roma com alguns companheiros australianos de Adelaide; como também os representantes da agência de informações religiosa ZENIT”.

    Despedindo-se, o Santo Padre desejou a todos os presentes um bom domingo e “um bom caminho espiritual para Belém”.

    (Trad.TS)

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    A honestidade e o respeito com os outros valem ainda mais para quem tem maiores responsabilidades
    Durante o ângelus, Bento XVI recorda que a justiça e a caridade não se opõem, mas "complementam"

    CIDADE DO VATICANO, domingo, 16 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Voltando da visita pastoral à Paróquia romana de São Patrício no Cole Prenestino, às 12hs, o Papa Bento XVI apareceu na janela do seu escritório no Palácio Apostólico Vaticano para recitar o ângelus com os fieis e os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Estas são as palavras do Papa na introdução da oração mariana:

    ***

    Queridos irmãos e irmãs!

    O Evangelho deste Domingo do Advento apresenta novamente a figura de João Batista, e o retrata enquanto fala para a multidão que se reune com ele no Rio Jordão para fazer-se batizar. Porque João com palavras fortes, exorta todos a se prepararem para a vinda do Messias, alguns lhe perguntam: “o que devemos fazer?" (Lc 3,10.12.14). Esses diálogos são muito interessantes e se revelam de grande atualidade.

    A primeira resposta é dada ao público em geral. O Batista diz: "Quem tem duas túnicas, dê uma a quem não tem, e quem tem o que comer, faça o mesmo” (v. 11). Aqui podemos ver um critério de justiça, animado pela caridade. A justiça pede que se supere o desequilíbrio entre quem tem o supérfluo e quem falta o necessário; a caridade empurra a estar atento ao outro e ir ao encontro da sua necessidade, em vez de encontrar justificação para defender os próprios interesses. Justiça e caridade não se opõem, mas ambos são necessários e se complementam. "O amor será sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa", porque "sempre existirão situações de necessidade material nas quais é indispensável uma ajuda na linha de um concreto amor ao próximo” (Encíclica Deus caritas est, 28).

    E depois vemos a segunda resposta, que está dirigida a alguns “publicanos”, ou seja, cobradores de impostos para os Romanos. Já por isso os publicanos eram desprezados, e também porque muitas vezes aproveitavam da sua situação para roubar. O Batista não lhes diz para mudarem de trabalho, mas para não exigirem nada a mais do que está definido (cfr v. 13). O profeta, em nome de Deus, não pede gestos excepcionais, mas cumprimento honesto do próprio dever. O primeiro passo para a vida eterna é sempre guardar os mandamentos, neste caso o sétimo: "Não furtarás" (cf. Êx 20, 15).

    A terceira resposta é sobre os soldados, outra categoria dotada de um certo poder, e portanto tentada de abusá-lo. Aos soldados João diz: “Não maltratar e não extorquir nada de ninguém; acontentai-vos com a vossa paga” (v. 14). Também aqui, a conversão começa pela honestidade e pelo respeito aos outros: uma indicação que se aplica a todos, especialmente para aqueles que tem maiores responsabilidades.

    Considerando estes diálogos no conjunto, chama a atenção a grande concretude das palavras de João: sabendo que Deus nos julgará segundo as nossas obras, é ali, no comportamento, que é necessário demonstrar o seguimento da sua vontade. E justo por isso as indicações do Batista são sempre atuais: também no nosso mundo tão complexo, as coisas seriam muito melhor se cada um observasse estas regras de conduta. Peçamos então ao Senhor, por intercessão de Maria Santíssima, para que nos ajude a preparar-nos para o Natal levando bons frutos de conversão (cf. Lc 3, 8).

    (Trad.TS)

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    O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. Uma chave de leitura
    Segunda Pregação do Advento 2012 do Padre Raniero Cantalamessa, OFM Cap

    CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 14 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos a seguir a segunda pregação do Advento de 2012 feita pelo Pe. Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, nesta manhã no Vaticano.

    ***

    O Concílio Vaticano II: 50 anos depois.

    Uma chave de leitura

    1. O Concílio: a hermenêutica da ruptura e  a da continuidade

    Nesta meditação, gostaria de refletir sobre o segundo maior motivo de celebração deste ano: o 50º aniversário do começo do Concílio Vaticano II.

    Nas últimas décadas aumentaram as tentativas de fazer uma avaliação dos resultados do Concílio Vaticano II[1]. Não é o caso agora de continuar nesta linha, e nem sequer o tempo disponível nos permitiria. Em paralelo com estas leituras analíticas, houve, desde o começo do Concílio, a tentativa de uma avaliação sintética, a busca, em outras palavras, de uma chave de leitura do evento conciliar. Gostaria de inserir-me neste esforço e tentar, até mesmo, uma leitura das diversas chaves de leitura.

    Principalmente foram três as chaves de leitura: atualização (aggiornamento), ruptura, novidade na continuidade. Ao anunciar o Concílio ao mundo João XXIII usou repetidamente a palavra “aggiornamento” (atualização), que, graças a ele, entrou para o vocabulário universal. Em seu discurso de abertura do Concílio, deu uma primeira explicação do que ele quis dizer com esse termo:

    "O 21º Concílio Ecumênico quer transmitir integralmente, não em partes, sem distorções, a doutrina católica [...]. Mas nós não devemos somente preservar este tesouro precioso, como se nos preocupássemos apenas da antiguidade, mas vigorosos, sem medo, devemos continuar no trabalho que a nossa época exige, seguindo o caminho que a Igreja percorreu por quase 20 séculos [... ]. É necessário que esta doutrina certa e imutável, à qual devemos dar uma adesão de fé, seja aprofundada e exposta como exigido pelos nossos tempos"[2].

    Na medida em que os trabalhos e as sessões do Concílio progrediam surgiram duas linhas opostas dependendo, de acordo com as exigências expressadas pelo Papa, acentuava-se a primeira ou a segunda: ou seja, a continuidade com o passado ou a novidade com relação a ele. No meio desses últimos a palavra aggiornamento (atualização) acabou sendo trocada pela palavra ruptura. Mas com um espírito e com tentativas bem diferentes, de acordo com a própria orientação. Para a ala, assim chamada progressista, tratava-se de uma conquista a ser comemorada com entusiasmo; para o lado oposto, tratava-se de uma tragédia para toda a Igreja.

    Entre essas duas frentes – que concordavam com a afirmação do fato, mas estavam opostos no juízo sobre ele – coloca-se a posição do Magistério papal que fala de “novidade na continuidade”. Paulo VI, na Ecclesiam suam retoma a palavra “aggiornamento” (atualização) de João XXIII e fala que queria tê-la presente como “endereço programático”[3]. No começo do seu pontificado João Paulo II confirmou o juízo do seu antecessor[4] e se expressou muitas vezes nessa mesma linha. Mas, foi principalmente o atual Sumo Pontífice Bento XVI que explicou o que o Magistério da Igreja entende por “novidade na continuidade”. Foi o que ele fez poucos meses depois da sua eleição, no conhecido discurso programático à Curia Romana do dia 22 de Dezembro de 2005. Escutemos algumas passagens:

    “Surge a pergunta: por que a recepção do Concílio, em grandes partes da Igreja, até agora teve lugar de modo tão difícil? Pois bem, tudo depende da justa interpretação do Concílio ou como diríamos hoje da sua correcta hermenêutica, da justa chave de leitura e de aplicação. Os problemas da recepção derivaram do facto de que duas hermenêuticas contrárias se embateram e disputaram entre si. Uma causou confusão, a outra, silenciosamente mas de modo cada vez mais visível, produziu e produz frutos. Por um lado, existe uma interpretação que gostaria de definir "hermenêutica da descontinuidade e da ruptura"; não raro, ela pôde valer-se da simpatia dos mass media e também de uma parte da teologia moderna. [...] A hermenêutica da descontinuidade opõe-se à hermenêutica da reforma ".

    O papa admite que uma certa descontinuidade e ruptura ocorreu, mas ela não abarca os princípios e as verdades fundamentais da fé cristã, mas algumas decisões históricas. Entre as quais se encontra a situação de conflito que se criou entre a Igreja e o mundo moderno, que culminou na condenação total da modernidade sob Pio IX, mas também situações mais recentes, como aquela criada pelos progressos da ciência, da nova relação entre as religiões com as implicações que isso tem para o problema da liberdade de consciência; e não por último, a tragédia do holocausto que exigia um repensamento de atitudes para com o povo judeu. Escreve:

    “É claro que em todos estes setores, que no seu conjunto formam um único problema, podia emergir alguma forma de descontinuidade que, de certo modo, se tinha manifestado, de fato uma descontinuidade, na qual todavia, feitas as diversas distinções entre as situações históricas concretas e as suas exigências, resultava não abandonada a continuidade nos princípios fato que facilmente escapa a uma primeira percepção. É exactamente neste conjunto de continuidade e descontinuidade a diversos níveis que consiste a natureza da verdadeira reforma”.

    Se do plano axiológico, ou seja dos princípios e dos valores, passamos ao plano cronológico, poderemos dizer que o Concílio representa uma ruptura e uma descontinuidade com relação ao passado próximo da Igreja e representa ao contrário uma continuidade com relação ao seu passado remoto. Em muitos pontos, sobretudo no ponto central que é a idéia da Igreja, o concílio quis fazer um retorno às origens, às fontes bíblicas e patrísticas da fé.

    A leitura do Concílio assumida pelo Magistério, ou seja, a da novidade na continuidade, tinha tido um ilustre precursor no “Ensaio sobre o desenvolvimento da doutrina cristã” do cardeal Newman, definido muitas vezes, também por este, “o Pai ausente do Vaticano II”. Newman demonstra que, quando se trata de uma grande ideia filosófica ou uma crença religiosa, como é o cristianismo,

    "não é possível julgar pelo seu começo qual seja a sua virtualidade e as metas às quais tende. [...]. De acordo com as novas relações que ela chega a ter, surgem perigos e esperanças e princípios antigos reaparecem sob nova forma. Ela muda junto com eles para ficar sempre idêntica a si mesma. Num mundo sobrenatural as coisas acontecem de forma diferente, mas aqui sobre a terra viver é transformar-se e a perfeição é o resultado de muitas transformações”[5].

    São Gregório Magno antecipava, de certa forma, esta convicção quando afirmava que a Escritura “cum legentibus crescit”, cresce com aqueles que a lêem”[6]; ou seja, cresce a força de ser lida e vivida, na medida que surgem novas perguntas e novos desafios da história. Portanto, a doutrina da fé muda, mas para ficar fiel a si mesma; muda nas contingências históricas, para não mudar na substância, como dizia Bento XVI.

    Um exemplo trivial, mas indicativo é aquele do idioma. Jesus falava a língua do seu tempo; não o hebraico que era a língua nobre e das Escrituras (o latim do tempo!), mas o aramaico falado pelo povo. A fidelidade a este dado inicial não podia consistir, e não consistiu, no continuar a falar em aramaico a todos os futuros ouvintes do evangelho, mas no falar grego ao Gregos, latim aos Latinos, armênio com os Armênios, copto com os cóptos, e assim até os dias de hoje. Como dizia Newman, é justamente mudando que muitas vezes se é fiel ao dado original.

    2. A letra mata, o Espírito vivifica

    Com todo o respeito e admiração devidos à imensa e pioneira contribuição do Cardeal Newman, a distância de um século e meio do seu ensaio, e com o que o cristianismo viveu nesse meio tempo, não é possível, ainda, não relevar também uma lacuna no desenvolvimento do seu argumento: a quase total ausência do Espírito Santo. Na dinâmica do progresso da doutrina cristã, ele não tem em conta com suficiente clareza o papel de destaque que Jesus tinha reservado para o Paráclito ao revelar aos discípulos aquelas verdades que eles ainda não podiam “carregar o peso” e no conduzí-los “à toda a verdade” (Jo 16, 12-13).

    De fato, o que é que permite resolver este paradoxo e falar de novidade na continuidade, de permanência na mudança, a não ser o Espírito Santo na Igreja? Santo Ireneu o tinha percebido perfeitamente quando afirma que a revelação é como um “depósito precioso contido num vaso de valor que, graças ao Espírito de Deus, rejuvenesce sempre e faz rejuvener também o vaso que a contém”[7]. O Espírito Santo não fala palavras novas, não cria novos sacramentos, novas intituições, mas renova e vivifica perenemente as palavras, os sacramentos e as instituições criadas por Jesus. Não faz coisas novas, mas faz novas todas as coisas!

    A insuficiente atenção ao papel do Espírito Santo explica muitas das dificuldades surgidas na recepção do Concílio Vaticano II. A Tradição, em nome da qual alguns rejeitaram o Concílio, era uma Tradição onde o Espírito Santo não desempenhava nenhum papel. Era um conjunto de crenças e de práticas fixadas uma vez por todas, e não a onda da pregação apostólica que avança e se propaga nos séculos e, como toda onda, só pode ser percebida em movimento. Congelar a Tradição e fazê-la partir, ou terminar, a um certo ponto, significa fazer uma morta tradição e não como a define Ireneu uma “viva Tradição”. Charles Péguy expressa, como poeta, esta grande verdade teológica:

    "Jesus não nos deu palavras mortas

    Que devamos colocar em pequenas caixas (ou em grandes)

    E que devemos conservar em óleo rançoso...

    Como as múmias do Egito.

    Jesus Cristo não nos deu enlatados de palavras para conservar.

    Mas deu-nos palavras de vida para alimentar ...

    Depende de nós, doentes e de carne,

    Fazer viver e alimentar e manter vivas no tempo

    Aquelas palavras pronunciadas vivas no tempo”[8]

    Porém rapidamente é necessário dizer que também na frente de batalha do extremismo oposto as coisas não são diferentes. Aqui se falava voluntariamente do “espírito do Concílio”, mas não se tratava, infelizmente, do Espírito Santo. Por “espírito do Concílio entendia-se o de mais entusiasmo, de coragem inovadora, que não teria sido possível entrar nos textos do Concílio por causa das resistências de alguns e do necessário compromisso entre as partes.

    Gostaria agora de ilustrar aquela que, para mim, parece ser a verdadeira chave de leitura pneumática do Concílio, ou seja, qual é o papel do Espírito Santo na atuação do Concílio. Retomando um pensamento ousado de Santo Agostinho sobre o jargão paulino da letra e o Espírito (2 Cor 3, 6), São Tomás de Aquino escreve:

    "Por letra entende-se toda lei escrita que permanece fora do homem, também os preceitos morais contidos no Evangelho; pelo qual a letra do Evangelho mataria, se não se acrescentasse, dentro, a graça da fé que cura”.[9]

    No mesmo contexto, o santo doutor afirma: "A nova lei é principalmente a mesma graça do Espírito Santo que é dada aos crentes”[10]. Os preceitos do Evangelho são também a nova lei, mas em um sentido material, quanto ao conteúdo; a graça do Espírito Santo é a nova lei em sentido formal, enquanto que dá a força de colocar em prática os mesmos preceitos evangélicos. É aquela que Paolo define “a lei do Espírito que dá a vida em Cristo Jesus” (Rm 8, 2).

    Este é um princípio universal que se aplica a toda lei. Se até mesmo os preceitos evangélicos, sem a graça do Espírito Santo, seriam “letra que mata”, o que dizer dos preceitos da Igreja, e o que dizer, no nosso caso, dos decretos do Concílio Vaticano II? A "implementação", ou a atualização do Concílio não acontece portanto diretamente, não necessita procurá-la na aplicação literal e quase mecânica do Concílio, mas “no Espírito”, entendendo com isso o Espírito Santo e não um vago “espírito do concílio” aberto a todo subjetivismo. O Magistério papal foi o primeiro a reconhecer esta exigência. João Paulo II, em 1981, escrevia:

    "Todo o trabalho de renovação da Igreja, que o Concílio Vaticano II providencialmente propôs e começou – renovação que deve ser ao mesmo tempo “atualização” (aggiornamento) e consolidação no que é eterno e constitutivo para a missão da Igreja – não pode realizar-se a não ser no Espírito Santo, ou seja com a ajuda da sua luz e do seu poder”[11].

    3. Onde buscar os frutos do Vaticano II

    Aconteceu mesmo este suspirado “novo Pentecostes”?  Um célebre estudioso de Newman, Ian Ker, ressaltou a contribuição que pode ser dada por ele não só para o entendimento do desenrolar-se do concílio, mas também para o entendimento do pós-concílio[12]. Depois da definição da infalibilidade papal no Vaticano I, em 1870, o cardeal Newman refletiu sobre os concílios em geral e sobre o sentido das suas definições. Sua conclusão: os concílios podem ter efeitos não pretendidos por quem participou deles. Os participantes podem enxergar muito mais, ou muito menos, do que os resultados que vão ser produzidos por essas decisões.

    Desta forma, Newman aplicava às definições conciliares o princípio do desenvolvimento, que tinha proposto acerca da doutrina cristã em geral. Um dogma, como qualquer outra grande ideia, não pode ser entendido por completo antes de serem avaliadas as suas consequências e desenvolvimentos históricos; para usar a sua comparação, só depois que o rio parte do terreno acidentado em que nasceu e desce até encontrar o seu leito mais amplo e profundo[13]. Aconteceu assim com a definição da infalibilidade papal, que, no calor do momento, foi entendida por muitos como algo maior do que aquilo que a Igreja e o próprio papa quiseram apresentar. Ela não tornaria inútil qualquer futuro concílio ecumênico, como alguns temiam ou esperaram. E disto, o Vaticano II serve como confirmação[14].

    Achamos uma singular confirmação no princípio hermenêutico de Gadamer sobre a "história dos efeitos" (Wirkungsgeschichte), segundo o qual, para se compreender um texto, deve-se levar em conta o conjunto de efeitos que ele produziu na história, inserindo-se nessa história e dialogando com ela[15]. Isto é o que acontece de forma exemplar na leitura espiritual das Escrituras. Ela não explica o texto apenas à luz das coisas que o precederam, como ocorre na leitura histórico-filológica ao pesquisar as fontes, mas também à luz do que se seguiu, explicando a profecia à luz do seu cumprimento em Cristo, e o Antigo Testamento à luz do Novo.

    Tudo isso lança uma luz única sobre o período pós-conciliar. Aqui também as realizações reais se posicionam, talvez, de modo diferente do que considerávamos inicialmente. Nós olhávamos para a mudança nas estruturas e nas instituições, para uma distribuição diferente do poder, para a língua a ser usada na liturgia, e não percebíamos o quanto essas mudanças eram pequenas em comparação com o que o Espírito Santo estava fazendo. Nós achávamos que romperíamos os odres velhos com as nossas próprias mãos, quando Deus, na verdade, nos propunha o seu método de romper os odres velhos pondo neles vinho novo.

    Quando perguntados se houve um novo Pentecostes, devemos responder sem hesitação: sim! Qual é o sinal mais convincente dele? A renovação da qualidade da vida cristã, em todo lugar em que esse Pentecostes foi acolhido. O fato doutrinariamente mais qualificativo do Vaticano II são os dois primeiros capítulos da Lumen gentium, que definem a Igreja como sacramento e como povo de Deus a caminho, sob a orientação do Espírito Santo, inspirada pelos seus carismas, sob a orientação da hierarquia. A Igreja, enfim, como mistério e instituição; como koinonia mais do que hierarquia. João Paulo II relançou esta visão fazendo da sua implementação a prioridade no começo no novo milênio[16].

    Perguntamos: onde é que esta imagem de Igreja passa dos documentos para a vida? Onde é que ela ganha “carne e sangue”[17]? Onde é que a vida cristã é vivida de acordo com "a lei do Espírito", com alegria e convicção, por atração e não por obrigação? Onde é que a palavra de Deus é tida na mais alta honra, e manifestam-se os dons, e sente-se mais forte a ânsia da nova evangelização e da unidade dos cristãos?


    Tratando-se de fatos interiores, do coração das pessoas, a resposta definitiva para estas questões somente Deus possui. Devemos repetir, sobre o novo Pentecostes, o que Jesus disse do reino de Deus: "Ninguém dirá ‘Ei-lo aqui’, ou ‘Lá está ele’. O reino de Deus está no meio de vós" (Lc 17, 21). Podemos, no entanto, captar os seus sinais, auxiliados pela sociologia religiosa que lida com essas coisas. A partir deste ponto de vista, a resposta para muitas daquelas perguntas é: nos movimentos eclesiais!

    Há algo que devemos precisar. Dos movimentos eclesiais, se não na forma, certamente em substância, também fazem parte as paróquias, associações de fiéis e novas comunidades em que se vive a mesma koinonia e a mesma qualidade de vida cristã. Deste ponto de vista, movimentos e paróquias não devem ser vistos em contraposição ou em competição uns com os outros, mas unidos na realização, de um modo diferente, do mesmo modelo de vida cristã. Entre eles, há também algumas das comunidades ditas “de base”, aquelas em que o fator político não assumiu a precedência sobre o religioso.


    Devemos insistir no correto nome: movimentos "eclesiais", não movimentos "leigos". A maioria deles é formada não por apenas uma, e sim por todas as partes da Igreja: leigos, é claro, mas também bispos, padres, freiras. Eles representam todos os carismas, o "povo de Deus" da Lumen Gentium. É apenas por razões práticas que o Conselho Pontifício para os Leigos se ocupa deles, dado que já existem as congregações para o clero e para os religiosos.

    João Paulo II viu nesses movimentos e comunidades paroquiais "os sinais de uma nova primavera da Igreja"[18]. O mesmo foi manifestado, várias vezes, pelo papa Bento XVI [19]. Na homilia da missa crismal da quinta-feira santa de 2012, ele disse:

     “Quem olha para a história do pós-concílio pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que tantas vezes tomou formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que torna quase tangíveis a inexaurível vivacidade da santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo”.

    Falando dos sinais de um novo Pentecostes, não podemos deixar de mencionar em particular, ainda que fosse apenas pela extensão do fenômeno, a Renovação Carismática, que, mesmo não sendo um movimento eclesial no sentido estrito e sociológico do termo (não tem um fundador, uma estrutura e uma espiritualidade própria), é, ainda assim, uma corrente de graça destinada a se dispersar na Igreja como uma descarga elétrica na massa.

    Em 1973, quando um dos arquitetos do concílio Vaticano II, o cardeal Suenens, ouviu falar do fenômeno pela primeira vez, ele estava escrevendo o livro "O Espírito Santo, fonte da nossa esperança", e nos conta o seguinte em suas memórias:


    "Eu parei de escrever o livro. Considerei uma questão de coerência básica prestar atenção ao Espírito Santo, que pode se manifestar de maneiras surpreendentes. Eu estava particularmente interessado no despertar dos carismas, uma vez que o concílio tinha impulsionado esse despertar".

    E, depois de verificar em pessoa e viver de dentro aquela experiência, compartilhada por milhões de outras pessoas, ele também escreveu:

    "Paulo e os Atos dos Apóstolos parecem de repente ganhar vida e se tornar parte do presente. O que era realmente verdadeiro no passado parece estar acontecendo de novo diante dos nossos olhos. É uma descoberta da verdadeira ação do Espírito Santo, sempre atuante, como Jesus prometeu. Ele mantém a sua palavra. É mais uma vez uma explosão do Espírito de Pentecostes, uma alegria que tinha se tornado desconhecida para a Igreja"[20].

    Os movimentos eclesiais e as novas comunidades não esgotam todo o potencial e as expectativas de renovação do concílio, mas respondem à mais importante delas, pelo menos aos olhos de Deus. Eles não estão livres de fraquezas e desvios parciais, mas que outra grande novidade na história da Igreja não sofreu as falhas humanas? Não foi a mesma coisa quando, no século XIII, apareceram as ordens mendicantes? Foram os papas romanos, especialmente Inocêncio III, que reconheceram e acolheram aquela graça pela primeira vez, incentivando o resto do episcopado a fazer o mesmo.

    4. Uma promessa cumprida

    Qual é, então, o significado do concílio como conjunto dos documentos produzidos, Dei Verbum, Lumen Gentium, Gaudium et Spes, Nostra Aetate, etc.? Vamos deixá-los todos de lado e esperar tudo do Espírito? A resposta está contida na frase com que Agostinho resume a relação entre a lei e a graça: "A lei foi dada para buscarmos a graça, e a graça foi dada para observarmos a lei"[21]. O Espírito não dispensa o valor da letra, ou seja, os decretos, o Vaticano II. Ao contrário, é ele quem nos leva a estudá-los e a colocá-los em prática. E, de fato, fora do ambiente acadêmico, onde são objeto de discussão e de estudo, é nas realidades da Igreja mencionadas acima que eles são tidos de fato em maior consideração.

    Eu mesmo experimentei isto. Eu me livrei de preconceitos contra judeus e protestantes, acumulados durante os anos de formação, não pela leitura da Nostra Aetate, mas por ter feito também, à minha humilde maneira e graças a alguns irmãos, a experiência do novo Pentecostes. Depois eu senti a necessidade de reler a Nostra Aetate, como reli ainda a Dei Verbum após o Espírito incutir em mim um novo amor pela palavra de Deus e pela evangelização. O movimento, entretanto, pode acontecer nas duas direções: alguns, para usar a linguagem de Agostinho, são incentivados a partir da letra para buscar o Espírito, e outros são movidos pelo Espírito a observar a letra.

    O poeta Thomas S. Eliot compôs versos que podem nos iluminar quanto ao significado das celebrações do 50º aniversário do Concílio Vaticano II:

    "Não devemos nos deter em nossa exploração,

    E o fim do nosso explorar

    Será chegar ao ponto donde partimos

    E conhecer o lugar pela primeira vez" [22].

    Depois de muitas explorações e controvérsias, somos levados de volta para o lugar onde começamos: no caso, o concílio. Mas todos os trabalhos em torno dele não foram em vão, porque, no sentido mais profundo, só agora somos capazes de "conhecer o lugar pela primeira vez", de avaliar o seu verdadeiro significado, desconhecido para os Padres do concílio.

    Isso nos permite dizer que a árvore crescida do concílio é coerente com a semente da qual nasceu. De onde nasceu o evento do concílio Vaticano II? As palavras com que João XXIII descreve a emoção que acompanhou "o súbito florescimento em seu coração e em seus lábios da simples palavra concílio"[23] sugerem os sinais de uma inspiração profética.  Ao encerrar a primeira sessão, ele falou do concílio como “um novo e desejado Pentecoste, que há de enriquecer a Igreja com abundância de energias espirituais”[24].

    Depois de 50 anos, não podemos deixar de constatar o cumprimento da promessa feita por Deus à Igreja, pela boca de seu humilde servo, o beato João XXIII. Se nos parecer exagerado falar de um novo Pentecostes, diante de todos os problemas e conflitos que surgiram na Igreja depois e por causa do concílio, o que temos a fazer é reler os Atos dos Apóstolos e observar que os problemas e disputas já ocorreram após o primeiro Pentecostes. E não menos acalorados que os de hoje!

    [Tradução Equipe ZENIT]

    [1] Cf. Il Concilio Vaticano II. Recezione e attualità alla luce del Giubileo (O Concílio Vaticano II. Recepção e atualidade á luz do Jubileu), aos cuidados de R. Fisichella, Ed. San Paolo 2000.

    [2] João XXIII, Discurso de abertura do Concílio, n. 6,5 (Os textos do Concílio são tirados da versão que se encontra no site oficial do Vaticano).

    [3] Paolo VI, Enc. Ecclesiam suam, 52; cf. também Insegnamenti di Paolo VI, vol. IX (1971), p. 318.

    [4] João Paolo II, Audiência Geral do 1 Agosto 1979.

    [5] J.H. Newman, Lo sviluppo della dottrina cristiana, (O progresso da doutrina cristã), Bolonha, Il Mulino 1967, pp.46 s.

    [6] Gregorio Magno, Commento a Giobbe (Comentário a Jó) XX,1 (CC 143 A, p. 1003).

    [7] S. Ireneo, Contra as heresias III, 24,1.

    [8] Ch. Péguy, Le Porche du mystère de la deuxième vertu, La Pléiade, Paris 1975, pp.  588 s. (trad. ital. di M. Cassola, Milano 1978, pp. 60-62).

    Ces paroles prononcées vivantes dans le temps ».

    [9] Tomas de Aquino, Summa theologiae, I-IIae, q. 106, a. 2.

    [10] Ibid., q. 106, a. 1; cf já Agostinho, De Spiritu et littera, 21, 36.

    [11] Joao Paulo II, Carta apostólica A Concilio Constantinopolitano I, 25 março 1981, in AAS 73 (1981) 515-527.

    [12] I. Ker, Newman, the Councils, and Vatican II, in “Communio”. International Catholic Review, 2001, págs. 708-728.

    [13] Newman, op. cit. p.46.

    [14] Exemplo ainda mais claro aconteceu no concílio ecumênico de Éfeso, em 431, com a definição de Maria como Theotokos, Mãe de Deus. O concílio queria unicamente afirmar a unidade de pessoa de Cristo. No entanto, deu imenso impulso ao crescimento da devoção mariana e à construção das primeiras basílicas dedicadas a ela. A unidade de pessoa de Cristo foi definida depois, em outro contexto e com mais equilíbrio, no concílio de Calcedônia, em 451.

    [15] Cf H.G. Gadamer, Wahrheit und Methode, Tübingen 1960.

    [16] Novo millennio ineunte, 42.

    [17] I. Ker, art. cit. p.727.

    [18] João Paulo II, Novo millennio ineunte,46.

    [19] Cf. discurso na vigília de Pentecostes em 2006.

    [20] Card. L.-J. Suenens, Memories and Hopes, Dublin, Veritas 1992, pág. 267.

    [21] Agostinho, De Spiritu et littera ,19,34.

    [22] T.S. Eliot, Four Quartets V , The Complete Poems and Plays, Faber & Faber, Londres 1969, p.197.

    [23] João XXIII, Discurso de abertura, Vaticano II, 11 de outubro de 1962, núm 3,1

    [24] João XXIII, Discurso de encerramento do primeiro período do concílio, 8 de dezembro de 1962, núm. 3,6.

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    Concílio Vaticano II: nem aggiornamento (atualização) e nem ruptura, mas novidade na continuidade
    Padre Cantalamessa vê a realização do Concílio e a intervenção do Espírito Santo nos movimentos eclesiais, nas paróquias, nas novas comunidades

    Por Antonio Gaspari

    CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 14 dezembro de 2012 (ZENIT.org) - "Jesus não nos deu palavras mortas (...) Mas nos deu palavras vivas que alimentam (...) que se deve fazer viva e alimentar e manter vivas ao longo do tempo”.

    Com esta citação do poeta francês Charles Péguy, Padre Raniero Cantalamessa, O.F.M.Cap., Pregador da Casa Pontifícia, tentou explicar o significado mais profundo de uma "tradição viva", como a chamava Santo Irineu, que se expressa no Concílio Vaticano II.

    Na segunda pregação de Advento pronunciada hoje na Capela Redemptoris Mater na presença do Papa Bento XVI, padre Cantalamessa explicou que existem pelo menos três chaves de leitura do Concílio Vaticano II: atualização, ruptura, novidade na continuidade.

    A palavra "aggiornamento" (atualização) foi introduzida pelo Beato João XXIII quando anunciou ao mundo o Concílio. “O vigésimo primeiro Concílio Ecumênico – disse o então Pontífice – quer transmitir de forma intacta, não diminuída, sem distorções, a doutrina católica [...]. É necessário que esta doutrina certa e imutável, à qual deve-se dar uma adesão fiel, seja aprofundada e exposta de acordo com o que é pedido pelos nossos tempos”.

    Como se sabe, durante os trabalhos foram delineados dois lados opostos, e, - explica o Pe. Cantalamessa - "a palavra “aggiornamento” (atualização) acabou sendo substituída pela palavra ruptura”.

    De acordo com o pregador da Casa Pontifícia entre essas duas frentes coloca-se a posição do Magistério pontifício que fala de "novidade na continuidade."

    Paulo VI, na Ecclesiam suam retoma a palavra "atualização" de João XXIII e fala de querer tê-la presente como “endereço programático”.

    Quem deu uma nova interpretação do Concílio foi o atual Sumo Pontífice Bento XVI que no seu discurso programático à Curia Romana do 22 de Dezembro de 2005, falou de “novidade na continuidade”.

    O Papa Bento XVI esclareceu como os problemas da recepção dos ensinamentos do Concílio nasceram do fato de que “duas hermenêuticas contrárias lutaram entre si. Uma causou confusão, a outra, silenciosamente mas sempre mais visivelmente, trouxe frutos.”

    O atual Papa não vê “a hermenêutica da descontinuidade e da ruptura” e indicou pelo contrário a “hermêutica da reforma”. A leitura do Concílio feita precisamente pelo Magistério, é para o padre Cantalamessa aquela da “novidade na continuidade” ilustrada no “Ensaio sobre o desenvolvimento da doutrina cristã” do Cardeal Newman, definido muitas vezes, também por este, “O Padre ausente do Vaticano II”.

    A fim de compreender o sentido profundo da "novidade na continuidade" padre Cantalamessa disse que "Jesus falava a linguagem do seu tempo; não o hebraico que era a língua nobre e das Escrituras (o latim do tempo!), mas o aramaico falado pelas pessoas”.

    "A fidelidade a este dado inicial – acrescentou – não podia consistir, e não consistiu, no continuar a falar em aramaico a todos os futuros ouvintes do Evangelho, mas no falar grego aos gregos, latim aos Latinos, Armênio aos Armênios, copto aos coptos, e assim até os nossos dias. Como dizia Newman, é justamento mudando que muitas vezes se é fiel ao dado original”.

    Depois de ter notado que já seja os tradicionalistas que os progressistas faltam no captar a intervenção do Espírito Santo no Concílio, padre Cantalamessa indica os frutos do Concílio, relevando que enquanto “nós olhávamos para as mudanças nas estruturas e instituições, para as diferentes distribuições do poder, para a língua usada na liturgia, não nos dávamos conta de quanto estas novidades fossem pequenas com relação à que o Espírito Santo estava obrando”.

    O Pregador nota que no Concílio “houve um novo Pentecoste” cujos frutos evidentes devem ser reconhecidos nos movimentos eclesiais, nas paróquias, nas associações de fieis, nas novas comunidades, e nas comunidades de base, cujo fator político não se sobrepôs ao religioso.

    João Paulo II – disse o Pe. Cantalamessa – via nestes movimentos e comunidades paroquiais vivas “os sinais de uma nova primavera da Igreja” e a confirmação “da presença e da ação eficaz do Espírito Santo”.

    Neste contexto o Pregador da casa Pontifícia indicou a Renovação carismática como uma “corrente de graça destinada a se dispersar na igreja como uma descarga elétrica na massa."

    "Os movimentos eclesiais não estão ausentes de fraquezas e às vezes de desvios parciais – afirmou Cantalamessa – mas qual é a grande novidade que apareceu na história da Igreja sem imperfeições humanas? Não aconteceu a mesma coisa, no século XIII, quando apareceram as ordens mendicantes?".

    "Os movimentos eclesiais e as novas comunidades - disse – não esgotam toda a potencialidade e as expectativas da renovação do Concílio, mas respondem às mais importantes delas, aos menos aos olhos de Deus”.

    Embora tenha se confessado de ter-se libertado dos prejuízos contra os judeus e contra os protestantes, absorvidos nos anos da formação, não por ter lido Nostra aetate, mas “por ter feito também eu, no meu poucou e por mérito de alguns irmãos, a experiência do novo Pentecostes”, padre Cantalamessa afirma que sobre os documentos do Concílio, o Espírito Santo “move a estudá-los e a colocá-los em prática”.

    O pregador da Casa Pontifícia concluiu a pregação do Advento, relatando as palavras de João XXIII ao longo do fechamento da primeira sessão na qual falou do Concílio como de “um novo desejado Pentecostes, que enriquecerá abundantemente a Igreja de energias espirituais”.

    (Tradução Thácio Siqueira)

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    Igreja e Religião


    Jubileu dos Padres Somascos no Brasil

    Por Carlos Moioli

    RIO DE JANEIRO, terça-feira, 11 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Nesta terça-feira, 11 de dezembro, a Província do Brasil “Cristo Redentor” está realizando uma peregrinação ao Rio de Janeiro, até o local aonde os primeiros religiosos somascos chegaram no país.

    Para os religiosos presentes no Brasil este é um momento muito especial que comemora 50 anos de trabalhos e esperanças realizados sob muito sacrifício, mas também com muito entusiasmo e fé.

    Consta na peregrinação a visita ao Santuário do Cristo Redentor, no Corcovado, e na primeira capela dedicada a São Jerônimo Emiliani (fundador), situada na Favela da Varginha,em Bonsucesso. Naocasião, o irmão Evandro fará a renovação dos votos. A peregrinação termina com Santa Missa às 18h, na Capela Cristo Redentor, das irmãs Missionárias da Caridade (Av. Brasil, 4.947), em Bonsucesso, presidida pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta.

    Neste momento tão significativo estarão presentes, além dos religiosos residentes no Brasil, o Padre Geral Franco Moscone, o provincial da Província Romana, padre Michele Grieco, e ainda, o padre Tizziano Marconato, padre Pietro Trezzi, ambos residiram no Brasil e  o irmão Luigi Maule, visitando pela primeira vez o Brasil.

    Rio de Janeiro

    Os primeiros religiosos somascos, os padres Miguel Pietrangelo e Heitor Giannella, chegam ao Rio de Janeiro em 14 de dezembro de1962, aconvite do Cardeal Dom Jaime Barros Câmara.

    Em 17 de janeiro de 1963, chegam mais dois clérigos de teologia: Libero Zappone e Marino Nati.

    Após um período de inserção na missão, os religiosos transferem-se do seminário arquidiocesano, no Rio Comprido, para a Igreja Cristo Redentor, em Bonsucesso, vinculada a Paróquia dos Navegantes (erigida em 17 de março de 1963).

    A prioridade das atividades dos somascos no Rio era o acompanhamento pastoral e a organização da promoção humana com os mais pobres nas comunidades. No auge da missão, os religiosos constroem na Favela da Varginha uma igreja dedicada a São Jerônimo Emiliani, cuja missão pastoral hoje é fortalecida pelas Missionárias da Caridade, congregação fundada por Santa Teresa de Calcutá.

    Nesta casa, marco fundacional da congregação no Brasil os religiosos permanecem apenas dez anos. No decreto de fechamento, datado de 11 de maio de 1973, o padre geral alegava uma ação mais concreta no aspecto vocacional, que foi concretizada com a fundação de uma nova casa, na cidade mineira de Uberaba.

    Somascos no Brasil e no mundo


    A Ordem dos Clérigos Regulares de Somasca está presente nos 5 continentes, em 17 países. A casa mãe está localizada em Somasca, pequeno vilarejo no norte da Itália. A última comunidade somasca aberta foi na República Dominicana bem próximo do Haiti, com o objetivo de amparar e educar as centenas de crianças e adolescentes que ficaram órfãos após o terremoto que devastou o país.


    No Brasil, a Ordem está presente desde1962. A primeira casa dos religiosos somascos foi aberta no Rio de Janeiro. Hoje, existem quatro comunidades, nas cidades de Uberaba, Presidente Epitácio, Santo André e Campinas.

    Fundamento da Obra

    Segundo São Jerônimo Emiliani, a oração, o trabalho e a caridade, são os fundamento da obra.

    Por isso, os religiosos somascos procuram viver uma vida de oração pessoal e comunitária através da Liturgia das Horas em comunidade, na recitação do Terço, na adoração ao Santíssimo Sacramento, na meditação individual, nos retiros e nas celebrações eucarísticas. A oração compõe a base do fundamento, como alimenta para realizar outras ações.

    "Quem não trabalha, também não coma". As palavras do apóstolo São Paulo foram adotadas por São Jerônimo Emiliani. O trabalho ajuda no crescimento espiritual, no serviço aos irmãos de comunidade e aos mais necessitados. O estudo, os trabalhos manuais e caseiros, a pastoral, o apostolado com as crianças e adolescentes são elementos que compõe a dimensão do trabalho.

    A caridade é exercida na convivência entre os irmãos e na assistência "aos pequenos e pobres que empobrecidos e abandonados, clamam por um mundo mais justo e fraterno". As obras de serviço às crianças e adolescentes são núcleos que visam a valorização da vida e do respeito entre as pessoas através da educação.

    São Jerônimo Emiliano

    Jerônimo nasceu em Veneza, em 1486. Órfão de pai, foi sabiamente educado na fé cristã pela sua mãe, Dionora Morosini. Aos 15 anos tornou-se soldado e, aos 25, senador. Amante dos prazeres, das festas, Jerônimo Emiliani tinha 28 anos quando caiu prisioneiro de guerra de Luís XII. Na prisão começou a meditar sobre o sentido da vida. Depositando as cadeias sobre o altar de Nossa Senhora, no Santuário da "Madonna Grande", em Treviso, Jerônimo mudou radicalmente de vida.

    Ao voltar a Veneza, vendeu o que possuía e entregou tudo aos pobres e necessitados. Dedicou-se de corpo e alma aos órfãos, às viúvas e aos jovens entregues à prostituição. Fundou hospitais, orfanatos, asilos, escolas profissionalizantes para os meninos. Vivia em companhia dos pobres, dos mendigos, dos injustiçados, de quem se tornou pai e defensor.

    Suas atividades apostólicas se estenderam por várias cidades da Itália, como Verona, Brescia, Como e Bergamo. Em Somasca, Bergamo, surge a Sociedade dos Clérigos Regulares, os Padres Somascos, por ele fundada, cujo apostolado era o ensino gratuito de órfãos e jovens carentes.

    São Jerônimo Emiliani morreu em Somasca, aos 51 anos, vítima da sua própria caridade, enquanto assistia aos doentes, no dia 8 de fevereiro (data de sua festa) de 1537. Foi canonizado no ano de 1767. O Papa Pio XI o proclamou "Patrono universal dos órfãos e da juventude abandonada".

    Serviço:
    Contato no Brasil: Padre Carlos, tel: (19) 3256-2790 / (19) 8169-0080 e padre Américo (provincial)


    Blog: http://vidasomasca.blogspot.com.br/

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    Cultura e Sociedade


    "O Mistério de uma pequena lagoa"
    O livro será apresentado terça-feira, 11 de dezembro, no Augustianum em Roma

    ROMA, segunda-feira, 10 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Terça-feira 11 de dezembro de 2012 às 17hs, no Instituto Patrístico Augustinianum na Rua Paolo VI 25 em Roma a Livraria Editora Vaticana apresentará o livro do artista russo Natalia Tsarkova “Il mistero di un piccolo stagno” (o mistério de uma pequena lagoa), editado pela Livraria Editora Vaticana.

    Falarão mons. Georg Gänswein, secretário particular do Santo Padre Bento XVI, o prof. Antonio Paolucci, diretor dos Museus Vaticanos, o Dr. Saverio Petrillo, diretor das Vilas Pontifícias, e Dom Giuseppe Costa, diretor da LEV. A autora estará presente.

    Este livro com um desenho sugestivo, encadernado e com imagens originais e inéditas da artista Russa, retratista oficial dos Papas, é um conto simples que quer oferecer uma mensagem de amor, fé e esperança. Na verdade, a história nasce de algumas emoções e impressões de uma visita aos belíssimos jardins da residência de verão do Papa em Castel Gandolfo. A partir da realidade a experiência se traduz numa delicada fábula para as crianças, mas também para todos aqueles que vivem o encanto da vida simples e criativa das palavras e das imagens, neste caso testemunho do refinado estilo artístico da Tsarkova que, pela primeira vez, expressa não somente com imagens mas também com a escrita o próprio mundo interior.

    (Trad.TS)

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    Jornada Mundial da Juventude Rio 2013


    Símbolos da JMJ peregrinarão por todo o Estado de Santa Catarina
    Programado para que todas as dioceses os recebam

    BRASÍLIA, terça-feira, 11 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - O Regional Sul 4 da CNBB, que é o Estado de Santa Catarina receberá em Janeiro os Símbolos da Jornada Mundial da Juventude. A Cruz e o Ícone passarão por todas as dioceses do Estado Catarinense, tendo o momento principal no Bote Fé Florianópolis, no dia 12 de janeiro.

    O roteiro completo será este:

    1°a 4 de janeiro: Diocese de Lages

    4 a 7 de janeiro: Diocese de Criciúma

    7 a 10 de janeiro: Diocese de Tubarão

    10 a 13 de janeiro: Arquidiocese de Florianópolis

    13 a 16 de janeiro: Diocese de Joinville

    16 a 19 de janeiro: Diocese de Blumenau

    19 a 22 de janeiro: Diocese de Rio do Sul

    22 a 25 de janeiro: Diocese de Caçador

    25 a 28 de janeiro: Diocese de Joaçaba

    28 a 31 de janeiro: Diocese de Chapecó

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    Voluntário: um serviço de entrega e doação
    Divulgado o valor de inscrição dos voluntários da JMJ Rio2013

    Por Carol de Castro

    BRASILIA, quarta-feira, 12 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Como dizem os voluntários, desde o início dos cadastros, ser voluntário é servir com alegria e amor a Deus, à Igreja e aos irmãos. Esse serviço se dá através da doação de seus dons e de seu trabalho pela Jornada Mundial da Juventude.

    Além disso, para a construção da JMJ, também é necessária a ajuda financeira. Por isso, a partir desta semana, o Setor de Voluntários estará divulgando como será feita a contribuição dos voluntários.

    Segundo o diretor do Setor de Voluntários, padre Ramon Nascimento, faz parte do processo de efetivação a contribuição financeira, pois o voluntário é a pessoa mais comprometida com a realização da Jornada. “O voluntário, assim como o peregrino, é um construtor da Jornada. Ele constrói de duas maneiras: colocando o seu talento (sua vida) a serviço e sua ajuda financeira. Assim percebemos que o voluntário é aquele que na sua entrega dá algo a mais. E que através desta contribuição, ele caminha para a finalização do seu processo de efetivação”, destacou.

    De acordo com o setor, o voluntário diocesano terá a opção de duas modalidades para realizar a sua contribuição - assim como o peregrino, poderá optar por qual tipo lhe atende melhor.

    1ª Modalidade (modalidade básica): Kit voluntário (mochila com diversos itens: tudo o que tem na mochila do peregrino + 3 camisas de voluntários), 1 refeição por dia – nos 5 dias do evento (almoço ou jantar – a depender da sua escala de serviço na JMJ) – Sem Transporte – R$ 80,00.

    2ª Modalidade (modalidade ampliada): Kit voluntário (mochila com diversos itens: tudo o que tem na mochila do peregrino + 3 camisas de voluntários), 1 refeição por dia – nos 5 dias do evento (almoço ou jantar – a depender da sua escala de serviço na JMJ) – Com Transporte – R$ 200,00.

    A única diferença entre as modalidades 1 e 2 é o transporte, que será realizado com um cartão para deslocar-se na cidade fazendo uso do transporte público durante os dias da JMJ.

    A contribuição do voluntário nacional e do voluntário internacional será de R$300,00. Isto compreende: Kit voluntário (mochila com camisas e outros diversos itens), seguro saúde e acidente, alimentação, transporte e hospedagem em toda sua estadia (período de treinamento e durante o evento, ou seja, de 15 a 30 de julho 2013).

    A contribuição poderá ser feita pelo voluntário por meio de cartão de crédito a partir de fevereiro ou por meio de boleto bancário e transferência a partir de abril. A parcela é única e o prazo para pagamento vai até o dia 15 de maio de 2013.

    Segundo padre Ramon, para realizar o pagamento, os voluntários poderão acessar, por meio do site oficial da JMJ Rio2013, a área própria para a quitação da contribuição, como já acontece com os peregrinos.

    O sacerdote também lembrou que para que a pessoa seja um voluntário da Jornada é necessário, em primeiro lugar, ser selecionado; em segundo lugar, atender as solicitações dos documentos e, em terceiro lugar, fazer a contribuição financeira. “Com isso, você está efetivado na Jornada Mundial da Juventude”, disse.

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    Comunicar a fé hoje


    Com o papa na vinha midiática"
    Padre Domenico Paoletti, presidente do Seraphicum, abre conta no Twitter

    ROMA, terça-feira, 11 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - "A decisão do papa Bento XVI de estar presente no Twitter é de grande importância e merece ampla adesão, começando por nós mesmos, como religiosos", afirma em nota o padre Domenico Paoletti, professor de teologia fundamental e presidente da Pontifícia Faculdade Teológica São Boaventura, o Seraphicum, que lança amanhã seus primeiros “tuítes” (@fraterdominicus).

    "Nunca estive nas redes sociais e, honestamente, não sei se teria dado este passo tão distante dos meus hábitos e dos meus compromissos eclesiais e acadêmicos. Eu interpretei a escolha do papa Bento XVI como um convite, talvez um verdadeiro chamado a segui-lo como um simples e humilde trabalhador na vinha dos meios de comunicação".

    "É um passo que eu considero necessário. E agradeço ao Santo Padre pelo incentivo. Eu acredito que estar presente em novos espaços sociais também responde ao compromisso e à missão apostólica liderada por São Maximiliano Kolbe, verdadeiro campeão nesta área, sempre sensível para aproveitar as oportunidades das novas tecnologias e a inculturação".

    O primeiro tuíte de Paoletti deverá ser, na verdade, um retuíte: "Eu certamente começar esta experiência de comunicação repetindo o primeiro tweet do papa, uma escolha simbólica para me colocar humildemente aos seus pés e segui-lo também no ambiente digital", diz o padre franciscano.

    (Trad.ZENIT)

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    Brasil


    115 anos de Belo Horizonte
    Dom Walmor preside celebração hoje

    BELO HORIZONTE, quarta-feira, 12 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, preside hoje, quarta-feira, Celebração Eucarística pelo aniversário de 115 anos de Belo Horizonte.

    A missa será celebrada às 19 horas, na Paróquia Nossa Senhora das Dores (Rua Silva Jardim, 100 – Floresta).

    Após a celebração, será feita uma distribuição de cupcakes. A prefeitura de Belo Horizonte preparou 6000 unidades do bolinho para serem distribuídas na capital mineira durante o dia do aniversário. Além da Paróquia Nossa Senhora das Dores, serão presenteados os moradores de BH que visitarem os restaurantes populares I e II e também será feita a distribuição surpresa em alguns pontos da cidade.

    Os cupcakes foram preparados por alunos dos cursos gratuitos de auxiliar de padeiro e confeiteiro da Padaria Escola Nicola Calichio e da Cozinha Pedagógica Josefina Costa, projetos da prefeitura.

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    Duas formas litúrgicas, mas a mesma fé
    Entrevista com o Pe. José Edilson de Lima, sacerdote da Adm. Apostólica São João Maria Vianney e Juiz auditor do Tribunal arquidiocesano do Rio de Janeiro

    Por Thácio Siqueira

    RIO DE JANEIRO, domingo, 14 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) – Em todos os domingos, às 9hs da manhã, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, na cidade do Rio de Janeiro, celebra-se a Santa Missa Prelatícia na Forma Extraordinária do Rito Romano. 

    Mas, o que é a Forma Extraordinária do Rito Romano? Tem aprovação do Papa? É de difícil compreensão e participação? Para responder a essa questão, ZENIT conversou com o Pe. José Edilson de Lima, sacerdote da Adm. Apostólica e Juiz auditor do Tribunal arquidiocesano do Rio de Janeiro.

    Para saber mais: https://www.facebook.com/missatridentinarj

    ZENIT: Qual é a diferença entra a missa na forma extraordinária do rito romano e a missa na forma ordinária? Desde quando ela existe?

    PE. JOSÉ:  A Missa na Forma Extraordinária é fruto de uma antiga tradição recolhida por São Gregório Magno (596-604) para uso em Roma, onda já fixa o cânon. Este cânon permaneceu o mesmo até o Beato João XXIII. Por ser a Liturgia da Igreja de Roma, generalizou-se em todo o Ocidente entre os anos 700 a 1500. Com Carlos Magno passa a ser usada no Império dos Francos e foi enriquecida no contato com as diversas liturgias galicanas e orientais. Com a crise na Igreja e no papado, o Missal, agora franco-germânico, volta para Roma e vai ser a base para a reforma gregoriana no século X. Os ritos foram simplificados para uso interno da Cúria em suas viagens e o Missal Romano passa a ser usado em toda parte. Os franciscanos o adotaram e acabaram por divulgá-lo em todo o Ocidente.

    O Concílio de Trento, enfrentando a crise da Igreja na época e as investidas protestantes contra os dogmas eucarísticos, especialmente o valor da Santa Missa, da Eucaristia e do Sacerdócio,  ordenou a reforma do Missal e em 1570, com a Bula Quo primum tempore, o Papa São Pio V publicou o Missal Romano, tomando como base o Missal da Cúria e impondo-o como obrigatório em toda a Igreja Latina. Por isso o Missal na forma antiga é chamado erroneamente de São Pio V ou Tridentino. Na realidade é muito mais antigo.

    Os Papas posteriores reeditaram o Missale Romanum realizando melhorias na formulação das rubricas, revisão de alguns textos e reformas no calendário. A última reforma das rubricas foi feita pelo Beato João XXIII através do Motu Próprio Rubricarum instructum em 25/07/1960. A última edição conforme as novas Rubricas é do ano 1962. É a chamada hoje pelo Papa Bento XVI Forma extraordinária do Rito Romano. O grande diferencial está na sua história, pois é fruto de uma evolução litúrgica homogênea, e na sua precisão teológica, principalmente no que diz respeito aos dogmas eucarísticos. Aparece mais o sentido do sagrado numa liturgia mais vertical. Pela precisão nas rubricas, está menos sujeita a alterações, o que dá uma certa garantia contra as inovações que podem ocorrer fruto de um mal conhecimento do verdadeiro sentido litúrgico.

    ZENIT: O que é a admnistração apostólica São João Maria Vianney? Tem aprovação do Papa?

    PE. JOSÉ:  A Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney é uma circunscrição eclesiástica, equiparada a uma Diocese, segundo os cânones 368 e 371 § 2, erigida canonicamente em 18 de janeiro de 2002, para atender a uma situação particularmente grave que existia na Diocese de Campos. Havia um Bispo e um grupo estável de sacerdotes e de religiosos, com várias comunidades estruturadas, obras sociais e de apostolado  e cerca de 30 mil fiéis organizados em torno da Santa Missa e disciplina litúrgica anterior ao Concílio Vaticano II. Formávamos uma União chamada São João Maria Vianney. Era uma situação incômoda para nós, pois sempre amamos a Santa Igreja e o Santo Padre, rezávamos por ele no Cânon da Missa e nunca nos consideramos outra Igreja, e sim Católicos romanos. Pedimos ao Santo Padre sermos reconhecidos como Católicos e podermos continuar com a Liturgia na forma antiga. Sua solicitude atendeu o nosso pedido e criou uma Administração Apostólica Pessoal.

    Com o decreto da Congregação para os Bispos Animarum bonum, a União São João Maria Vianney foi transformada em Administração Apostólica Pessoal dentro dos limites da Diocese de Campos, tendo à frente um Administrador Apostólico que a governa em nome do Sumo Pontífice. Na verdade, são duas circunscrições eclesiásticas dentro do mesmo território, uma territorial, a Diocese de Campos com o seu Bispo próprio, e a Administração Apostólica Pessoal para os fiéis ligados à antiga forma do Rito Romano, hoje chamada Forma extraordinária. No mesmo território, duas formas litúrgicas, mas a mesma fé e a mesma submissão aos legítimos pastores da Igreja. A criação da Administração Apostólica acabou com uma divisão que havia em Campos e foi um fator de enriquecimento para a Igreja, não só em seus limites mas em todo o Brasil, mostrando que é possível conviverem as duas formas litúrgicas em perfeita harmonia, sem detrimento da unidade.

    ZENIT - Que tipo de formação precisa o fiel que queira participar dessa missa?

    PE. JOSÉ: Embora muitos que procuram a Santa Missa na forma extraordinária o façam devido a uma certa formação litúrgica, na verdade qualquer fiel bem disposto pode participar. Temos esta experiência em nossas inúmeras igrejas e paróquias. Pessoas muito simples, às vezes semi-analfabetas ou até crianças, acompanham e participam da Missa na Forma extraordinária sem problemas. Talvez se sinta alguma dificuldade no início, como poderia acontecer em qualquer rito desconhecido. No caso da Forma extraordinária, o rito é o mesmo.

    É de muita utilidade o uso do Missal apropriado contendo os textos em latim e vernáculo. Caso não seja possível, que se tenha ao menos o texto do Ordinário da Missa para que o fiel possa acompanhar os diversos momentos da liturgia. Irá percebendo quando começam as orações ao pé do altar até o Glória e Coleta um caminhar em direção de Deus. Em seguida, Deus se volta para os assistentes com sua Palavra. Depois de professarmos nossa Fé, vamos mais uma vez ao Pai, oferecendo-nos ao Pai com a Vítima divina. São belíssimas as orações do ofertório e datam do século XIII. Deus recebe nossos dons e vem a nós, dando-nos agora o seu próprio Filho. Há, pois um duplo movimento, um ascendente e um descendente: nós vamos a Deus e Ele vem a nós. Isto fica bem claro a qualquer fiel, mesmo que não consiga compreender o teor de cada palavra dita em latim. 

    No Brasil, há muitas dioceses onde a Missa na forma extraordinária é celebrada e são muitas as pessoas que a procuram. Muitos procuram nossa Administração Apostólica para aprenderem a celebrar. Temos feito um encontro anual para reunir os sacerdotes ligados à Forma extraordinária, ajudando-os com formação teológica, espiritual e litúrgica. O grande fruto é não só um conhecimento maior da Forma antiga, mas uma melhor celebração, com mais respeito e dignidade da Forma ordinária em suas paróquias de origem, como deseja o Santo Padre.

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    Homens e Mulheres de Fé


    Uma irmã, um comediante, um ex-jogador de futebol e o tema da escolha
    Hoje, em Milão, uma mesa redonda sobre o tema da vocação

    MILÃO, segunda-feira, 9 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Madre Silvianita Galimberti, Enrico Bertolino e Paolo Orlandoni vão se encontrar numa mesa redonda, que será realizada hoje, segunda-feira, das 10hs às 13hs, no Auditorio do Instituto Maria Consoladora da rua Galvani 26, em Milão.

    Junto com eles dois frades capuchinhos milaneses: Sergio Pesenti e Pe. Costanzo Natali. A ocasião é o aniversário da morte do Padre Arsénio Migliavacca da Trigolo, capuchinho e fundador das Irmãs de Maria SS. Consoladoras, que teve lugar dia 10 de dezembro de 1909.

    O tema da mesa redonda será: escolher ou não escolher? Quando a vocação diz respeito a cada um de nós. O exemplo do padre Arsénio.

    "Nestes últimos anos temos trabalhado duro para recuperar a memória de nosso Fundador - explica Madre Silvianita, Madre Geral das irmãs de Maria SS Consoladora – Tinha permanecido trancada em uma gaveta. Talvez porque para chegar a optar por se tornar religioso e fundador de uma ordem religiosa teve momentos onde não conseguia encontrar o caminho certo. Muitas vezes acreditamos que as vidas dos santos, dos bem-aventurados, das mulheres e dos homens de Igreja sejam lineares. Não é assim. Nem um pouco. Mas são especiais porque buscam a estrada que Deus lhes oferece até mesmo quando não a encontram".

    Dois amigos cumprimentarão as Irmãs de Maria SS. Consoladora: Enrico Bertolino, ator, comediante, apresentador de TV e Paolo Orlandoni, ex-goleiro do Inter, hoje no staff técnico do time Primavera.

    "O que nos liga a eles é conhecimento e estima mútua – diz a Madre Geral -. Pertencemos a mundos aparentemente distantes”.

    Os dois convidados darão a sua contribuição para o tema da "escolha" começando pelo amor pelo teatro cômico de Bertolino e a paixão pelo futebol de Orlandoni.

    O encontro continua na tarde, das 15hs às 16hs, dois jovens religiosos: Pe. Marco Finco e Irmã Daniela Tasca encontrarão um grupo de jovens do Instituto e discutirão o tema: Incertos para vocação?

    "Quando a incerteza está em nosso meio - diz a Madre Silvianita - escolher é ainda mais difícil. Os meninos da nossa escola, como a maioria dos jovens italianos e europeus, se perguntam com preocupação sobre os futuro que lhes espera. É nosso dever oferecer-lhes algum instrumento a mais, talvez menos tradicional, para interpretar a realidade que lhes espera”.

    Às 16hs, verão a première do documentário “A memória reencontrata”, produzido pelas Irmãs de Maria SS. Consoladora, sobre a vida do Pe. Arsenio. Você pode acompanhar os trabalhos do dia ao vivo no site: www.ismc.it e www.nova-t.it.

    * Para mais informações:

    sante@nova-t.it

    (Trad.TS)

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    Familia e Vida


    Milhares de olhos voltados para a menina de Deus
    Testemunho extraordinário de Gianna Jessen numa paróquia romana

    Por Gaia Bottino

    ROMA, segunda-feira, 10 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Gianna Jessen é uma figura bem conhecida nas realidades dos movimentos em favor da vida, e no encontro em que ela foi protagonista no passado dia 4 de dezembro na paróquia Gran Mãe de Deus no Ponte Milvio, estavam presentes mais de mil pessoas, na maioria jovens, desejosos de escutar a história desta pequena mulher com olhos iluminados de uma alegria fora do normal, de como conseguiu transformar a sua vida numa obra prima.

    Gianna Jessen tornou-se o símbolo do movimento pro-vida nos Estados Unidos. A sua história pessoal, que inspirou o filme October Baby, tem o sabor de milagre: há 35 anos, nasceu Gianna viva em uma clínica de aborto ligada à associação Planned Parenthood; sua mãe, então 17 anos de idade e no sétimo mês de gravidez, tinha sido aconselhada para abortar por meio do aborto salino que consiste na injeção no útero de uma solução salina que corroe o feto e o leva à morte em 24 horas.

    Apesar dos planos humanos, Gianna vê a luz como decidido pelos projetos da Providência: a técnica do aborto salino não funcionou com o bebê e nasceu viva depois de 18 horas, ainda que a falta de oxigênio dentro do útero tenha provocado nela uma paralisia cerebral e muscular. No entanto Gianna aprendeu a caminhar com tutores aos três anos, aos vinte anos conseguiu caminhar sem tutor até correr no 2006 na maratona de Nova York para sensibilizar a opinião pública sobre o tema do aborto.

    Gianna perdoou a sua mãe por ter tentado abortá-la: a sua dor se transformou em esperança, a sua raiva em desejo de realizar uma missão que está se revelando a vocação da sua vida: obter a igualdade de direitos do nascituro, bem como para a mulher que o concebeu.

    "Se o aborto é uma questão de direitos da mulher, onde estavam os meus? - Perguntou Gianna com voz firme diante dos milhares presentes no Ponte Milvio -. Não existe nenhuma feminista que protesta porque os meus direitos foram violados e a vida foi sufocada em nome dos direitos das mulheres?".

    O único propósito de Gianna que se chama "a criança de Deus" é o de fazer sorrir o Criador: “Odiaram-me desde a concepção. Mas tenho sido amada por muitas outras pessoas e especialmente por Deus. Sou a sua menina. Eu não posso estar neste mundo sem dar todo o meu coração, a minha mente, a minha alma e a minha força para Cristo que me deu a vida”.

    A Beata Madre Teresa de Calcutá, disse isso sobre o testemunho de Gianna Jessen: “Deus está usando Gianna para lembrar ao mundo que cada ser humano é precioso para Ele. É bonito ver a força do amor de Jesus derramado em seu coração. A minha oração por Gianna, e por todos aqueles que a escutam, é que a mensagem do amor de Deus coloque fim ao aborto com o poder do amor”.

    Gianna mostra a sua fé através de suas palavras e ações: deu provas de como Deus pode manifestar-se através das obras de um ser humano; a tarefa mais elevada à qual um indivíduo pode aspirar.

    (Trad.TS)

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    Mundo


    "Os decretos peculiares no exercício do poder administrativo da Igreja particular
    O livro de Mons. Interguglielmi fornece uma comparação entre o direito administrativo canônico e o direito civil

    ROMA, segunda-feira, 9 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - O livro de direito canônico de Mons. Antonio Interguglielmi com o nome "I decreti singolari nell’amministrazione della Chiesa particolare”, (Os decretos peculiares na administração da Igreja particular), com uma introdução do cardeal Velasio De Paolis, aborda um tema pouco discutido pelos estudiosos de direito canônico: o exercício do poder executivo/administrativo na Igreja.

    No livro, que abre com uma ampla exposição histórica, é apresentado uma interessante comparação entre direito administrativo canônico e direito civil; a parte central está dedicada ao desenvolvimento do direito administrativo na Igreja, com especial atenção aos atos do poder executivo que usam o instrumento do decreto, com o qual os Bispos governam as Dioceses.

    O livro contém uma grande parte prática, com esquemas comentados dos principais decretos de governo do Bispo, e prova ser uma ajuda muito útil para os departamentos e os trabalhadores da Cúria, especialmente chancelarias e departamentos técnicos.

    DADOS TÉCNICOS

    Livraria Editora Vaticana

    Coleção Estudos jurídicos

    SCV 2012, 518 p.

    (Trad.TS)

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    É o quarto natal com Asia Bibi no corredor da morte, mas não perdemos a esperança
    O marido e a filha da cristã condenada à morte no Paquistão chegam à Espanha

    MADRI, terça-feira, 11 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Asiq Mashi, marido de Asia Bibi, a cristã condenada à morte no Paquistão acusada falsamente de blasfêmia chegou esta manhã à Espanha para a cerimônia de entrega, no próximo sábado, dos Prêmios HO 2012 – entregue pela Associação espanhola Hazte Oir -, um dos quais é para Asia Bibi como símbolo da liberdade religiosa.

    Mashi, que viajou acompanhado com a sua filha mais velha, Sidra, e com o presidente da fundação educacional na qual trabalha e estudam seus filhos, Joseph Nadeem, encara esta viagem como uma oportunidade de dar a conhecer ainda mais o testemunho de uma família cercada pelos inimigos da liberdade religiosa e da consciência.

    Especificamente, Asiq Mashi expressou chegando à Espanha o seu agradecimento a Hazteoir.org pela concessão do prêmio a Asia Bibi, dizendo com dor que este sera “o quarto Natal com Asia no corredor da morte”, ainda que, acrescentou, “não perdemos a esperança de vê-la livre de novo”.

    Ignacio Arsuaga, presidente de HazteOir.org, que recebeu Mashi no aeroporto de Madri, pediu para o governo da Espanha se comprometer numa “ação diplomática sólida para apoiar Asia Bibi e para conseguir espaços de liberdade religiosa em todo o mundo. Não é possível que uma nação como a espanhola não seja capaz de pedir para outros países o mesmo trato de liberdade que damos na Espanha aos seus compatriotas, especialmente na questão religiosa”.

    Atualmente, existem 20 países no mundo em que mudar de religião é um crime: Egito, Iraque, Jordânia, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita, Sudão, Síria, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Afeganistão, Irã, Malásia , Maldivas, Paquistão, Ilhas Comores, Mauritânia, Nigéria (na parte islâmica do país) e na Somália.

    Arsuaga lembrou que um modo de provar a qualidade democrática de uma nação é ver o grau de respeito à liberdade religiosa. Por isso em HazteOir.org criamos a plataforma Maslibres.org, para impedir ações intolerantes como o fechamento de espaços religiosos, a utilização de fundos públicos para espetáculos ofensivos, e promover nas empresas privadas o respeito às crenças dos seus clientes”. Concretamente, a plataforma Máslibres.org, em várias campanhas sucessivas, desde que ela está presa, coletou mais de 124 mil mensagens de apoio a Asia Bibi e pedidos para o governo do Paquistão para que seja solta.

    Tanto Asiq Mashi como a sua filha Sidra, permanecerão na Espanha até segunda-feira, 17 de dezembro, quando voltarão para o Paquistão para continuar dando testemunho. Até então, HazteOir.org preparou para eles uma agenda intensa de atividades, orientadas à que se conheça mais o caso de Asia Bibi e conscientizar sobre a importância da liberdade religiosa no mundo.

    (Trad.TS)

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    Quando o Islã se politiza, vira uma ditadura fascista
    Porta-voz da Conferência Episcopal do Egito conversa com a Ajuda à Igreja que Sofre

    ROMA, quarta-feira, 12 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - "Não pediremos para os fiéis boicotarem a consulta. Mas certamente não vamos incentivá-los a votar a favor". Ao se aproximar o referendo egípcio programado em duas fases para 15 e 22 de dezembro, sobre o projeto da nova constituição, o pe. Rafik Greiche, porta-voz da Conferência dos Bispos Católicos do Egito, expressa a “insatisfação da Igreja Católica Copta com o texto aprovado pela Assembleia Constituinte” em 30 de novembro, durante uma sessão noturna.

    Poucos dias antes, os representantes das Igrejas cristãs, juntamente com os representantes dos partidos liberais, tinham se retirado da assembleia em protesto contra as explícitas tendências islâmicas da nova carta magna. "É simplesmente injusto se apressar para discutir um documento tão importante, sem nem sequer permitir aos cidadãos um verdadeiro debate público".

    Em conversa mantida ontem, 11 de dezembro, com a fundação Ajuda à Igreja que Sofre, Greiche se declara “nada surpreso” com o rumo dos acontecimentos. "Quando o Islã se politiza, ele vira automaticamente uma ditadura fascista. E agora nós temos a ameaça da introdução da lei islâmica como a principal fonte do direito. Isso terá graves repercussões não só na vida dos cristãos, mas de todos os egípcios que pedem paz e justiça".

    A referência à lei islâmica é uma das causas principais dos atuais protestos, mas não é o único aspecto do projeto constitucional que preocupa o pe. Greiche: muitos artigos foram deliberadamente formulados de maneira ambígua, para abrir espaço a interpretações fundamentalistas.

    Através da fundação Ajuda à Igreja que Sofre, o sacerdote insta a União Europeia a pressionar o Cairo, recordando ao presidente Morsi e ao seu governo o dever de respeitar os direitos humanos. "As milícias da Irmandade Muçulmana ameaçaram muita gente que se manifestava pacificamente contra a política presidencial. Isto é inaceitável, assim como o texto que eles propuseram para a futura constituição egípcia".

    A Igreja Católica, que tem cerca de 250 mil fiéis no país, não perde a esperança e continua promovendo o diálogo com o presidente. "Se Morsi ainda tiver uma réstia de sabedoria, terá que acontecer um diálogo verdadeiro com todos os grupos políticos e com as várias realidades do país. Mas todas as propostas que nós recebemos até agora foram ‘enrolações’. E nós não precisamos de um diálogo fingido".

    (Trad.ZENIT)

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    Peru: debate sobre bioética para comunicadores
    Participam o arcebispado de Arequipa e o Colégio de Jornalistas

    AREQUIPA, Peru, quinta-feira, 13 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) – Para favorecer a formação permanente dos profissionais da comunicação, o arcebispado peruano de Arequipa e o Colégio de Jornalistas organizam conjuntamente o debate Missão da Comunicação Social e do Jornalismo perante os Desafios Bioéticos da Realidade Peruana, neste sábado, 15 de dezembro.

    O gabinete pró-vida do arcebispado convocou profissionais e especialistas que trabalham na promoção da chamada “bioética personalista”, voltada a respeitar a pessoa humana em todas as suas dimensões e a proteger a sua dignidade desde a concepção até a morte natural.

    Os expoentes convidados são Luis Fajardo, secretário executivo dos Médicos pela Vida; Edwin Heredia, secretário executivo da Associação Vida e Família, e José Chávez Postigo, da Associação Ética e Direito.

    “Bioética, atualidade, desafios e tendências” e “Desafios da bioética na perspectiva personalista, educativa, familiar e biojurídica” são os temas principais do encontro, que recebe profissionais do jornalismo, das relações públicas e da comunicação social, além de estudantes e interessados na defesa da vida e na sua difusão.

    A entrada é franca e não é necessária inscrição prévia.

    (Trad.ZENIT)

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    Novos documentos de Israel favorecem o papa Pio XII
    O Memorando Irgun Zvai Leumi, enviado às Nações Unidas, não contém acusações contra a Igreja católica nem contra o papa

    Por Livio Spinelli

    ROMA, sexta-feira, 14 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Na recente votação realizada na ONU a favor da Palestina, destaca-se em meio às pilhas de documentos o Memorando Irgun Zvai Leumi, de agosto de 1947. O grupo sionista que operou durante o comando britânico na Palestina, de 1931 a 1948, faz acusações contra a Grã-Bretanha e contra outras potências, a respeito do extermínio de judeus, que empalidecem tudo o que já foi alegado até hoje sobre os supostos silêncios e culpas do papa Pio XII.

    O memorando foi entregue 65 anos atrás à Comissão Especial da ONU para a Palestina, na véspera do fatídico 29 de novembro de 1947, quando a Assembléia Geral da ONU propôs que o comando britânico da Palestina fosse repartido entre dois estados a ser instituídos: um judeu e o outro árabe. Foi Mussolini, na época, quem cunhou a expressão "dois Estados para dois povos".

    Dada a crueza dos conteúdos do memorando, limitando-nos aqui a dar apenas algumas pinceladas. Na página 11, lemos: "O extermínio do nosso povo sob Hitler começou muito antes da guerra. Eles [os britânicos] já sabiam, como todo o resto do mundo, qual era o destino que aguardava os oito milhões de judeus de toda a Europa, porque sabiam o que estava sendo preparado e tinham consciência de que, na Europa Central e Oriental, onde vivia a maior parte dos judeus, não havia forças suficientes para barrar o caminho das hordas de Hitler".

    "Não por acaso, dois meses após a queda de Praga, quando foi dado o sinal verde para o extermínio do nosso povo, publicaram o ‘Livro Branco’ (White Paper) de 1939, anunciando o extermínio de oito milhões de judeus. Quando Praga caiu, o primeiro-ministro britânico Chamberlain derramou lágrimas de crocodilo na Câmara dos Comuns: ‘Com base no que aconteceu em Viena após a entrada das tropas alemãs, podemos supor qual é o destino que aguarda os judeus da Tchecoslováquia’".

    Entre as numerosas acusações, menciona-se também que os britânicos teriam bloqueado a Palestina contra qualquer possível fuga dos judeus da Europa. Outras acusações pesadas e detalhadas são direcionados contra o Grande Mufti de Jerusalém, al-Husseini, que foi acolhido em Berlim com um escritório especial criado pelos nazistas e chamado de "Büro des Grossmufti".

    O singular, neste memorando dirigido às Nações Unidas, é que não há nele nenhum vestígio de acusações contra a Igreja Católica e muito menos contra o papa Pio XII, que não é sequer mencionado. Com razão, portanto, a Irmã Margherita Marchione, durante a sua viagem a Yad Vashem em 31 de outubro de 2010, pediu ao diretor do Museu do Holocausto a correção da inscrição sob a imagem de Pio XII. O pedido, depois de um ano, acabou sendo aceito.

    Parte da defesa de Pio XII feita pela irmã Margherita em Yad Vashem pode ser vista no Youtube:

    https://www.youtube.com/watch?v=YXsNAH-MugQ

    (Trad.ZENIT)

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    Espiritualidade


    Devoção guadalupana integral
    Um convite a ir além do folclore

    SAN CRISTÓBAL DE LAS CASAS, México, quarta-feira, 12 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Apresentamos a seguir um artigo de nosso colaborador especial, dom Felipe Arizmendi Esquivel, bispo de San Cristóbal de las Casas, sul do México, por ocasião da festa litúrgica de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira das Américas.

    + Felipe Arizmendi Esquivel

    FATOS

    É surpreendente, em todos os setores sociais do México, o fervor das festas guadalupanas. De artistas renomados que cantam as mañanitas na basílica, com vasta repercussão na televisão, até humildes capelas nas aldeias indígenas, que se vestem de cores e retumbam em foguetes e música. É edificante o sacrifício de milhares e milhares de jovens que, durante meses, economizam para ir até lugares distantes, e de lá percorrem, por turnos, quilômetros e mais quilômetros de rodovias, alguns até descalços, como mostra de agradecimento por um favor recebido, ou como súplica confiante diante dos muitos problemas que os pobres enfrentam.

    Alguns índios chamulas foram até Zapopan, perto de Guadalajara, outros até San Juan de los Lagos, ao Cubilete em Guanajuato, a Juquila em Oaxaca. Muitos jovens foram até a Cidade do México para trazer o fogo da basílica; outros, até Veracruz, Villa Hermosa, Yucatán. Eles se expõem não apenas ao cansaço, ao frio, ao sol e à chuva, mas também a doenças e acidentes. É o amor que os impulsiona e eles não desistem. Sua devoção nos contagia, mesmo não faltando motoristas que se incomodam.

    Mas como fazer com que esse fervor consolide e aprofunde a fé, diante de tantos atrativos do mundo moderno e de tantas propagandas proselitistas de outras ofertas religiosas? O que fazer para que não seja tudo coisa passageira, incompleta e sem transcendência na vida familiar, social e eclesial?

    CRITÉRIOS

    Em outubro de 1970, o papa Paulo VI disse a todos os mexicanos:

    “A devoção à Virgem Santíssima de Guadalupe deve ser para todos vocês uma constante e particular exigência de autêntica renovação cristã. A coroa que ela espera de todos vocês não é material, mas uma preciosa coroa espiritual, tecida pelo profundo amor a Cristo e pelo sincero amor a todos os homens: os dois mandamentos que resumem a mensagem evangélica. A própria Virgem Santíssima, com o seu exemplo, nos guia por essas duas estradas.

    Ela nos pede, em primeiro lugar, que Cristo seja o centro e o cume de toda a nossa vida cristã. Ela mesma se esconde, com suprema humildade, para que a figura do Filho apareça diante dos homens com todo o seu incomparável fulgor. Por isso, a devoção mariana atinge a plenitude e a sua mais exata expressão quando se torna um caminho rumo a Deus e quando dirige todo o nosso amor para ele, a exemplo da própria Maria.

    Justo porque amava a Cristo tão intimamente, nossa Mãe cumpriu em plenitude o segundo mandamento, que tem de ser a norma de todas as relações humanas: o amor pelo próximo.

    Um cristão não pode deixar de demonstrar a sua solidariedade para solucionar a situação de quem ainda não tem acesso ao pão da cultura, à oportunidade de um trabalho digno e remunerado com justiça. Não pode ser insensível enquanto as novas gerações não conseguem realizar as suas legítimas aspirações, enquanto uma parte da humanidade continua marginalizada e sem acesso às vantagens da civilização e do progresso.

    Por este motivo, nesta festa tão grandiosa, nós exortamos todos vocês, de coração, a dar à vida cristã um forte sentido social, que os leve a ficar sempre na primeira linha em todos os esforços pelo progresso e em todas as iniciativas para melhorar a situação dos que sofrem necessidade. Vejam em cada homem um irmão, e em cada irmão a Cristo, a fim de que o amor por Deus e o amor ao próximo se unam num mesmo amor, vivo e operante, o único que pode remir as misérias do mundo, renovando-o nas suas raízes mais profundas: o coração do homem. É isto o que a Virgem de Guadalupe lhes pede hoje; esta é a fidelidade ao Evangelho, da qual ela soube ser o exemplo mais eminente”.

    PROPOSTAS

    Intensifiquemos a evangelização e a catequese sobre a devoção guadalupana para que ela não se limite apenas ao folclore passageiro. Atendamos os jovens devotos, antes, durante e depois da sua peregrinação. Que eles se integrem aos grupos de jovens, que eles meditem mais sobre a Palavra de Deus e se comprometam com a promoção social da sua comunidade.

    (Trad.ZENIT)

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    Muito obrigado, Oscar Niemeyer
    Uma reflexão do superior dos carmelitas no Egito

    Por Frei Patrício Sciadini, ocd

    EGITO, quinta-feira, 13 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - A morte chega para todos. Pode chegar aos 24 anos, como a um gênio da espiritualidade que soube inventar um novo caminho para Deus simplificando as linhas dificeis da santidade antes dela e ensinando que nós devemos construir a santidade na simplicidade e no abandono da confiança em Deus. É Ele o verdadeiro “arquiteto” que traça as linhas do nosso caminho e depois que quer que nós, lendo o projeto, construamos a nossa vida.

    Pode acontecer aos 53 anos como com Teresa Benedita da Cruz, Edith Stein, num campo de concentração nazista. Ela que soube com o seu livro “ A Ciência da Cruz” ensinar a humanidade que o sofrimento, seja qual for, nunca é inútil. E quando a policia secreta nazista foi prendê-la no seu Carmelo, ela com a serenidade dos profetas disse à sua irmã Rosa: “Vamos para o nosso povo” e começou o caminho sem volta para os fornos crematórios do nazismo.

    Ou a morte pode vir aos 104 anos como para Oscar Niemeyer considerado, segundo o que li, o inovador da arquitetura a ponto de se falar de uma arquitetura antes dele e depois dele, como se fala de uma espirtualidade antes de Teresinha do Menino Jesus e depois dela.

    Oscar Niemeyer se declarava ateu e comunista. Ele dizia numa frase que li, não acreditar nas coisas da religião porque via ao seu redor muitas injustiças e via o ser humano como um ser frágil. É mais ou menos esse o sentido das suas palavras. É verdade que `as vezes,
    diante de nós, vemos injustiça, mal que avança, fragilização do ser humano que busca somente o dinheiro que ele chamava de “coisa sordida”. Tinha razão na sua visão mas na verdade não é culpa de Deus, o mal é do ser humano que não escuta Deus e que se nega a fazer um caminho de conversão, um caminho de verdadeira partilha de bens com os que nada tem, que sabe viver o Evangelho. Duvido que Oscar Niemeyer nunca tenha lido o Evangelho, se fosse assim não teria podido projetar as 22 igrejas que convidam `a contemplação e `a oração.

    A primeira vez que entrei na igreja de São Francisco de Assis na Pampulha em Belo Horizonte, me senti invadido por uma forte atração pela intimidade com Deus. Senti como que uma presença de paz e de alegria e pensei comigo mesmo: que homem deve ter sido o arquiteto que projetou esta igreja com formas tão poderosas e belas, com jeito de céu e de terra. Igreja não é possível projetar sem algo de muito profundo no coração, sem uma vida interior, uma “espiritualidade”. Os ultimos Papa Bento XVI e Papa João Paulo II em várias circustâncias, parafraseando as palavras de João da Cruz disseram: “Deus sempre procura o ser humano mesmo que ele não saiba”. É isso mesmo. Embora negando Deus, Deus nos procura e nós procuramos o belo, o artistico, trazendo para fora de nós o que está dentro do nosso coração. A arte não é estudo, é mistica e vida. A Oscar Niemeyer, com quem nunca tive a sorte de conversar, eu teria dito: “meu irmão, suas igrejas são obra de um grande mistico, de alguem que sabe olhar para o céu, olhar as curvas das nuvens, dos montes e sabe intuir o que o ser humano necessita para entrar dentro de si e construir um mundo que seja mais humano e mais justo. Teria dito a ele: “você busca beleza e quem busca a beleza busca Deus. As tuas 22 igrejas espalhadas por aí falam também da tua grandeza de homem, um homem sábio que não pode contentar-se em contruir palácios presidenciais mas que tem a necessidade de construir igrejas onde as pessoas sintam que Deus, mesmo elas não percebendo, caminha com elas.”

    Muito obrigado pelas suas igrejas, Oscar Niemeyer.

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    Audiência de quarta-feira


    "Toda promessa se cumpre em Jesus, nele culmina a história de Deus com a humanidade
    Catequese de Bento XVI durante a audiência Geral da quarta-feira, 12 de dezembro

    CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 12 dezembro de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos a seguir a catequese realizada esta manhã pelo Papa Bento XVI durante a habitual audiência geral realizada na sala Paulo VI.

    ***

    Queridos irmãos e irmãs,

    na última catequese falei da Revelação de Deus, como comunicação que Ele faz de Si mesmo e do seu plano de benevolência e de amor. Esta Revelação de Deus entra no tempo e na história dos homens: história que se torna “o lugar em que podemos constatar o agir de Deus em favor da humanidade. Ele chega a nós por meio do que nos é mais familiar, e fácil de verificar, que constitui o nosso contexto cotidiano, sem o qual não conseguiríamos compreender-nos” (João Paulo II, Enc. Fides et ratio, 12, Tradução Nossa).

    O evangelista São Marcos - como ouvimos – relata, de forma clara e sintética, os momentos iniciais da pregação de Jesus: "O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo" (Marcos 1, 15). O que ilumina e dá sentido pleno para a história do mundo e do homem começa a brilhar na gruta de Belém; é o Mistério que contemplaremos daqui a pouco no Natal: a salvação que se realiza em Jesus Cristo. Em Jesus de Nazaré Deus mostra o seu rosto e pede a decisão do homem de reconhecê-lo e de seguí-lo. O revelar-se de Deus na história para entrar em relação de diálogo de amor com o homem, dá um novo sentido para todo o caminho humano. A história não é apenas uma sucessão de séculos, de anos, de dias, mas é o tempo de uma presença que lhe dá sentido e abre-a para uma sólida esperança.

    Onde podemos ler as fases desta Revelação de Deus? A Sagrada Escritura é o melhor lugar para descobrir os acontecimentos deste caminho, e gostaria de – mais uma vez – convidar a todos, neste Ano da fé, para pegar em mãos com mais frequência a Bíblia e lê-la e meditá-la e a prestar maior atenção nas Leituras da Missa dominical; tudo isso constitui um alimento precioso para a nossa fé.

    Lendo o Antigo Testamento podemos ver como as intervenções de Deus na história do povo que escolheu para si e com o qual faz aliança não são fatos que passam e caem no esquecimento, mas se tornam “memória”, tornam-se a “história da salvação”, mantida viva na consciência do povo de Israel por meio da celebração dos acontecimentos salvíficos. Assim, no Livro do Êxodo o Senhor indica a Moisés de celebrar o grande momento da libertação da escravidão do Egito, a Páscoa Hebráica, com estas palavras: “Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua” (12, 14). Para todo o povo de Israel lembrar isso que Deus tem feito, torna-se uma espécie de imperativo constante para que a passagem do tempo seja marcada pela memória viva dos eventos passados, que formam assim, dia a dia, de novo, a história e permanecem presentes. No Livro do Deuteronômio, Moisés se dirige ao povo dizendo: “Guarda-te, pois, a ti mesmo: cuida de nunca esquecer o que viste com os teus olhos, e toma cuidado para que isso não saia jamais de teu coração, enquanto viveres; e ensina-o aos teus filhos, e aos filhos de teus filhos” (4, 9). E assim também nos diz: "Tenha cuidado para não esquecer as coisas que Deus fez conosco". A fé é alimentada pela descoberta e pela memória do Deus sempre fiel, que guia a história e que é o fundamento seguro e estável sobre o qual construir a própria vida. Também o canto do Magnificat, que a Virgem Maria eleva a Deus, é um exemplo altíssimo desta história de salvação, desta memória que faz e tem presente o atuar de Deus. Maria exalta o agir misericordioso de Deus no caminho concreto do seu povo, a fidelidade às promessas de aliança feitas a Abraão e à sua descendência; e tudo isso é memória viva da presença divina que nunca falha (cf. Lc 1, 46-55).

    Para Israel, o Êxodo é o acontecimento histórico central em que Deus revela a sua ação poderosa. Deus liberta os israelitas da escravidão do Egito para que possam voltar à Terra Prometida e adorá-Lo como o único e verdadeiro Senhor. Israel não se coloca à caminho por ser um povo como os outros -  por ter também ele uma independência nacional -, mas por servir a Deus no culto e na vida, por criar para Deus um lugar onde o homem está em obediência a Ele, onde Deus está presente e adorado no mundo; e, naturalmente, não somente para eles, mas para testemunhá-lo no meio dos outros povos. A celebração deste evento é um fazê-lo presente e atual, para que a obra de Deus não seja esquecida. Ele tem fé no seu plano de libertação e continua a perseguí-lo, para que o homem possa reconhecer e servir o seu Senhor e responder com fé e amor à sua ação.

    Deus, então, se revela não só no ato primordial da criação, mas entrando na nossa história, na história de um pequeno povo que não era nem o maior, nem o mais forte. E esta Revelação de Deus, que vai adiante na história, culmina em Jesus Cristo: Deus, o Logos, a Palavra criadora que está na origem do mundo, se encarnou em Jesus e mostrou o verdadeiro rosto de Deus. Em Jesus cumpre-se toda promessa, Nele culmina a história de Deus com a humanidade. Quando lemos a narração dos dois discípulos à caminho de Emaús, que chegou a nós por meio de São Lucas, vemos claramente que a pessoa de Cristo ilumina o Antigo Testamento, toda a história da salvação e mostra o grande plano unitário dos dois Testamentos, mostra o caminho da sua unicidade. De fato, Jesus explica aos dois viajantes perdidos e decepcionados ser Ele o cumprimento de todas as promessas: "E, começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras as coisas referentes a Ele" (24, 27). O evangelista mostra a exclamação dos dois discípulos depois de terem reconhecido que aquele companheiro de viagem era o Senhor: “Não ardia o nosso coração enquanto ele conversava conosco ao longo do caminho, quando nos explicava as Escrituras?" (V. 32).

    O Catecismo da Igreja Católica resume as etapas da Revelação divina mostrando sinteticamente o seu desenvolvimento (cf. nn 54-64): Deus convidou o homem desde o início para uma íntima comunhão com Ele e também quando o homem, pela própria desobediência, perdeu a sua amizade, Deus não o abandonou ao poder da morte, mas ofereceu muitas vezes a sua aliança aos homens (cf. Missal Romano, Pregh. EUC. IV). O Catecismo traça o caminho de Deus ao homem desde a aliança com Noé, depois do dilúvio, à chamada de Abraão para deixar a sua terra e fazê-lo pai de uma multidão de nações. Deus forma Israel como o seu povo, por meio do evento do Êxodo, a Aliança do Sinai e o dom, por meio de Moisés, da Lei para ser reconhecido e servido como o único Deus vivo e verdadeiro. Com os profetas, Deus guia o seu povo na esperança da salvação. Conhecemos – por meio de Isaias – o “segundo Êxodo”, o retorno do exílio da Babilônia à própria terra, a refundação do povo; porém, ao mesmo tempo, muitos permanecem na dispersão e assim começa a universalidade desta fé. No final, não se espera somente um rei, Davi, um filho de Davi, mas um “Filho do homem”, a salvação de todos os povos. Realizam-se encontros entre culturas, primeiro com Babilônia e a Síria, depois também com a multidão grega. Assim vemos como o caminho de Deus cresce, abre-se sempre mais para o Mistério de Cristo, o Rei do universo. Em Cristo se realiza finalmente a Revelação na sua plenitude: Ele mesmo se faz um conosco.

    Fixei-me mais no fazer memória do atuar de Deus na história do homem, para mostrar as etapas deste grande plano de amor testemunhado no Antigo e no Novo Testamento: um único plano de salvação para toda a humanidade, progressivamente revelado e realizado pelo poder de Deus, onde Deus sempre reage às respostas do homem e encontra novos inícios de aliança quando o homem se perde. Isso é fundamental no caminho de fé. Estamos no tempo litúrgico do Advento que nos prepara para o Santo Natal. Como todos sabemos, a palavra “Advento” significa “vinda”, “presença”, e antigamente indicava justamente a chegada do rei ou do imperador numa determinada província. Para nós cristãos a palavra indica uma realidade maravilhosa e envolvente: o mesmo Deus cruzou o seu Céu e se inclinou ao homem; fez aliança com ele entrando na história de um povo; Ele é o rei que desceu nesta pobre província que é a terra e nos fez o dom da sua visita assumindo a nosa carne, se tornando homem como nós. O Advento nos convida a percorrer o caminho desta presença e nos lembra sempre de novo que Deus não saiu do mundo, não está ausente, não nos abandonou, mas vem a nós de diferentes formas, que devemos aprender a discernir. E também nós com a nossa fé, a nossa esperança e a nossa caridade, somos chamados todos os dias para ver e testemunhar esta presença no mundo muitas vezes superficial e distraído, e fazer brilhar na nossa vida a luz que iluminou a gruta de Belém. Obrigado.

    Após a audiência, o Papa disse aos peregrinos de língua portuguesa estas palavras:

    Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! Possa a preparação para o Natal, neste tempo do Advento, vos recordar que Deus vem ao encontro de cada ser humano. Meditai a Palavra de Deus, precioso alimento da vossa fé, para assim resplandecer nas vossas vidas a luz de Cristo que iluminou a gruta de Belém. Que Ele vos abençoe!

    E aos peregrinos de língua italiana o Papa lembrou a memória que celebramos hoje da virgem de Guadalupe: 

    Hoje celebramos a memória de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira das Américas e também da nova evangelização. Queridos jovens, na escola de Maria aprendemos a amar e esperar; queridos doentes, a Santíssima Virgem seja vossa companhia e conforto no sofrimento; e vós, caros recém-casados, confiai à Mãe de Jesus, o vosso caminho conjugal. 

    (Tradução Thácio Siqueira)

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    'A Lógica da Criação'


    Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim




    “Se não fosse a Santa Comunhão, eu estaria caindo continuamente. A única coisa que me sustenta é a Santa Comunhão. Dela tiro forças, nela está o meu vigor. Tenho medo da vida, nos dias em que não recebo a Santa Comunhão. Tenho medo de mim mesma. Jesus, oculto na Hóstia, é tudo para mim. Do Sacrário tiro força, vigor, coragem e luz. Aí busco alívio nos momentos de aflição. Eu não saberia dar glória a Deus, se não tivesse a Eucaristia no meu coração.”



    (Diário de Santa Faustina, n. 1037)

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